Com a dependência dos aplicativos para diversas funções, desde enviar um Pix até solicitar serviços digitais, como uma corrida de táxi, o país é o 4º local com maior investimento em mobile – o que desperta o interesse do mercado global, pois se destacam em reengajamento e retenção de usuários.
iOS cresce e desafia Android
Em 2024, o Brasil também ficou em 4º lugar na lista de maiores mercados em investimento em anúncios por aquisição de usuários (UA), ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Índia e Reino Unido.
No entanto, enquanto EUA e Reino Unido focaram em investir no iOS, o Brasil, assim como a Índia, direcionou a maioria do orçamento para o Android. 93% dos US$2,85 bilhões investidos em UA no Brasil foram destinados ao Android, que detém 82% da participação de mercado dos sistemas operacionais móveis.
Durante muitos anos, apostar no Android fez sentido, já que o sistema oferecia escala a um custo menor, além de ser um motor confiável de crescimento. Apenas no ano passado, cada aplicativo de redes sociais e finanças movimentou cerca de US$ 500 milhões em aquisição de usuário, e a maior parte do valor foi direcionado ao Android.
Agora, o cenário está mudando: os apps de finanças do Android tiveram uma queda de quase 10% nas instalações ano a ano, indicando que as campanhas não podem ser exclusivamente focadas nesse sistema. O iOS ganha margem com um crescimento de 168% em investimento de aquisição, na comparação de 2023 com 2024. Por outro lado, o Android sofreu uma retração de 22%.
Transferência de orçamento
A tendência se repete entre os principais segmentos, como os apps de finanças e de compras, que triplicaram seus investimentos em iOS, enquanto apenas o setor de e-commerce representou 17% de quase US$ 400 milhões investidos.
A surpresa foi o investimento dos aplicativos de alimentação e bebidas, que disparou 923%. “O Android ainda é essencial para alcançar grandes públicos, mas o iOS está se tornando a principal escolha para um crescimento baseado em valor de tempo de vida do usuário (LTV)”, explica Renata Altemari, country manager da AppsFlyer no Brasil.
“À medida que o mercado de apps no Brasil amadurece, as estratégias de aquisição de usuários evoluem do foco em volume para um impacto mais significativo. Para os profissionais de marketing focados em retorno de longo prazo, a mensagem é clara: pode ser hora de repensar como e onde os orçamentos estão sendo investidos”.
Mudança de foco
Ainda que ovolume de downloads de aplicativos tenha estagnado no Brasil nos últimos dois anos, 2024 revelou uma recuperação de 9%. Liderada pelo iOS, a mudança mostra o sistema da Apple com um aumento anual de 19%, em comparação com 4% do Android.
Apenas no e-commerce, o sistema obteve um aumento de +18%. Apesar disso, o Android continua dominando, com crescimento geral, com o crescimento geral de 6% ano contra ano.
Como todos os aplicativos podem ser potenciais redes de anúncios, as marcas devem apostar estratégias de valor a longo prazo, assim como nos eventos culturais – responsáveis por impulsionar o engajamento e conversão dos usuários. Por exemplo, datas como Carnaval e Copa América impulsionaram o reengajamento no primeiro semestre do ano.
Só no ano passado, os investimentos em campanhas de remarketing somaram US$ 1,67 bilhão. Mesmo com o Android liderando em conversões, o investimento em remarketing no iOS cresceu 18% em relação a 2023.
“O que os dados nos mostram é que o mercado de apps no Brasil deve focar em oportunidades nos segmentos de e-commerce e finanças; migrar de uma abordagem baseada em volume para uma centrada no ciclo de vida do usuário; investir em remarketing para aumentar retenção e fidelidade, especialmente em apps de compras e finanças, e, ao mesmo tempo, priorizar a prevenção à fraude para proteger campanhas e garantir resultados sustentáveis”, ressalta Renata.
Fraudes: Brasil no “Top 10”
Outro ponto deve ter atenção redobrada: as fraudes. Sejam feitas por bots, fazendas de clicks ou hackers, elas fazem os usuários acreditarem que baixaram um aplicativo, quando, na verdade, a verdade a instalação é falsa ou manipulada. O que causa prejuízo aos anunciantes por pagarem pelas instalações fraudulentas.
Frequentemente negligenciadas, a exposição a esse tipo de fraude no Brasil superou US$ 460 milhões, colocando o país na 10ª posição global em perdas financeiras. Com um aumento generalizado e praticado geralmente por bots, as ocorrências afetaram 57% dos Android e 79% dos iOS. O principal alvo são os apps de finanças e compras.
O estudo foi baseado numa amostra de 8 mil aplicativos, com mínimo de 5 mil instalações por trimestre, 29,5 bilhões de instalações totais entre 2018 e 2024, e US$3,6 bilhões investidos por aplicativos móveis em aquisição de usuários entre primeiro trimestre de 2023 e primeiro trimestre de 2025.