Crescimento de delivery e e-commerce demanda inovações na área logística

O crescimento do delivery era algo previsível em 2020. Mas ninguém imaginava a proporção que isso ganharia com o isolamento social causado pela pandemia. Gente que nunca havia comprado pela internet e gente que nunca havia vendido pela internet, de repente, estavam fazendo negócios via comércio eletrônico.

E quem já estava, de certa forma, habituado a comprar online aumentou e diversificou o volume de pedidos e aprendeu a comparar a qualidade dos serviços. “A sociedade ganhou experiência, aprendeu o que é um bom e-commerce, e tem subido a barra. Precisamos oferecer um serviço superior”, afirma Rodrigo Mourad, presidente e cofundador da Cobli, empresa de rastreamento de frotas.

Se, na venda de refeições prontas, motos e bicicletas concentram as entregas, nos demais setores, o transporte costuma ser feito exclusivamente por veículos motorizados. E, nessa área, um dos caminhos que ganham impulso é a terceirização. Empresas que antes faziam entregas com frota própria se abriram a parcerias com locadoras que ajudam a dar conta do volume de pedidos e possuem veículos para diferentes formas de utilização. “Passamos a oferecer a frota certa para atender de pequenos a grandes e-commerces. Temos carros de três a 13 m³”, conta Jamyl Jarrus Junior, diretor executivo de Vendas e Marketing da Movida.

No Brasil, as frotas terceirizadas correspondem a apenas 15%. Em mercados maduros, como Estados Unidos e países da Europa, o índice chega a 70%.

Na visão dos especialistas, houve avanços, mas ainda há muito a se construir. Um dos desafios é chegar a todos os cantos. Em cidades maiores, a adesão ao comércio eletrônico é crescente, mas, nas pequenas, ainda é muito incipiente e com um problema cíclico. Sem volume, o custo do frete fica alto. Se o custo é alto, não fomenta o uso e, portanto, não se cria oportunidade para baixar o valor do frete.

Nos grandes centros urbanos, apesar da demanda, ainda há entraves relacionados ao trânsito. É preciso investir em processos que facilitem a otimização da rota — como sugestão de desvios em caso de congestionamento ou acidentes — e a comunicação com o cliente. Se a pessoa estiver pronta para receber a encomenda, há um ganho de tempo considerável.

“Esses são desafios tecnológicos para um nível de eficiência e excelência maior. As empresas precisam implementar novas tecnologias para resolver esses gargalos. Isso traz benefícios para a cadeia como um todo, para que seja sustentável”, diz Mourad, da Cobli.

Por mais inclusão no delivery

Também é preciso fazer com que as entregas cheguem aonde nenhum veículo, seja de frota própria ou locada, consegue chegar. “Há pessoas que não têm um CEP; ou não há ninguém em casa para receber; ou, por questão de segurança, os entregadores não chegam lá. A gente precisa atender essa população”, defende Marcio Hannas, presidente da CCR Mobilidade.

Pensando nesse público, a empresa criou um serviço em parceria com a Clique Retire. Em São Paulo, foram instalados 26 boxes nas linhas 4 e 5 do metrô. Assim, quem enfrenta tais empecilhos pode comprar pela internet e retirar o produto na estação que escolheu, com o uso de um código de acesso.

“É uma forma de servir às pessoas que não teriam a entrega em casa, mas também um serviço opcional para nossos passageiros”, diz Hannas. “Por fim, podemos melhorar os custos de entrega das empresas de e-commerce, que poderiam evitar a última milha e deixar o produto em nossos boxes.”

Pandemia acelerou processo de transformação digital das empresas no Brasil, revela pesquisa

De acordo com o levantamento, essa antecipação do processo de Transformação Digital foi o equivalente ao esperado para o período de um a quatro anos.

O avanço do investimento das empresas em tecnologias da informação (TI) no Brasil foi notório em 2021. É o que revela a 33ª edição da Pesquisa Anual sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, divulgada nesta quinta, 26 de maio, pelo Centro de Tecnologia da Informação Aplicada (FGVCia) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP). De acordo com o levantamento, essa antecipação do processo de Transformação Digital foi o equivalente ao esperado para o período de um a quatro anos.

Outro dado que chama a atenção é o avanço dos dispositivos digitais em uso no país. Computadores, notebooks, tablets e smartphones somados já superam a marca de 447 milhões de unidades. São mais de dois por habitante, com os celulares inteligentes assumindo papel predominante em utilização para transações bancárias, compras e redes sociais.

O número de smartphones no Brasil também superam a marca de um por habitante. São 242 milhões de aparelhos em uso no país. Adicionando os notebooks e os tablets, são 352 milhões de dispositivos portáteis, ou 1,6 por habitante. A pesquisa também constata que o Brasil vai chegar à marca de um computador (desktop, notebook e tablet) por habitante no início de 2023. As vendas em 2021 tiveram um crescimento de 27%, alcançando a marca de 14 milhões de unidades.

“Trabalhar, estudar de forma híbrida ou blended continuará a aumentar o uso e a venda de dispositivos digitais? A tendência é que sim. Em 2022 estima-se um crescimento perto de 10%. Acreditamos que o isolamento, ensino e o trabalho a distância da pandemia vão deixar marcas permanentes na forma com que transacionamos, vivemos e enxergamos a TI e deverá resultar em um modelo que combina o presencial com o remoto (blended e não híbrido) em uma solução que integra e potencializa as capacidades humanas com as digitais”, analisa o professor Fernando Meirelles, coordenador da pesquisa.

Gastos com TI nas empresas

O uso e os gastos e investimentos em TI nas empresas representa 8,7% da receita e continuam crescendo. Essa expansão foi ainda mais notável em 2021 e 2022, em aspectos como valor, maturidade e importância para os negócios existentes e para viabilizar novos modelos de negócios.

“Pode-se comprovar que quanto mais informatizada a empresa, maior é o valor desse Índice. Nos últimos 34 anos, ele cresceu 6% ao ano, passando de 1,3% em 1988 para 8,7% em 2021/22. Mesmo assim, existe muito espaço para crescer e chegar nos níveis dos países mais desenvolvidos”, destaca Meirelles.

A Pesquisa levanta a participação no mercado dos fabricantes de 26 categorias de Software. A Microsoft continua dominando várias categorias no usuário final, algumas com mais de 90% do uso. Já os sistemas integrados de gestão (ERP) da TOTVS e da SAP têm 33% do mercado cada, Oracle 11% e outros 23%. A TOTVS lidera nas menores e a SAP nas maiores empresas.

“As novas tecnologias provocam a necessidade de integrar cada vez mais o físico com o digital e demandam a implementação de novos processos integrados internamente, externamente e principalmente com o ecossistema da empresa. Assim sendo, o “novo” ERP continua a ser o coração da transformação digital”, pondera o coordenador do FGVcia.

Outros dois temas foram destacados nessa edição da pesquisa: pela primeira vez apareceram projetos prioritários de TI como instrumento para apoio e implementação de ESG – Environment, Social and Governance. Cresceu a dificuldade na busca e na retenção de talentos de TI, a oferta de mão de obra nessa área está cada vez mais defasada da demanda nacional e mundial.

O estudo completo está disponível no site.

Para ter acesso ao artigo sobre o tema, clique no link.

Nomagic consegue US$ 22 bilhões com robôs de coleta do e-commerce

A robótica está desempenhando um papel crescente no mundo da logística e atendimento de e-commerce – onde é vista não apenas como uma maneira de acelerar as operações, mas para reduzir drasticamente os custos de executá-las – e hoje uma startup desenvolvendo software e hardware especificamente em a área de robot picking está a anunciar algum financiamento. Pensando isso, a startup polonesa Nomagic construiu um braço robótico que pode identificar e selecionar um item de uma seleção não ordenada e depois movê-lo ou embalá-lo em outro lugar. A inovação rendeu US$ 22 milhões, valor que será utilizado para a empresa crescer e expandir seus negócios.

Os braços robóticos da Nomagic foram implantados pela primeira vez para trabalhar na coleta e movimentação de pequenos eletrônicos de consumo e itens relacionados – telefones, cabos, pequenos brinquedos – antes de se estenderem a itens como roupas ensacadas. Kacper Nowicki, CEO que cofundou a empresa com Marek Cygan (CTO) e Tristan d’Orgeval (CSO), disse que o plano é adicionar mais categorias como mantimentos ao longo do tempo, refletindo a mudança dos hábitos dos consumidores e o que as pessoas estão comprando. on-line nos dias de hoje. “Esse é o objetivo de longo prazo”, disse ele.

A empresa já tem vários clientes em setores que vão desde moda, comércio eletrônico e fornecedores de logística terceirizados – um dos mais proeminentes é a Brack.ch, uma loja “tudo” com sede na Suíça, semelhante à Amazon em termos de seu físico. Gama de Produtos. E, embora atualmente baseie sua tecnologia em visão computacional para identificar objetos e ler códigos, com o tempo é provável que também incorpore outros tipos de tecnologia, como varredura de ondas de rádio para identificar itens.

A Khosla Ventures e a Almaz Capital de Berlim co-lideraram a rodada com o Banco Europeu de Investimento, com a participação de antigos financiadores Hoxton Ventures, Capnamic Ventures, DN Capital e Manta Ray.

A Nomagic levantou financiamento pela última vez – uma rodada inicial de US$ 8,6 milhões – em fevereiro de 2020; e nesse ínterim, tem sido um passeio selvagem no mundo do comércio eletrônico.

O Covid-19 levou a um enorme aumento nas compras online, mas também a uma reavaliação de como as pessoas poderiam trabalhar em armazéns sob preocupações e restrições de pandemia e, em alguns casos, algumas reavaliações sérias de como as operações eram executadas e uma redução de investimentos para se ajustar a condições de negócios em mudança (e às vezes duramente atingidas). A tecnologia da Nomagic participa de todos esses desenvolvimentos de várias maneiras.

O mais óbvio deles é em torno da transformação digital, onde as empresas estão adotando hardware robótico como parte de uma atualização mais ampla de seus sistemas e trazendo mais automação. A Nomagic cita dados da Research and Markets e Mordor que estimam que o mercado global de automação de armazéns valerá US$ 31 bilhões até 2025, e que o mercado de robôs de coleta de peças especificamente está crescendo a uma taxa de 62,5% e valerá US$ 2,9 bilhões. até 2026.

Nomagic: horizonte

Há uma oportunidade óbvia para os robôs trabalharem em ambientes onde os humanos não podem, seja porque o ambiente é inadequado para eles e para as leis trabalhistas modernas (por exemplo, sem iluminação, espaços pequenos, sem aquecimento ou refrigeração e longas horas) ; ou porque as empresas não podem pagar essa mão de obra. Embora a Nomagic também esteja desenvolvendo alguns componentes de hardware, hoje a empresa concentra a maior parte de sua P&D no desenvolvimento de software, o que Nowicki diz que significa que, em última análise, a tecnologia poderá funcionar em uma ampla variedade de hardware.

Dado que gigantes de comércio eletrônico muito maiores, como Amazon e Ocado, estão investindo em sua própria tecnologia de robótica, a criação de serviços de terceiros que possam ser adotados por players menores será essencial para permitir que continuem a competir. Nowicki argumenta que não se trata de tirar os humanos do trabalho, mas deixá-los se concentrar em tarefas menos repetitivas que os robôs não podem realizar – um fator potencialmente ainda mais importante para organizações menores, com bases e recursos de pessoal menores, a serem considerados. Essa é a oportunidade que os investidores também veem.

“Um número crescente de tarefas mundanas será cada vez mais automatizada por robôs nos próximos anos”, disse Kanu Gulati, sócio da Khosla Ventures, em comunicado. “Chegamos cedo para apoiar as empresas que criam tecnologias promissoras que são ousadas e impactantes como a Nomagic e estão empolgadas com o impulso que demonstraram com os clientes.”

Sea, dona da Shopee, faz alerta sobre riscos da inflação para o e-commerce

Como a Sea enfrenta uma perspectiva de crescimento mais fraca, está reorientando a expansão nos principais mercados do Sudeste Asiático, Taiwan e Brasil

O grupo de tecnologia Sea, com sede em Cingapura, anunciou na última terça-feira (17), que a inflação e o aumento das taxas de juros podem representar “incertezas” para seus negócios de comércio eletrônico, à medida que os consumidores retornam às lojas físicas após o relaxamento das restrições do covid-19.

A empresa de jogos on-line e comércio eletrônico listada em Nova York registrou um prejuízo líquido de US$ 580 milhões no trimestre de janeiro a março, aumentando em relação aos US$ 422 milhões no mesmo trimestre do ano passado, uma vez que continuou a gastar agressivamente em marketing.

A receita do grupo foi de US$ 2,89 bilhões, um aumento de 64% no ano, graças ao crescimento da receita em todas as suas linhas de negócios.

Os resultados da Sea ocorrem quando as ações de tecnologia que cresceram durante a pandemia perdem parte de seus ganhos em todo o mundo com a reabertura das economias. A Sea não é exceção. A venda massiva de ações eliminou cerca de 80% de seu valor de mercado de seu pico em outubro do ano passado.

Os temores de inflação e recessão na região podem complicar o caminho da empresa de volta ao lucro ao enfraquecer os gastos.

“As atuais microtendências e incertezas podem afetar nossa região e o mundo no curto e médio prazo”, disse o executivo-chefe (CEO), Forrest Li, em uma teleconferência.

O grupo de tecnologia desfrutou de um “boom” durante a pandemia, quando houve um grande afluxo rumo aos seus serviços digitais. As vendas no ano passado mais que dobraram em seu negócio de comércio eletrônico Shopee.

O forte crescimento da Sea veio por trás de grandes gastos com marketing e recompensas para ganhar uma fatia de mercado maior no Sudeste Asiático, onde rivais como GoTo – uma fusão entre Tokopedia e Gojek – competem por usuários. Também expandiu seus negócios de comércio eletrônico para a América Latina e Europa durante a pandemia.

Desde o trimestre de outubro a dezembro, no entanto, a Sea perdeu força nas vendas e engajamentos on-line à medida que mais economias asiáticas emergem da pandemia. Nos primeiros três meses de 2022, os usuários ativos trimestrais em jogos on-line caíram para 615,9 milhões, recuando pelo segundo trimestre consecutivo.

Em março, a Sea previu receita de entretenimento digital entre US$ 2,9 bilhões e US$ 3,1 bilhões para todo o ano de 2022, abaixo dos US$ 4,3 bilhões do ano passado. Esperava-se que o crescimento das vendas de seus negócios de comércio eletrônico caísse pela metade, para cerca de 76% este ano a partir de 2021.

Desde então, a pressão inflacionária se fortaleceu em Cingapura e nos países vizinhos do Sudeste Asiático.

Na terça-feira, a Sea ampliou a previsão de vendas de comércio eletrônico de US$ 8,5 bilhões para US$ 9,1 bilhões, dos US$ 8,9 bilhões anteriores para US$ 9,1 bilhões. “Ainda achamos que a previsão original é potencialmente alcançável para nós, mas dadas as tendências econômicas, queremos ser cautelosos”, disse Yanjun Wang, diretor corporativo da Sea.

Como a Sea enfrenta uma perspectiva de crescimento mais fraca, está reorientando a expansão nos principais mercados do Sudeste Asiático, Taiwan e Brasil. Em março, a Sea saiu de seus negócios de comércio eletrônico na Índia “em vista das incertezas do mercado global”, após uma retirada da França. Ambos foram mercados em que a empresa entrou apenas em outubro.

A concorrência deve aumentar na região depois que a GoTo se tornou pública em abril. “Sempre levamos a concorrência muito a sério”, disse Wang. “Não a vemos como um jogo de soma zero. Vemos como uma maratona, onde nosso sucesso depende de nossa capacidade de execução.”

Sea disse que está “no caminho certo” para o negócio de comércio eletrônico alcançar EBITDA ajustado positivo [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] antes da alocação de custos da sede no Sudeste Asiático e em Taiwan.

Routeasy lança maestro, solução de last mile que vai revolucionar o setor de logística

O Maestro é a nova tecnologia de orquestração da RoutEasy, startup de logística que oferece soluções de otimização e gestão de entregas. O novo módulo foi lançado no dia 27 de abril, num evento para um grupo seleto de profissionais do mercado com apresentações sobre o processo de descoberta, construção do produto e cases de sucesso em parceria com algumas das maiores marcas líderes em entregas rápidas do país, como Grupo Pão de Açúcar, DHL e Mambo.

Buscando promover o acesso a uma tecnologia mais inteligente para o last mile de diversas empresas, o Maestro foi criado para automatizar fluxos de trabalho complexos e repetitivos, algo comum com o crescimento e ganho de escala.

O principal objetivo do Maestro é permitir que as operações logísticas lidem com o planejamento de rotas de forma mais ágil e otimizada sem nenhuma interferência humana, sendo essa, necessária apenas em casos que fogem às regras pré definidas.

Ao definir padrões de acordo com os objetivos da operação, o sistema utiliza inteligência artificial e aprendizado de máquina para criar rotas de entrega otimizadas, com atribuição automática de pedidos para frota própria, terceirizada ou de parceiros crowdshipping em um único ambiente em nuvem.

Assim, toda a análise de custos de frete, veículos dispo-níveis, quilometragem percorrida, taxa de ocupação dos veículos etc. é realizada em poucos segundos e sem a necessidade de trabalho manual. O Maestro coloca as coletas e entregas no piloto automático.

A solução chega ao mercado para revolucionar, principalmente, as operações de e-commerces, marketplaces, food delivery e vendas D2C, aproximando as marcas de seus clientes em um momento em que o mercado vem reagindo rapidamente aos novos hábitos de consumo, que demandam entregas cada vez mais rápidas.

E quanto mais complexas as operações logísticas se tornam, mais difícil fica realizar atividades manuais com a agilidade necessária. Principalmente para aquelas que lidam com diversos pontos de origem e precisam conseguir um certo nível de padronização no atendimento.

Diante disso, ao adotar um fluxo de trabalho totalmente automatizado, as empresas podem viabilizar as entregas para o mesmo dia com a garantia de prazos e satisfação dos clientes, ganhando maior poder de escala, sem deixar de lado a otimização de custos. Isso porque o Maestro é capaz de realizar a gestão, a roteirização e a atribuição de pedidos em um cenário complexo, levando em conta lojas físicas, dark stores e centros de distribuição; escolhendo sempre o melhor frete, e planejando rotas otimizadas de acordo com as restrições da operação e dos clientes.

C2M: produção baseada em dados que revoluciona o e-commerce

A opinião do consumidor se propaga com rapidez entre os meios, sejam eles físicos ou digitais. O mercado de e-commerce colhe os bons e os maus frutos de suas decisões de negócios de forma cada vez mais imediata, de acordo com a percepção das comunidades. Com isso, as empresas encontraram nos feedbacks e nas interações do consumidor, sobretudo os mais jovens, uma fonte de dados abundante que permite vender com base no engajamento e na influência exercida pelos consumidores em suas comunidades virtuais. Entra em cena, então, um novo modelo de e-commerce: o Customer-to-Manufacturer, ou C2M.

Surgido na China, maior ecossistema de e-commerce do mundo, o novo modelo – que deve gerar US$ 5,9 bilhões em receita até 2022, de acordo com a iResearch – tem como premissa conectar o desejo do consumidor de forma invisível diretamente às manufaturas por meio dos dados analisados por tecnologias computacionais como inteligência artificial, machine learning e big data. No entanto, as plataformas de C2M dependem totalmente da tecnologia para mapear e entregar às fábricas dados sobre a demanda para que o planejamento da produção – do design à embalagem – seja levado adiante.

C2M conecta o desejo do consumidor de forma invisível diretamente às manufaturas por meio dos dados analisados por tecnologias computacionais.

Personalização da experiência

Sem barra de pesquisa, é necessário que a personalização da experiência exista para que haja conversão. Ter dados que permitam o mapeamento das preferências determina detalhes tão específicos quanto a disposição das mercadorias na próxima tela a ser apresentada, produtos correlatos ou mesmo a apresentação de produtos que são tendência de acordo com um determinado local onde o consumidor está interagindo com a plataforma. Como em uma rede social, o consumidor não necessariamente busca por um produto específico: a plataforma entrega aquilo que interessa de maneira totalmente personalizada.

Outro ponto-chave para o rápido desenvolvimento do modelo é a satisfação do consumidor. Dados da chinesa JD mostram que, embora apenas 12% dos consumidores saibam o que é C2M, os índices de satisfação com os produtos vendidos atingem 92%. Há, ainda, o efeito da personalização: embora não sejam exclusivos, os produtos oferecidos com base nas preferências – “perfeitos” para o consumidor – tendem a ter taxas de conversão mais altas.

Consumo baseado em feedback

Essa forma de vender pela Internet está alinhada com o consumo de massa baseado puramente em feedback, e cumpre uma demanda atual do mercado de consumo: o imediatismo. Antes, tendências e lançamentos seguiam um caminho óbvio. Designers analisavam os sucessos anteriores e concebiam um produto novo, que era promovido pelo marketing e, só então, vendido. Todo esse processo, em indústrias tradicionais, pode levar mais de um ano!

Com as novas formas de obter insights sobre o comportamento e as preferências do cliente na Internet, o caminho se inverteu e se tornou mais curto. Isso ocorre pois os dados coletados durante as interações dos consumidores nas plataformas de e-commerce C2M substituem o processo normal de pesquisa e desenvolvimento, encurtando consideravelmente o tempo entre a ideia e a execução.

Potencial de aceleração de inovação

Embora dificilmente o C2M desbanque o modelos tradicionais de e-commerce como o Direct-to-Customer (D2C) ou mesmo o tradicional de B2C, há um grande potencial de aceleração para a inovação com base nas percepções dos consumidores. Por exemplo, já existem inúmeros produtos no mercado desenvolvidos inteiramente com base em comentários nas plataformas C2M a respeito de itens similares. É o dado (novo) permitindo o lançamento de produtos cada vez mais aderentes às necessidades dos consumidores de uma forma absurdamente rápida.

Além disso, o desenvolvimento baseado em análise de dados possibilita pesquisar com profundidade necessidades específicas de determinados grupos, com recortes detalhados de demografia, preferências e precificação, preenchendo nichos desatendidos de mercado com mais facilidade.

Imagine uma fábrica escolhendo que produto ela quer fabricar a partir dos dados que mostram que determinado local demanda consumo cujos insumos de matéria-prima ou logística sejam de fácil acesso ou de baixo custo para essa indústria. Essa situação pode trazer uma vantagem competitiva enorme para essa manufatura frente aos seus concorrentes. E o melhor: ela ainda estará criando e distribuindo um produto cuja demanda já se provou viável através dos dados. Até quando? Até que a próxima análise mostre que há outro nicho cuja operação seja mais rentável ou que a tendência anteriormente confirmada iniciou seu declínio.

O C2M tem alto potencial de revolucionar o e-commerce mundial, desde compras de supermercado até o mercado de luxo. O uso do processamento de dados para monitorar tendências de consumo demonstra o poder inexplorado das interações e do engajamento dos consumidores para impulsionar tais mercados. Em um momento no qual as opiniões nunca foram tão importantes, a tecnologia põe o consumidor no controle.

Total Express usa realidade aumentada para expandir capacidade de entrega

Disponibilizando informações em tempo real dentro dos CDs, tecnologia é associada ao Data Lake da companhia, onde são analisados diariamente os dados de centenas de milhares de encomendas entregues.

A Total Express anunciou o desenvolvimento de um projeto baseado em Realidade Aumentada para aumentar a capacidade de entrega. A tecnologia é associada ao Data Lake da companhia, onde são analisados diariamente os dados de centenas de milhares de encomendas entregues.

Segundo comunicado, a solução disponibiliza, em tempo real, informações estratégicas às áreas envolvidas no negócio, auxiliando na tomada de decisões.

O gerente de desenvolvimento de Sistemas da Total Express, Adriano Sciorilli, explica que o uso desse recurso diminui consideravelmente o tempo de deslocamento dentro dos centros de distribuição. “O operador direciona a câmera do celular para as encomendas, a solução captura e analisa os dados da etiqueta em tempo real e disponibiliza as informações para organização e priorização das mesmas de forma eficaz e muito mais rápida.”

O desenvolvimento do projeto vai ao encontro ao aumento de pedidos processados em momentos de pico. No caso da Black Friday, por exemplo o número de encomendas pode triplicar em relação ao volume normal.

Segundo o head de Tecnologia e Digital da Total Express, Juliano De Conti, a inovação é um pilar fundamental para a Total Express. “Trabalhamos de forma cada vez mais integrada junto ao ecossistema de inovação aberta e empreendedorismo cocriando a próxima geração de soluções digitais para a logística de e-commerce”, reforça.

O executivo destaca que a ideia é orientar todos os negócios da empresa em um modelo cada vez mais centrado em dados.

“Investimos muito nos conceitos de digital, mobile first & plataformização e estamos nos posicionando cada vez mais como uma organização centrada e orientada a dados, queremos ser on-time e on-line em todas as etapas da cadeia logística de e-commerce, superando as expectativas dos nossos clientes.” – Juliano De Conti como Head de Tecnologia e Digital da Total Express.

Magalu lança fintech com serviços para consumidores e vendedores do marketplace

Braço financeiro da varejista Luiza passa a operar com nova marca após integração da Hub Fintech.

A chegada ao mercado da marca Fintech Magalu acontece juntamente com o lançamento de dois produtos: o cartão de crédito para empresas, com foco nos mais de 160 mil sellers que atuam no markertplace da companhia, e o crédito para pessoas físicas, oferecido no aplicativo.

“A Fintech Magalu é um negócio de alto potencial de crescimento”, diz o diretor da empresa, Robson Dantas. “Mais importante que isso, porém, é estar totalmente conectada à missão do Magalu, que é digitalizar o varejista brasileiro, sobretudo os pequenos e médios.”

Foco em cartões corporativos

De acordo com estimativas do Magalu, apenas 3% da base brasileira de cartões de crédito são corporativos. Segundo Dantas, a vantagem da Fintech Magalu na concessão desse tipo de crédito é o conhecimento profundo dos sellers – o que amplia o mercado e reduz riscos.

O empréstimo para pessoas físicas adota o mesmo princípio. O valor do crédito oferecido a cada cliente é calculado com base na análise do perfil do consumidor. Atualmente, 45 milhões de pessoas usam o SuperApp Magalu por mês. “Já pré-aprovamos, com base numa criteriosa análise de risco, crédito para 10 milhões de clientes da nossa base”, afirma Dantas.

O cartão de crédito empresarial da Fintech Magalu está em fase de pré-lançamento. Os sellers podem se inscrever na lista de espera, por meio de um convite que será enviado nos próximos dias pelo Magalu. Os portadores do cartão de crédito empresarial farão parte de um programa de benefícios que dará direito a acúmulo e troca de pontos por serviços oferecidos no ecossistema Magalu.

Resultado de integrações

A Fintech Magalu é resultado da integração da Bit55, Stoq e Hub Fintech, adquirida no final de 2020, além de agregar a operação da Luizacred. Os cerca de 16 milhões de clientes detêm 9 milhões de contas digitais e 7 milhões de cartões de crédito.

Em 2021, o volume total de transações (TPV) processados pela Fintech Magalu somou R$ 65 bilhões – valor que considera a operação de cartão de crédito pessoa física na parceria com a Luizacred, a sub-adquirência do marketplace e outros serviços financeiros (Banking as a Service) prestados para diversas companhias.

Na frente de produtos voltados a empresas, a Fintech Magalu é responsável, por exemplo, pela operação de pagamento a caminhoneiros e transportadores da CargoX. “A Fintech Magalu não trabalha exclusivamente para o nosso ecossistema”, afirma Dantas. “Já somos uma referência na prestação de serviços financeiros para mais de 50 companhias de todos os tamanhos.”

A nova empresa conta com o suporte de quase 1.500 lojas físicas do Magalu espalhadas pelo Brasil. Nesses pontos, é possível fazer saques ou tirar dúvidas sobre os produtos financeiros oferecidos.

Americanas S.A. registra crescimento de 22% no primeiro trimestre de 2022

Na comparação com os 3 primeiros meses de 2021, a Americanas S.A. registrou crescimento de 22%. A expansão é reflexo da boa performance em todas as plataformas de negócios. Afinal, o físico cresceu 27%, enquanto o digital 20%, ainda que diante de uma base forte de comparação (+89% no 1T21). A rentabilidade também foi destaque no período: o Ebitda subiu 58%, atingindo R$ 660 milhões, maior valor da história para o período.

O sucesso da estratégia da Americanas S.A. fica evidente com a adição de 4 milhões de clientes no período de 12 meses, com a base ativa de clientes totalizando 52 milhões no 1T22. O mesmo vale para o crescimento de 20% do número de itens vendidos e de 17% das transações no período. Vale lembrar que a companhia ampliou seu sortimento em 37% nos últimos doze meses, totalizando 136 milhões de ofertas disponíveis.

Outros pontos ajudam a explicar a boa performance da empresa. Entre eles, a baixa dependência de algumas categorias de tíquete médio alto, somada à alta recorrência de compras e à credibilidade conquistada junto aos clientes. Hoje, a Americanas é uma das cinco marcas mais influentes do Brasil, segundo pesquisa divulgada em abril pelo Ipsos (Instituto de Pesquisa de Mercado e Opinião Pública) — é a primeira marca brasileira no ranking.

Americanas S.A. e a multicanalidade

Com a criação da Americanas S.A., a multicanalidade já é uma realidade da operação. Neste caso, as lojas físicas se tornaram um importante hub de relacionamento e distribuição. Somente em 2022, a companhia inaugurou 28 novas lojas, totalizando 3.581 estabelecimentos. Como resultado, no primeiro trimestre de 2022, quase 35% das entregas foram realizadas em até 3 horas. Um ano atrás, esse percentual era de 14%. Além da infraestrutura das lojas para reduzir tempo e custo de entrega, há ainda o investimento em inteligência artificial e análise de dados para otimizar fluxos e processos.

A AME, fintech da Americanas S.A., também se destacou no primeiro trimestre. Afinal, atingiu a marca de 32 milhões de downloads, com um TPV (volume total de pagamentos) de R$ 7,8 bilhões. Como comparativo, o crescimento foi de 53% em relação ao mesmo período do ano anterior. A operação se mostra cada vez mais relevante e estratégica, gerando o aumento da frequência e do gasto médio e a aquisição de novos clientes.

Os resultados de AME estimulam ainda mais a IF (motor de inovação da Americanas e responsável por liderar 10 fusões e aquisições entre 2020 e 2021) a seguir com o objetivo de incentivar o uso de novas tecnologias e buscar oportunidade para entrada em novos negócios. Por este motivo, a Americanas anunciou em abril a estruturação da vertical de corporate venture capital (CVC). A intenção, neste caso, é investir em até 20 startups neste ano em setores que tenham conexão com as estratégias de negócio da companhia — como tecnologia, cyber, fintech, logística e advertising.

Estratégia ESG reconhecida internacionalmente

Em janeiro, a Americanas S.A. entrou pela primeira vez no The Sustainability Yearbook 2022. Trata-se do anuário que reúne as empresas com melhores performances em sustentabilidade do mundo. Para tanto, a companhia foi destaque na seleção feita pela S&P Global em critérios como: transparência de informações; ética e conduta; compromissos ambientais e de impacto social. Além disso, foi listada no ranking das companhias abertas com as melhores notas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da bolsa brasileira, a B3.

Shopee e AliExpress disputam pequenos lojistas com Magalu, Mercado Livre e Americanas

Diante da disparidade de taxas cobradas, há vendedores que estão presentes no Mercado Livre, mas pedem para clientes comprarem na Shopee; varejistas nacionais contra-atacam com financiamentos a pequenos negócios.

Tanto é assim que já há lojistas que passaram a enviar a clientes bilhetes junto com suas entregas, convidando o comprador a mudar o marketplace escolhido na próxima compra, em troca de descontos. A postura dos gigantes asiáticos, cada vez mais agressiva, tem gerado reações. Varejistas nacionais, por exemplo, entraram nessa corrida pela preferência dos vendedores com logística mais rápida e até empréstimos para financiar as empresas parceiras.

No momento, a ordem é proteger mercado. Levantamento recente da NielsenQ Ebit mostra uma disparada do comércio “cross border”, de produtos importados, que cresceu 60% no ano passado no Brasil e somou vendas de R$ 218,9 bilhões – movimento puxado pela popularização dos marketplaces estrangeiros.

A expansão de nomes como Shopee e Shein levou gigantes brasileiras, como Americanas, Via e Magazine Luiza, a montarem uma ofensiva contra os rivais asiáticos, pedindo para o governo barrar esse crescimento, por meio de uma medida provisória que visa a ampliar os impostos incidentes sobre os produtos vindos de fora. A justificativa é de concorrência desleal.

Lojista busca opção mais vantajosa

Se antes a reclamação das gigantes nacionais estava somente na vantagem de trazer produtos “baratinhos” da China, agora o mercado se movimenta para proteger sua base de parceiros. Isso porque muitos vendedores utilizam mais de um marketplace. O comerciante Pedro Niglio, que vende roupas, concentra 70% das suas operações na Shopee, com os 30% restantes divididos entre Magazine Luiza e Mercado Livre.

Segundo ele, oferecendo a menor taxa de operação, além de outros benefícios, a Shopee consegue ser mais atrativa para os comerciantes locais. “É muito vantajoso para o meu tipo de negócio. Por isso, fechei a loja física e aluguei um galpão para ser meu centro de distribuição para as vendas no site”, conta.

Presente no Brasil desde 2019, a Shopee tem sido agressiva em sua estratégia para ganhar mercado e já atraiu 2 milhões de vendedores locais. A empresa hoje cobraria taxas equivalentes à metade dos valores cobrados pelo Mercado Livre, que hoje variam de 12% a 18% do valor do item, além de R$ 5 por cada anúncio no site, conforme lojistas consultados.

A reportagem do Estadão recebeu, em uma compra feita no Mercado Livre, um bilhete de um lojista avisando que oferece um desconto de 50% no item adquirido na plataforma asiática. Procurada, a Shopee disse, em nota, que “entre outros diferenciais da nossa plataforma estão as opções facilitadas de pagamento, visibilidade em campanhas de marketing, cupons de frete grátis e desconto”.

Mas nem sempre a escolha é pautada apenas pela menor taxa. “Às vezes acabamos preferindo o Mercado Livre, pois, mesmo com o custo bem mais alto, eles ainda têm  uma entrega melhor e um atendimento mais eficiente”, relata um comerciante, que preferiu não se identificar.  Hoje, a Shopee faz suas entregas pelos Correios e via a parceria com dez empresas de logística

Força na logística

Maior marketplace do País, o Mercado Livre tem investido em logística. Segundo a diretora sênior de marketplace da empresa, Júlia Rueff, uma das formas de ajudar os vendedores tem sido no apoio à formalização de seus negócios. Sobre as taxas cobradas, a executiva diz somente que elas são “coerentes aos serviços prestados”. Ela lembra que o Mercado Livre anunciou investimentos de R$ 17 bilhões no País só para 2022.

Para o Magalu, as lojas físicas são a aposta para disputar mercado com as asiáticas. A empresa vai lançar uma “carreata nacional”, com participação da fundadora Luiza Trajano, para digitalizar comerciantes e expandir o número de vendedores no seu e-commerce, que hoje tem 160 mil cadastrados. A companhia também decidiu ofertar empréstimos aos pequenos comerciantes que escolhem sua plataforma.

Em relação às acusações de competição desleal com os sites estrangeiros, o Magalu defende que os concorrentes passem a respeitar a legislação local e barrem produtos falsificados e vendidos sem nota fiscal. “Nós não estamos falando de competição desleal, nós estamos falando de competição ilegal”, afirma o diretor executivo de vendas online do Magalu, Leandro Soares.

Procurados, AliExpress e Via não quiseram comentar.