Prazo de entrega é principal crítica dos consumidores sobre e-commerces chineses

Reclame Aqui realizou pesquisa sobre o assunto entre os dias 23 e 25 de agosto com mais de 24 mil clientes.
O prazo de entrega e as questões relativas ao reembolso são as mais criticadas pelos consumidores que fazem compras em portais de e-commerce da China, segundo pesquisa realiza pelo Instituto Reclame Aqui. O levantamento foi realizado entre os dias 23 e 25 de agosto e contou com a participação de mais de 24 mil consumidores.

“Os marketplaces chineses entraram definitivamente na rotina de compra dos brasileiros”, destaca o CEO do Reclame Aqui, Edu Neves. A pesquisa mostra que 56,5% dos entrevistados já compraram em sites que importam suas mercadorias da China, como AliExpress, Shein e Shopee.

Dentre os milhares de pedidos mensais, os segmentos de eletrônicos e acessórios, de roupas e de produtos de beleza são os que mais concentram encomendas com, respectivamente, 21%, 18% e 11%.

Na análise dos motivos que levam os consumidores a optarem por comprar nas plataformas chinesas, a resposta que lidera a pesquisa é o preço dos produtos, com 54% dos entrevistados pontuando esse fator. “Os preços agressivos tornam as ofertas brasileiras muito mais altas. Isso faz com que o consumidor tope o risco inerente de comprar diretamente da China”, ressalta Neves.

Mais da metade dos consumidores que compraram em sites chineses (55%) destacou que o que mais deveria ser melhorado é o prazo de entrega. Em seguida, aparece o atendimento ao consumidor após a venda, com 26% das respostas.

Para Edu Neves, o desafio do consumidor é conseguir garantir confiança nesse tipo de compra. “Do outro lado, esses marketplaces devem tentar oferecer cada vez mais transparência, velocidade de entrega e qualidade na solução de conflitos.”

Compra em sites brasileiros
Quando questionados sobre compras em e-commerces brasileiros, 82% disseram que possuem o costume de fazer isso. Os motivos que os fazem não comprar em sites chineses são as questões de confiança na plataforma e a distância.

Entre o volume de compras nos pedidos em sites brasileiros, a categoria de eletrônicos (TV, videogame, tablet, notebook) é a que concentra maior volume de pedidos, com 18,6%. Ela é seguida pelos eletrodomésticos de linha branca, com 13,6%, e a compra de calçados, com 12,7%.

Magalu bate recorde de 100 mil sellers no marketplace em setembro

Cerca de 40% desse total são os chamados Parceiros Magalu, pequenos e médios varejistas que ingressaram na plataforma após o início da pandemia.

O Magalu bateu um novo recorde de sellers em seu marketplace no mês de setembro. São 100 mil vendedores que, juntamente com o Magalu, oferecem produtos de praticamente todas as categorias aos 33 milhões de clientes que, mensalmente, frequentam os canais digitais da companhia.

Cerca de 40% desse total são os chamados Parceiros Magalu, pequenos e médios varejistas de todo o País que ingressaram na plataforma da companhia após o início da pandemia de covid-19.

As mais de 1.400 lojas físicas do Magalu são responsáveis por trazer seis a cada dez novos sellers do marketplace. Em agosto, a companhia lançou o projeto Agência Magalu, por meio do qual os vendedores passam a orientar o comércio local sobre as vantagens da digitalização e se tornaram um elo entre o seller e a plataforma.

As lojas também passaram a funcionar como um ponto de entrada dos produtos vendidos pelos sellers. “Nossas lojas físicas hoje funcionam como agências dos Correios. Após serem deixados pelo seller em uma das lojas da rede, os produtos vendidos digitalmente entram em nossa malha logística”, diz o diretor-executivo de marketplace do Magalu, Leandro Soares. “Nos pontos físicos, o seller também pode tirar dúvidas e acessar serviços. Com isso, queremos que o varejista local veja nossa loja não como uma competidora, mas como aliada para vender para todo o Brasil.”

Empreendedores formais
A marca dos 100 mil sellers tem importância não apenas pela quantidade, mas pela qualidade dos varejistas que compõem o marketplace Magalu. Todos, sem exceção, são empresas ou empreendedores formais, ou seja, representam CNPJs verdadeiros e ativos verificados pela companhia.

“A missão de digitalizar o varejo brasileiro passa, necessariamente, pela formalização do setor, que significa cumprir regras fiscais, sanitárias e de segurança”, afirma Soares. “Isso é bom para o consumidor e para as empresas, que competem em pé de igualdade”, diz Soares.

Para vender pela plataforma do Magalu, os varejistas também têm de aceitar as regras da companhia, que não aceita a venda de produtos sem a emissão de nota fiscal eletrônica e proíbe produtos piratas, falsificados e roubados. Essa política começa na entrada do seller no marketplace e é reforçada com o monitoramento contínuo dos produtos ofertados na plataforma.

Com o Parceiro Magalu, o Magalu Pagamentos, o Magalu Entregas e os PDVs (pontos de vendas), o Magalu leva soluções de tecnologia e serviços para sellers que até então tinham operações 100% analógicas. As recém-lançadas maquininhas de cartão Magalupay permitem pagamento com cartão por aproximação e funcionam sem bobina de papel. A versão Smart do dispositivo permite vender os produtos do marketplace na loja física, com atualização de estoque automática, emissão de cupom fiscal, além da realização dos pagamentos.

Em parceria com a Hub Fintech, o Magalu oferece aos sellers uma conta digital PJ 100% gratuita. Com ela, é possível realizar Pix ilimitados, TEDs, pagamentos de boletos e depósito dos recebíveis. O sistema é totalmente integrado à plataforma da companhia. Os usuários recebem um cartão de crédito que também pode ser usado fora do ecossistema Magalu. Além disso, a empresa também conta com um sistema de crédito para os varejistas do marketplace. Com ele, os sellers podem realizar empréstimos de forma simples, sem necessidade de garantia e com taxas de juros competitivas.

Com o Magalu Ads, os sellers terão mais possibilidades de dar destaque a seus negócios nos canais digitais da companhia. A plataforma abre a possibilidade do seller utilizar o tipo de publicidade mais adequado ao momento e ao produto que pretende promover. De branded content (publieditorial nos portais Canaltech, Steal de Look e Jovem Nerd) a Product Placement, com a Lu, maior influenciadora virtual do Brasil, usando produtos dos sellers em ações de marketing.

Brasil avança cinco posições e alcança 57º lugar no Índice Global de Inovação

Apesar da melhora na classificação em relação ao ano passado, país tem retrocesso em comparação a 2011, quando ocupou o 47º lugar.

O Brasil subiu cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI) em relação ao ano passado e chegou ao 57º lugar entre 132 países. Apesar do avanço, o país apresenta uma classificação baixa e está 10 colocações abaixo da recebida em 2011, quando atingiu a melhor marca, a 47ª posição. No topo, aparece a Suíça, seguida por Suécia e Estados Unidos.

O ranking foi divulgado nesta segunda-feira (20) pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI – WIPO), em parceria com o Instituto Portulans, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação da Indústria Indiana (CII), a Ecopetro e a Assembleia de Exportadores Turcos (TIM), com o apoio do Conselho Consultivo do IGI e de sua Rede Acadêmica.

Dentre os 18 vizinhos da América Latina e Caribe avaliados, o Brasil aparece em 4º lugar, atrás do Chile (53º), do México (55º) e da Costa Rica (56º). Em relação aos BRICS, o Brasil ficou em penúltimo, à frente apenas da África do Sul, que está em 61º lugar. A China é a 12º colocada, a Rússia está no 45º lugar e a Índia, no 46º.

Parceira na produção e divulgação do IGI desde 2017, a CNI avalia a classificação brasileira como “incompatível” com o fato de o país ter sido considerado a 12ª maior economia do mundo no ano passado. A entidade também confronta a posição com a realidade do setor empresarial nacional, uma vez que o país é 13º lugar entre 45 países no ranking internacional para o desempenho da produção da indústria, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

“O crescimento sustentável e a superação da crise agravada pela pandemia de Covid-19 passam pela via da inovação. Uma estratégia nacional ambiciosa, que priorize o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação para o fortalecimento da indústria, tornará a economia mais dinâmica, promovendo maior equidade e bem-estar social”, analisou Robson Andrade, presidente da CNI.

O executivo lembrou que a pandemia aumentou a importância que ciência, tecnologia e inovação (CT&I), por exemplo no desenvolvimento e produção de vacinas. Diante disso, defendeu que os investimentos na área são imprescindíveis para que o país avance e sua indústria seja competitiva.

Colocação brasileira
O Índice Global de Inovação é calculado com base na média dos cinco pilares do subíndice insumos de inovação (instituições, capital humano e pesquisa, infraestrutura, sofisticação de mercado e sofisticação empresarial) e dos dois pilares do subíndice produtos de inovação (produtos de conhecimento e tecnologia e produtos criativos), distribuídos em 81 indicadores.

De acordo com a CNI, alguns fatores que permitiram que o país melhorasse a posição em relação ao ano passado. Um deles é retração do PIB, que dá uma falsa percepção de avanço, pois a medida é usada em alguns indicadores. A inserção de novos indicadores no ranking e a boa atuação empresarial também contribuíram. O uso de dados de outros anos e o plano de combate ao backlog de pedidos de patentes também colaboraram.

O país, contudo, apresenta o melhor desempenho em insumos de inovação do que em resultados de inovação, ocupando o 56º lugar (59º em 2020) e 59º (64º em 2020), respectivamente. Na avaliação da CNI, ainda é necessário avançar nas políticas de incentivo à inovação, que vêm sofrendo com cortes de financiamento público.

Os dados também apontam que as principais lacunas do país estão relacionadas a formação bruta de capital, facilidade para abrir uma empresa, facilidade para obtenção de crédito e taxa tarifária aplicada.

Já os maiores avanços ocorreram nos indicadores de crescimento da produtividade no trabalho (58 posições) e de castos totais com software (46 posições). Como o primeiro é baseado na média dos três últimos anos em relação ao PIB, a alta se deve à queda do PIB, apesar da redução de empregados, criando uma falsa impressão de maior produtividade. O segundo, cuja referência é 2020, é atribuído ao aumento de investimentos em software durante a pandemia e sua relação com o percentual do PIB.

Os 10 primeiros colocados do IGI:
1 – Suíça

2 – Suécia

3 – Estados Unidos

4 – Reino Unido

5 – Coreia do Sul

6 – Holanda

7 – Finlândia

8 – Cingapura

9 – Dinamarca

10 – Alemanha

Posição dos países dos BRICS:
12 – China

45 – Rússia

46 – Índia

57 – Brasil

61 – África do Sul

E-commerce vai continuar com crescimento expressivo no Brasil, diz Nielsen

Vendas do comércio digital brasileiro chegaram a R$ 53,4 bilhões só no primeiro semestre de 2021, um recorde.
A pandemia da covid-19 mudou as dinâmicas de consumo e fez o varejo, em especial o e-commerce, passar por um processo de aceleração. O momento do e-commerce brasileiro foi tema de um dos painéis da última terça-feira (14) do Latam Retail Show, principal evento de varejo e consumo B2B da América Latina, que tem cobertura especial da plataforma Mercado&Consumo.

Segundo pesquisa da Nielsen, as vendas do e-commerce brasileiro chegaram a R$ 53,4 bilhões só no primeiro semestre de 2021, um recorde, e cresceram 31% em relação ao mesmo período em 2020. Foram 42 milhões de pessoas comprando pelo e-commerce, sendo que, desses, 6,2 milhões eram novos usuários.

“Estamos vendo um e-commerce que continua batendo recordes e que continua com crescimento muito expressivo”, afirma Roberto Butragueño, diretor de Atendimento ao Varejo da Nielsen. Para Butragueño, Black Friday desse ano será muito positiva, assim como a do ano passado.

Supermercados e superapps
O head de E-commerce do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Rodrigo Pimentel, afirmou que a pandemia acelerou o processo de digitalização de todos os setores. “Como o GPA já estava muito forte no digital, isso nos permitiu agir mais rápido e dentro de um setor essencial durante a pandemia.”

Ele falou sobre o processo de aprimoramento da rede de supermercado, que já possuía um e-commerce e aplicativo, mas passou por um ponto game changer. “A gente resolveu se abrir para o mercado e participar de tudo que está acontecendo”, disse, mencionando a entrada do grupo em todos os aplicativos de entrega.

Foi também do ano passado para cá que os aplicativos de entrega, que já eram relevantes para os restaurantes, entraram de maneira intensa no setor de produtos básicos. A principal mudança foi, justamente, a realização de parcerias com supermercados que não possuíam uma plataforma de venda. A presença em ecossistemas de deliveries se tornou necessária diante das restrições impostas pela crise sanitária mundial.

Demanda inesperada no e-commerce
A diretora de Restaurante da Rappi, Ana Szasz, contou que ninguém estava preparado para essa demanda. “Fomos de um momento planejado para um momento inesperado.” O delivery, durante esse período, passou por um processo de ressignificação, e a ação de pedir refeições e de produtos se tornou uma necessidade. “A gente viu o delivery se reinventando, e quem acreditou que o que estávamos vivendo era o novo normal conseguiu se virar.”

Ana destaca que nos dias de hoje o grande avaliador é o usuário, e não mais instituições, como era antigamente. “Hoje a gente vive um mundo de comunidades, uma vida nas mídias sociais, e o usuários estão lá. Eles é que estão avaliando o seu serviço e produto”, finaliza.

Programa da Amazon vai permitir que marcas brasileiras sejam adquiridas no exterior

Dos vendedores que estão testando o projeto-piloto, 80% nunca tinham feito vendas internacionais.

Programa de vendas globais da Amazon, o Global Selling está testando um projeto-piloto com vendedores brasileiros para outros países da Europa, Ásia e nos Estados Unidos. “O programa faz com que a venda para o exterior seja cada vez mais fácil para o vendedor brasileiro. Vamos fazer toda essa parte de logística”, diz Daniel Mazini, presidente da Amazon no Brasil, durante o Latam Retail Show, em painel conduzido por Marcos Gouvêa, CEO da Gouvêa Ecosystem, e Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa Ecosystem.

Segundo ele, dos cerca de 100 pequenos vendedores que estão testando o programa no País, 80% nunca tinham vendido internacionalmente. “É um potencial muito grande”, diz.

O programa oferece apoio com soluções de logística para preparar seu estoque; e os orienta a comercializar seus produtos por meio de uma variedade de ofertas e opções de publicidade. O vendedor escolhe uma transportadora que faça envios internacionais. Os valores cobrados para envio internacional variam de acordo com as dimensões e peso da embalagem, prazo de entrega e prazo de entrega e origem (de onde o produto está saindo) e destino (para onde ele vai).

Longo prazo
Mazini destacou que o pensamento de longo prazo no Brasil é de longo prazo. A empresa chegou no País em 2012, com a venda de livros, e lançou seu marketplace em 2017.

No ano passado, a Amazon trouxe seu programa de logística FBA (Fulfilment By Amazon), no qual armazena o estoque de lojas parceiras e fica responsável por empacotar e entregar esses produtos aos clientes. Com isso, os itens à venda no marketplace podem receber o selo Prime para ter frete grátis.

Embora tenha uma logística desafiadora, a Amazon segue investindo nesse setor para fazer entregas cada vez mais rápidas. “A melhor experiência para o cliente é receber o produto automaticamente o mais rápido possível. Esse é o nosso foco”, afirma. A companhia já conta com 10 centros de distribuição no País, dos quais cinco situados em São Paulo.

AliExpress e Shopee avançam no país – e acirram disputa pelo e-commerce brasileiro

Com entrega veloz, jogos, lives e até Jackie Chan, marketplaces asiáticos competem com gigantes como Mercado Livre, Amazon, B2W, Magazine Luiza e Via.

Por anos, investidores, especialistas e empresas brasileiras temeram uma grande investida de companhias asiáticas no e-commerce local. O chinês AliExpress (BABA34) desembarcou em terras brasileiras há dez anos. A singapurense Shopee (S2EA34) chegou há dois anos. Até aqui, no entanto, o avanço delas havia sido lento. Ao que tudo indica, porém, esse cenário começou a mudar.

AliExpress e Shopee vêm ampliando suas atuações no país. Entre as principais novidades das empresas no Brasil estão a redução do prazo de entrega de produtos, a abertura da plataforma para lojistas brasileiros e um investimento pesado em marketing que fez até o ator Jackie Chan falar português.

Ambas tentam atacar um mercado que faturou R$ 87,4 bilhões em 2020, segundo dados da consultoria Webshoppers. Mas, mais do que o passado, elas estão de olho no potencial futuro desse mercado. Para a empresa de pagametos Visa, o volume nacional de transações no e-commerce deve chegar a R$ 171 bilhões até 2023.

Dinheiro para isso parece não faltar: por trás dessas plataformas, estão companhias gigantes. O chinês Alibaba, dono do AliExpress, tem um valor de mercado de US$ 460 bilhões. Já a singapurense Sea, dona da Shopee, está avaliada em US$ 180 bilhões, após ter feito a maior captação de recursos do Sudeste Asiático.

As estratégias para crescer
Com onze anos de atuação local, o Brasil já está entre os cinco maiores mercados do AliExpress, segundo o estudo Beyond Borders 2020. Já a Shopee, apesar de chegar ao país apenas em 2019, já alcançou o marco de app de e-commerce mais baixado no Brasil, segundo o site de monitoramento de downloads App Annie.

Para entender as estratégias que essas companhias estão adotando para crescer por aqui, é importante lembrar suas origens.

O Alibaba começou como espécie de classificados online, em 1999, e foi crescendo junto da popularização da internet na China. Seu braço de comércio eletrônico internacional, o AliExpress, surgiu em 2010 — mesmo ano do desembarque da empresa no Brasil. Como até então era focado no mercado asiático, nos primeiros anos de operações internacionais, o Alibaba teve que entender e adaptar seus serviços para o mercado ocidental.

Já a Shopee faz parte do grupo Sea, que nasceu a partir da empresa de jogos Garena. O negócio foi criado pelos chineses Gang Ye e Forrester Li em 2009. O sucesso da produtora e distribuidora de jogos permitiu que seus fundadores expandissem também para o crescente mercado de e-commerce. A Shopee foi lançada em 2015. Em 2017, as duas marcas foram unidas no grupo Sea. A holding abriu seu capital na Bolsa de Nova York (NYSE) no mesmo ano.

Jaqueline Bartzen, diretora global de engajamento com merchants no Ebanx, aponta que os e-commerces asiáticos seguem um padrão em sua expansão. Primeiro, conquistam seus países de origem. Em segundo lugar, outros países da região. O terceiro passo é atacar mercados emergentes de grande crescimento para além da Ásia – e o Brasil está entre os países mais interessantes.

Por aqui, as empresas entenderam rapidamente a importância de se adaptar ao estilo brasileiro de fazer negócios. Uma das principais particularidades locais está nos métodos de pagamentos. O AliExpress adota boletos desde 2013, e atualmente permite até pagamentos por Pix.

Tanto AliExpress quanto Shopee também estão ampliando seus investimentos no marketing no local. “Essas empresas sempre fizeram um marketing digital agressivo por aqui, focado em aparecer nos buscadores e vender mais. Agora começam a construir uma marca, inclusive no mundo offline”, diz Bartzen, do Ebanx.

A nova onda de digitalização dos brasileiros, forçada pela pandemia permitiu que esses e-commerces asiáticos também emplacassem táticas de comércio eletrônico social (social e-commerce), que fazem sucesso há anos em seus países de origem. Alguns exemplos são a gamificação e o live commerce.

Inspirada na Garena, empresa de jogos que pertence ao mesmo grupo, a Shopee criou jogos que dão moedas virtuais que são transformadas em descontos no marketplace.

Já o AliExpress criou uma plataforma só para vendas por meio de transmissões ao vivo. O AliExpress Live permite ver uma agenda de lives por idioma. As transmissões ao vivo são uma mistura de entretenimento com descontos para quem as acompanha.

Tanto a gamificação quanto o live commerce têm em comum promoverem descontos aos consumidores – uma estratégia que já está computada no modelo de negócio dos e-commerces asiáticos. Enquanto a Amazon tem um evento anual para grandes descontos, o Amazon Prime Day, a Shoppe faz mensalmente seu “Dia Shopee”.

“Os descontos são uma parte do custo de aquisição do cliente, e tanto as plataformas quanto seus vendedores dão preços menores. Geralmente são compras de impulso, inclusive de produtos que os consumidores nunca tinham procurado antes, então a estratégia de desconto se torna adequada para gerar recorrência de compra”, explica Alexandre Machado, diretor da consultoria especializada em varejo Gouvêa Consulting.

Desafios para a nova invasão asiática

Os e-commerces asiáticos estão batalhando contra alguns desafios à sua nova invasão do mercado brasileiro. O primeiro deles é o câmbio: o dólar americano se valorizou em relação ao real brasileiro nos últimos tempos. Em 2020, a moeda teve alta de 29,33% e fechou o ano cotada a R$ 5,189. Na última segunda-feira (13), fechou em R$ 5,224.

“Quando a cotação do dólar atinge um pico, as pessoas seguram seu consumo. Mas vemos que esse comportamento de compra volta para uma curva interessante em apenas alguns meses. As pessoas ainda veem vantagem ao comprar pelo e-commerce asiático”, diz Bartzen.

Para mitigar o efeito do dólar, Shopee e Aliexpress estão investindo na atração de vendedores brasileiros para a sua plataforma. O AliExpress abriu sua plataforma para os brasileiros em agosto, com taxas agressivas de 5% a 8% sobre o valor dos produtos comercializados. Como comparação, a Shopee cobra desde junho deste ano uma comissão de 12%. Antes, a taxa também era de 5%.

Atraindo sellers locais, Shopee e Aliexpress passam a competir mais diretamente com os e-commerces brasileiros. Isso tanto em termos de variedade de produtos quanto em estratégia de negócios. Mercado Livre, Amazon, Americanas S.A. (AMER3, antiga B2W), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) têm hoje milhares de vendedores brasileiros em suas plataformas. Eles engordam as margens de lucro das grandes varejistas, pagando taxas para poder vender em seus sites e utilizar seus serviços de logística.

Vendedores locais também ajudam as empresas asiáticas a ter uma entrega mais veloz. Para reduzir seu prazo de entrega de produtos internacionais para até sete dias, o Aliexpress investiu em uma logística proprietária, com quatro aviões fretados que pousam toda semana no Brasil vindo direto da China. A Cainiao, empresa de logística do Alibaba, identifica diferentes compras do usuário e as reúne em um só pacote, integrando vendedores em diversos países. O processo pode ser acompanhado online pelo usuário, da separação ao embarque dos produtos.

No Brasil, o AliExpress também implementou métodos eletrônicos de checagem de pacotes para acelerar a liberação na alfândega. As entregas em solo nacional são feitas pelos Correios. O AliExpress coloca até cinco dias para essa entrega para as principais regiões metropolitanas do Brasil.

Uma logística robusta tem sido o principal investimento de outras varejistas por aqui. O Mercado Livre, maior empresa do e-commerce brasileiro, por exemplo, tem quase cem centros de distribuição (CDs) espalhados no país.

O desafio da logística reversa ainda é grande para os e-commerces asiáticos, segundo Machado. “Devolver para a Ásia pode ser um martírio, o que é um problema para produtos que precisam de um padrão, como roupas e sapatos”, diz.

Depois de preço e entrega, garantir a satisfação dos consumidores com o produto é o último desafio. O AliExpress tem um programa de garantia de satisfação: se o produto adquirido não é como descrito ou não chegou dentro da data estimada, a empresa garante reembolso dentro de 15 dias após a finalização da disputa.

Já a Shopee tem garantias de acordo com a legislação brasileira: direito de arrependimento até sete dias após o recebimento do item, e reembolso do item em caso de defeitos de funcionamento até 30 dias após o recebimento. Os e-commerces também implementaram a avaliação de vendedores, recomendando comprar com os mais bem ranqueados.

“Quando o Mercado Livre surgiu, oferecia uma experiência bem diferente da vista em e-commerces com estoque próprio, como Americanas ou Magazine Luiza: atuava apenas como viabilizador da compra e venda, sem se responsabilizar pela qualidade do produto. Mas quando começou a garantir essa qualidade e a ter uma logística reversa eficiente, o consumidor ganhou confiança em comprar. Esse mesmo caminho está sendo trilhado pelas asiáticas”, afirma Machado.

Produtos piratas
Mesmo garantindo a satisfação do consumidor, autoridades pressionam essas plataformas contra a venda de produtos falsificados. A rigorosidade ainda é um desafio, mas está em evolução. Na China, as plataformas de comércio eletrônico serão impedidas de realizar determinadas operações online e terão licenças revogadas se não endereçarem graves infrações de direitos de propriedade intelectual por quem vende em suas plataformas. Em seu site, o AliExpress afirma que “listar réplicas não licenciadas e itens sem autorização, como roupas, relógios, bolsas, óculos e outros acessórios falsificados, é estritamente proibido no site”.

A Shopee diz em seu site que “os vendedores devem fazer anúncios apenas de produtos autênticos. A venda de produtos falsificados é estritamente proibida e será excluída”. Porém, o Procon de São Paulo notificou a empresa para que ela se explique sobre a autenticidade e a origem dos produtos oferecidos aos consumidores. Até o dia 17 de setembro, a Shopee deve compartilhar com o órgão documentação atestando a regularidade comercial, fiscal e tributária das empresas parceiras cadastradas na plataforma. Ainda deverá explicar os critérios de verificação, regularidade, autenticidade e segurança utilizados.

“A demora em resolver produtos falsificados e contrabandeados só reforça a percepção de alguns consumidores de que se trata de uma ’25 de Março online’ [rua conhecida pelo comércio informal na cidade de São Paulo]. Tem o seu público, mas isso inviabiliza a venda de itens de maior tíquete”, diz uma fonte especializada em inovação no varejo ouvida pelo Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney.

Quem será o líder do e-commerce brasileiro?
No primeiro semestre deste ano, 42 milhões de brasileiros compraram o equivalente a R$ 53,4 bilhões pelo comércio eletrônico, segundo a pesquisa Webshoppers. O comércio transfronteiriço (cross border trade) representou quase 18% desse faturamento, R$ 9,6 bilhões, no primeiro semestre deste ano.

E enquanto AliExpress e Shopee incluem vendedores locais. Os e-commerces brasileiros também estão de olho no cross border, incluindo vendedores internacionais nas suas frentes de marketplace. A Americanas, da B2W, tem a seção Americanas Mundo. A Via, em parceria com a startup uruguaia NocNoc, inaugurou sua prateleira infinita global de produtos.

“Varejistas tradicionais aderiram ao modelo de marketplace e de ecossistema. Incluíram vendedores de diversas categorias e criam ou fazem parcerias para logística, pagamento e até inteligência artificial. Todas as empresas de e-commerce estão se reestruturando e investindo”, diz Machado.

Por mais que essas empresas estejam convergindo, suas origens são muito diferentes. Para a fonte de mercado especializada em inovação no varejo, as origens de cada e-commerce pautam suas estratégias de desenvolvimento. Nesse ponto, as asiáticas saem na frente.

“Alguns dos e-commerces chineses, como o AliExpress, nasceram como empresas de tecnologia. Não são varejistas que criaram seus braços digitais. Essa falta de amarras com modelos tradicionais dá mais flexibilidade na adoção de novos modelos de negócio, como as de experiências de social commerce“, diz.

Bartzen e Machado afirmam que os principais diferenciais dos e-commerces asiáticos no começo eram preço competitivo e variedade de produtos. Mas a diretora do Ebanx concordou que a nova experiência de compra se tornou um diferencial ainda mais importante – e mais difícil de ser replicado.

Para a fonte de mercado especializada em inovação no varejo, as varejistas brasileiras têm uma essência puramente transacional: foram criadas apenas para compra e venda de produtos, sem outras fontes de receita na concepção do seu negócio. Os players regionais mais avançados na transição de varejo para tecnologia seriam Magazine Luiza e Mercado Livre.

O “Relatório Setores do E-commerce”, publicado pela consultoria Conversion em agosto deste ano, mostrou os 15 maiores e-commerces do país em número de visitas. São eles: Mercado Livre; Americanas; Amazon Brasil; Magazine Luiza; Casas Bahia; AliExpress; Shopee; Netshoes; Extra; Pontofrio; Samsung; Elo7; Dafiti; Amazon; e Q Concursos. Assim, os players asiáticos superaram e-commerces de nicho e até algumas bandeiras dos grandes grupos de varejo, como Extra e Pontofrio.

Em faturamento, o banco Goldman Sachs estima que o Mercado Livre também tenha liderado o e-commerce brasileiro, responsável por uma fatia de 35%. Em segundo lugar está o Magazine Luiza, com 21,2%.

“É difícil falar quem vai ser o vencedor agora. O mercado brasileiro vai ter cada vez mais players internacionais, primeiro entrando cross border e depois localizando meios de pagamento, marketing e vendedores”, diz a fonte especializada em inovação no varejo.

“Vai ganhar a disputa aquela empresa que souber combinar preço competitivo ao serviço de entrega e devolução satisfatórios”, afirma Machado, da Gouvêa Consulting. “Segurança na transação, logística rápida e qualidade do que é entregue são pontos fundamentais e que se refletem nas vendas. Mas a localização também é importante nessa busca pela melhor experiência do usuário”, adiciona Bartzen, do Ebanx.

A XP Investimentos fez uma análise sobre a disputa entre esses e-commerces, publicada em maio deste ano. O relatório foi assinado pelos analistas de varejo Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt.

“Esperamos ver uma competição mais acirrada em 2021, uma vez que as empresas estão vendo a aceleração da digitalização causada pela crise da Covid-19 como uma oportunidade para se consolidarem no mercado. Além dos players nacionais, temos visto também players internacionais dando sinais de um maior interesse em crescer no Brasil”, escreve a empresa de investimentos na análise.

O Mercado Livre ainda seria o maior competidor para as brasileiras Magazine Luiza e Via. “Além de ser o líder do setor, o Mercado Livre possui um ecossistema bastante robusto na frente financeira (Mercado Pago) e logística (Mercado Envios). (…) Além disso, a companhia possui uma maior diversificação de categorias quando comparada à Magalu e Via, mas sendo em sua maior parte composta por estoque de terceiros”.

A redução de prazo de entrega anunciada pelo AliExpress também aumentou o risco de uma maior competição vinda do Alibaba sobre Magazine Luiza e Via. Esse anúncio foi somado a um serviço mais localizado ao consumidor brasileiro, como atendimento em português, parcelamento sem juros, melhor logística reversa local, gamificação e live commerce nacionais e inclusão de marcas brasileiras no e-commerce.

“A companhia ainda tem uma atuação limitada no setor e possui um mix de produtos/categorias que não competem diretamente com a maior parte das vendas dos grandes marketplaces brasileiros. (…) No entanto, alguns consumidores podem migrar a compra para o Alibaba em cenários de um preço mais atrativo, principalmente dada a redução no prazo de entrega”.

Já sobre a Shopee, a XP Investimentos afirma que seu crescimento tem sido impressionante. O tempo médio gasto no aplicativo se destaca frente ao de outros competidores, de 8:10 minutos ante 5:50 minutos. Isso acontece “principalmente por conta da estratégia de gamificação utilizada na companhia para distribuir descontos/cupons”.

“Apesar de acreditarmos que a evolução da empresa mereça ser monitorada de perto, por ora, não enxergamos a Shopee como uma ameaça relevante para os nomes sobre nossa cobertura, pois (i) apresenta um sortimento distinto, focado em produtos com ticket médio menor e majoritariamente sem marca; (ii) o foco agora parece ser em adicionar e treinar sellers pequenos e de nicho; e (iii) a depreciação do real pode reduzir a atratividade do mix de produtos importados. Nesse sentido, vemos o Shopee como uma ameaça para players como Alibaba e Wish, por atuarem com os mesmos tipos de produtos/sellers“, conclui a XP Investimentos.

‘PIX a prazo’: Mercado Pago se prepara para lançar modalidade

O Pix Garantido, funcionalidade que permite usar o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC) como cartão de crédito, ainda não tem data para estrear. Porém, o Mercado Pago decidiu se antecipar e oferecer a modalidade de “Pix a prazo” antes da estreia oficial, como relatou o Valor Econômico na última quinta-feira (9).

Conforme a publicação, a carteira digital do Mercado Livre disponibilizará a possibilidade de pagar a prazo usando Pix na plataforma antes do lançamento do BC. Empresas dos setores de saúde e vestuário, como Drogaria Pacheco, Drogaria SP, Renner e C&A, serão as primeiras a testar a iniciativa.

Segundo o diretor Rodrigo Furiato, do Mercado Pago, a escolha por esses segmentos se deve ao tíquete médio mais alto registrado nas compras. Dessa forma, o consumidor teria uma maior preferência pelo parcelamento dos valores, facilitando o pagamento.

A novidade vai funcionar de forma parecida ao que já acontece na recarga de celular feita na plataforma e nas compras no Mercado Livre, que podem ser parceladas mesmo que o cliente não tenha cartão de crédito. O pagamento a prazo é ofertado por meio do Mercado Crédito, nesses casos.

Taxa de juros
O pagamento a prazo com Pix no Mercado Pago estará sujeito à cobrança de uma taxa de juros do usuário. Ela vai variar de acordo com alguns fatores a serem analisados pela empresa, como o valor total da compra realizada e também o score de risco do cliente.

Com relação às varejistas, Furiato afirma que a carteira digital irá cobrar “taxas competitivas”, levando em conta também o tamanho do negócio. Já para incentivar a adesão à nova modalidade, tanto pelas grandes redes quanto pequenas e médias empresas, a plataforma tem investido em ações de desconto que levam os consumidores aos sites e apps dos parceiros.

Negócio social para logística em favelas atinge a marca de 100 mil entregas

Em apenas seis meses de operação, startup Favela Brasil Xpress mostra que é possível colocar os CEPs das favelas no mapa do e-commerce brasileiro.

No último 31 de agosto, a Favela Brasil Xpress chegou à marca de 100 mil pacotes entregues em oito comunidades do estado do Rio de Janeiro: Paraisópolis, Heliópolis, Cidade Julia, Capão Redondo, Diadema, Vila Cruzeiro, Rocinha e Betim.

Com cerca de 13 milhões de pessoas morando em favelas, é possível imaginar o número de habitantes com dificuldade para receber correspondências em suas próprias casas. Mas esse obstáculo tem sido superado com a ajuda da Favela Brasil Xpress, uma startup cujo objetivo é proporcionar uma logística participativa, social e inclusiva, oferecendo oportunidades que batem à porta de cada cidadão que vive em comunidades e em áreas de difícil acesso.

O mercado de logística tem crescido no país e nas comunidades não tem sido diferente. Com a chegada da pandemia e o fechamento dos comércios, os moradores de favelas passaram a fazer mais compras pela internet, porém não conseguiam receber os produtos em suas casas. Giva Pereira, morador de Paraisópolis e fundador do Favela Brasil Xpress, enxergou em um problema vivido por ele a oportunidade de mudar essa realidade. Em fevereiro deste ano, o jovem empreendedor criou um sistema de inteligência logística para colocar os CEPs das comunidades no e-commerce brasileiro. Em seis meses de operação, ele firmou parceria com grandes empresas, como Americanas, Dafiti, Total Express e M3 Storage.

De acordo com Giva, o fato de não ser possível receber uma simples correspondência em casa já coloca milhares de pessoas em uma situação de vulnerabilidade, que em tempos de pandemia agrava a situação, visto que a única alternativa para o recebimento e envio de produtos são os serviços de entrega. “Com a criação desse serviço, conseguimos atender um público que antes não era visto”, afirma.

As primeiras entregas eram realizadas por apenas quatro pessoas. Com o crescimento, a iniciativa tem oferecido oportunidade de emprego e, atualmente, conta com mais de 80 operadores e entregadores, gerando impacto estimado em mais de 250 pessoas. Além disso, também tem oferecido capacitação em logística para os profissionais, em parceria com a Americanas, Labora e Emprega Comunidades. “Tivemos um aumento de 700% das entregas realizadas desde o começo da operação, saímos de uma média de 200 pacotes para 1.300 com a abertura das novas bases”, celebra.

O mercado brasileiro de logística é estimado em US$ 70 bilhões. Desse total o custo relativo ao transporte responde pela maior parcela, variando entre 4% e 25% do faturamento bruto, e em muitos casos, superando o lucro operacional. Os gastos das empresas brasileiras com logística atualmente correspondem a 60% para transporte e 40% para armazenagem, administração de pedidos e estoque. Segundo dados da Associação Brasileira de Logística (Aslog), a categoria já movimenta cerca de 20% do PIB.

O presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, afirma que o preconceito de CEP ainda é um problema que dificulta o acesso atendimento de logística ou outros serviços nas comunidades. “Existe um apagão no fornecimento do serviço para as camadas menos favorecidas. Não queremos viver em dois “Brasis”, em que, a depender do seu CEP, você pode ter acesso a tudo, enquanto do outro, você não pode ter acesso a nada, inclusive a receber suas encomendas”, comenta.

A Favela Brasil Xpress é um dos negócios de impacto social que faz parte do G10 Hub — Escritório de Negócios e recebeu microcrédito e mentoria pelo G10 Bank Participações para ser impulsionado.

Website: https://www.favelabrasilexpress.com/

Pesquisa mostra que 77% dos brasileiros estão frustrados com suas marcas favoritas

Uma pesquisa realizada pela plataforma Tiendeo mostra que 77% dos brasileiros estão decepcionados com uma de suas marcas ou lojas favoritas porque elas não atendem às suas expectativas. O levantamento foi realizado de forma virtual na primeira semana de setembro com cerca de 800 pessoas aqui no Brasil.

Do ponto de vista dos consumidores, o reembolso das compras que fizerem é a forma mais eficaz de conquistá-los, conforme afirmam 41% das pessoas que participaram da pesquisa. Descontos em produtos ou atividades de entretenimento como shows, eventos esportivos ou acesso VIP a experiências exclusivas motivam de forma especial a 30% dos entrevistados.

A plataforma revela que, no auge do e-commerce, apenas 14% são a favor do frete grátis, contra 13% dos consumidores que continuam em busca das melhores promoções. Apenas 2% escolheram os prêmios como uma forma útil de fidelidade.

Loja física e fidelização
De acordo com a pesquisa, 42% dos consumidores brasileiros afirmam que ir direto às lojas físicas é garantia de satisfação, pois elas sabem melhor do que ninguém como merecer sua fidelidade. Enquanto isso, 25% dos entrevistados consideram que nas lojas on-line encontram bons motivos para se manterem fiéis e 33% reconhecem o esforço realizado por ambos os canais com ações de fidelização.

O estudo da Tiendeo indica que para 48% dos brasileiros a atenção dedicada ao cliente é o fator que determina em qual marca ou loja depositarão sua confiança e fidelidade. Na mesma linha, 18% dizem que valorizam o acompanhamento e a comunicação após a compra.

Apesar da crise econômica, a pesquisa mostra que o preço dos produtos não é determinante para na hora de o consumidor brasileiro fazer suas escolhas. Segundo o, estudo, 15% dos consumidores indicam que o preço é decisivo para ser fiel às marcas. Com ofertas e promoções constantes, outros 13% irão dedicar sua fidelidade, enquanto 6% serão conquistados por meio de programas de fidelidade.

Logtechs: o bater de asas da borboleta para a revolução que o setor logístico precisa

À medida que a transformação digital se aprofunda, crescem proporcionalmente os níveis de exigência, pois o básico já não serve.
A notícia de que startups especializadas em logística, ou logtechs, já usam o Certificado de Autorização de Voo Experimental (CAVE), expedido pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), para iniciar testes de entregas de produtos com o uso de drones parece sinalizar que a criatividade e a ousadia desse tipo de empresa serão suficientes para trazer ao setor toda a inovação que ele precisa para responder satisfatoriamente aos desafios que precisará enfrentar nos próximos anos. Mas só parece, pois, ao que tudo indica, o uso de tecnologias emergentes e modelos de negócios disruptivos originados por esses novos empreendedores podem ser comparados apenas ao bater de asas da borboleta – que, segundo a teoria do caos, seria o movimento inicial de uma grande transformação.

É verdade que antes mesmo da chegada da pandemia, as inúmeras dores do segmento já atraíam a atenção dos empreendedores devido à possibilidade de obter lucro com a oferta de soluções. Mas durante os momentos mais difíceis do combate à crise sanitária, as logtechs brilharam ao cumprirem o importante papel de aumentar a eficiência das empresas para fazer com que as mercadorias de todas as espécies chegassem às casas das pessoas.

De uma forma ou de outra, o fato é que o país chegou rapidamente a um total de 290 startups inseridas nesse contexto, segundo o mapeamento Distrito Logtech Report 2020 – dessas, mais da metade foram fundadas há menos de 5 anos. Do total, 19% se dedicam a soluções de entrega, que é a principal preocupação das empresas de logística, mas também existem iniciativas voltadas à logística reversa, armazenamento de insumos e produtos, além de intermediação entre fornecedores, entre outras áreas.

Ocorre que à medida que a transformação digital se aprofunda, crescem proporcionalmente os níveis de exigência. Se antes o problema era apenas fazer com que a compra fosse entregue na casa do comprador em segurança e conforme a encomenda, agora isso é o básico. E o básico já não serve. Se até aqui um prazo de dois dias úteis para receber o bem adquirido era um período considerado razoável, daqui para frente já se considera que o padrão pode vir a ser rapidamente estabelecido como um intervalo de apenas algumas horas entre o pedido e a entrega.

Alcançar esses indicadores sem comprometer a saúde financeira das empresas de logística é, sem dúvida, uma tarefa que não pode ser tratada apenas como responsabilidade das logtechs. A busca por esse novo padrão de eficiência deve ser encarada como uma causa por toda a cadeia produtiva, pois depende da resolução de problemas estruturais antigos relacionados, por exemplo, à normatização da atividade do operador logístico.

Neste sentido, uma das primeiras ações precisa ser um esforço concentrado de sensibilização do Congresso Nacional pela votação do Projeto de Lei 3757/20 que regulamenta a atividade de operador logístico no Brasil. A proposta estabelece um marco legal para o setor com regramento jurídico que elimina as diversas Classificações Nacionais de Atividade Econômica (CNAE) às quais as empresas são submetidas.

Na prática, o que acontece é que, apesar de oferecerem toda a jornada de atividades necessárias para a execução do trabalho logístico, essas organizações acabam sendo enquadradas em segmentos separados desta esteira como “Transportadora Rodoviária de Carga”, “Armazém” ou empresa de “carga e descarga”, entre outras denominações. Isso acaba gerando uma diversidade de enquadramentos tributários e muita insegurança jurídica para os negócios. Consequentemente, a legislação trabalhista também é confusa, complexa e conflitante, conforme define a Associação Brasileia de Operadores Logísticos (ABOL).

No mês de maio, foi encerrado o prazo de cinco sessões para os parlamentares sugerirem emendas ao projeto com um total de 16 modificações inseridas. Agora a pauta aguarda pela apresentação do relatório do Deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL).
Mas a simples aprovação do marco legal do setor logístico também não será capaz de acelerar a evolução na velocidade necessária. Paralelamente a esta conquista deve ser feito um profundo diagnóstico da atividade para identificar tanto os gargalos quanto as alternativas para eliminá-los. Felizmente algumas iniciativas já estão surgindo nessa direção.

Uma delas é uma ampla pesquisa que está sendo conduzida pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) com o apoio da Associação Brasileira de Logística (Abralog). O estudo, intitulado “Transporte e Desenvolvimento: E-commerce”, vai procurar desvendar todos os aspectos relacionados à logística necessária para fazer rodar o comércio eletrônico, tendo como foco o transporte. A intenção é que os resultados sejam conhecidos no início de 2022 e que eles mostrem claramente as condições oferecidas aos agentes envolvidos neste trabalho tornando claros os desafios e as tendências dessa área.

Que novos estudos, novas leis e novas atitudes se somem ao movimento das logtechs para que a transformação da logística não seja interrompida como um simples bater de asas de uma borboleta.