Veja como Loggi e JSL usam algoritmos para acelerar entrega de encomendas no país

A tecnologia e a inteligência artificial têm mudado a cara da logística brasileira, acompanhando uma tendência mundial. Se no passado o diferencial estava no tamanho da frota de caminhões e na área atendida, hoje as empresas precisam apostar em sistemas sofisticados e automação para dar conta de uma demanda crescente e, ao mesmo tempo, garantir maior eficiência para os clientes.

Isso porque o setor virou peça-chave dentro do planejamento estratégico das companhias na redução de custos — os custos logísticos representam 12% do faturamento bruto das empresas.

Além disso, com as transformações digitais e o avanço do e-commerce, a velocidade na entrega virou disputa no mercado para ver quem consegue chegar primeiro ao consumidor final. Para isso, é preciso muita tecnologia no rastreamento do produto e na separação dos pacotes, dando maior agilidade ao processo.

“Até certo volume é possível fazer na mão. Mas, quando a demanda aumenta, a tecnologia entra para resolver o problema e melhorar a operação”, diz Caio Reina, presidente e fundador da RoutEasy, uma startup que usa inteligência artificial em soluções de otimização e gestão de entregas. Ele diz que nos últimos tempos, sobretudo após a pandemia, a demanda mudou por causa da importância do comércio eletrônico.

O nível de exigência aumentou. O prazo de três a cinco dias, que antes era bom, está ultrapassado. Hoje, o consumidor quer receber o produto no dia seguinte ou no mesmo dia. Isso tem exigido novas fórmulas das empresas para atender aos novos requisitos. A Loggi, empresa que nasceu em 2013 e tem a tecnologia no DNA, já consegue fazer essas entregas no mesmo dia dependendo da região.

Mudanças

Mais da metade das empresas de logística acredita que a tecnologia é a chave para reduzir custos, oferecer novos serviços aos clientes e atender às exigências do mercado. Para alcançar esses objetivos, elas apostam na inovação de uma serie de processos, como o rastreamento de cargas, na tecnologia de processamento de pedidos e de planejamento de demanda e na automação dos meios de distribuição, mostra um levantamento feito pela Fundação Dom Cabral com 275 empresas do setor.

O professor Paulo Resende, responsável pela pesquisa, diz que a tecnologia ganhou maior importância dentro das empresas depois que as cadeias produtivas começaram a trabalhar com menos estoques.

Com o avanço da internet e o barateamento do acesso a informações e dados, as companhias começaram a questionar se deveriam estocar produtos ou apostar num sistema de fluidez e de informação.

“A partir do momento em que não há mais um colchão entre oferta e demanda, elas precisam da tecnologia da informação, de inovação nos equipamentos, veículos modernos e inteligência artificial”, diz Resende. Além disso, completa ele, houve o empoderamento do consumidor final sobre a demanda. “Hoje, eles têm centenas de milhões de aplicativos à disposição para decidir sobre as compras.”

Nesse cenário, a Loggi já nasceu com o objetivo de usar a tecnologia para melhorar a logística. A empresa tem 10 centros de distribuição no país. O vice-presidente de Vendas, Comunicação e Marketing da companhia, Ariel Herszenhorn, afirma que há três anos a empresa atendia a 50 municípios no país. Hoje, são 4.200.

Algoritmos

Para manter esse crescimento, a saída foi apostar em sistemas automatizados e algoritmos que ajudam na operação. No centro de distribuição em Cajamar, em São Paulo, a empresa tem capacidade para processar 1,2 milhão de pacotes por dia.

Numa esteira gigante, os pacotes são separados automaticamente — por meio do código de barras — por regiões e algumas cidades maiores, como São Paulo. A partir daí, os pacotes são transportados em caminhões de acordo com as rotas definidas.

As soluções tecnológicas da empresa são criadas por equipes dedicadas ao assunto no Brasil e em Portugal. No hub de tecnologia de Lisboa, cerca de 70 profissionais buscam aperfeiçoar as ferramentas e criar novas saídas para dar mais eficiência ao processo. Em 2020, a Loggi investiu R$150 milhões em automação e tecnologia. No ano passado, esse valor superou R$ 250 milhões.

Na JSL, uma das mais tradicionais empresas de logística do país, com mais de 1,3 mil clientes, a tecnologia e a inteligência artificial viraram estratégia indispensável para manter o negócio, diz o presidente da empresa, Ramon Alcaraz.

“Estamos investindo muito dinheiro nisso. Ainda estamos longe dos objetivos, mas estamos no caminho.” Numa das áreas de atuação da empresa, que é a cadeia de matéria-prima, o uso de algoritmos para otimizar o uso de veículos tem sido muito importante para reduzir custos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Entregas no mesmo dia? Como a tecnologia mudou a cara das empresas de logística

Setor investe em sistemas sofisticados e automação para dar conta de uma demanda crescente e cortar custos; avanço da internet tornou possível redução de estoques.

A tecnologia e a inteligência artificial têm mudado a cara da logística brasileira, acompanhando uma tendência mundial. Se no passado o diferencial estava no tamanho da frota de caminhões e na área atendida, hoje as empresas precisam apostar em sistemas sofisticados e automação para dar conta de uma demanda crescente e, ao mesmo tempo, garantir maior eficiência para os clientes. Isso porque o setor virou peça-chave dentro do planejamento estratégico das companhias na redução de custos – os custos logísticos representam 12% do faturamento bruto das empresas.

Além disso, com as transformações digitais e o avanço do e-commerce, a velocidade na entrega virou disputa no mercado para ver quem consegue chegar primeiro ao consumidor final. Para isso, é preciso muita tecnologia no rastreamento do produto e na separação dos pacotes, dando maior agilidade ao processo.

“Até certo volume é possível fazer na mão. Mas, quando a demanda aumenta, a tecnologia entra para resolver o problema e melhorar a operação”, diz Caio Reina, presidente e fundador da RoutEasy, uma startup que usa inteligência artificial em soluções de otimização e gestão de entregas. Ele diz que nos últimos tempos, sobretudo após a pandemia, a demanda mudou por causa da importância do comércio eletrônico.

O nível de exigência aumentou. O prazo de três a cinco dias, que antes era bom, está ultrapassado. “Hoje, o consumidor quer receber o produto no dia seguinte ou no mesmo dia”, diz Reina. Isso tem exigido novas fórmulas das empresas para atender aos novos requisitos. A Loggi, empresa que nasceu em 2013 e tem a tecnologia no DNA, já consegue fazer essas entregas no mesmo dia dependendo da região.

Mudanças avançam com redução de estoques

Mais da metade das empresas de logística acredita que a tecnologia é a chave para reduzir custos, oferecer novos serviços aos clientes e atender às exigências do mercado. Para alcançar esses objetivos, elas apostam na inovação de uma serie de processos, como o rastreamento de cargas, na tecnologia de processamento de pedidos e de planejamento de demanda e na automação dos meios de distribuição, mostra um levantamento feito pela Fundação Dom Cabral com 275 empresas do setor.

O professor Paulo Resende, responsável pela pesquisa, diz que a tecnologia ganhou maior importância dentro das empresas depois que as cadeias produtivas começaram a trabalhar com menos estoques. Com o avanço da internet e o barateamento do acesso a informações e dados, as companhias começaram a questionar se deveriam estocar produtos ou apostar num sistema de fluidez e de informação.

“A partir do momento em que não há mais um colchão entre oferta e demanda, elas precisam da tecnologia da informação, de inovação nos equipamentos, veículos modernos e inteligência artificial”, diz o Resende. Além disso, completa ele, houve o empoderamento do consumidor final sobre a demanda. “Hoje, eles têm centenas de milhões de aplicativos à disposição para decidir sobre as compras.”

Nesse cenário, a Loggi já surgiu com o objetivo de usar a tecnologia para melhorar a logística. A empresa tem 10 centros de distribuição no País. O vice-presidente de Vendas, Comunicação e Marketing da companhia, Ariel Herszenhorn, afirma que há três anos a empresa atendia a 50 municípios no País. Hoje, são 4.200.

Algoritmos

Para manter esse crescimento, a saída foi apostar em sistemas automatizados e algoritmos que ajudam na operação. No centro de distribuição em Cajamar, em São Paulo, a empresa tem capacidade para processar 1,2 milhão de pacotes por dia. Numa esteira gigante, os pacotes são separados automaticamente – por meio do código de barras – por regiões e algumas cidades maiores, como São Paulo. A partir daí, os pacotes são transportados em caminhões de acordo com as rotas definidas.

As soluções tecnológicas da empresa são criadas por equipes dedicadas ao assunto no Brasil e em Portugal. No hub de tecnologia de Lisboa, cerca de 70 profissionais buscam aperfeiçoar as ferramentas e criar novas saídas para dar mais eficiência ao processo. Em 2020, a Loggi investiu R$150 milhões em automação e tecnologia. No ano passado, esse valor superou R$ 250 milhões.

Na JSL, uma das mais tradicionais empresas de logística do País, com mais de 1,3 mil clientes, a tecnologia e a inteligência artificial viraram estratégia indispensável para manter o negócio, diz o presidente da empresa, Ramon Alcaraz. “Estamos investindo muito dinheiro nisso. Ainda estamos longe dos objetivos, mas estamos no caminho.” Numa das áreas de atuação da empresa, que é a cadeia de matéria-prima, o uso de algoritmos para otimizar o uso de veículos tem sido muito importante para reduzir custos.

Na celulose, por exemplo, 30% do custo do plantio até a fábrica é logística. “Se conseguir ser tão eficiente que não pare nenhuma caminhão, vou conseguir fazer aa mesma produção com menos veículos e terei um ganho gigante. É nesse ponto que uso a inteligência artificial, para encontrar essa equação”, diz ele.

O mesmo ocorre na indústria de cana-de-açúcar. A caldeira não pode parar, mas a usina não tem espaço para toda matéria-prima necessária. “Antes colocava um monte de caminhão para levar a cana até a caldeira, mas era custoso. Com a tecnologia, consigo fazer a mesma coisa com menos caminhão”, diz Alcaraz.

Segundo ele, em algumas operações, o motorista do caminhão passa seu crachá e o sistema mostra a rota que irá fazer e em quanto tempo. “Se por algum motivo esse motorista parar, o sistema vai perguntar porque parou. Com mais tecnologia, precisamos de menos máquinas, menos gente e temos um ganho maior de eficiência.”

O Last Mile e os seus principais desafios para o crescimento

As vendas por e-commerce vêm crescendo de forma acelerada no mundo todo. O Brasil não ficou atrás nesta tendência, atingindo volume recorde de pouco mais de R$ 160 bilhões no fechamento de 2021. Entretanto, ainda existe uma enorme avenida para crescimento da penetração dasvendas online, pois ela representa pouco mais de 11% sobre as vendas totais de varejo no Brasil, sendo que no Reino Unido o percentual está próximo a 30% e na China supera os 50%.

Como fator crucial para o desenvolvimento desta indústria, faz-se necessária a produção de galpões logísticos nas cercanias dos principais centros populacionais brasileiros, em conjunto com os pontos de distribuição da última milha para o consumidor, dentro das cidades, o chamado “Last Mile”. Esta última etapa possui uma relevância bem grande nos custos de distribuição, pois representam metade do custo total logístico, enquanto a armazenagem e o manuseio das mercadorias representam 20% e 15%, respectivamente.

Esses pontos de micro-distribuição podem ser caracterizados com diversas tipologias – delivery centers, micro-hubs, smart lockers, dark store e dark kitchens -, e a necessidade primordial de todos é estarem perto dos polos consumidores, o que envolve muitas vezes estarem inseridos em regiões demandadas pelo mercado imobilário.

Com isso, esta classe de ativo acaba competindo com outros produtos, tais como torres residenciais, comerciais e lojas, que possuem maior rentabilidade na operação e, consequentemente, mais valor financeiro a serem remunerados aos donos dos terrenos e imóveis dentro destas regiões. Com isto, a produção de novos produtos last mile acaba sendo fortemente prejudicada.

Com o objetivo de promover o desenvolvimento da indústria de logística urbana, é preciso um planejamento compreensivo envolvendo as Secretarias de Urbanismo, empresas ligadas a logística, associações de bairro e do mercado de construção. Os planos diretores dos municípios poderiam determinar zonas especificas para o desenvolvimento destes ativos logísticos, seja em áreas degradadas próximas a centros com alta densidade populacional, ou também soluções mais de curto prazo com o aproveitamento de áreas já existentes, como por exemplo embaixo de pontes ou em terrenos públicos ociosos com a implantação de containers, como já são feitas em algumas capitais europeias.

Do lado da iniciativa privada, por se tratar de um produto imobiliário relativamente novo, ainda estão ocorrendo primeiros estudos para nacionalizarmos exemplos já existentes lá fora, tais como galpões multiníveis e também empreendimentos multiuso envolvendo escritórios e lojas, objetivando maior rentabilização dos investimentos juntos aos proprietários de imóveis comerciais.

Como afirmou Jeff Bezos, o foco da sua estratégia está no que permanecerá estável ao longo de muitos anos. Daqui a 10 anos, os consumidores nunca reclamarão caso tenham preços baixos, maior variedade de produtos e entregas cada vez mais rápidas.

A briga agora no varejo é para uma entrega ao consumidor na escala de horas, e não mais em dias.

Na disputa com Magazine Luiza, AliExpress quer trazer ao Brasil data comemorativa que movimenta mais de R$ 640 bilhões por ano na China

A disputa no comércio digital no Brasil é acirrada, mas a gigante chinês do comércio digital AliExpress está preparada para brigar com a brasileira Magazine Luiza (MGLU3), a asiática Shopee e outras concorrentes por esse mercado — e já tem planos ambiciosos para suas operações no país.

O primeiro passo estratégico da asiática é mudar a direção da companhia no Brasil. A partir de agora, a ex-chefe de marketing da Americanas, Briza Rocha Bueno, vai assumir a presidência por aqui.

Dia do Solteiro no Brasil

Bueno chega ao comando da empresa do grupo Alibaba com um projeto para unir as tradições chinesas ao “jeitinho brasileiro” — e importar uma data comemorativa da China que movimenta bilhões e bilhões.

A data surgiu na China como uma espécie de “anti-Dia dos Namorados”, além de rivalizar com a Black Friday dos Estados Unidos.

Porém, o dia acabou se tornando tão popular que se transformou na principal data do comércio da China — e passou até mesmo a ser considerada a Black Friday chinesa.

“Trago um ‘jeitinho’ brasileiro para o AliExpress, algo que adquiri nos meus anos de experiência no e-commerce nacional”, disse a nova presidente do AliExpress no Brasil.

No ano passado, o Dia dos Solteiros bateu recorde e movimentou o montante de US$ 139,1 bilhões — equivalente a aproximadamente R$ 644,9 bilhões, na conversão atual.

A aposta da chinesa em importar a data comemorativa ainda preenche o espaço vazio no calendário brasileiro, uma vez que existe uma janela entre o Dia das Crianças e o Natal, de acordo com Ulysses Reis, professor de varejo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A “pré-Black Friday” do AliExpress no Brasil ainda deve aumentar as compras de presentes de Natal antecipadas, segundo Reis.

Expansão do AliExpress no Brasil

A expansão do AliExpress no Brasil não é de hoje. A companhia de e-commerce aumentou o número de voos que transportam produtos para o Brasil, que subiram de cinco para seis vezes por semana.

Mas a disputa para conquistar o comércio digital no Brasil e impulsionar os negócios no país também inclui os vendedores locais na plataforma.

A empresa quer aumentar o número de comerciantes brasileiros, uma vez que o Brasil é o único país que o AliExpress permitiu a entrada de vendedores locais no site.

FedEx vai testar transporte autônomo de carga com drone, conheça qual é o escolhido

A FedEx Express, a maior empresa de transporte expresso do mundo, informa nesta quarta-feira, 30 de março, que está se unindo à Elroy Air, uma empresa com sede na Califórnia Bay Area, que está desenvolvendo um sistema autônomo de carga aérea de decolagem e pouso vertical (VTOL) de ponta a ponta.

Como o primeiro acordo desse tipo nos EUA, a FedEx Express desenvolverá planos para testar o sistema autônomo de carga aérea Chaparral da Elroy Air nas operações logísticas de “middle-mile” da empresa (“middle-mile” é o tipo de transporte que ocorre normalmente por via aérea ou rodoviária, em que são feitos os transportes de mercadorias entre os portos ou aeroportos para os centros de distribuição ou armazéns).

Esta é a mais recente iniciativa da FedEx em seu esforço para explorar e adotar tecnologias emergentes em suas redes.

O crescimento exponencial do comércio eletrônico acelerou a demanda por soluções de transporte e logística confiáveis ​​e eficientes em todas as etapas da cadeia de suprimentos. A FedEx acredita que a inovação e a automação contínuas melhorarão a segurança, a eficiência e a produtividade dos 600.000 membros da equipe da empresa à medida que continuam a fazer o mundo avançar.

“A FedEx foi construída com base na inovação e estamos sempre buscando novas tecnologias para ajudar a aprimorar o setor de logística por meio de segurança, eficiência e atendimento ao cliente aprimorados”, disse Joe Stephens, vice-presidente sênior de planejamento global, engenharia e tecnologia da FedEx Express. “Estamos ansiosos para continuar testando e aprendendo ao longo de nossa colaboração com a Elroy Air.”

A Elroy Air anunciou sua aeronave autônoma Chaparral em janeiro de 2022. A aeronave é um sistema de carga aérea eVTOL (VTOL elétrica) que pode coletar de forma autônoma 300-500 libras (136-227 kg) de carga e entregá-la por via aérea até 300 milhas (482 km). O Chaparral é capaz de voos de longo alcance sem a necessidade de infraestrutura adicional, como aeroportos ou estações de recarga.

“Estamos orgulhosos de trabalhar com a FedEx para construir a próxima geração de logística expressa”, disse Kofi Asante, vice-presidente de desenvolvimento de negócios e estratégia da Elroy Air. “Quando você não está limitado por infraestrutura, tráfego ou aeroportos desafiadores, a logística pode alcançar mais pessoas, mais rápido do que nunca. Estamos ansiosos para trabalhar juntos para criar um novo futuro na forma como levamos mercadorias para as pessoas em todo o mundo.”

A FedEx e a Elroy Air trabalham juntas desde janeiro de 2020 e continuarão sua colaboração para buscar certificações e iniciar os testes de voo em 2023.

Bbm Logística tem faturamento recorde de R$ 1,6 bilhão no ano

No resultado anual, companhia registrou salto em e-commerce, gestão de transportes e contratos dedicados, com reforço de investimento em tecnologia e foco na agenda ESG; EBITDA ajustado foi de R$ 115,3 milhões.

A BBM Logística anunciou os resultados do 4º Trimestre de 2021 e fechamento do ano, com recorde de faturamento e expansão significativa das operações de last mile, alcançando R$ 1,6 bilhão em receita bruta anual, que equivale a +32% em comparação ao ano anterior. Com isso, a BBM atingiu a maior receita bruta em um quarto trimestre na sua história, somando R$ 423 milhões.

Segundo o CEO da empresa, André Prado, o crescimento alcançado em 2021 reforça o otimismo em relação à companhia.

“O cenário econômico foi desafiador, com as restrições impostas pela pandemia a todas as atividades, incluindo o ecossistema de logística, e pressão de custos com alta da inflação, juros elevados e disparada dos preços das commodities, com destaque para o petróleo. Mesmo assim, a BBM conseguiu demonstrar sua resiliência e capacidade de execução, atingindo um crescimento expressivo comparado ao mesmo período do ano anterior.” – André Prado, CEO da BBM Logística.

O desempenho da companhia ocorreu em todas as operações, com destaque para o Segmento TM, principalmente nas operações de e-commerce, transporte internacional e carga geral.  Além disso, a companhia continua expandido sua malha e cobertura geográfica no e-commerce e no transporte fracionado, chegando a 4.021 municípios e atendendo a sete países da América do Latina.

Atuando desde o início do processo logístico, com a coleta da matéria-prima, até a entrega do produto ao consumidor final, o Grupo BBM é o único operador logístico com alto nível de serviços e soluções End-to-End e Omnichannel, operando também em diversos segmentos da economia de forma especializada para cada unidade de negócio.  Essas soluções, em conjunto com o recorde de novos clientes e de contratos efetivados, integração das aquisições, expansão da malha logística e avanços na frente de tecnologia, reforçam o posicionamento da companhia de liderança no setor e fortalecem suas bases para continuar a rota de alto crescimento.

EXPANSÃO DO E-COMMERCE E GESTÃO DE TRANSPORTES

Com 35% de crescimento na receita bruta em comparação a 2020, a divisão de TM (Divisão de Gestão de Transportes com operações asset-light) continua em forte progresso, principalmente nas operações de e-commerce, carga fracionada e internacional, e representou 67% do faturamento da BBM. Por meio da integração das operações de transporte fracionado e e-commerce, a companhia diminuiu os prazos de entrega e aumentou consideravelmente a malha de distribuição para todas as regiões do Brasil e países do Mercosul, com o objetivo de atender a maior demanda por fracionamento de carga.

No e-commerce, a BBM Logística registrou novo recorde de volume, com 3,9 milhões de pedidos entregues no 4T21, + 32% em relação ao 4T20 e 12 milhões de entregas no acumulado do ano, representando um crescimento de + 46% comparando ao ano anterior.

CRESCIMENTO EM TODOS OS SEGMENTOS DA COMPANHIA

Com relação às principais divisões de negócios, o aumento também foi significativo.  A divisão de Contratos Dedicados (DCC), apresentou avanço de 26% na receita bruta em comparação ao ano anterior, e continua com forte desenvolvimento para o ano seguinte criando soluções inovadoras. Os resultados foram positivos em decorrência da expansão de operações de colheita nas regiões Sul e Sudeste no segmento florestal e de uma operação de distribuição de gases do ar na região Nordeste.

As aquisições da Translag e Diálogo, ocorridas respectivamente em setembro e dezembro de 2020, fecharam os doze meses de 2021 totalmente consolidadas no resultado da BBM. O atendimento aos canais de venda direta pela Diálogo solidificou a companhia como a única empresa do Mercosul com atendimento completo da cadeia logística (soluções End-to-End), atuando desde a matéria-prima até a entrega ao consumidor final. A Translag possibilitou a ampliação dos negócios FTL, LTL e e-commerce na região Centro-Oeste, na Bahia e em Sergipe.

Mais uma vez destacou-se a capacidade de integração da BBM, operando nas regiões que antes eram exclusivamente atendidas pela Translag e que agora contam com todas as soluções da companhia.

Essas iniciativas, associadas a um processo contínuo de rápido crescimento orgânico, também tiveram impacto no EBITDA ajustado, que atingiu R$ 115,3 milhões, em um período de restrições às operações de varejo, devido à pandemia, com fortes aumentos de custos operacionais, principalmente de combustíveis, pneus e peças.

TECNOLOGIA

Com o uso de tecnologia aplicada aos negócios, a companhia ressalta a conclusão da implantação do ERP SAP em junho de 2021, mais um importante passo para a jornada de transformação digital, na qual a BBM tem consistentemente investido. Em relação ao principal projeto da empresa, a Plataforma Digital BBM, destaca-se o GO Live da versão inicial para três unidades da operação de FTL – Carga Geral em MG, RJ e PR, que funcionará como piloto para expansão de processos que já estão digitalizados com importantes ganhos e eficiência e reduções de custos esperados.

Além disso, em linha com a estratégia de digitalização e inovação da BBM, a companhia ampliou os investimentos na frente de tecnologia, que aumentaram quase quatro vezes em 2021 vs. 2020, com a implantação do novo ERP e no desenvolvimento da Plataforma Digital BBM.

AGENDA ESG

Alinhada com a estratégia de atuação e as demandas da sociedade, a BBM segue desenvolvendo a agenda ESG com ações e resultados concretos ao longo de 2021. Dentre as várias iniciativas nessa área, a companhia ressalta as descritas abaixo.

  • Meio Ambiente

Veículos elétricos: Realizado em parceria com cliente, grande player do segmento químico, a iniciativa tem o objetivo de diminuir o impacto ambiental dos veículos tradicionais, como zerar a emissão de carbono e poluentes atmosféricos durante o transporte e a diminuição de ruídos.

Otimização para operações de MilkRun: desenvolveu-se um sistema que apoia o tomador de decisão da gestão logística com soluções de otimização de rotas. O recurso permite a redução de 12% de tCO2e – dados em toneladas de dióxido de carbono e gases de efeito estufa convertidos em CO2, e redução de 18% em quilômetros percorridos.

Otimização para operação LTL: para redução da emissão de GEE – gases de efeito estufa nas atividades diárias, foi iniciado processo nas operações de fracionado em São Paulo que tem como meta diminuir recursos ativos (veículos) em até 8% e aumentar a produtividade. Os resultados serão acompanhados ao longo de 2022.

Redução do consumo de combustível: na operação de gases de ar, o processo foi redesenhado em conjunto com o cliente, grande player do segmento de Gases do Ar, gerando redução do consumo em 3% ao ano.

  • Pessoas e o entorno

Em outubro, a BBM lançou o Programa BBM por Elas, que incentiva a inclusão de mulheres na logística e possibilita um ambiente mais igualitário. Em novembro, a campanha “Somos todos BBM, somos todos contra a fome” promoveu a arrecadação e doação de alimentos não perecíveis. Foram arrecadadas 4,3 toneladas de alimentos e distribuídos para o banco nacional de alimentos em 5 localidades do Brasil.

  • Governança, Compliance e o futuro

Dentre as principais iniciativas do grupo, estão também as certificações que tornam a empresa mais competitiva no setor. Fomos reconhecidos pela Receita Federal como Operador Econômico Autorizado (OEA), dessa forma atuamos como um operador logístico de baixo risco, confiável e com benefícios na aduana brasileira.

Em relação às iniciativas sustentáveis, a companhia tem o propósito de transformar suas entregas e operações por meio de soluções e processos sustentáveis, e impulsionar a sustentabilidade no setor logístico brasileiro, para isso o Grupo BBM se apoia em três pilares fundamentais: preservar, valorizar e impactar positivamente, estes estabelecidos com base na agenda 2030 da ONU.

“Queremos criar um impacto real para o consumidor brasileiro”, diz o Diretor de Operações da Amazon no Brasil

Em entrevista exclusiva para a Mundo Logística, Ricardo Pagani deu detalhes da logística da empresa e da visão a respeito de temas como a expansão do e-commerce, a valorização do trabalho humano e mais.

Em 2012, era quase underground comprar na Amazon. Isso porque, na época, a gigante americana comercializava apenas livros digitais no Brasil. Foi somente em 2017 que a empresa ampliou os negócios no país para vender outros produtos e hoje se posiciona, de fato, na linha de frente na “briga” pela preferência do consumidor do e-commerce – um público que tem sido cada vez mais amplo, heterogêneo e exigente.

Essa nova fase tem um impacto direto no investimento nas operações logísticas da Amazon. Atualmente, a empresa opera em doze centros de distribuição: cinco em Cajamar (São Paulo), um em Betim (Minas Gerais), um em Santa Maria (Distrito  Federal), um em Nova Santa Rita (Rio Grande  do Sul), um em São João de Meriti (Rio de Janeiro), dois em Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco)e um em Itaitinga (Ceará).

Para dar suporte a essa operação, a Amazon fez, nos últimos dois anos, investimentos que geraram de 10 mil empregos diretos e indiretos na área de Operações. Hoje, a multinacional tem mais de 8 mil funcionários, diretos e indiretos, trabalhando no Brasil.

Para falar das características de uma das operações mais visadas do e-commerce brasileiro, a Mundo Logística traz uma entrevista exclusiva com Ricardo Pagani, diretor de Operações da Amazon no Brasil. No bate-papo, o executivo deu detalhes da logística da empresa e compartilhou a visão da Amazon a respeito de temas como a expansão do e-commerce, as demandas por sustentabilidade, a valorização do trabalho humano e as projeções para o futuro.


MUNDOLOGÍSTICA: A pandemia de Covid-19 acelerou uma mudança (que já estava em curso) nos padrões de consumo da sociedade, especialmente quando se fala em e-commerce. Sendo uma das gigantes desse segmento, qual é a visão da Amazon em relação a tendências do mercado como o same-day delivery, por exemplo? 

RICARDO PAGANI: Na Amazon, estamos sempre inovando em prol dos clientes, buscando constantemente aprimorar e proporcionar a todos as melhores experiências de compra. Além disso, queremos que todos nossos associados saibam que somos extremamente focados em garantir a saúde e integridade de todos. Nossas pessoas são o coração e a alma da garantir a melhor experiência para nossos clientes. Durante a pandemia, isso não foi diferente. Implementamos diversos novos protocolos e adaptamos de acordo com as necessidades. Para criar uma cultura de segurança, você precisa ter uma obsessão por ela todos os dias. Uma de nossas inovações mais visíveis é a rede de logística “última rota” [last mile], que faz com que nossos produtos cheguem mais rápido aos nossos consumidores. Para que isso ocorra, o investimento global da Amazon em estações de entrega é resultado dos mais de 20 anos de experiência operacional e avanços tecnológicos, para permitir uma entrega mais rápida do que nunca aos consumidores. No Brasil, graças às nossas quatro estações de entrega para transporte last mile em todo o país, é possível realizar entregas no mesmo dia em São Paulo, entregas de um dia em mais de 50 cidades e entregas de dois dias em mais de 700 cidades em todo o país com o uso do benefício Prime.

A pauta ESG está cada vez mais presente, propondo às empresas o desafio de crescer e oferecer o melhor serviço dentro dos quesitos de sustentabilidade. No caso da logística da Amazon, quais ações estão sendo planejadas/realizadas para alcançar esse desenvolvimento sustentável?

A Amazon é comprometida em ajudar as comunidades nos locais onde atua e estamos sempre criando e investindo significativamente em todas as áreas da empresa, focando em desempenhar um papel significativo na sociedade como um todo. Em 2019, por exemplo, assinamos o The Climate Pledge, um compromisso de ser carbono zero em nossos negócios até 2040. Também temos como objetivo utilizar em nossas operações somente eletricidade de fontes renováveis a partir de 2025, para que o processo de armazenamento, embalagem e processamento dos pedidos de nossos clientes sejam realizados com emissão zero. Em relação às embalagens, priorizamos não adicionar embalagens Amazon quando a embalagem original do produto apresenta características que garantam a proteção adequada. Seguindo esse objetivo, iniciamos projetos pilotos para experimentar alternativas de veículos com menor ou zero emissão em nosso transporte, com o intuito de planejar uma estratégia de médio prazo, para honrar nosso compromisso global de ser carbono zero até 2040. Além disso, temos o compromisso de empoderar nossos próprios funcionários, que são o coração de nossa empresa, a também fazer parte do poder de decisão de auxiliar suas próprias comunidades. No início do ano, destinamos doações a 15 ONGs brasileiras, indicadas pelos próprios colaboradores de suas operações nos estados onde opera, não só contribuindo com voluntariado para as ONGs locais que estão próximas dos centros de distribuição, mas também incentivamos as doações de roupas, cobertores, livros, brinquedos, itens de higiene pessoal e kits primeiros socorros.

No ano passado, a Amazon inaugurou alguns centros de distribuição estrategicamente distribuídos pelo Brasil. Dois deles foram na região Nordeste: um em Pernambuco e outro no Ceará. Existe alguma estratégia específica da companhia ao levar as operações para essa região?

Para selecionar um novo local, sempre fazemos uma análise da topologia de nossa rede de distribuição para descobrir quais as principais cidades para abastecermos com os produtos que vendemos e fazermos as entregas. Após um estudo, percebemos que o Nordeste é uma região muito estratégica e importante para nós. Por isso, inauguramos dois centros na região em menos de um mês. Os centros colocam os produtos ainda mais próximos dos clientes e encurtam ainda mais o tempo de entrega, não só estado, mas em todo o país. Nós queremos criar um impacto real para o consumidor brasileiro ao anunciar que a Amazon aumentará significativamente sua estrutura por meio de um sistema de logística atualizado que reduzirá o tempo de entrega e aprimorará a experiência de compra com as novas operações no local. Assim, conseguimos ampliar a gama de produtos disponíveis na região, aumentando a capilaridade logística da empresa no país e beneficiando milhões de consumidores de diversos estados que terão suas entregas realizadas mais rapidamente.

Sempre que a Amazon comunica ao mercado a abertura de um centro de distribuição, enfatiza-se o número de postos de trabalho criados. Em um cenário marcado pela inovação e pela implementação de soluções tecnológicas para otimizar processos, qual é a importância de uma empresa desse porte valorizar o papel humano na operação?

A Amazon tem como objetivo ser o melhor lugar para se trabalhar no mundo, oferecendo remuneração competitiva, benefícios desde o Dia 1, diversificado e incluindo espaço de trabalho, garantindo programas de treinamento, além de dar oportunidades iguais internamente para todos os associados. Para nós, o papel humano é essencial para que as nossas operações aconteçam. Por isso, estamos constantemente comprometidos em garantir que todos os trabalhadores sejam respeitados e ouvidos, em todas as etapas como: recrutamento, treinamento e desenvolvimento, promoções, avaliações, salários e benefícios, eliminando a discriminação em qualquer terreno. Atualmente, por exemplo, estamos trabalhando para alcançar pelo menos 50% das mulheres em todas as instalações, incluindo todas as expansões que faremos em 2022. Também desenvolvemos constantemente nossos colaboradores por meio de programas de treinamento que os ajudam a aprender novas habilidades. Além disso, trabalhamos em modelos de melhoria interna co-criados internamente para entender suas sugestões e recomendações. Assim, criamos ambientes de trabalho mais inclusivos e inteligentes.

Para 2022, visando a retomada da economia após dois anos de pandemia, quais os planos da Amazon para o Brasil?

A Amazon tem um forte compromisso de longo prazo com o Brasil e planeja, acima de tudo, oferecer a melhor experiência de compra para nossos clientes. Isso envolve, é claro, uma melhoria contínua de nossa infraestrutura. Temos muitos planos para o ano, em várias frentes, que teremos o maior prazer em comunicar oportunamente.

Modelo chinês que transforma sala de casa em galpão chega ao Brasil

Instalação de minicentros de distribuição em residências atrai moradores de cidades pequenas, que conseguem renda extra vendendo para vizinhos.

Quando a pandemia eclodiu, Ana Carolina Pais e Guilherme dos Santos Silva não imaginavam que seu lar, um apartamento de 47m² no Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo, seria transformado em um minigalpão para recepção e entrega das compras feitas por seus vizinhos. Dois anos depois, giram entre R$ 40 mil e R$ 50 mil em itens que eles mesmos cuidam de separar e entregar.

Eles são a nova fronteira do varejo. Para além da chamada última milha, é uma batalha travada na última quadra. Um modelo inspirado em negócios chineses como Nice Tuan e Xingsheng, investidas das gigantes Alibaba e Tencent para alcançar cidades pequenas. Especialistas, no entanto, têm dúvidas de que o modelo vá pegar por aqui.

Nesse formato, não há lojas por todo canto: são moradores locais, que cuidam de atrair clientes e atendê-los. Pioneira nesse modelo no Brasil, a Mercado Favo já conta com mais de 7 mil pessoas cadastradas na ponta, a maioria em regiões periféricas da Grande São Paulo.

— Há vezes em que tem 50 pedidos em um dia — conta Ana Carolina.

Até a Covid deixar todo mundo em casa, ela trabalhava em uma empresa de móveis para escritório. Enquanto as vendas ali estancavam, o “Mercadinho da Carol e do Gui”, inaugurado um mês antes de eclodir a pandemia, florescia.

Do carro para galpão em casa
O plano do casal era que essa atividade os aliviasse da parcela mensal do financiamento da casa em que moram, em torno de R$ 2 mil.

Motorista de aplicativo, Guilherme também viu seus rendimentos irem a zero com a pandemia.

— Dirigi por dois, três anos. No início era bom — conta ele, que agora não quer mais voltar para as ruas.

O modelo é calcado ainda na prática de preços semelhantes ao de mercados de atacarejo, em média 15% abaixo dos preços cobrados no varejo comum. O tripé da estratégia se completa com a ausência de um mínimo para compras.

Segundo Marina Proença, cofundadora e sócia da Mercado Favo, uma pessoa pode ganhar de R$ 4 mil a R$ 8 mil de comissão por mês, trabalhando de quatro a sete horas por dia.

1,5 milhão de unidades com galpão por mês

O peruano Alejandro Ponce, presidente da empresa, explica que essa tática visa a atrair a classe C, que para na barreira da última milha ao recorrer ao comércio eletrônico. Além de ter ido à China aprender sobre o modelo, ele traz a vivência de oito anos à frente da maior rede varejista do Peru.

Experiência mais que bem-vinda para dar conta do desafio que o negócio representa, na opinião do sócio da consultoria Performa Partners, André Pimentel:

— Para que seja competitivo em preço, ele tem que aumentar a escala, e eu vejo um desafio monstruoso para que esse modelo de negócio seja competitivo em escala

Desafios Logísticos no País – E-Commerce Brasil e parceiros divulgam primeiro relatório do comitê de líderes e profissionais de logística

Velocidade de entrega, boas práticas de última milha e impacto dos ecossistemas de marketplace na logística, são os três temas macros abordados no relatório que apresenta ainda as tendências, desafios e boas práticas do setor.

O E-Commerce Brasil, em conjunto com empresas parceiras, divulga seu primeiro relatório sobre os desafios logísticos no Brasil. O documento foi elaborado após uma reunião com líderes e profissionais do meio em formato de comitê, no qual foram discutidas ideias, desafios e soluções para as entregas do mercado de e-commerce no País.

O objetivo do relatório é produzir insights e divulgar informações atualizadas para que lojistas e profissionais de e-commerce consigam acompanhar as transformações do meio e investirem nas melhores soluções para as suas lojas.

Um novo consumidor

Mesmo antes da pandemia, os consumidores já estavam mais exigentes e com expectativas altas com relação ao e-commerce. Com as entregas mais ágeis e com uma diversidade cada vez maior de produtos disponíveis, muitas pessoas passaram a fazer suas pesquisas e compras diretamente no ambiente digital.

A partir de março de 2020, com as restrições de circulação e o isolamento social impostos pela pandemia, os que já compravam intensificaram as compras e os que não compravam aprenderam um método novo de consumo. Não é surpresa então que a logística precise também estar atenta e se reinventar.

De acordo com Ariel Herszenhorn, Vice-Presidente da Loggi, entregar mais rápido é uma questão de prioridade, que envolve custos e tomadas de decisão. Ele entende que uma logística mais ágil depende do lojista entender as necessidades dos clientes de acordo com a sua localidade e produto comprado.

“Se quisermos ter de fato um e-commerce que seja universal e abrangente, a primeira decisão do lojista é: quando faz sentido ser mais veloz e quando devemos ser mais abrangentes e ter um público maior”, ele explica.

Outro ponto importante levantado pelos executivos é o custo do last mile. É um mercado custoso e que depende cada vez mais da inteligência artificial e uso de dados para entregar a melhor experiência. Pelas estimativas vistas durante o comitê, é um assunto que será discutido ainda por muitos anos e que deve gerar grande crescimento para as empresas do ramo.

Neste cenário, algumas alternativas ganham força, como o PUDO, ou Pick-up & Drop-off (ou Clique e Retire, em tradução livre), notificações sobre a entrega por SMS ou WhatsApp, o fulfillment para os lojistas de marketplace e simplificação dos processos de triagem e etiquetagem dos produtos.

Quer saber mais?

Dentre os demais assuntos assuntos abordados, destacam-se a velocidade de entrega, boas práticas para a última milha e os impactos dos ecossistemas de marketplace na logística. Quer saber mais? Baixe o relatório completo no RadarIC:

Comitê de Logística E-Commerce Brasil: os desafios e o cenário logístico dos e-commerces no Brasil.

O comitê de logística do E-Commerce Brasil é composto pelas empresas: Amazon, Americanas Marketplace, Frete Rápido, Intelipost, JBQ.Global, Kangu, Loggi, Magis5, Melhor Envio, SGPweb e Total Express.

Mais relatórios estão por vir

O relatório produzido por esta reunião faz parte do projeto de fomento ao comércio eletrônico que orienta os valores do E-Commerce Brasil desde a sua formação. Além dos eventos presenciais e digitais, a empresa busca hoje realizar reuniões com líderes de diversos setores para coletar de forma mais seleta as principais opiniões sobre o assunto.

 

Invasão Amarela: o futuro do Mercado Livre na América Latina

O e-commerce pode chegar a 500 bilhões de reais no Brasil em 2025. Só neste ano, o Mercado Livre vai investir 17 bilhões de reais no país para seguir liderando em todas as frentes.

Assim como os grafites coloridos e os emaranhados de cabos de energia, as vans amarelo-fluorescentes do Mercado Livre passaram a fazer parte da paisagem urbana de São Paulo — e de quase todas as cidades brasileiras. Até três anos atrás, a maior varejista online da América Latina fazia 95% de suas entregas pelos Correios. Era, portanto, um gigante escondido aos olhos da população. Hoje, faz 95% das entregas por conta própria, e passou a ter uma exposição inédita.

A tomada das cidades coincidiu com o auge da pandemia, em que, confinados a suas residências, os brasileiros compraram como nunca pela internet — e mais de 1.000 veículos de entrega do Mercado Livre viraram figuras onipresentes nas cidades brasileiras. “Passamos a ter um reconhecimento de marca tão grande quanto nossa relevância para o varejo do Brasil e da América Latina”, diz Marcos Galperin, fundador e presidente do Mercado Livre, em entrevista exclusiva à EXAME.

A conversa, marcada inicialmente para ser presencial na Melicidade, a imponente e arborizada sede da companhia, em Osasco, precisou ser feita por videoconferência por um imprevisto comum neste início de 2022. Com um teste positivo para covid-19, Galperin não pôde vir ao Brasil. Mas, por vídeo, falou em primeira mão sobre um volume de investimentos sem precedentes no varejo brasileiro: 17 bilhões de reais. “Nossa meta é manter e ampliar a liderança em e-commerce e entre as fintechs no Brasil”, diz. “A logística é a face mais visível, mas estamos fazendo muito mais.”

O Mercado Livre, que divulgou seus resultados anuais na terça-feira, 22 de fevereiro, virou um império de números superlativos. É a segunda maior empresa da América Latina, com valor de mercado de 52 bilhões de dólares, atrás apenas da mineradora Vale, avaliada em 77 bilhões de dólares. A companhia, criada em 1999 na Argentina, opera hoje em 18 países da América Latina e tem escritórios em oito — a meta é abrir escritórios onde não está presente, e seguir ampliando o número de países atendidos.

Todo trimestre, envia cerca de 250 milhões de pacotes às casas de seus clientes. No Brasil, a capacidade de entrega é de 1,5 milhão de pacotes por dia, e vai crescer para 2,5 milhões com a construção de quatro novos centros de distribuição (em São Paulo, Barueri e Araçariguama, todos no estado de São Paulo). Com isso, o número total de galpões, que era zero até 2017, vai chegar a 11 neste ano. Há ainda 3.000 agências, espalhadas pelo país, em que os clientes podem retirar as mercadorias. Isso sem contar a frota de aviões, que passará de cinco, atualmente, para 15 até 2024. 

No total, a empresa vai investir no Brasil 70% mais do que os 10 bilhões de reais investidos no ano passado e quatro vezes mais do que os 4 bilhões de reais investidos em 2020. O número de funcionários vai passar de 12.000 para 19.000 neste ano no Brasil, e de 30.000 para 50.000 em toda a América Latina. “A escala permitiu acelerarmos os investimentos. Nossas necessidades não eram as mesmas das oferecidas e vamos investir cada vez mais em soluções de pagamento e envios, as duas maiores fricções do e-commerce”, diz Galperin. “Queremos ter os melhores vendedores, que ofereçam a melhor experiência de compra.”

A empresa não pode parar de acelerar porque, segundo Galperin, o mercado brasileiro de e-commerce é o mais competitivo do mundo. A pandemia de covid-19 acelerou o ritmo de expansão e a competitividade. As vendas do varejo online passaram de 93 bilhões de reais ao ano em 2019 para 201 bilhões em 2021, segundo estimativa do banco Goldman Sachs. O crescimento deve seguir acima dos 20% ao ano.

De acordo com o banco BTG Pactual, as vendas podem chegar a 500 bilhões de reais ao ano em 2025. A penetração do e-commerce no total do varejo terá passado, nessa toada, de 7% em 2019 para mais de 20% — de acordo com o BTG, chegará a 21,8% em 2025. Ainda assim, o Brasil estaria atrás do patamar que já têm países como a China, onde 25% das vendas são online, segundo a plataforma Statista.

A tendência dos próximos anos é de uma concentração crescente nas mãos dos líderes Mercado Livre, Magazine Luiza e Americanas — segundo o Goldman Sachs, eles terão 77% do mercado em 2024. O restante será distribuído entre grandes competidores nacionais, como a Via, e os gigantes estrangeiros, sobretudo a americana Amazon e a novata Shopee, de Singapura. 

A possibilidade de a Amazon ou alguma asiática, como a Shopee, atropelarem a concorrência nacional é o tema de dez entre dez rodas de conversa de especialistas em varejo e tecnologia no Brasil. Mesmo em mercados maduros, como o americano, empresas mais jovens e mais ágeis mostram que há, sim, espaço para peitar os gigantes. Por lá, a canadense Shopify, que cresceu com serviços pensados para os pequenos varejos, vendeu, em 2021, 175 bilhões de dólares, 40% do total do gigante Amazon.

Por aqui, a Amazon atua desde 2012 e já tem 11 centros de distribuição. Ainda está longe do apetite que demonstra em mercados como o indiano, onde já investiu 6 bilhões de dólares e de onde pode vir até 20% de seu crescimento nos próximos anos. Mas a maior ameaça recente é a Shopee. A empresa tem um investimento crescente em anúncios e oferece aos clientes um nível de interação, com jogos e chats, que a fez chegar, em pouco mais de um ano, a 30% dos smartphones brasileiros, segundo estimativa do Itaú — percentual comparado apenas ao do Mercado Livre. Mas os volumes comprados ainda são muito menores — o Itaú calcula que a Shopee vendeu 15 bilhões de reais em 2021, ou 7% do total do mercado brasileiro.

“A companhia diz que as compras online devem evoluir para atender às necessidades sobretudo dos clientes mais jovens, que cresceram comunicando, colaborando e se entretendo em aparelhos móveis”, de acordo com relatório do BTG Pactual. O relatório mostra, ainda, que a estratégia de gamificação da Shopee seguirá um diferencial da empresa nos próximos anos. Mas não deve ser o suficiente para ameaçar os líderes atuais do mercado, que têm como maior diferencial, segundo a instituição, os investimentos em serviços para reduzir os prazos de entrega. Shopee, Alibaba, Tencent, Amazon e outros estrangeiros devem, portanto, seguir como coadjuvantes no mercado local — embora tenham muito a ensinar. 

 (Arte/Exame)

“Não podemos ser paranoicos. Jogamos nosso jogo pensando no longo prazo. Em 22 anos, é uma estratégia que tem funcionado muito bem”, diz Galperin. A estratégia do Mercado Livre é unir o melhor de cada grande varejista global: o nível de serviço do Shopify para os pequenos, a qualidade­ de entrega da Amazon, a proximidade com os grandes vendedores que tem o Magalu, por exemplo, e a inovação dos asiáticos. 

O Mercado Livre tem uma posição de liderança típica do pioneirismo no mundo online, e possui o desafio de mantê-la num contexto em que a presença física é cada vez mais relevante. Os maiores competidores locais da companhia, Magazine Luiza e Americanas, começaram suas operações no mundo dos tijolos, e não dos bits e bytes — a única exceção é o Submarino, que hoje está dentro da Americanas.

A presença física é agora o diferencial que vai ajudar esses concorrentes a crescer no modelo de marketplace e a desafiar o Mercado Livre. No Magalu, por exemplo, a loja física é o ponto de entrada dos pequenos varejos — mais da metade dos negócios que se plugam à plataforma chega dessa forma. É ela que faz a captura dos negócios que estão ao seu redor para levá-los ao mundo digital.

A companhia aposta no conceito chamado internamente de hiperlocalidade. A ideia de crescer pela venda de produtos de outros varejistas só virou realidade na empresa em 2017, mas no balanço do terceiro trimestre de 2021 (último disponível) essa operação já representou 35% de toda a venda digital e mais de 25% dos 13,8 bilhões de reais vendidos pela companhia entre julho e setembro. 

Para ganhar terreno, os varejistas tradicionais oferecem aos pequenos varejos a logística e também seus vendedores. A força de vendas das companhias, que antes era dedicada apenas às lojas físicas, agora atua também online e trabalha em ambos os atendimentos com tudo o que está no sistema, como se o marketplace fosse um estoque ampliado. Exemplo disso é que funcionários de lojas da Via, que só mais recentemente entrou na briga do marketplace, já venderam para clientes produtos de parceiros, como trator e saxofone.

Mesmo quase uma estreante, a dona da Casas Bahia e do Pontofrio já viu 20% de suas vendas totais no terceiro trimestre virem do comércio eletrônico do marketplace. Portanto, as mais de 1.400 lojas e 22 centros de distribuição do Magalu e os mais de 1.100 pontos de venda e 31 centros de distribuição da Via não devem ser encarados apenas como infraestrutura logística no mundo da omnicanalidade.

É por essa combinação de capilaridade e força de vendas desses grupos que nasceram no mundo físico que o Brasil tem uma particularidade — além de seu tamanho continental. Nenhum analista acredita que em um horizonte visível haverá prevalência absoluta de um ou outro modelo, uma ou outra companhia. “Não vejo nenhum concorrente com posição de 50% do mercado ou mais”, diz Luiz Guanais, analista do BTG Pactual. 

Entrega do Mercado Livre: aplicativo permite também que donos de motos e carros particulares façam entregas (Leandro Fonseca/Exame)

Apesar de ser o mercado mais concorrido do mundo, como diz Galperin, o Brasil é visto ainda como um mar de oportunidades. Por isso a disputa é tão acirrada. O Magalu, por exemplo, focado apenas em CNPJs, ou seja, em varejistas menores, e não em vendedores individuais, calcula que existam no país mais de 5,7 milhões de pequenos negócios e apenas 330.000 estariam digitalizados. Só que o esforço das empresas nacionais em alcançar esses milhões de oportunidades custa.

E, enquanto as concorrentes domésticas lutam com a queda na rentabilidade causada por essa expansão no modelo de shopping virtual, o Mercado Livre tem diversificação de receitas com suas diferentes frentes de negócios, com vendas, entregas, cobranças, empréstimos, anúncios. Magalu, Americanas e Via ainda apresentam prejuízo operacional ou lucros espremidos, enquanto o Mercado Livre reportou um ganho de 90 milhões de dólares na última linha de seu balanço no terceiro trimestre. A venda dos serviços é algo que ainda está engatinhando entre as domésticas e, na luta por espaço, muita coisa é oferecida de graça a quem se pluga na plataforma. 

AliExpress: live commerce e games estão entre as fortalezas dos asiáticos na competição global (Angel Garcia/Bloomberg/Getty Images)

Por isso, nessa briga, a quantidade de vendedores cadastrados em cada uma das plataformas faz muita diferença: é deles que vem — ou virá — receita não apenas pelas vendas mas pelo serviço prestado. Não por acaso a preocupação do Mercado Livre com os pequenos é até hoje prioridade na forma como a varejista, que nasceu em 1999 como um site de leilões, se posiciona. A companhia tem 12 milhões de vendedores cadastrados. O Magalu tem 120.000; e a Via, pouco mais de 100.000. Apesar de os CPFs corresponderem atualmente a apenas 5% do volume de vendas do Mercado Livre, todas as soluções de entregas e de pagamentos oferecidas aos grandes vendedores são também disponibilizadas aos pequenos.

Um microempresário consegue, por exemplo, ter acesso a entregas no mesmo dia, parcelamento em 18 vezes e linhas de financiamento dentro da fintech Mercado Pago. “A relevância na plataforma é pela qualidade do serviço. E todas as nossas soluções são pensadas primeiro para os pequenos”, diz Gabriela Szprinc, head de pagamentos do Mercado Pago. Desde o início da pandemia, a companhia ajudou a formalizar 135.000 empresas que atuam em sua plataforma e que precisam da documentação em dia para usar os serviços logísticos e de pagamentos.

Os pequenos têm acesso a cursos sobre temas como estoques e precificação e a conteúdos de influenciadores como a Nath Finanças. “Amplitude importa. Nascemos com os pequenos, e digitalizar vendedores e compradores é um passo importante para ampliar nossa base no futuro”, afirma. 

 (Arte/Exame)

Na América do Norte, modelo semelhante é adotado pelo Shopify, fundado há 15 anos no Canadá pelo alemão Tobi Lütke. Seu negócio permite que 2 milhões de empreendedores gerenciem lojas online e se mostrou essencial para a sobrevivência de muitos varejistas na pandemia. Sua ambição é crescer democratizando o comércio — uma visão que não poderia ser mais parecida com a adotada pelo Mercado Livre na América Latina há 22 anos. 

Neste momento, Lütke está diante de um dilema: como continuar crescendo e peitando a Amazon? A empresa de Jeff Bezos tem 75 aviões, 175 centros de distribuição de grande porte e mais de 1.100 endereços de entrega e retirada de mercadorias. Talvez olhar para o Mercado Livre mostre alguns caminhos a Lütke. A empresa de Galperin, que nasceu focada nos pequenos, virou um gigante logístico. Em 2017, abriu seu primeiro centro de distribuição no Brasil. Hoje são 11 centros desse tipo no país, 17 centros de cross ­docking (que recebem a mercadoria do vendedor e a enviam ao comprador), 91 centros de serviço que permitem que distribuidores terceirizados retirem e entreguem produtos, e 3.000 agências de entrega e retirada de mercadorias. Além da enorme frota própria das vans amarelas, a empresa permite que entregadores particulares se cadastrem num aplicativo e trabalhem algumas horas por dia entregando mercadorias em suas regiões, o Mercado Envios Extra. A amplitude permite entregar 90% de seus produtos em até dois dias úteis e fazer 80% das entregas com frete grátis. 

Centro de distribuição do Magazine Luiza: presença física será decisiva para o sucesso nos maiores mercados (Leandro Fonseca/Exame)

A qualidade do serviço é essencial para que o Mercado Livre ganhe terreno não só com os pequenos mas, sobretudo, com os grandes vendedores. A companhia tem hoje parceria com 1.750 marcas, de Pão de Açúcar a ­Apple, para oferecer seus produtos em lojas oficiais dentro da plataforma. No ano passado foram 360 novas marcas, numa investida que vai continuar. Como estratégia para chegar a mais clientes grandes, o Mercado Livre tem destacado seus investimentos para evitar fraudes, uma preocupação constante dos marketplaces online. Fica difícil atrair uma grande marca se vendedores oferecem produtos falsificados na prateleira vizinha. Segundo Galperin, a empresa tem 100 engenheiros dedicados a coibir fraudes e já excluiu 40.000 vendedores da plataforma. O Mercado Livre investe para garantir segurança sem abrir mão da cauda longa de vendedores que está em seu DNA. É uma preocupação que ressoa na concorrência. Segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo, a evasão tributária no Brasil atingiu entre 460 bilhões e 600 bilhões de reais em 2020. 

Grandes marcas são essenciais para ampliar a penetração online de categorias que ainda dependem essencialmente do varejo físico. Enquanto 20% das vendas de smartphones são online, o e-commerce representa apenas 9% das vendas de moda, 1,5% das vendas de comidas e bebidas e 1% das vendas de produtos para pets, segundo dados do BTG. Moda é uma das prioridades, com parceria com mais de 100 marcas, das quais algumas, como Nike e Adidas, vendem só no Mercado Livre.

Outra prioridade, antecipada pela pandemia, é em alimentos e bebidas, com parcerias com redes de supermercados como Pão de Açúcar e Mambo. A estreia foi em maio de 2020 e as ambições são enormes para um negócio que representa 5% do PIB brasileiro. “É uma frente que traz novos compradores, amplia a concorrência e alimenta as vendas em outras verticais”, diz Julia Rueff, diretora de marketplace do Mercado Livre. Essas frentes ainda subexploradas trazem algo pelo qual todos brigam: recorrência.

Numa companhia do tamanho do Mercado Livre, um debate crescente é sobre quais oportunidades abraçar e de quais abrir mão — ou buscar um parceiro. A companhia não faz grandes aquisições, numa estratégia diferente do Magazine Luiza, por exemplo. “Fazemos as coisas da nossa maneira. Compras distraem. E integrar culturas diferentes é muito difícil”, diz Galperin. Soluções consideradas essenciais para o sucesso do negócio são desenvolvidas internamente. A mais emblemática é a fintech Mercado Pago, que nasceu para oferecer um serviço digital aos vendedores e compradores e cresce 45% ao ano há 12 anos, com 25 milhões de clientes ativos em dezembro.

Aos poucos a empresa foi ampliando a atuação para fora do Mercado Livre e do universo online, e hoje dois terços das transações são feitos fora do Mercado Livre. A companhia é, por exemplo, líder em distribuição de maquininhas de pagamento na América Latina, com 3 milhões de novos terminais no ano passado. O Mercado Pago processa mais de 20 bilhões de dólares em pagamentos por trimestre e tem uma carteira de crédito de mais de 1 bilhão de dólares. Em abril do ano passado, criou o cartão de crédito, e já tem 15 milhões de clientes no serviço. Em dezembro, passou a permitir o investimento em criptomoedas, e já tem 1 milhão de usuários. 

“Vamos seguir ampliando a oferta para os clientes atuais e buscaremos novos. Metade da população da América Latina ainda faz as transações no varejo com dinheiro. E metade é sub-bancarizada”, diz Osvaldo Giménez, presidente do Mercado Pago. Atualmente, a fintech é responsável por 40% da receita do Mercado Livre e, segundo estimativas, por 50% de sua geração de caixa.

Giménez afirma que há mais oportunidades na sinergia, mantendo os negócios unidos, do que em uma eventual cisão, como há anos se comenta entre investidores. Em 2022, o braço financeiro tende a ser ainda mais essencial para os resultados do grupo num ambiente de inflação e juros em alta. “Temos muita experiência com inflação. Seguiremos investindo em descontos, mas com equilíbrio. A migração para o varejo online seguirá sendo uma oportunidade maior do que as condições macroeconômicas desafiadoras”, diz Giménez. 

Entre os desafios para a frente, o Mercado Livre começou em novembro a vender produtos em lives, seguindo um modelo de sucesso na Ásia. Segundo o Goldman Sachs, 16% das vendas online na China já são feitas durante transmissões ao vivo. No Brasil, o aplicativo do AliExpress já oferece a possibilidade, sucesso em seu país de origem. Players internacionais como o Shopee devem trazer lives para o mercado brasileiro em breve, e competidores locais também devem ampliar as iniciativas.

Uma frente que não está no radar do Mercado Livre, por sua vez, é a produção própria de conteúdo de streaming, um caminho adotado pela Amazon, por exemplo. A varejista fechou em setembro parcerias com produtores como Disney e HBO para ampliar a oferta de serviço aos assinantes. “Estou sempre estudando novidades e entendendo como impactarão nosso mercado. Saber o que não fazer é quase tão importante quanto decidir onde investir”, afirma Galperin.

Ao completar 50 anos, o fundador da empresa afirma que em algum momento chegará a hora de sair da linha de frente dos negócios e deixar que uma nova geração assuma. Em março, um dos cofundadores, Stelleo Tolda, deixará o dia a dia da empresa. Outros chegam. Na foto que ilustra a abertura desta reportagem, apenas Osvaldo Giménez faz parte do time inicial da companhia. Fernando Yunes, líder da empresa no Brasil, veio do Sem Parar; Tulio Oliveira, responsável pelo Mercado Pago no Brasil, veio do Itaú; ­Pethra Ferraz, vice-presidente de marketing do Mercado Pago, da XP; Julia Rueff, da CNova; Gabriela Szprinc, do PayPal. São eles os responsáveis por conduzir a segunda maior empresa da América Latina.  


Entregador da Amazon: companhia tem 175 centros de distribuição nos EUA (Alexi Rosenfeld/Getty Images)

O DESAFIO DAS BIG TECHS

Alta dos juros e da concorrência ameaça crescimento de estrelas da bolsa  | Beatriz Quesada

Depois de dois anos de fortes ganhos em meio à pandemia de ­covid-19, a conta parece ter chegado aos gigantes de tecnologia, as big techs. Com o iminente aumento na taxa de juro nos Estados Unidos e a concorrência crescente, investidores estão reavaliando as perspectivas de ganhos com as empresas com grande potencial de crescimento. O principal símbolo do maior rigor de investidores é a Meta, novo nome do Facebook, que, em um só dia de fevereiro, perdeu 1,32 trilhão de reais em valor de mercado.

O tombo aconteceu em razão da divulgação do balanço do quarto trimestre, que revelou a primeira queda de usuários ativos na história da empresa famosa pela rede social. Mark Zuckerberg, CEO e fundador da Meta, admitiu — também de forma inédita — que a popularização do chinês TikTok preocupa. Para completar o cenário desafiador, enquanto os lucros do presente estão ameaçados, o futuro segue incerto: a Meta não ofereceu perspectivas de quando o metaverso, novo carro-chefe da empresa, será lucrativo. 

O caso ilustra o ceticismo do investidor com as ações de tecnologia. A alocação líquida de capital para o setor é a menor desde agosto de 2006, segundo sondagem do Bank of America na primeira quinzena de fevereiro, e o índice de tecnologia Nasdaq acumula perdas de quase 15% no acumulado do ano. Seria a hora de deixar as big techs de lado na carteira? A resposta é não, segundo analistas.

Grandes bancos estrangeiros, como Goldman Sachs e UBS, mantiveram suas recomendações de compra para os papéis da Meta, mesmo com os recentes contratempos, e as perspectivas são ainda mais positivas para outros gigantes do Vale do Silício. “As big techs tendem a ser menos afetadas por esse cenário de alta dos juros. Mas o mercado ficou desesperado e acabou penalizando todas as empresas que têm valuations relacionados a performance futura. É uma janela interessante para a compra dessas ações”, avalia Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, gestora especializada em ações de tecnologia.

 (Arte/Exame)

A situação, a propósito, não é a mesma para todas as empresas. Meta e Microsoft sofrem na bolsa neste ano, mas Amazon e Apple não chegam a registrar 10% de perdas. Para Bernardo Carneiro, analista de BDRs (os recibos de ações listadas no exterior mas negociadas na B3) do BTG Pactual, a diferença entre as quedas demonstra que as big techs não podem mais ser avaliadas dentro da mesma cesta.

“O mercado preferiu companhias que entregaram um bom guidance [projeções] e não sofreram com o risco de competição. Como exemplo, a Meta deu indicações para 2022 abaixo do consenso de mercado e admitiu a força do TikTok, enquanto a Amazon surpreendeu no crescimento de receita e lucro. Cada companhia está dentro de um momento muito diferente”, afirmou. 

O que une os grandes conglomerados de tecnologia e grandes varejistas digitais hoje é a capacidade de expandir horizontes e virar referência em outras áreas. A Amazon lidera soluções de consumo digital, que abrangem de dados a conteúdo. Quando o assunto é software, a Microsoft tem mostrado força com ferramentas corporativas, com destaque para o Azure, seu serviço de computação em nuvem.

A Apple é líder em dispositivos, enquanto a Alphabet (Google) é grande desenvolvedora de inteligência artificial com aplicações diversas. As varejistas digitais com atuação no Brasil estão diante do mesmo escrutínio: apenas planos não garantem bom desempenho presente. Diversificação e consistência na entrega serão mais importantes do que nunca.