PIX pode acelerar entrega de produtos do e-commerce, prevê BC

O PIX, serviço de pagamentos instantâneos em desenvolvimento pelo Banco Central e que será oferecido por diversas instituições financeiras a partir de novembro, tem o potencial de acelerar a entrega de produtos comprados no comércio eletrônico, pelo fato de a confirmação do pagamento acontecer de forma mais rápida que outros métodos, como boletos, TEDs e DOCs. É o que prevê o diretor de organização do sistema financeiro e de resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello, em entrevista por email para Mobile Time. Terminou na última segunda-feira, 1, o prazo para inscrição das instituições interessadas em aderir ao PIX quando do seu lançamento, previsto para 16 de novembro. A adesão foi grande e o adiamento do lançamento não está nos planos do BC. 

Mobile Time – No atual contexto de quarentena de boa parte da população e de avanço de canais digitais para pagamentos, a chegada do PIX ganha ainda mais importância?

João Manoel Pinho de Mello – Independentemente do atual contexto, o PIX faz parte de uma ação estrutural do BC. Esse projeto está inserido no pilar de inovações, que faz parte da dimensão “competitividade” da Agenda BC#, que é a pauta de trabalho do BC centrada na evolução tecnológica para desenvolver questões estruturais do sistema financeiro. Dentro da atual conjuntura, contudo, o projeto ganha ainda mais importância e relevância.

A disponibilização do PIX para a população brasileira ajudaria bastante na realização de pagamentos eletrônicos no atual contexto de distanciamento social. O PIX é um novo meio de pagamento que possui características que ganharam ainda mais relevância no contexto dessa pandemia. Vale citar, por exemplo, que, do ponto de vista do pagador, o PIX possibilita que o usuário realize um pagamento apenas utilizando o seu smartphone. Ou seja, um pagamento que não há necessidade de contato. Do ponto de vista do recebedor, os recursos são disponibilizados em poucos segundos, o que contribui para uma melhor gestão do fluxo de caixa, reduzindo a necessidade de capital de giro. Nesse contexto em que as compras estão ocorrendo em sua maioria no comércio eletrônico, é importante citar que, com a confirmação imediata do pagamento, os produtos podem ser enviados de forma mais célere, e que as transações podem fazer uso dos mecanismos de autenticação digital disponíveis em alguns telefones celulares, como a biometria e o reconhecimento facial, aumentando a segurança das transações. Posso citar também a facilidade para distribuição de benefícios sociais. Em um ambiente aberto como o PIX, qualquer instituição participante poderia ser utilizada para fazer com que os recursos dos entes governamentais cheguem à população.

Quais serão os benefícios que o PIX trará para a sociedade brasileira e para o nosso sistema financeiro?

O PIX trará diversos benefícios para pagadores, para recebedores e para a economia brasileira.

Para pagadores:

1) Mais rápido que as transferências de crédito atualmente disponíveis, como TED, DOC e boleto;

2) Simples de ser iniciado, por demandar apenas o uso do telefone celular (o que inclusive, evita o toque em qualquer outro dispositivo)

3) Prático de ser iniciado, por possibilitar a iniciação pela leitura de um QR Code ou por um clique na lista de contatos

4) Seguro, por permitir autenticação biométrica ou de reconhecimento facial, usando funcionalidades disponíveis no telefone celular

5) Baixo custo, por prever gratuidades para a iniciação

6) Notificação de conclusão da transação

Para recebedores:

1) Redução no custo de aceitação (devido à presença de menos intermediários na cadeia de pagamentos)

2) Disponibilidade imediata dos recursos, o que tende a diminuir a necessidade de crédito

3). Facilidade de automatização de processos, de conciliação dos pagamentos e de integração de sistemas

4) Facilidade e rapidez de checkout

5) Propício para o comércio eletrônico

6) Notificação de conclusão da transação

Para a economia brasileira:

1) Incentivo à eletronização dos meios de pagamento, que têm custos sociais inferiores ao custo social do dinheiro em espécie, aumentando a eficiência da economia

2) Rastreabilidade das transações permite melhor prevenção de lavagem de dinheiro

3) Mais competição no mercado de pagamentos de varejo, o que incentiva oferta de serviços de maior qualidade a preços mais baixos, com consequência positivas, inclusive, em outros meios de pagamento

4) Estímulo à entrada de novos agentes, o que incentiva a competição no sistema financeiro

5) Potencial de inclusão financeira, devido a um ambiente com mais ofertantes, que podem explorar nichos de mercado, e a custos menores de iniciação e de aceitação

Além das instituições que são obrigadas a participar, quantas outras já sinalizaram ao BC que vão querer se homologar para participar do lançamento em novembro? Esse número está acima, abaixo ou dentro do que o BC esperava?

Dentro do princípio de transparência que vem norteando todo o processo de construção do PIX, o BC está mantendo a lista de instituições que estão em processo de adesão ao PIX disponível na página do PIX no site do BC na internet (https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/pagamentosinstantaneos). Até o dia 22 de maio, tínhamos 110 instituições em processo de adesão ao PIX. Sem contar as 622 cooperativas singulares que são filiadas aos bancos cooperativos e às centrais e confederações de cooperativas que estão em processo de adesão. Dessas 110 instituições, 34 delas são participantes obrigatórias. Ou seja, temos várias instituições que decidiram participar do PIX por enxergarem valor nesse novo meio de pagamento. O BC está aberto para o cadastramento de novas instituições até o dia 1º junho. São essas instituições que irão ofertar o PIX para seus clientes desde o seu lançamento em 16 de novembro. O número de instituições em processo de adesão está dentro do esperado pelo BC. |Nota do editor: A entrevista foi respondida em 28 de maio, antes do encerramento das inscrições|

Existe alguma possibilidade de o cronograma ser adiado porque as empresas teriam dificuldade de concluir a integração a tempo? 

O momento atual, no contexto da pandemia, realmente nos impõe esforços adicionais. Nesse sentido, o Banco Central tem atuado intensamente, em conjunto com outros órgãos do governo, para viabilizar as medidas necessárias para enfrentar o cenário econômico decorrente do COVID-19. Não obstante, ciente do seu papel fundamental para garantir a democratização financeira, o BC decidiu manter inalterado o cronograma dos projetos estruturantes da Agenda BC#, dentre os quais o PIX. Precisamos agir para mitigar os impactos no curtíssimo prazo, sem, contudo, descuidar da construção do sistema financeiro e de pagamentos do futuro.

O BC está tomando todas as ações necessárias para direcionar os esforços, mobilizar as equipes e garantir os recursos, replanejando as ações, sempre que necessário, de forma a viabilizar a entrega do PIX à população no prazo planejado. O PIX será, sim, lançado no dia 16 de novembro de 2020, sem qualquer previsão de adiamento.

 Quanto o BC vai cobrar por transação do PIX?

A definição das tarifas das plataformas que estão sendo desenvolvidas pelo Banco Central ainda está em curso. A diretriz é de recuperação de custos. Já temos indicado há algum tempo que essas tarifas serão extremamente baixas. Na última reunião plenária do Fórum PI, realizada dia 16/04, fizemos uma sinalização preliminar sobre os valores que estão sob análise final. A princípio, estimamos que será de R$ 0,01 a cada 10 transações ao prestador de serviço de pagamento creditado. Para as trocas de arquivos (extrato do SPI ou verificação de sincronismo no DICT), que não fazem parte do fluxo de liquidação de um PIX e só são realizadas sob demanda, estimamos um custo de R$ 3,00 por megabyte do arquivo.

Compras com cartão crescem 14,1% no 1º trimestre de 2020; e-commerce sobe 23%

No total, os brasileiros fizeram 5,8 bilhões de transações utilizando cartões no primeiro trimestre.

As compras com cartão aumentaram 14,1% no primeiro trimestre de 2020, com um volume transacionado de R$ 475,7 bilhões, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (27) pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

A alta acontece mesmo em meio à crise econômica causada pela pandemia de coronavírus. No total, os brasileiros fizeram 5,8 bilhões de transações utilizando cartões no primeiro trimestre.

“Vínhamos com um crescimento de 19% no último trimestre e agora tivemos uma queda, mas ainda assim foi um aumento significativo, dado o momento de pandemia. Em relação ao cartão de crédito, houve um aumento de 14,1% no volume transacionado para R$ 297,7 bilhões no primeiro trimestre e no cartão de débito, o aumento foi de 12,5% para R$ 170,8 bilhões”, explicou Pedro Coutinho, diretor presidente da Abecs.

A modalidade de cartão pré-pago subiu 78,9%, com um volume transacionado de R$ 7,1 bilhões no primeiro trimestre.

A região Sudeste, que tem a maior participação no mercado de cartões (65,6%), foi a que apresentou a maior variação em comparação ao primeiro trimestre de 2019: aumento de 18% no volume transacionado, subindo para R$ 186,2 bilhões.

Dado o cenário de quarentena, os gastos do brasileiros no exterior diminuíram 21,1% no primeiro trimestre, principalmente na Ásia (-53,6%), seguida por América Latina e Central (-49%), EUA (-47,6) e Europa (-44,6%).

Compras online

As compras online apresentaram aumento de 23,2% no primeiro trimestre, representando 29% do volume transacionado com cartões de crédito, cerca de R$ 87 bilhões.

“Considerando apenas compras não presenciais, o ticket médio abaixou para R$ 93,80 devido a diversificação encontrada nas vendas online”, diz Coutinho.

Considerando apenas março, a alta foi de 10,5%. “A tendência é que esse segmento volte a atingir um patamar mais elevado de crescimento nos meses seguintes, dada a manutenção das políticas de isolamento social”, afirma o presidente da Abecs.

O pagamento por aproximação, por meio da tecnologia conhecida como NFC, apresentou aumento de 456% e movimentou R$ 3,9 bilhões no primeiro trimestre. “A Covid-19 vai aumentar o uso dessa modalidade devido ao novo comportamento de distanciamento”, acredita Coutinho.

O presidente da Abecs afirma que a entidade avalia aumentar o limite para esse tipo de transação, que hoje é de R$ 50: “Nossa proposta é que cada emissor defina seu limite, que não precisará ser os R$ 50 padronizados na indústria. As adquirentes terão a possibilidade de aprovar a transação de acordo com o valor definido pelo emissor”, explica o executivo.

Uma reunião nesta quarta deve discutir qual será a faixa de limite praticada pelos emissores da indústria.

Ricardo Vieira, diretor executivo da Abecs, diz que não houve aumento nos casos de fraude por meio desse sistema de pagamento durante a pandemia, segundo estudos feitos pelas bandeiras de cartões. “Mas essa solução é complexa e estamos construindo a ideia já que dessa maneira proposta por nós não haveria uma padronização na ponta”, explica.

Início da pandemia

O mês de março foi desafiador para a indústria dada a chegada da pandemia. Foi registrado um aumento de 3,4% no volume transacionado (R$ 146,6 bilhões), a menor variação desde o início da série analisada pela Abecs em 2007.

As vendas no varejo em março apresentaram queda de 2,6%, ante uma alta de 8,7% em fevereiro. O setor de serviços interrompeu uma sequência de variações positivas de 21 meses (desde junho de 2018), caindo -1,1% em março, na comparação com o mesmo período de 2019.

Auxílio Emergencial

O presidente da Abecs afirma que a associação se colocou à disposição da Caixa Econômica Federal para ajudar no pagamento do auxilio. A Elo lidera o projeto junto ao banco.

“Todas as adquirentes estão trabalhando com a Elo para operacionalizar e fazer o repasse para a população. A ideia é que as pessoas consigam usar o dinheiro do auxílio por meio do cartão virtual da Elo e um QR Code nas compras nos estabelecimentos, como supermercados. Se tudo correr bem, as adquirentes já devem participar da terceira parcela do auxílio emergencial”, disse.

O executivo informa que o Banco Central definiu, junto com a Caixa e adquirentes, uma taxa de de até 1,2% do valor por transação para as adquirentes.

PicPay testa pagamento com reconhecimento facial no Brasil

A tecnologia é capaz de reconhecer o consumidor mesmo com a máscara de proteção facial.

O PicPay quer facilitar como se paga contas no Brasil. E para isso, o aplicativo quer usar reconhecimento facial. Os testes para essa nova modalidade de pagamento já estão em curso na nova sede do Banco Original, controlador da fintech.

O app popularizou o uso de QR Code em transações financeiras em 2012, e agora quer liderar uma nova mudança nos pagamentos digitais. Com a reabertura gradual do comércio, o objetivo é expandir o processo para todos os consumidores e estabelecimentos interessados.

Somente no mês de abril, o PicPay ganhou 3 milhões de novas contas, atingindo a marca de 20 milhões de clientes. Isso está relacionado ao período de isolamento social, a empresa acredita que a pandemia do novo coronavírus mudou a forma com que os clientes optam por realizar pagamentos, priorizando métodos que evitem o contato direto com as superfícies.

Com o pagamento via reconhecimento facial, a empresa espera impulsionar um novo movimento de transformação digital pós-pandemia. A tecnologia é capaz de reconhecer o consumidor mesmo com a máscara de proteção facial. A aposta da PicPay é que em alguns anos esse método de pagamento seja “o novo QR Code”, assim como na China, onde a tecnologia já é comum.

O processo de pagamento dura, em média, 30 segundos. Após fazer o pedido a um atendente, por exemplo, o usuário precisa se posicionar em frente a um tablet para que tenha seu rosto validado.

Com a confirmação da identidade, o atendente libera a cobrança e o cliente recebe uma notificação no aplicativo do PicPay. Após a confirmação da compra, a operação é finalizada e o valor é debitado na conta.

 

Experiência do cliente como agente transformador de pagamentos globais

É o mundo avançando cada vez mais rápido na Internet de Valor.

A experiência do cliente se tornou o centro da evolução dos sistemas de pagamento, com empresas buscando maneiras de tornar a transação de seus produtos e serviços mais integrada. As movimentações nesse setor, incluindo pagamentos em tempo real e dados que aumentam a segurança, estão sendo impulsionadas, principalmente, por consumidores “naturalmente digitais”.

À medida que novos players de tecnologia entram no mercado, buscando preencher as lacunas de experiência do cliente, instituições mais tradicionais aceleram o processo de inovação para não perderem participação. Exemplos recentes de novos serviços incluem desde pagamentos “invisíveis” de aplicativos à assistentes digitais conectados integralmente a dispositivos móveis, por exemplo, que se propõem a simplificar várias transações diárias de pagamento.

Para competir melhor, os bancos tradicionais estão se movimentando no intuito de oferecer vários métodos de pagamento para fornecer a melhor experiência possível ao cliente. Os próprios reguladores também estão atentos e vislumbrando oportunidades de acelerar a movimentação do dinheiro em tempo real, proporcionando redução de custos operacionais, menos floating e mais inclusão financeira.

O exemplo mais recente que temos no País é o projeto de pagamentos instantâneos PIX, apresentado recentemente pelo Banco Central que permitirá transações ponto a ponto, 24×7, em poucos segundos, por  qualquer dispositivo ou até em caixas eletrônicos selecionados.

Vale notar, no entanto, que ainda no Brasil, antes mesmo do projeto PIX entrar no ar ao final de 2020, já é possível experimentar as vantagens inegáveis dos pagamentos instantâneos. Vários bancos, instituições financeiras e provedores de pagamentos percebendo essa tendência, se anteciparam e de forma inovadora lançaram soluções que permitem enviar dinheiro para vários países do mundo em segundos, de forma certa e segura, apoiados em tecnologias modernas como blockchain e a um custo muito reduzido ao cliente.

Tão simples como enviar uma mensagem para outra pelo celular, os pagamentos instantâneos vai provocar uma situação curiosa: o que se torna “visível” ao cliente é justamente a “invisibilidade” do processo para realizar essa movimentação.

Essa facilidade de mover o dinheiro como fazemos com as mensagens é o que hoje chamamos da “Internet de Valor”. Ela já é uma realidade e pode trazer muitas oportunidades para aquelas instituições financeiras e provedores de pagamentos que mais rapidamente avançarem em sua  implantação, pois os benefícios são tão evidentes que será impossível retardar essa grande transformação provocada pela experiência do cliente.

*Luiz Antonio Sacco é diretor geral da Ripple na América do Sul  

Google pede autorização ao BC para operar conta de débito no Brasil

Google pede para operar como instituidora de arranjos de pagamento; empresa não vai lançar conta como o Nubank.

O Google fez uma solicitação ao Banco Central (Bacen) para instituir arranjos de pagamento através de contas pré-pagas no Brasil. Isso não significa que a empresa vá lançar uma conta nos moldes do Nubank (NuConta) ou PagSeguro (PagBank): o Tecnoblog descobriu que se trata de algo relacionado aos vales-presente da Play Store no país.

O Google Brasil esclarece que o pedido de autorização de arranjo e instituição de pagamentos em análise no Banco Central está relacionado à emissão de vales-presente (gift cards) para compras no Play Store”, explica a empresa em comunicado ao Tecnoblog. “O serviço encontra-se em operação.”

A solicitação ao Bacen foi feita pela Google Brasil Pagamentos Ltda. (GBP), que possui CNPJ no Brasil desde 2011. Você provavelmente está em um contrato com ela: seus termos de serviço se aplicam para quem recebe cobranças em reais da Play Store e Google Pay no cartão de crédito.

A GBP solicitou autorização para operar como “instituidora de arranjos de pagamento”, segundo o site do Bacen. O que isso significa? Trocando em miúdos:

  • um arranjo de pagamento é o conjunto de regras para que estabelecimentos aceitem um meio de pagamento, como uma bandeira de cartão (Visa, Mastercard) ou método (Google Pay);
  • instituidora de arranjos de pagamento é a empresa — como a Visa, Mastercard e Google — responsável por implementar essas regras, e por fazer o relacionamento com os usuários finais do serviço.

Esse relacionamento pode ser feito de pelo menos três formas: conta de depósito à vista (débito em conta), conta de pagamento pós-paga (cobrança no crédito) ou conta de pagamento pré-paga — esta última foi a modalidade solicitada pelo Google.

Uma conta de pagamento pré-paga pode envolver um cartão pré-pago emitido pela Visa ou Mastercard e aceito em qualquer estabelecimento; ou algo como um cartão combustível, limitado a postos de abastecimento.

A categoria também inclui serviços com recarga de créditos: por exemplo, a ConectCar tem um plano pré-pago que permite depositar dinheiro e usar em pedágios e estacionamentos. No caso do Google, são os vales-presente para a Play Store.

É importante reforçar que o Google não pediu autorização para oferecer conta digital. A empresa não é uma instituição financeira, como um banco tradicional que pode oferecer conta corrente; nem é uma instituição de pagamento que pode vender contas digitais, como a Nu Pagamentos (Nubank), Mercado Pago e PagSeguro.

Desde 2018, o Bacen vem analisando e liberando diversas instituidoras de arranjos de pagamento. Estes são alguns exemplos:

  • bandeiras de cartão: Visa, Mastercard, Elo, American Express, Hipercard
  • pagamento automático de pedágios: Sem Parar, ConectCar
  • cartão combustível ou cartão frete (para transporte rodoviário de carga): Tipcard, TicketLog, Repom, Wex

No entanto, o Bacen não regulamenta todos os arranjos de pagamento possíveis: as exceções incluem cartões private label que só podem ser usados em empresas específicas; pagamento de serviços públicos como água, energia elétrica e gás; cartões de transporte público (bilhete único); recargas de telefonia móvel; vale-refeição e vale-alimentação.

As regras do Bacen são focadas em arranjos de pagamento com interoperabilidade, ou seja, nos quais o dinheiro não está limitado a uma determinada empresa. Por exemplo, você pode usar o Google Pay em lojas físicas e serviços online como o iFood, não só na Play Store; mas só pode gastar a recarga da TIM, Claro, Vivo e Oi para adquirir serviços da operadora.

A autorização do Bacen é obrigatória somente quando o arranjo se torna muito popular. Existem dois requisitos: o meio de pagamento precisa movimentar pelo menos R$ 500 milhões no acumulado dos últimos doze meses; e ter no mínimo 25 milhões de transações realizadas nesse mesmo período. O arranjo pode continuar funcionando normalmente até que seja analisado. Apple e Samsung não estão listadas na relação de arranjos em análise.

Banco Central e arranjos de pagamento

Infográfico: Banco Central

Banco Carrefour lança plataforma para divulgar pequenos negócios na crise

A Iniciativa #JuntosPeloSeuNegócio foi pensada para ajudar micro e pequenos empreendedores durante a pandemia do novo coronavírus.

 O Banco Carrefour, por meio do Cartão Atacadão, lança a iniciativa #JuntosPeloSeuNegócio, para ajudar a divulgar os produtos e serviços de pequenas empresas em meio à crise causada pelo novo coronavírus. A plataforma dá visibilidade ao trabalho de micro e pequenos empreendedores, que podem se cadastrar gratuitamente no site do projeto.

A empresa, que está em contato diário com pequenos comerciantes por meio do Cartão Atacadão, percebeu que precisava ajudar os clientes para além de sua atuação bancária e financeira. “Notamos a dificuldade que este grande grupo está tendo para seguir trabalhando, oferecendo seus serviços e, consequentemente, mantendo a sua renda durante este período”, diz Carlos Mauad, presidente do Banco Carrefour. O #JuntosPeloSeuNegócio nasce com o propósito de dar luz aos serviços locais.

O projeto foi idealizado pela empresa em abril e lançado ao público no começo de maio. Com pouco menos de uma semana no ar, a página já possui mais de 140 empreendimentos cadastrados — a maioria do setor de alimentação, como bares, restaurantes e pequenos mercados.

Os primeiros estabelecimentos na plataforma são de São Paulo, Pernambuco e Bahia, onde estão as maiores bases de clientes do Cartão Atacadão. “Precisávamos começar um contato inicial com nossos clientes para entender quais as necessidades e para que assim que tivéssemos a página pronta, já contássemos com alguns estabelecimentos cadastrados”, diz Mauad. Agora qualquer empresa do país já pode se cadastrar.

Para ser listado na página, o empreendedor precisa contar um pouco sobre seu negócio, informar o ramo de atuação e deixar dados de contato, como telefone, endereço e redes sociais. O banco checa a existência do negócio e confere os dados fornecidos antes de cadastrar a empresa no portal.

No site, as empresas vão ser divididas por região, para o que público possa priorizar os comerciantes mais próximos de si. O Banco Carrefour vai divulgar a iniciativa em seus canais próprios e para a base de clientes. “A ideia aqui é que a informação chegue para o maior número possível de pessoas, considerando tanto o dono de estabelecimento que quer inserir seu negócio no #JuntosPeloSeuNegócio, quanto para o público em geral, que procura algum tipo de serviço e quer ajudar o comércio local”, diz Mauad.

Além do #JuntosPeloSeuNegócio, a empresa mantém um blog informativo do Cartão Atacadão com conteúdos periódicos sobre organização financeira, ideias para adaptação de negócios na crise e dicas de higiene de produtos.

Via Varejo implementa compra online com auxílio emergencial para Casas Bahia e Extra.com

A plataforma já está disponível e funcionando em ambos os sites, que também montaram uma seleção de produtos essenciais disponíveis para compra.

As marcas Casas Bahia e Extra.com, da Via Varejo (VVAR3), anunciaram nesta quarta-feira (15) o lançamento de tecnologia que permite compras no e-commerce com o auxílio emergencial do governo, nos moldes do que o Magazine Luiza implementou um dia antes.

Sem a necessidade de um cartão de crédito, o beneficiário do auxílio poderá utilizar o cartão de débito virtual emitido pela Caixa para fazer compras nas plataformas. Inscritos no Bolsa Família e no Cadastro Único já são correntistas, enquanto os informais desbancarizados cadastrados para receber o auxílio terão acesso a uma conta gratuita.

O governo atualizou a estimativa de potenciais beneficiários do auxílio para até 75 milhões de brasileiros, e os correntistas atuais da Caixa sem direito ao benefício que têm cartão de débito também poderão utilizá-lo para compras.

A plataforma já está disponível e funcionando em ambos os sites, que também montaram uma seleção de produtos essenciais disponíveis para compra.

“A Casas Bahia sempre foi uma empresa inclusiva. Fomos os primeiros a dar crédito aos brasileiros quando ninguém no mercado o fazia. E nesse momento difícil por que passa o mundo e o país, sabemos da nossa responsabilidade como empresa e, mais uma vez, somos os primeiros a aceitar, de forma operacional, o benefício da Caixa Econômica”, afirma Roberto Fulcherberguer, CEO da Via Varejo.

Devido ao isolamento social, acesso a aplicativos financeiros aumenta 35%

Brasil aparece em terceiro lugar no ranking de acessos a aplicativos financeiros, ficando atrás apenas da China e da Índia.

A pandemia do novo coronavírus tem levado as pessoas a acessar os aplicativos de finanças com mais frequência. No Brasil, houve aumento de 35% no número de horas gastas nesses apps entre a última semana de dezembro e primeira de março, de acordo com levantamento feito pela Liftoff, empresa de marketing de aplicativos, em parceria com o App Annie. Na Coreia do Sul e no Japão, o salto foi de 85%.

“É natural que as pessoas acessem mais os apps financeiros, já que as agências bancárias estão fechadas. Além disso, o auxílio emergencial pode ser requerido via aplicativo, o que deve aumentar ainda mais a movimentação”, analisa Antonio Affonseca, responsável pela operação da Liftoff no Brasil, em nota.

No ano passado, as pessoas acessaram mais de 1 trilhão de vezes aplicativos de finanças. Esse número é duas vezes maior do que o registrado em 2017 e foi puxado principalmente pela Indonésia, que viu os acessos aumentarem 115% no período, e pela Índia, com alta de 95%

Já em mercados desenvolvidos, o avanço foi mais comedido. Na França, por exemplo, o crescimento foi de 15%, enquanto na Alemanha e no Japão foi de 30%. No Canadá, o avanço foi de 2% e nos Estados Unidos, de 10%.

No ranking de acessos a aplicativos financeiros, o Brasil aparece na terceira colocação, ficando atrás apenas da China e da Índia. Com cerca de 550 fintechs em operação no país, o Nubank é o app mais acessado, seguido pelo FGTS, pela Caixa Econômica e pelas carteiras digitais PicPay e Mercado Pago.

“O Brasil vem se mostrando um terreno muito fértil para fintechs e outras alternativas mais tecnológicas e menos burocráticas para cuidar do dinheiro. Nesse sentido, os aplicativos de finanças têm tudo para continuar crescendo e se consolidando no país, tanto os bancos mais modernos e 100% digitais, quanto os mais tradicionais”, afirma Affonseca.

Aumento da média de horas gastas com apps financeiros durante a pandemia 

País Variação (em %)
China 15
Brasil 35
Estados Unidos 35
Coreia do Sul 85
Rússia 50
México 10
Japão 85
Alemanha 20
Reino Unido 5

Mercado Pago cria linha de R$ 600 milhões para apoio a pequenos negócios

O Mercado Pago, braço de serviços financeiros do Mercado Livre, criou uma linha de crédito de 600 milhões de reais para pequenos negócios no Brasil, enquanto o maior portal de comércio eletrônico da América Latina tenta aliviar os efeitos brutais do coronavírus sobre microempreendedores.

“Vamos retomar a originação com mais intensidade com o objetivo de apoiar nossos vendedores, na sua maioria micro e pequenos negócios”, afirmou Pedro de Paula, chefe de Crédito do Mercado Livre no Brasil. “Queremos ajudá-los a atravessar este difícil momento e contribuir para preservar empregos.”

O anúncio acontece no momento em que economistas já preveem que o país pode enfrentar neste ano sua maior recessão em um século, como resultado das medidas de isolamento social adotadas para tentar frear a pandemia.

Apesar das ações dos governos federal e regionais para tentar minimizar os efeitos econômicos dessas medidas, até autoridades têm reconhecido que elas não estão sendo eficazes para sanear financeiramente os pequenos negócios.

Enquanto os grandes bancos têm divulgado iniciativas como concessão de carência para pagamento de dívidas, por exemplo, representantes de microempresários afirmam que as linhas de crédito estão encarecendo e ficando mais curtas. Quando existem.

Na semana passada, o Sebrae, divulgou uma pesquisa mostrando que 60% dos pequenos empreendedores do país afirmaram não ter conseguido crédito desde o início da crise.

Para o Mercado Livre, que tem mantido elevados níveis de expansão no Brasil, seu principal mercado, justamente oferecendo serviços financeiros para fidelizar e ampliar negócios com um universo superior a 500 mil empreendedores na América Latina, manter a viabilidade financeira desse ecossistema é vital para a sustentabilidade do próprio grupo.

Segundo o presidente do Mercado Pago, Tulio Oliveira, a linha de crédito que está sendo costurada pelo governo federal com bancos não deve ser suficiente para ajudar os muitos pequenos, já que se dirige a empresas com faturamento anual entre 300 mil e 10 milhões de reais por ano, para pagar salário.

“Há muitas empresas menores que não se enquadram nessa categoria e que têm necessidades diversas”, disse Oliveira à Reuters, acrescentando que está participando de discussões com esferas do governo para tentar aprimorar o apoio a microempreendedores.

De acordo com Oliveira, depois da forte retração inicial das vendas por causa da crise, o Mercado Livre vem observando uma retomada nas últimas duas semanas, em particular dos negócios que conseguem vender por meios eletrônicos. “Os demais estão em processo de aprendizado”, disse.

Criado há cerca de quatro anos, sob o guarda-chuva do Mercado Pago, o braço Mercado Crédito opera no Brasil, na Argentina e no México, com linhas de capital de giro para microempreendedores que vendem produtos no portal e também para consumidores, que compram em parcelas. O crédito para os vendedores, em média, é pouco acima de 1.000 dólares cada.

Coronavoucher

Segundo Oliveira, o Mercado Pago e outras plataformas digitais de serviços financeiros também estão pleiteando para que o governo permita que o pagamento do auxílio emergencial de 600 reais mensais a pessoas em condição econômica mais vulnerável também seja feito por esses canais.

O benefício começou a ser pago na semana passada por meio do banco estatal Caixa Econômica Federal.

“Cerca de 70% do público que recebe auxílio já é cliente das plataformas de pagamentos digitais”, disse Oliveira.

 

Magazine Luiza implementa uso do auxílio emergencial da Caixa no e-commerce

O governo estima que 54 milhões de brasileiros estão aptos a receber o benefício de R$ 600 mensais.

O Magazine Luiza (MGLU3) desenvolveu uma conexão direta com o sistema da Caixa Econômica Federal para possibilitar o uso do auxílio emergencial em seus canais de vendas online – site e aplicativo – sem necessidade de cartão de crédito, usando apenas o cartão virtual do banco. O governo estima que 54 milhões de brasileiros estão aptos a receber o benefício de R$ 600 mensais.

Como a funcionalidade criada para os beneficiários do auxílio emergencial é uma ligação direta com o sistema da Caixa, os demais 100 milhões de correntistas do banco com acesso a um cartão de débito também podem usá-lo para compras no site e app do Magalu.

A novidade já está em vigor para cadastrados no Bolsa Família e Cadastro Único do governo, que recebem o benefício por meio da Caixa. Os demais beneficiários do auxílio emergencial, como autônomos desbancarizados, terão acesso à conta digital gratuita do banco estatal aos poucos. Quando isso ocorrer, já terão acesso ao e-commerce do Magalu.

“Os beneficiários do auxílio emergencial poderão fazer suas compras com segurança”, diz Frederico Trajano, CEO do Magalu, em nota. “Vamos facilitar a vida daqueles que não têm conta corrente ou cartões de débito ou de crédito.”

Produtos de mercado vendidos e entregues pela varejista têm frete grátis para todo o Brasil, independentemente do valor das compras, e a companhia tem focado em aumentar a oferta de itens como fraldas, detergentes, sabão em pó e álcool em gel: são mais de 60 mil itens na categoria no momento dentro de um portfólio total de 15 milhões de produtos.