Uma gigante cresce a reboque do Magazine Luiza e da Via Varejo

Empresa holandesa Adyen, especializada em processamento de pagamentos, cresceu graças a vendas on-line e por meio de apps.

A crise tem sido implacável com os pequenos negócios, mas também abriu oportunidades para grandes varejistas, como Magazine Luiza e Via Varejo, e empresas de delivery como iFood, que viram seu faturamento crescer mesmo em meio à pandemia. A reboque desse avanço está a Adyen, empresa de tecnologia responsável pelo processamento de pagamentos, que teve um acréscimo de 15% em sua receita líquida no primeiro semestre, para 25,9 milhões de euros, na operação da América Latina (que engloba o Brasil e o México). O segredo do resultado foi o foco em clientes de grande porte, que acabaram sendo menos impactados durante o ápice do isolamento social.

“As verticais de companhias aéreas e de varejo físico sofreram bastante, mas houve avanços no varejo on-line [como a Dafiti], serviços digitais e delivery de comida [iFood]”, afirma Jean Mies, presidente da Adyen para a América Latina, em entrevista exclusiva à EXAME.

Além dessas empresas, a companhia também atende a Uber, a 99 e a Arezzo no Brasil. “A pandemia também acelerou a transformação digital nas empresas e os investimentos no mundo on-line.”

Hoje, a região responde por 9% do faturamento do grupo como um todo, mas há planos de crescimento. Um dos vetores deve ser, daqui a três a cinco anos, aumentar o portfólio de clientes, entrando em companhias de médio porte.

“Vamos descer em direção à base da pirâmide, que é a extensão natural dos nossos esforços. Mas não vai ser algo imediatista. A companhia tem uma visão de longo prazo”, diz.

Outra fonte de crescimento é o possível — e esperado — aumento da penetração de meios eletrônicos de pagamento no Brasil. “Vemos demanda para pagamento mobile e temos tecnologias que oferecem mais segurança no processo”, acrescenta.

Mies espera que haja mais consolidação no mercado de meios de pagamento — como a joint venture que está sendo negociada entre Stone e Linx — e a entrada de participantes internacionais no Brasil.

“O mercado brasileiro está crescendo ainda e há muita demanda represada.” O executivo diz que aquisições não estão no radar. “Nosso diferencial é o fato de termos uma plataforma única que faz processamento no mundo inteiro. Não faria sentido querer incorporar outra plataforma.”

 

PicPay vai permitir saque e depósito de dinheiro em lojas do varejo

O PicPay já permite que usuários saquem dinheiro em caixas eletrônicos do Banco 24 Horas. Agora, a plataforma anunciou uma parceria com a empresa de transporte de valores Brink’s para permitir saques e depósitos em locais como mercearias e farmácias. A solução ainda está em fase de testes, mas começará a ser liberada em outubro nos mais de 230 mil estabelecimentos que usam a rede Brink’s Pay.

Quando a opção estiver disponível, o PicPay mostrará a opção de fazer saques e depósitos em lojas do varejo. Se ela for selecionada, o serviço exibirá uma tela com estabelecimentos na região que fazem parte da rede Brink’s Pay. Em seguida, será preciso apenas ir até um dos locais, pedir para sacar ou depositar dinheiro no caixa e validar a transação por meio do QR Code apresentado no aplicativo.

A novidade deve oferecer mais segurança aos trabalhadores que recebem pagamentos em dinheiro em espécie, como diaristas e ajudantes de obras, já que poderão guardar a quantia na conta digital com mais facilidade. O saldo do PicPay pode ser usado para pagar boletos, recarregar celular e bilhete de transporte, fazer compras em lojas virtuais e lojas físicas, e enviar dinheiro para outras pessoas.

Os estabelecimentos que aceitarem depósitos também servirão para fazer saques. Assim, os usuários poderão ter dinheiro em espécie sempre que precisarem, o que deve ajudar principalmente quem não mora perto de uma agência bancária. Para as lojas do varejo, a expectativa é faturamento aumente por meio de um fluxo maior de pessoas nos locais.

Com mais de 28 milhões de usuários, o PicPay passou a ser mais procurado pelos usuários por conta do pagamento do auxílio emergencial, do governo federal, e de programas como o auxílio merenda em cidades como São Paulo, Jacareí (SP) e Duque de Caxias (RJ). A empresa espera terminar 2020 com R$ 30 bilhões processados em sua plataforma.

WhatsApp Pay deve ser lançado em breve na Índia

Em meados de junho, o WhatsApp anunciou o lançamento de um serviço de pagamentos e transferências dentro de seu aplicativo. O Brasil seria o primeiro país a utilizar a ferramenta, mas o Banco Central suspendeu o serviço. Entretanto, na Índia, o WhatsApp Pay está perto de ser lançado.

Depois de quase dois anos de testes, a National Payment Corporation of India (NPCI), apoiada pelo banco central indiano, disse que o WhatsApp cumpriu todas as normas de proteção de dados e pode entrar em operação em breve. O próximo passo é receber a aprovação da Suprema Corte.

Tudo indica que o sonho de longa data da empresa de monetizar sua gigante base de 400 milhões de usuários na Índia está se aproximando da realidade. O aceno da NPCI ocorre em um momento em que a adoção dos pagamentos digitais recebeu um novo impulso. Desde a disseminação do coronavírus na Índia, plataformas de pagamento digital como Amazon Pay, Phone Pe e Paytm reportaram um forte aumento nas transações.

Mais uso dos bancos digitais

A incursão do WhatsApp neste espaço levará a um aumento no uso de bancos digitais, disse Chamundeshwari Gandham, gerente de projetos de serviços financeiros da GlobalData, uma empresa de análise e consultoria de dados. “O uso de soluções de pagamento móvel é alto entre os consumidores indianos, mostrando a disposição dos consumidores em se adaptar rapidamente às soluções digitais”, afirmou ele ao Quartz Índia.

Além da entrada no mercado de pagamentos digitais, o WhatsApp está firmando parcerias para oferecer serviços bancários na plataforma. Até agora, a rede social tem acordos fechados com dois dos maiores bancos privados da Índia, o ICICI e o HDFC.

Os clientes dessas instituições financeiras podem usar o WhatsApp para checar o saldo de suas contas, limite de cartão de crédito, por exemplo. Agora, o WhatsApp deve incluir serviços como microcrédito e seguros na plataforma.

 

BC ressalta que teste com WhatsApp para pagamentos não implica autorização

O Banco Central ressaltou na última segunda-feira (03), que os testes de pagamentos com uso do Whatsapp, aplicativo do Facebook, não implicam autorização da autoridade monetária.

“Os testes não implicam autorização do BC, nem tampouco sinalizam decisão final nesse sentido, a qual, reiteramos, deve ser concedida tão logo sejam percorridos os trâmites do processo de autorização”, afirmou o BC em nota nesta segunda-feira.

“Os testes não fazem parte do processo formal de análise do pedido das empresas para operar a referida solução de pagamentos, o qual continua sendo analisado conforme os procedimentos e prazos-padrão utilizados com outros pleitos”, completou.

As bandeiras de cartões Mastercard e Visa afirmaram na última sexta-feira que o BC autorizou instituições financeiras a fazerem testes de pagamentos.

O BC explicou que, no caso da Visa, informou à empresa que não há impedimento para a realização dos testes solicitados, mas esses testes não podem envolver a realização de qualquer transação real com usuários e não podem movimentar valores reais em qualquer montante.

Já em relação à Mastercard o BC explicou que ainda não houve manifestação sobre questionamentos feitos pela bandeira, “o que deverá acontecer nos próximos dias, seguindo a mesma racionalidade de pedidos de mesmo teor”.

De acordo com a nota, o BC pretende concluir a análise o mais rápido possível, de modo a logo recepcionar os novos participantes no sistema de pagamentos, com a devida segurança relativa a uma saudável competição e segurança de dados dos usuários

“(O BC) considera um importante avanço o início dos testes e dá boas-vindas a todos os arranjos que desejarem seguir esse caminho”, disse.

Lucro do PayPal aumenta 86% com gastos on-line impulsionados por pandemia

O PayPal reportou na última quarta-feira (29)  alta de 86% no lucro do segundo trimestre, com a processadora de pagamentos de comércio eletrônico se beneficiando da migração para compras on-line em meio à pandemia de coronavírus.

O lucro líquido aumentou para 1,53 bilhão de dólares, ou 1,29 dólar por ação, no trimestre encerrado em 30 de junho, de 823 milhões de dólares, ou 0,69 dólar por ação, um ano antes.

Os resultados refletiram um ganho de investimento não realizado no valor de 0,58 dólar por ação e incluíram reservas adicionais para perdas com empréstimos no valor de 0,07 dólar por ação, abaixo da adição de 0,17 dólar por ação em provisão no primeiro trimestre.

Em uma base ajustada, a empresa disse que o lucro líquido subiu para 1,26 bilhão de dólares, ou 1,07 dólar por ação, ante 848 milhões de dólares, ou 0,71 dólar por ação, um ano antes.

Magalu entra no sistema de cashback e impulsiona carteira digital

O Magalu vai entrar no mercado de cashback, que já é explorado pela Americanas.com. Para quem não sabe, cashback é um sistema que devolve uma parte do valor gasto na compra para o consumidor.

Faz parte da estratégia do Magalu de desenvolver seu superapp, que conta com  carteira digital Magalu Pay. Com os valores circulando na carteira digital dos clientes, a recorrência de uso do aplicativo deve aumentar.

Na China, país que hoje é a vanguarda da digitalização do consumidor, as carteiras digitais foram fundamentais para a consolidação dos superaplicativos, como WeChat. “Temos todas as condições de ser a empresa que vai popularizar o pagamento digital no Brasil”, diz em nota Eduardo Galanternick, diretor-executivo de e-commerce do Magalu.

Como vai funcionar?

Toda vez que a pessoa fizer uma compra no Magalu, receberá uma parcela do valor pago na carteira virtual Magalu Pay.

O dinheiro poderá ser usado no pagamento de contas, transferências ou em novas compras no aplicativo.

No lançamento, a compra do smartphone de última geração Galaxy S20, que custa R$ 4.999, dará direito a um retorno de R$ 1.000 no Magalu Pay. A embalagem com 12 cervejas Eisenbahn de 350 ml sairá por R$ 35,88 com R$ 15 reais de volta.

O dinheiro será depositado mesmo assim. Assim que o cliente abrir a conta, os valores do cashback estarão disponíveis. O retorno de parte do dinheiro também não estará vinculado ao uso obrigatório do Magalu Pay para o pagamento das compras.

WhatsApp amplia parcerias com bancos na Índia

O WhatsApp planeja se unir a mais bancos indianos para expandir serviços bancários em áreas rurais e para indivíduos de baixa renda, disse o chefe da plataforma de mensagens, controlada pelo Facebook, nesta quarta-feira.

O WhatsApp, que considera a Índia seu maior mercado, com 400 milhões de usuários, já se associou a bancos como o Icici Bank e o HDFC Bank, permitindo que eles se comuniquem com clientes com mensagens de texto automatizadas.

“Agora queremos incluir mais bancos ao longo do próximo ano para ajudar a simplificar e expandir os serviços bancários, especialmente para os segmentos rural e de baixa renda”, disse Abhijit Bose, chefe do Whats App na Índia.

O Whats App também expandirá projetos-piloto com bancos e outros parceiros para cobrir serviços financeiros, como previdência e seguros.

“Nosso objetivo coletivo nos próximos dois a três anos deve ser o de ajudar trabalhadores com baixos salários e a economia informal e desorganizada a acessar facilmente três produtos – seguros, microcrédito e previdência”, disse Bose.

Além das parcerias com bancos, a empresa tem seu próprio serviço de pagamentos na Índia com usuários limitados há mais de dois anos, aguardando autorizações regulatórios em questões como localização de dados, antes de um lançamento completo.

O WhatsApp afirmou ter cumprido os pedidos da Índia de armazenar dados de clientes localmente.

Espera-se que o investimento de 5,7 bilhões de dólares do Facebook na unidade digital da Reliance Industries dê ao WhatsApp posição privilegiada dos pagamentos para o negócio de varejo do conglomerado indiano, que visa atender dezenas de milhões de pequenas lojas em toda a Índia.

O Whatsapp anunciou em junho parceria com Banco do Brasil e Cielo para pagamentos pelo aplicativo. Mas o Banco Central mandou as bandeiras de cartões Visa e Mastercard, suspenderem o uso do app para pagamentos e transferências, enquanto avalia eventuais riscos ao funcionamento do sistema financeiro.

Brasileiros começarão a se familiarizar com o PIX a partir de outubro

Sistema instantâneo de pagamentos seria lançado em novembro.

O Banco Central (BC) antecipou para 5 de outubro o registro das chaves de endereçamento para receber um PIX, sistema de pagamentos e transferências instantâneos.

Segundo o BC, as chaves são o “método fácil e ágil” de identificação do recebedor. Desta forma, o pagador não precisará de dados como número da instituição, agência e conta para fazer uma transferência.

Para receber um PIX, a partir de outubro, basta acessar o aplicativo da instituição em que tem conta e fazer o registro da chave, vinculando o número de telefone celular, e-mail ou CPF/CNPJ àquela conta específica.As informações serão armazenadas em uma plataforma tecnológica desenvolvida e operada pelo BC, chamada Diretório Identificador de Contas Transacionais (DICT), um dos componentes do Pix.

De acordo com o BC, antes previsto para se iniciar em 3 de novembro, o registro foi antecipado para que os clientes e as instituições tenham mais tempo para se familiarizar com o PIX. Estarão disponíveis antecipadamente todas as funcionalidades para a gestão das chaves – além do registro, a exclusão, a alteração, a reivindicação de posse e a portabilidade. As regras específicas estarão detalhadas no Regulamento PIX, que será publicado em agosto.

O BC nforma ainda que a participação no período antecipado de registro de chaves será facultativa para as instituições financeiras e de pagamentos participantes do PIX, tendo como pré-requisito a conclusão bem-sucedida da etapa de homologação.

Cronograma

Agosto: Divulgação do Regulamento PIX e manuais técnicos

5 de outubro: Início do processo de registro de chaves de endereçamento

3 de novembro: Início da operação restrita do PIX

16 de novembro: Lançamento do PIX para toda a população

Mercado Livre pretende lançar cartão de crédito no Chile

O gigante do comércio eletrônico Mercado Livre está avançando em seus planos de tecnologia para o Chile. As autoridades, por meio da Comissão do Mercado Financeiro (CMF), aprovaram recentemente seu mercado de serviços financeiros, o Mercado Pago, para continuar com o processo de revisão para adquirir uma licença especial.

Caso adquira esse documento oficial, o Mercado Pago poderá lançar vários novos produtos no país, incluindo cartões de crédito e até permitir que seus usuários invistam através de sua carteira eletrônica.

Mas a equipe do Mercado Pago ainda não pode dizer que é uma vitória. O CMF inscreveu uma série de demandas adicionais com as quais deve cumprir para obter essa licença.

Mercado Livre na AL

O Mercado Livre é um dos principais players do setor de comércio eletrônico da América Latina e está lentamente ganhando espaço em produtos e serviços de tecnologia da informação. Além disso, quando comparado a algumas empresas iniciantes, ele tem o poder de fogo (dinheiro) para escalar.

Da mesma forma, vinculando seu mercado a seus serviços de fintech, ele tem uma vantagem para atrair novos usuários para seus produtos financeiros.

PIX vai impactar de forma positiva o crédito ao consumo e o varejo

O PIX, sistema de pagamento instantâneo digital proposto pelo Banco Central com previsão inicial de estar no ar em novembro, além de transformar e modernizar de forma positiva toda a área de meios de pagamentos do Brasil pode ter forte impacto, também positivo, no crédito ao consumo e no varejo.

O Brasil está prestes a entrar de forma decisiva no estágio em que os meios de pagamentos digitais se tornam relevantes e, num futuro próximo, tudo indica, predominantes.

Das iniciativas no mercado brasileiro de Apple Pay, Samsung Pay que, de forma tímida abriram esse mercado, às mais atuais como PicPay, PayPal, Google Pay, Mercado Pago e PagSeguro, estamos prestes a vivenciar uma nova realidade que pode nos aproximar do estágio vivido na China, maior mercado de pagamentos digitais do mundo, com participação próxima a 85% de todos os pagamentos feitos no país. Lá o sistema é dominado pelas duas plataformas, Alipay e WeChat Pay, que representam 94% de todos os pagamentos digitais e são ligadas aos ecossistemas Alibaba e Tencent.

Além da China, os pagamentos digitais já são muito representativos no sudeste asiático em países como Tailândia (67%), Vietnã (61%), Indonésia (47%), Cingapura (46%), entre outros.

A proposta desenvolvida e em implantação pelo Banco Central vai concentrar na plataforma PIX todo o processo transacional envolvendo consumidores e todos os agentes de mercado, sob controle e administração da autoridade monetária, deixando espaço mais limitado para quaisquer iniciativas independentes que não usem o PIX.

As autoridades monetárias globais querem evitar meios de pagamentos digitais paralelos e independentes, como na China, que fujam ao controle dos Bancos Centrais e isso é o que se viu no ano passado com a tentativa do Facebook com a proposta de sua moeda digital global Libra e mais recentemente aqui no Brasil com a proposta do WhatsApp Pay.

Mas o apelo gerado pela proposta contida no PIX, que mobilizou mais de 980 interessados, vai ter terreno fértil para adoção e expansão no Brasil pela intimidade digital ampliada durante o período da crise da pandemia, pela disposição à experimentação das novas gerações e mais os aspectos ligados a potencial contaminação pelo uso de papel moeda e cartões. Sem falar no expressivo aumento da oferta de alternativas que o interesse despertado sinaliza. Tanto que o próprio Banco Central cogita na antecipação do lançamento.

Vamos vivenciar uma profunda transformação com impactos sensíveis na participação dos diversos meios de pagamentos, com redução do uso dos cartões, principalmente os de débito, na redução dos custos transacionais, na simplificação, conveniência e tempo envolvidos nos mais diversos pagamentos. O uso do celular para processar os pagamentos, via QR e com eventual uso da certificação através de biometria facial, irá se disseminar de forma marcante e será de fato o início de uma nova era. E se engana quem imagina que possamos ficar no mesmo estágio que tivemos com os precursores dos pagamentos digitais de uso mais restrito.

A adoção dessa forma de meio de pagamento deverá trazer consigo também uma redução importante nos custos financeiros do varejo (especialmente os de pequeno e médio porte), bem como irá acelerar a digitalização e bancarização de milhões de brasileiros que continuam fora do sistema atualmente.

Impactos no Crédito

Mas algo que tem sido ainda pouco discutido envolvendo a adoção do PIX é sua proposta vertente da possibilidade dos pagamentos programados que poderá ter forte impacto no mercado do crédito ao consumo. Nessa modalidade será possível programar uma sequência de pagamentos futuros ocorrendo em datas pré-estabelecidas. Essa modalidade não deverá estar disponível na fase de lançamento, mas faz parte do programa futuro do PIX.

A incorporação dessa modalidade poderá, eventualmente, substituir os pagamentos sem acréscimo praticados pelo varejo, mais uma jabuticaba brasileira nas práticas comerciais do setor quando se compara com o que ocorre no mundo.

Mas poderá também retomar o protagonismo do varejo no crédito ao consumo, tornando-o mais direto, mais acessível e mais barato o que permitiria o mais que desejável aumento da oferta e redução de custos e taxas. E esse é um tema que merece muita reflexão.

Como é sabido o crédito ao consumo representava, pré-Covid, perto de 30% do PIB do Brasil, percentual significativamente baixo quando comparado com economias similares ou mais desenvolvidas, que oscilava entre 50 e 100% do PIB desses países. Ou até mais, em casos extremos.

Num primeiro momento todo o mercado financeiro, de tecnologia, fintechs e outros segmentos têm estado muito atento às transformações que ocorrerão. Mas a transformação será muito mais ampla e abrangente.

A perspectiva dos pagamentos programados no PIX poderia criar um novo mercado para o crédito ao consumo no Brasil, com maior envolvimento do próprio varejo, reduzindo custos, facilitando acesso e com simplificação, desintermediação e desconcentração de todo o processo, com inegáveis benefícios para o crescimento do consumo, vendas no comércio, da indústria fornecedora e, em consequência, com forte impacto na geração de empregos.

O varejo pode e deve ter papel relevante nesse movimento de disseminação dos pagamentos digitais atuando junto aos seus clientes e até novos usuários e  consumidores. A mudança de atitude a partir do PIX deve vir acompanhada de uma mudança comportamental. Existirão consumidores que pouco ou nenhum relacionamento tiveram com instituições financeiras e talvez, o primeiro, tenha ocorrido no cadastramento para recebimento do auxílio emergencial. Outros possuem renda a partir de atividades informais. Mas para todos será uma nova realidade e, de fato, o varejo pode ser o melhor agente de apoio e na disseminação do uso, atividade em que pode se envolver de forma muito mais amigável do que as instituições financeiras.

Por tudo isso, e muito mais, todo esse processo precisa ser conhecido e avaliado em seus impactos mais amplos para o mercado e as empresas potencialmente envolvidas devem se preparar para a nova e iminente realidade.