A moeda digital do Brasil e o varejo

BC (Banco Central) deu mais um passo na modernização dos meios de pagamento ao anunciar que vai lançar o real digital em aproximadamente 2 anos. O assunto foi destaque no Brasil na última semana, passados os dias de liquidação de criptomoedas no mundo, após a China declarar um maior esforço regulatório para limitar a mineração e o comércio de bitcoins no país.

O real digital será mais uma das moedas digitais operadas por bancos centrais, CBDC (Central Bank Digital Currencies, termo em inglês), ou a forma eletrônica da moeda fiduciária. É um tipo de criptomoeda emitida pelo BC, como extensão da moeda física, que será distribuída aos consumidores pelas instituições financeiras, como ocorre com o real em espécie.

Ainda não há um cronograma definido, mas o BC pretende promover uma consulta pública sobre a moeda digital nos próximos meses e disseminar o tema por meio de seminários. Desde agosto do ano passado, um grupo de trabalho vem discutindo e avaliando as diretrizes para o desenvolvimento da moeda digital brasileira.

Existem hoje diversas moedas digitais, ou criptomoedas, criadas ou mineradas, e transacionadas a partir de uma rede computacional descentralizada de blockchain. Esse sistema complexo depende de diversos computadores ao redor do mundo para funcionar.

Elas contam com redes de criptografia para garantir a validade e a proteção das transações e dos dados dos usuários. No entanto, além de serem totalmente virtuais, as criptomoedas possuem uma grande diferença do dinheiro que habitualmente utilizamos (real, dólar, euro etc.): por serem descentralizadas, não sofrem intermediação, controle ou regulação por órgãos governamentais de nenhum país.

Uma das espécies de criptomoedas são as stablecoins, que possuem lastro em algum tipo de ativo com preço previsível, geralmente nas moedas fiduciárias dos países. Outras criptomoedas não são atreladas a valores ou ativos, o que representa um risco adicional há quem as possui, devido à sua volatilidade. A moeda digital em estudo pelo BC é lastreada no próprio real, tendo a garantia do BC, e fará parte dos objetivos da política monetária do país.

Com a difusão deste tipo de moeda e a aceleração da digitalização dos sistemas financeiros no mundo, vários bancos centrais iniciaram processos de estudo e criação de suas próprias moedas digitais, as CBDC’s. Estados Unidos, Índia, Hong Kong, Japão, Coréia do Sul, Suécia, Noruega são economias que estudam a adoção de uma CBDC. Mas a China é a mais avançada e se aproxima de lançar o yuan digital (DCEP). Por enquanto, as Bahamas são o único país com sua moeda digital em operação, o sand dollar, desde outubro do ano passado.

Essas moedas digitais centralizadas são o dinheiro tradicional em formato digital e todas as transações com elas são verificadas pela autoridade monetária do país de emissão. Elas utilizam, porém, a mesma tecnologia baseada para criptomoedas descentralizadas, a blockchain.

bitcoin foi a primeira moeda digital, a mais conhecida, e tinha como objetivo democratizar a distribuição de dinheiro e ativos no mundo, além de reduzir a influência dos bancos na intermediação das operações financeiras. Sua popularização ganhou força na última década, incentivando a criação de outras criptomoedas de iniciativa privada, que hoje somam cerca de 3.000 tipos, entre elas o Ethereum, XRP, Litecoin, EOS, Chainlink.

Cada economia aplica uma legislação distinta às criptomoedas. No Japão, por exemplo, elas são legalmente aceitas como forma de pagamento e transferência de valores. Já na Colômbia, o uso de criptomoedas para qualquer finalidade é um ato ilegal.

No Brasil, a criptomoeda é considerada um ativo, sendo classificada como um bem por quem a possui, não como moeda. Assim, há incidência de imposto de renda sobre o valor, que deve ser informado na declaração de ajuste anual.

O BC apresentou na semana passada as diretrizes para o desenvolvimento do real digital. Uma delas é a total aderência aos princípios e regras de privacidade e segurança, especialmente os determinados na LC (Lei Complementar) 105/2001, que garante o sigilo bancário. Outra é a interoperabilidade e integração para permitir pagamentos transfronteiriços, que deve potencializar o comércio exterior com parceiros comerciais próximos ao Brasil.

O BC espera que a moeda digital seja amplamente utilizada pelo varejo, incentivando-a a fazer parte do cotidiano da população, até mesmo dos cidadãos não bancarizados. O real digital será integrado às inovações tecnológicas já em andamento, como o Pix e o Open Banking, que vêm se tornando cada vez mais importantes no sistema financeiro.

O real em espécie não deixará de existir, podendo o consumidor escolher como deseja manter seu dinheiro. Essa nova possibilidade abrirá, porém, concorrência entre as duas formas de moeda, gerando um risco para os bancos comerciais, que operam os depósitos à vista e o crédito. Isso porque eles utilizam os recursos dos depósitos em suas negociações e, assim, movimentam o sistema financeiro. O maior risco aos bancos poderá acirrar também o custo dos empréstimos.

Nossa visão é a de que o pequeno comércio deve demorar para se adaptar a essa novidade, pois as vendas realizadas em dinheiro vivo ainda são uma realidade no país, mesmo o varejista incorrendo no custo de carregamento do estoque de moeda. Muitos estabelecimentos de pequeno porte não operacionalizam a folha de pagamentos via banco, por exemplo, pagando os salários dos funcionários em espécie. Essa prática, ainda comum, estimula o uso da moeda física.

O real digital segue a mesma diretriz do seu correspondente físico e não tem expectativa de remuneração. Contudo, ainda está em estudo se o dinheiro digital terá a mesma cotação do real tradicional.

Uma preocupação do BC ao acelerar o lançamento do real digital é a prevenção à lavagem de dinheiro e remessas ilegais. Sabe-se que o grande e maior problema das criptomoedas descentralizadas é o uso no financiamento de atividades ilícitas, como tráfico de drogas e armas no mundo.

O governo poderá, em caso de necessidade e exigência legal, rastrear as operações ilícitas usando o real digital. Além disso, em função da centralização, não será possível fazer transferências e pagamentos diretamente entre duas pessoas, como ocorre com outras criptomoedas, a operação será registrada no sistema bancário doméstico.

Há inúmeros benefícios com a utilização de moedas digitais, dentre eles a redução de custos com a emissão de papel moeda, a maior facilidade de acesso, já que as transações serão feitas totalmente por gadgets, além de menos intermediários nas negociações e operações, auxiliando a transparência. As despesas com remessas internacionais também serão minimizadas, pois a ideia é que a moeda ganhe conversibilidade internacionalmente.

Mas como as mudanças na jornada da transformação digital no sistema financeiro estão ocorrendo em alta velocidade, é normal que haja alguma reticencia na aceitação dos consumidores em geral. Como difundir a informação no país segue sendo um dos principais desafios do Banco Central.

 

BC prevê uso de moeda digital no varejo e em operações com outros países

A moeda digital será emitida pelo BC como extensão da moeda física, com a distribuição ao público intermediada pelos sistemas financeiro e de pagamentos.

O Banco Central informou que a moeda digital brasileira, atualmente em fase de desenvolvimento, poderá ser usada em operações no varejo e nos pagamentos ligados a outros países. As duas funcionalidades fazem parte das diretrizes gerais da moeda digital, divulgadas na última segunda-feira (24), pela autarquia.

Em comunicado, o BC informou que, nas diretrizes para a moeda digital brasileira, estão previstas ainda a “ênfase na possibilidade de desenvolvimento de modelos inovadores a partir de evoluções tecnológicas, como contratos inteligentes (smart contracts), internet das coisas (IoT) e dinheiro programável; capacidade para realizar operações on-line e eventualmente operações off-line; ausência de remuneração; garantia da segurança jurídica em suas operações; e a adoção de padrões de resiliência e segurança cibernética equivalentes aos aplicáveis a infraestruturas críticas do mercado financeiro”.

A moeda digital será emitida pelo próprio BC, como uma “extensão da moeda física, com a distribuição ao público intermediada por custodiantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)”. Conforme a autarquia, haverá aderência aos princípios e às regras de privacidade e segurança determinados, em especial, pela lei do sigilo bancário e pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

No comunicado à imprensa, o BC não estabeleceu um cronograma para a estreia da moeda digital no Brasil. Em evento recente, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, citou a possibilidade de lançamento “nos próximos dois ou três anos”.

De acordo com o BC, antes disso é importante “aprofundar a discussão do assunto, incluindo o diálogo com o setor privado”. “Antes que se defina pela apresentação de um cronograma de implantação, o diálogo com a sociedade permitirá uma análise mais detalhada não apenas de casos de usos que possam se beneficiar da emissão de uma CBDC (em inglês, Central Bank Digital Currency, ou moeda digital de banco central), como também das tecnologias mais adequadas para sua implementação”, registrou a autarquia.

Atualmente, existem no mundo moedas com lastro em algum ativo, as chamadas “stablecoins”, e as moedas sem lastro, que são as criptomoedas, como o bitcoin. A moeda digital em estudo pelo BC é uma divisa com lastro na própria moeda, ou seja, no real.

Pix aumenta faturamento dos pequenos e médios e-commerces em 280%

Desde a implantação do Pix na Loja Integrada, foram registradas mais de 2 mil transações.

Uma parceria entre a Loja Integrada, plataforma para a criação de lojas virtuais, e o Mercado Pago implementou o Pix como método de recebimento para quem vende on-line com a ferramenta. Só com o Pix, já foram registradas mais de 2 mil transações, permitindo que o faturamento médio mensal de lojas que utilizaram o sistema fosse 280% maior que as empresas que não adotaram.

Com a novidade, os lojistas passam a receber por suas vendas quase que instantaneamente, enquanto os compradores que preferem pagamentos à vista não precisam mais aguardar a compensação do boleto, que pode chegar a até 3 dias. Atualmente, 16% dos vendedores já oferecem o Pix como forma de pagamento aos seus clientes. 

Qualquer e-commerce da Loja Integrada pode utilizar o Pix do Mercado Pago. Basta que o lojista tenha o Checkout Pro, ferramenta do Mercado Pago que permite a cobrança através de um formulário, e de uma Chave Pix cadastrada na plataforma. O processo para obter a ferramenta é bem simples: somente ativar o plug and play. 

Segundo dados do Mercado Pago, hoje cerca de 45% dos pagamentos via Boleto migraram para o Pix e a tendência é de aceleração, projetando superar os 50% até o final de abril.

Uso do WhatsApp para negócios cresceu 251% em 2021

Presente em 99% dos aparelhos celulares brasileiros, segundo a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box, o volume de mensagens pelo aplicativo WhatsApp tem crescido de forma constante desde o início da pandemia no Brasil, em março de 2020. Com a redução dos encontros presenciais, o aplicativo se tornou a principal ferramenta para comunicação entre os brasileiros.

Esta predominância trouxe números expressivos também quando se trata de interação entre empresas e consumidores. De acordo com pesquisa realizada pela startup WeON, empresa que desenvolve soluções de comunicação omnichannel para contact centers, o volume de mensagens trocadas no primeiro trimestre de 2021 foi 251% maior que no mesmo período do ano anterior.

Se comparados mês a mês, os números mostram um crescimento moderado (18%) entre março e abril de 2020 e um aumento mais expressivo ao longo do ano, quando o volume de mensagens praticamente dobrou.

Criado em 2009 e comprado pelo Facebook em 2014, o WhatsApp rapidamente se tornou um canal não apenas de interação entre amigos e familiares, mas também de negócios e serviços.

O grande número de pessoas jurídicas utilizando o WhatsApp fez com que o aplicativo desenvolvesse uma versão business já em 2018. E a tendência, segundo a WeON é que a comunicação com empresas pela plataforma siga em alta. No último mês de abril, o volume de mensagens cresceu 11,43% em relação ao mês anterior. Na comparação com abril de 2020, o crescimento foi de 196%.

A crescente demanda por soluções de comunicação com o consumidor reflete também na expansão do segmento de tecnologia. A WeON registrou aumento de 160% nas vendas em 2020 e estima superar essa marca já no primeiro semestre de 2021. Segundo o sócio e diretor da empresa, Helder Sato, um dos motivos para o sucesso está na dedicação da equipe à experiência do cliente.

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Shopee registra mais de 280% de crescimento em vendas no Dia das Mães

Marketplace promoveu liquidação especial para a data.

A plataforma de comércio eletrônico Shopee registrou um aumento de mais de 280% de vendas em 5 de maio na comparação com a média de um dia comum do mês. O dia 5 foi a principal data da campanha “5.5 Liquidação Dia das Mães”. Entre os maiores vendedores, o crescimento chegou a quase cinco vezes. Já os menores venderam mais de dez vezes no período.

A campanha ocorreu entre os dias 26 de abril e 9 de maio. Foram mais de R$ 1,5 milhão em vouchers de descontos (no dia 5 de maio), além de cupons de frete grátis, cashback e promoções-relâmpago. Os produtos mais vendidos foram roupa íntima, artigos para cozinha e produtos para skincare. O produto mais caro foi um iPhone 12 Pro Max de R$ 9.850. Os produtos mais pesquisados foram ring light, fone de ouvido e maquiagem.

As cidades que mais registraram compras na plataforma da Shopee foram São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG) e Salvador (BA). Já as cidades pequenas com mais crescimento foram Marabá (PA), Guariba (SP) e Rio Branco (PA), com um aumento de mais de 1.000% no número de pedidos.

O head de Marketing da Shopee no Brasil, Felipe Piringer, destaca que a data é uma boa oportunidade para movimentar e desenvolver o e-commerce no País. “Temos uma base importante de vendedores locais que está crescendo e incentivamos o empreendedorismo em todas as regiões do País. Para o consumidor brasileiro, a Shopee oferece a possibilidade de conhecer novas lojas e acesso a um processo rápido, divertido e seguro”, afirma.

Moedas e entretenimento

A Garantia Shopee retém os pagamentos aos vendedores até que os usuários confirmem que os produtos foram recebidos em boas condições. Além disso, é possível filtrar produtos com as melhores avaliações. A plataforma conta, ainda, com ações de entretenimento que rendem prêmios e recompensas em forma de moedas virtuais que podem, depois ser trocadas por descontos.

Durante a ação do Dia das Mães, mais de 57 milhões de moedas Shopee foram usadas, correspondentes a mais de R$ 570 mil de economia. A moeda Shopee é o “dinheiro” virtual do markeplace que pode ser usado para descontos a qualquer pedido. Elas podem ser adquiridas sempre que uma compra bem-sucedida for feita. Outra forma de ganhar moedas é por meio de jogos do aplicativo que rendem prêmios e recompensas.

Fundada em 2015 em Singapura como parte da Sea Limited, a Shopee está no Brasil desde 2019. O propósito é conectar consumidores, marcas e vendedores e capacitá-los a comprar e vender de qualquer lugar e a qualquer momento. A Sea Limited também é proprietária de outros negócios, como Garena, o braço de entretenimento digital, e SeaMoney, de serviços financeiros digitais.

Perto de faturar US$ 1 bilhão, Mercado Pago Brasil já responde por 21% do Mercado Livre

Pela primeira vez, o Mercado Pago revelou, com exclusividade ao NeoFeed, os dados da sua operação local, que apurou uma receita de US$ 837 milhões em 2020. Para seguir nessa toada, a fintech está lançando a opção de portabilidade de salário e planeja mais produtos em investimentos, crédito e seguros.

Criado em 2004 como o braço financeiro do Mercado Livre, o Mercado Pago ultrapassou, com o tempo, as fronteiras dos cliques, sellers e carrinhos de compra do grupo, dono da maior plataforma de comércio eletrônico da América Latina e de um valor de mercado de US$ 80,8 bilhões.

Ao ganhar vida própria, a divisão, volta e meia, é apontada como a joia da coroa da companhia. E um componente, em particular, salta aos olhos nessa equação: a operação brasileira da fintech. É o que mostram dados do Mercado Pago, revelados pela primeira vez, com exclusividade, ao NeoFeed.

Com uma cifra de US$ 837 milhões, o Mercado Pago Brasil respondeu por 21,1% da receita líquida de US$ 3,9 bilhões do Mercado Livre em 2020. Ou seja, as operações locais da fintech já representam um quinto da receita total do grupo, considerando todas as unidades de negócio e países na América Latina.

No contexto do Mercado Pago, que apurou uma receita de US$ 1,41 bilhão no período, a fatia do Brasil foi de 59,1%. Já a participação da divisão na receita total do grupo foi de 35,5%. Levando-se em conta a operação em toda a América Latina, a fintech registrou um volume transacionado (TPV) de US$ 49,7 bilhões em 2020.

O peso do Mercado Pago Brasil se estende aos negócios do Mercado Livre no País. A fintech representou 38,1% da receita líquida total de US$ 2,1 bilhões da subsidiária brasileira no ano passado.

“Nós sempre enxergamos no Mercado Pago um potencial muito maior do que o próprio marketplace”, diz Tulio Oliveira, vice-presidente e country manager do Mercado Pago no Brasil, ao NeoFeed. “E já não somos mais relevantes apenas no contexto do grupo, mas no mercado como um todo. ”

Outros números dão um termômetro do negócio no País. Em sua oferta mais conhecida, de pagamentos, são 10 milhões vendedores ativos, com 60% do volume processado fora do Mercado Livre. Já em pessoas físicas, são mais de 20 milhões de usuários ativos da conta digital Mercado Pago.

“Muitos players vêm focando um ou outro lado dessa cadeia e nós já temos esses dois elos muito bem desenvolvidos, e um marketplace para integrar esses mundos”, diz Oliveira. “Estamos nos inserindo cada vez mais no dia a dia das pessoas e temos um roadmap enorme de produtos no radar. ”

A próxima peça desse quebra-cabeças no País acaba de sair do forno. Trata-se da oferta de portabilidade de salário para a conta digital do Mercado Pago. O serviço começou a ser testado nos últimos meses, primeiro, com uma base restrita de funcionários.

“Vamos abrir isso gradativamente, mas já temos mais de 1 milhão de clientes da nossa base com a possibilidade de usar esse recurso”, conta Oliveira. “E, em pouco tempo, estaremos em mar aberto. ”

Para atrair os usuários, a fintech criou um pacote com benefícios como anuidade grátis no cartão de crédito e acesso imediato ao nível mais alto do Mercado Pontos, programa de fidelidade do Mercado Livre com descontos em fretes, compras e na contratação de serviços como Disney+ e Deezer.

“A portabilidade é mais uma forma de impulsionar o cash in recorrente na conta, o que é um desafio para todas as fintechs e bancos digitais”, diz Fabricio Winter, sócio da consultoria Boanerges & Cia. Ele entende que a iniciativa abre caminho para outros produtos.

Em 2020, a fintech representou 38,1% da receita líquida total de US$ 2,1 bilhões do Mercado Livre no Brasil

“Vai ser possível acompanhar e conhecer melhor o comportamento desse usuário e o quanto ele compromete da sua renda”, afirma. “E, em cima disso, ter dados mais apurados para aprimorar a oferta de crédito. ”

O Mercado Pago encerrou 2020 com uma carteira de crédito de R$ 1,3 bilhão. Para pessoas físicas, há opções como o parcelamento de contas, a partir de R$ 15. Já para os vendedores, alternativas como empréstimos de R$ 100 a R$ 500 mil, que podem ser parcelados em até 24 vezes.

A fintech não descarta novidades nesse portfólio. “Quando falamos de portabilidade de salário, a possibilidade do crédito consignado, por exemplo, começa a ficar muito mais próxima”, diz Oliveira.

Há outras soluções na fila de espera para ampliar o engajamento na plataforma. Em investimentos, estão em análise segmentos como previdência e produtos de renda fixa. Hoje, o usuário pode optar por uma conta com o saldo remunerado com 100% do CDI.

Outra área é a de seguros, na qual o Mercado Pago tem dois produtos: a garantia estendida nas compras de algumas categorias no Mercado Livre e o seguro contra roubos e danos de celulares. Seguros residenciais, automotivos e de vida são algumas das ofertas em avaliação.

Novos limites

A conta digital não é a única prioridade. Depois de ganhar escala em pagamentos com pequenos vendedores do Mercado Livre e de adicionar grandes marcas a esse cardápio, a fintech está mirando outro perfil de cliente.

“Existe um universo enorme de pagamentos, onde outros rivais jogam e não temos muita presença”, diz Oliveira. “Queremos atender o vendedor que já tem um ponto físico, uma pequena equipe e um faturamento mensal entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. ”

Um dos apelos para esse público é o acesso à plataforma do Mercado Livre. O Mercado Pago também criou ofertas como uma linha de crédito com parcelas variáveis, que são amortizadas de acordo com o volume mensal de vendas desse varejista, que tem um faturamento mais instável.

A integração entre os mundos off-line e digital também está no centro da ampliação da rede de aceitação de pagamentos via QR Code. Hoje, são mais de 5 mil estabelecimentos cadastrados no País, com nomes como McDonald’s, Outback, Extrafarma e Petz.

O Mercado Pago está estimulando ainda a aceitação do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, em pontos físicos. Depois de inaugurar essa estratégia, em janeiro, com o Burger King e a C&A, a fintech revelou ao NeoFeed a entrada de redes como Graal, Crocs e Fran’s Café nesse pacote.

Nas contas digitais, o sistema já responde por mais de 80% das transferências realizadas. Nesse espaço, as iniciativas mais recentes envolveram o lançamento da modalidade nas transações do Mercado Livre e a eliminação das taxas para os clientes que efetuem seus pagamentos via PIX, com QR Code.

O Mercado Pago Brasil respondeu por 59,1% da receita líquida total reportada pela fintech no ano passado

Ao estender seus fronts de atuação, o Mercado Pago ampliou, na mesma proporção, o número de empresas com as quais concorre. Mas é ainda em seu mercado tradicional que a fintech tem seus maiores rivais, dado que as ofertas financeiras são hoje uma das grandes zonas de confronto dos marketplaces.

Um desses oponentes é a B2W, com a Ame, que alcançou 17 milhões de downloads e uma rede de aceitação de 3 milhões de lojistas em 2020, além de reforçar seu portfólio com as aquisições da Bit Capital e da Parati.

Quem também não economizou foi o Magazine Luiza, cuja conta digital Magalu Pay, lançada no início de 2020, tem uma base atual de 2,7 milhões de contas. Em dezembro, a empresa comprou a Hub Fintech, por R$ 290 milhões.

O acordo em questão motivou um recurso do Mercado Livre junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica. O grupo alegava que era cliente da Hub Fintech e que a empresa detinha dados importantes de sua operação, que poderiam ser acessados pelo Magazine Luiza. Há duas semanas, o recurso foi negado pelo tribunal do Cade.

Já a Via, antiga Via Varejo, concentra suas apostas no banQi, com 1,8 milhão de contas abertas. Nesta semana, o grupo mostrou seu apetite ao anunciar a compra da Celer, fintech de pagamentos e de banking as a service.

“O Mercado Pago ainda está alguns passos à frente”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). “Mas se existe uma ameaça ela se chama Ame, que avançou muito nos últimos dois anos. ”

Winter, da Boanerges & Cia, também faz uma ressalva. “O que deu destaque ao Mercado Pago até aqui não é garantia de sucesso”, diz. “Há um efeito manada e muitas ofertas nessa área estão se tornando commodities. Eles precisam ir além. ”

Um relatório do BTG Pactual reforça o fato de que tanto o Mercado Pago quanto o Mercado Livre não podem ficar parados colhendo os louros por terem sido um dos pioneiros em seus respectivos segmentos.

Segundo o banco, em termos de visitantes únicos mensais, o Mercado Livre caiu de uma participação de 40%, em março de 2020, para 33% em março deste ano. No intervalo, o Magazine Luiza subiu de 15,6% para 18%. E, a Via, de 11,4% para 16,2%.

Adepto das maratonas, Oliveira não ignora o avanço dos rivais. Mas ressalta que o Mercado Pago está pronto para essa disputa. “É preciso tomar alguns cuidados para cruzar bem a linha de chegada” diz. “Essa corrida é de longo prazo e nossa ambição é ser a maior fintech da América Latina. ”

 

 

Estratégia de gamification: mais proximidade do cliente com a marca

A estratégia de gamification não é nova no marketing, mas com o avanço das tecnologias passou a ficar mais conhecida e popularizada no comércio on-line. Esse é um termo que tem origem em games, onde são utilizados sistemas de ranqueamento e pontuação para, posteriormente, serem realizadas trocas, descontos ou premiações.

De maneira geral, a estratégia de gamification no e-commerce é utilizada para premiar de alguma forma o cliente por ele realizar uma determinada ação.

A estratégia tem ganhado forças à medida que empreendedores querem aumentar a fidelização e retenção de clientes, a fim de gerar relacionamento, proximidade e garantir a recompra, já que ela gera um gatilho de prazer e satisfação por meio da recompensa. Isso acontece porque o estímulo lúdico torna aquela atividade mais interessante para as pessoas.

Além disso, com a quantidade de informações que recebemos hoje em dia, conteúdos diferentes têm a capacidade de chamar mais atenção.

Existem alguns pontos que o lojista precisa ficar atento ao implementar uma estratégia de gamification, como ser criativo e ter um bom storytelling e/ou justificativa. Outro ponto importante é o estímulo à competição que pode ser feito por meio de um ranking ou também por meio de prazos, fazendo com que o consumidor complete cada etapa do jogo.

Ainda no e-commerce, podemos citar um exemplo de gamificação muito comum quando o varejista devolve ao cliente um benefício pela frequência ou montante em suas compras e o escalonamento de valores, com faixas de frete ou porcentagens de desconto mediante utilização de uma pontuação gerada com a fidelidade.

Quando o lojista realiza uma campanha de gamification para os clientes, ele estabelece uma regra, então pode-se prever qual a receita terá com aquela ação, assim como custos, lucros e o retorno em si.

Estratégia de gamification na hora do pagamento

Essas ações também aparecem nos meios de pagamento, isso porque muitas vezes o varejista prefere oferecer descontos com a utilização do pagamento via boleto ou cumulativos e progressivos, por exemplo.

Outra opção é criar links de pagamento que podem ser gerados para um cliente especificamente ou ser aberto. Então, para conceder o desconto, o lojista pode tanto realizar a cobrança inserindo os dados específicos do consumidor, quanto selecionar uma faixa que está com aquela pontuação. Na segunda opção, é possível usar o e-mail marketing ou enviar esse link para uma massa maior.

Para que isso ocorra de maneira segura e ágil, após o esforço da recompra, o lojista precisa de um meio de pagamento que ofereça sistema antifraude e não deixe ele à mercê de tentativas de fraude ou chargebacks – conhecidos como estornos. Além disso, uma vez que o cliente realiza a compra por um meio de pagamento, quando ele for realizar a compra novamente o processo de checkout será mais ágil, pois, as plataformas de pagamento tem alguns dados dos clientes já registrados.

 

Americanas passa a aceitar pagamento com Pix em 100% das lojas físicas

Operação estava em teste em São Paulo e no Rio desde o ano passado.

Todas as 1.707 lojas físicas da Americanas espalhadas pelo Brasil agora aceitam o Pix como meio de pagamento. Em dezembro de 2020, a plataforma digital da Americanas já havia sido o primeiro grande e-commerce a aceitar o serviço desenvolvido pelo Banco Central. As operações vinham sendo testadas em unidades da Americanas no Rio de Janeiro e em São Paulo nos últimos meses.

“Os consumidores escolhem o Pix na medida em que se informam sobre as vantagens do meio de pagamento. Este início da aceitação do Pix nas lojas físicas será acompanhado por uma comunicação visual nos caixas para orientar o cliente sobre a nova opção de pagamento. Nossos operadores de caixa também receberam treinamento para melhor atender os clientes que desejarem utilizar esta modalidade. O Pix trará mais comodidade pra os clientes, que não precisarão portar cartão ou dinheiro em espécie para pagamento, reduzindo o tempo da jornada de compra e aumentando a praticidade”, afirma o CFO da Americanas, Carlos Padilha.

O pagamento via Pix na Americanas é gratuito para pessoas físicas ou jurídicas – isento de cobranças operacionais – e pode ser efetuado por meio da instituição financeira ou carteira digital de preferência do cliente. Mesmo clientes que não tenham chave cadastrada podem usar essa forma de pagamento, bastando apontar o celular para o código gerado no momento da compra.

Mudanças nas lojas

A implementação do Pix nas lojas demandou mudanças no software do sistema de caixa, de modo a incluir funções específicas, como a exibição do QR Code no monitor.

A tecnologia por trás desta solução na Americanas foi desenvolvida pela Ame Digital – fintech e plataforma mobile de negócios do Universo Americanas – que viabiliza o fluxo de todas as transações realizadas com Pix nas lojas físicas, integrando o cliente, o ponto de venda, bancos e carteiras digitais, e o sistema do BC.

O Pix foi criado para reduzir custos e trazer mais conveniência aos consumidores, entre outros benefícios. Os pagamentos são realizados em até dez segundos, de forma gratuita para pessoas físicas. O pagamento instantâneo é uma opção ao uso de dinheiro em espécie, cartões e boletos.

Brasileiro quer Pix no varejo

Uma pesquisa realizada pelo C6 Bank e pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) aponta que 67% dos brasileiros querem usar o Pix para pagar compras no varejo. A disposição para adotar essa modalidade de pagamento em estabelecimentos comerciais é superior na faixa mais jovem entrevistada, que tem entre 16 e 24 anos. Nesse grupo, o número de pessoas que quer usar o sistema é quase seis vezes maior que o que não quer adotar.

A resistência à novidade aumenta conforme a idade. Na população com mais de 55 anos, por exemplo, essa relação é de dois para um – ou seja, para cada duas pessoas, uma não quer pagar contas com Pix no varejo.

A pesquisa do C6 Bank também revela que o índice de aceitação é maior nas regiões Norte/Centro-Oeste e nas cidades com até 500 mil habitantes. As entrevistas foram feitas entre os dias 22 e 28 de abril deste ano com 2 mil brasileiros com acesso à internet no País todo. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Pagamento por WhatsApp facilita vida do consumidor e intensifica guerra por clientes

O que você precisa saber

  • O pagamento via WhatsApp foi lançado no Brasil e, aos poucos, vai chegar a todos os usuários da plataforma.
  • Para especialistas, a novidade traz ainda mais poder aos consumidores brasileiros e vai acentuar a guerra das empresas financeiras pelos clientes.
  • O serviço funciona com uso de cartões de bancos participantes das bandeiras Visa e Mastercard e os pagamentos são processados pela Cielo.
Com a chegada do Pix, as transações financeiras entre pessoas físicas passaram a ser instantâneas, sem custo e mais fáceis. O pagamento via WhatsApp, recém-lançado no Brasil, segue a mesma lógica, com a diferença de que não é preciso acessar um aplicativo de banco ou ler um QR Code: basta entrar na conversa com a pessoa escolhida e transferir o dinheiro.

Os especialistas ouvidos pelo 6 Minutos avaliam que a novidade traz ainda mais poder aos consumidores brasileiros, que estão em busca de serviços bons e baratos, e vai acentuar a guerra das empresas financeiras pelos clientes.

“A guerra que já existe por taxas mais competitivas no mercado financeiro vai ficar cada vez mais latente com a chegada do WhatsApp Pay”, afirma Peterson dos Santos, fundador da fintech Trio.

O Pix já tinha feito com que os bancos e fintechs promovessem ações de atração de clientes e, com o WhatsApp, o movimento deve ser parecido: todos os players vão querer que os clientes usem seus cartões para pagar com o aplicativo de mensagens.

André Barretto, fundador da Unike Technologies, afirma que, para as bandeiras de cartões e para as adquirentes (por enquanto só a Cielo está na operação), a novidade é ótima para aumentar o volume de transações financeiras. Segundo ele, as pessoas tendem a consumir mais quando têm serviços mais práticos. Se antes uma pessoa pagaria o cafezinho para a outra com uma nota, este tipo de transação pode facilmente ser feita por uma conversa do aplicativo de mensagens.

“A tendência é que as empresas de pagamento mudem a jornada de consumo, oferecendo experiências com menos atrito, mais simples. Hoje as pessoas estão buscando mais conveniência. O Pix já trouxe comodidade perto do que era fazer um DOC ou TED. O WhatsApp eleva esse patamar”, afirma Barretto.

Já os bancos perdem uma parte da receita que acumulam com as contas correntes. Em coletiva de imprensa nesta semana, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse que WhatsApp Pay e o Pix são ferramentas que os clientes querem, mas que impactam nas receitas dos bancos, por serem gratuitas – fazendo com que busquem mais clientes e novas fontes de receita.

O que as bandeiras dizem sobre a novidade? “Com acesso a diferentes possibilidades o consumidor poderá optar por aquela que lhe entrega maior valor agregado, seja pela disponibilização imediata de fundos, pela praticidade ou pela rapidez”, afirma João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul.

“Vivemos a era do empoderamento do consumidor. O cliente tem o controle na ponta dos dedos e vai escolher qual a solução que melhor lhe convém”, afirma Percival Jatobá, vice-presidente de Soluções e Inovação da Visa do Brasil.

WhatsApp Pay ou Pix? Para os especialistas, a nova funcionalidade não vai acabar com o Pix, vem para somar – principalmente porque existem diferenças entre elas.

A principal diferença entre os dois serviços é que o Pix precisa ser feito dentro do aplicativo do banco, enquanto no WhatsApp, é concluída diretamente na conversa. Ambas tecnologias são gratuitas e o dinheiro é transferido automaticamente.

Pagamento via WhatsApp Pix
Onde é feito Em uma conversa do WhatsApp Dentro do aplicativo do banco
Valor máximo de transferência R$ 1 mil por transação, com limite de R$ 5 mil por mês Varia de acordo com o banco e horário
Custo Gratuito Gratuito
Quando pode ser feito A qualquer momento A qualquer momento
Quem pode usar Pessoas físicas que já tiveram o serviço habilitado Qualquer pessoa física com conta bancária

A solução vai promover a inclusão financeira? Para os especialistas, sim. Jatobá diz que foi fundamental a inclusão de cartões pré-pagos no sistema para fazer com que mais pessoas consigam fazer transferências pelo WhatsApp – mesmo quem não tem conta em banco.

O serviço está disponível para clientes do Banco do Brasil, Banco Inter, Bradesco, Itaú, Mercado Pago, Next, Nubank, Sicredi e Woop Sicredi, com as bandeiras Visa e Mastercard.

“A solução impulsiona a inclusão digital e financeira, porque além ser uma solução com a experiência do usuário muito simples e fácil, chega ao mercado com uma capilaridade muito alta, já que o WhatsApp é o aplicativo de troca de mensagens mais usado do país”, afirma Paro Neto – segundo o último levantamento do WhatsApp, realizado em 2017, existem 120 milhões de usuários brasileiros cadastrados na plataforma.

É possível que a solução também aumente a procura por bancos digitais – Barretto diz que pessoas que não tinham conta em bancos podem procurar o serviço em busca de cartões que funcionem no sistema de pagamentos do WhatsApp.

Segundo uma pesquisa realizada pela Mastercard no ano passado, 75% dos consumidores brasileiros gostariam de fazer pagamentos em tempo real independentemente do prestador do serviço. Mais da metade (53%) dos entrevistados gostariam de fazer este tipo de transação por aplicativos de mensagens ou redes sociais.

 

Startups de soluções ao varejo já beiram total de investimentos de 2020

Pesquisa do Distrito mostra avanços e aponta tendências nas retailtechs para 2021.

Os investimentos nas startups de soluções ao varejo, as retailtechs, está atingindo níveis sem precedentes. De acordo com o mais recente relatório do Distrito, o Inside Retailtech Report, as startups dedicadas a encontrar soluções inovadoras para o varejo já receberam US$ 682,4 milhões em pouco mais de três meses em 2021. De acordo com o relatório, o valor já ultrapassa o total de investimentos no setor em 2018 (US$ 675,4 milhões) e corresponde a 95% do total investido em 2020 (US$ 712,3 milhões).

Diante do grande momento do setor apresentado no relatório, o Distrito está lançando um programa de aceleração voltado exclusivamente para as empresas inovadoras do varejo. Em uma parceria com a comunidade de empreendedores Darwin Startups, o programa Retail Scale fará um processo de seleção em diversas etapas, das quais 15 startups serão selecionadas para uma fase de imersão em junho e julho.

Delas, cinco finalistas receberão aportes e serão aceleradas pelo Distrito durante seis meses.

Aumento das retailtechs

No total, foram 801 retailtechs mapeadas no relatório, que somaram 371 rodadas de investimento e tiveram 69 fusões e aquisições – o que dá uma visão global e completa do cenário da inovação no setor.

retailtech

Acima, gráfico do Distrito aponta evolução do número de retailteachs fundadas desde 2000./Distrito

Em sua maioria, as retailtechs focam nas empresas, mas de acordo com o relatório, o mercado B2C pode e deve crescer. “Um movimento realizado há alguns anos nos EUA e que pode começar a ser seguido no Brasil pode mudar esse panorama, aumentando a participação da retailtechs focadas no consumidor final. Trata-se de um modelo conhecido como D2C, empresas que possuem indústrias e fazem as vendas diretamente para o consumidor.”

O B2B hoje é predominante em quase todas as categorias.

Evolução dos investimentos

Tendo em vista que as retailtechs brasileiras já receberam mais de US$ 650 milhões em 2021, a Distrito aponta que o digital e os negócios inovadores vieram para ficar no setor – “e talvez tenham sido estimulados exatamente pela mudança de comportamento dos consumidores frente ao isolamento social”.

No mapa dos investimentos por segmento, o e-commerce teve US$ 438 milhões em 11 investimentos, com a maior rodada à MadeiraMadeira, de US$ 190 milhões. Em seguida, o setor com mais investimentos foi o de logística, com US$ 217 milhões sendo US$ 212 milhões para a Loggi. O terceiro segmento foi o de pagamentos, com US$ 27 milhões em três investimentos e o maior aporte à TradeMaster (US$ 18,5 milhões). O varejo alimentar foi o quarto segmento mais investido, com US$ 5,4 milhões em três investimentos. Nele, a maior parte foi à Shopper (US$ 5 milhões).

 

volume de investimentos retailtechs

Acima, gráfico do volume e número de investimentos em retailtechs desde 2011/ Distrito

Em termos de perspectivas de investimentos, a Distrito tem um algoritmo que analisa o comportamento das startups que receberam aportes e pode fazer previsões sobre negócios que podem receber futuros aportes. A inteligência tem duas variáveis: o DM Score e o Trel. O DM Score mede o quanto uma startup está acima da média em seu setor a partir do número de funcionários e crescimento no último ano, do faturamento presumido, do investimento captado e dos acessos e métricas em seus canais. Enquanto isso, o Trel é uma variável que compara o tempo de captação desde a última rodada com a média no setor.

Assim, de acordo com o algoritmo, a especializada em soluções ominicanal Neomode, a solução colaborativa de fretes e entregas urbanas Uello e a especializada em produzir comida em escala e vender online Mimic são três possíveis startups do setor de retail com grande maturidade e timing adequado para novo estágio de financiamento.

Sobre os investimentos no setor, o CEO da HiPartners Capital & Work, Walter Sabini, lembra que hoje o desafio maior está mais na cultura das empresas do que propriamente em serviços e plataformas disponíveis. “Há inúmeras soluções disruptivas já desenvolvidas, mas que ainda precisam de um mercado mais maduro”, diz ele na visão de um portfólio com oito retailtechs.”Por isso, o caminho é trabalhar do lado do varejista para que ele se sinta parte do negócio e fomente investimento em plataformas que acredite. Assim, conseguimos criar um clico virtuoso e de ganha-ganha em ambos os lados. Além disso, a coalisão entre marcas também trará um crescimento exponencial e sem precedentes para o setor”, observa o executivo.

O relatório também aponta que as fusões no cenário nacional também evoluem consistentemente. Enquanto em 2018 foram três, elas chegaram a 12 em 2019, subindo para 27 em 2020 e atingindo um total de 12 só nos primeiros meses deste ano.

Um olhar mais atento para a logística

Também com avaliações sobre a logística do varejo nacional, o estudo observa as diferenças do Brasil para os benchmarks do segmento e aponta sua perspectiva mais provável para o futuro próximo.

Segundo o Distrito, a penetração do e-commerce é de 20% no varejo nos EUA e de 40% na China. No Brasil, atualmente ela é de 10% segundo a plataforma de opinião de consumidores EBIT. Assim, a tendência é que o Brasil avance para números semelhantes a estes países. Para este ano, a previsão é de 26%.

O Distrito aponta que tal avanço deve acontecer porque os maiores varejistas e marketplaces do País tendem a verticalizar semelhantemente à Amazon, em um movimento pautado por inovações e forte pipeline de M&As de startups que têm soluções tecnológicas voltadas à eficiência de suas operações logísticas. Como mostra o estudo, o setor pede um ecossistema e está construindo-o, a exemplo do Mercado Livre com o Mercado Envios que entrega 96% das vendas do marketplace.