Invasão Amarela: o futuro do Mercado Livre na América Latina

O e-commerce pode chegar a 500 bilhões de reais no Brasil em 2025. Só neste ano, o Mercado Livre vai investir 17 bilhões de reais no país para seguir liderando em todas as frentes.

Assim como os grafites coloridos e os emaranhados de cabos de energia, as vans amarelo-fluorescentes do Mercado Livre passaram a fazer parte da paisagem urbana de São Paulo — e de quase todas as cidades brasileiras. Até três anos atrás, a maior varejista online da América Latina fazia 95% de suas entregas pelos Correios. Era, portanto, um gigante escondido aos olhos da população. Hoje, faz 95% das entregas por conta própria, e passou a ter uma exposição inédita.

A tomada das cidades coincidiu com o auge da pandemia, em que, confinados a suas residências, os brasileiros compraram como nunca pela internet — e mais de 1.000 veículos de entrega do Mercado Livre viraram figuras onipresentes nas cidades brasileiras. “Passamos a ter um reconhecimento de marca tão grande quanto nossa relevância para o varejo do Brasil e da América Latina”, diz Marcos Galperin, fundador e presidente do Mercado Livre, em entrevista exclusiva à EXAME.

A conversa, marcada inicialmente para ser presencial na Melicidade, a imponente e arborizada sede da companhia, em Osasco, precisou ser feita por videoconferência por um imprevisto comum neste início de 2022. Com um teste positivo para covid-19, Galperin não pôde vir ao Brasil. Mas, por vídeo, falou em primeira mão sobre um volume de investimentos sem precedentes no varejo brasileiro: 17 bilhões de reais. “Nossa meta é manter e ampliar a liderança em e-commerce e entre as fintechs no Brasil”, diz. “A logística é a face mais visível, mas estamos fazendo muito mais.”

O Mercado Livre, que divulgou seus resultados anuais na terça-feira, 22 de fevereiro, virou um império de números superlativos. É a segunda maior empresa da América Latina, com valor de mercado de 52 bilhões de dólares, atrás apenas da mineradora Vale, avaliada em 77 bilhões de dólares. A companhia, criada em 1999 na Argentina, opera hoje em 18 países da América Latina e tem escritórios em oito — a meta é abrir escritórios onde não está presente, e seguir ampliando o número de países atendidos.

Todo trimestre, envia cerca de 250 milhões de pacotes às casas de seus clientes. No Brasil, a capacidade de entrega é de 1,5 milhão de pacotes por dia, e vai crescer para 2,5 milhões com a construção de quatro novos centros de distribuição (em São Paulo, Barueri e Araçariguama, todos no estado de São Paulo). Com isso, o número total de galpões, que era zero até 2017, vai chegar a 11 neste ano. Há ainda 3.000 agências, espalhadas pelo país, em que os clientes podem retirar as mercadorias. Isso sem contar a frota de aviões, que passará de cinco, atualmente, para 15 até 2024. 

No total, a empresa vai investir no Brasil 70% mais do que os 10 bilhões de reais investidos no ano passado e quatro vezes mais do que os 4 bilhões de reais investidos em 2020. O número de funcionários vai passar de 12.000 para 19.000 neste ano no Brasil, e de 30.000 para 50.000 em toda a América Latina. “A escala permitiu acelerarmos os investimentos. Nossas necessidades não eram as mesmas das oferecidas e vamos investir cada vez mais em soluções de pagamento e envios, as duas maiores fricções do e-commerce”, diz Galperin. “Queremos ter os melhores vendedores, que ofereçam a melhor experiência de compra.”

A empresa não pode parar de acelerar porque, segundo Galperin, o mercado brasileiro de e-commerce é o mais competitivo do mundo. A pandemia de covid-19 acelerou o ritmo de expansão e a competitividade. As vendas do varejo online passaram de 93 bilhões de reais ao ano em 2019 para 201 bilhões em 2021, segundo estimativa do banco Goldman Sachs. O crescimento deve seguir acima dos 20% ao ano.

De acordo com o banco BTG Pactual, as vendas podem chegar a 500 bilhões de reais ao ano em 2025. A penetração do e-commerce no total do varejo terá passado, nessa toada, de 7% em 2019 para mais de 20% — de acordo com o BTG, chegará a 21,8% em 2025. Ainda assim, o Brasil estaria atrás do patamar que já têm países como a China, onde 25% das vendas são online, segundo a plataforma Statista.

A tendência dos próximos anos é de uma concentração crescente nas mãos dos líderes Mercado Livre, Magazine Luiza e Americanas — segundo o Goldman Sachs, eles terão 77% do mercado em 2024. O restante será distribuído entre grandes competidores nacionais, como a Via, e os gigantes estrangeiros, sobretudo a americana Amazon e a novata Shopee, de Singapura. 

A possibilidade de a Amazon ou alguma asiática, como a Shopee, atropelarem a concorrência nacional é o tema de dez entre dez rodas de conversa de especialistas em varejo e tecnologia no Brasil. Mesmo em mercados maduros, como o americano, empresas mais jovens e mais ágeis mostram que há, sim, espaço para peitar os gigantes. Por lá, a canadense Shopify, que cresceu com serviços pensados para os pequenos varejos, vendeu, em 2021, 175 bilhões de dólares, 40% do total do gigante Amazon.

Por aqui, a Amazon atua desde 2012 e já tem 11 centros de distribuição. Ainda está longe do apetite que demonstra em mercados como o indiano, onde já investiu 6 bilhões de dólares e de onde pode vir até 20% de seu crescimento nos próximos anos. Mas a maior ameaça recente é a Shopee. A empresa tem um investimento crescente em anúncios e oferece aos clientes um nível de interação, com jogos e chats, que a fez chegar, em pouco mais de um ano, a 30% dos smartphones brasileiros, segundo estimativa do Itaú — percentual comparado apenas ao do Mercado Livre. Mas os volumes comprados ainda são muito menores — o Itaú calcula que a Shopee vendeu 15 bilhões de reais em 2021, ou 7% do total do mercado brasileiro.

“A companhia diz que as compras online devem evoluir para atender às necessidades sobretudo dos clientes mais jovens, que cresceram comunicando, colaborando e se entretendo em aparelhos móveis”, de acordo com relatório do BTG Pactual. O relatório mostra, ainda, que a estratégia de gamificação da Shopee seguirá um diferencial da empresa nos próximos anos. Mas não deve ser o suficiente para ameaçar os líderes atuais do mercado, que têm como maior diferencial, segundo a instituição, os investimentos em serviços para reduzir os prazos de entrega. Shopee, Alibaba, Tencent, Amazon e outros estrangeiros devem, portanto, seguir como coadjuvantes no mercado local — embora tenham muito a ensinar. 

 (Arte/Exame)

“Não podemos ser paranoicos. Jogamos nosso jogo pensando no longo prazo. Em 22 anos, é uma estratégia que tem funcionado muito bem”, diz Galperin. A estratégia do Mercado Livre é unir o melhor de cada grande varejista global: o nível de serviço do Shopify para os pequenos, a qualidade­ de entrega da Amazon, a proximidade com os grandes vendedores que tem o Magalu, por exemplo, e a inovação dos asiáticos. 

O Mercado Livre tem uma posição de liderança típica do pioneirismo no mundo online, e possui o desafio de mantê-la num contexto em que a presença física é cada vez mais relevante. Os maiores competidores locais da companhia, Magazine Luiza e Americanas, começaram suas operações no mundo dos tijolos, e não dos bits e bytes — a única exceção é o Submarino, que hoje está dentro da Americanas.

A presença física é agora o diferencial que vai ajudar esses concorrentes a crescer no modelo de marketplace e a desafiar o Mercado Livre. No Magalu, por exemplo, a loja física é o ponto de entrada dos pequenos varejos — mais da metade dos negócios que se plugam à plataforma chega dessa forma. É ela que faz a captura dos negócios que estão ao seu redor para levá-los ao mundo digital.

A companhia aposta no conceito chamado internamente de hiperlocalidade. A ideia de crescer pela venda de produtos de outros varejistas só virou realidade na empresa em 2017, mas no balanço do terceiro trimestre de 2021 (último disponível) essa operação já representou 35% de toda a venda digital e mais de 25% dos 13,8 bilhões de reais vendidos pela companhia entre julho e setembro. 

Para ganhar terreno, os varejistas tradicionais oferecem aos pequenos varejos a logística e também seus vendedores. A força de vendas das companhias, que antes era dedicada apenas às lojas físicas, agora atua também online e trabalha em ambos os atendimentos com tudo o que está no sistema, como se o marketplace fosse um estoque ampliado. Exemplo disso é que funcionários de lojas da Via, que só mais recentemente entrou na briga do marketplace, já venderam para clientes produtos de parceiros, como trator e saxofone.

Mesmo quase uma estreante, a dona da Casas Bahia e do Pontofrio já viu 20% de suas vendas totais no terceiro trimestre virem do comércio eletrônico do marketplace. Portanto, as mais de 1.400 lojas e 22 centros de distribuição do Magalu e os mais de 1.100 pontos de venda e 31 centros de distribuição da Via não devem ser encarados apenas como infraestrutura logística no mundo da omnicanalidade.

É por essa combinação de capilaridade e força de vendas desses grupos que nasceram no mundo físico que o Brasil tem uma particularidade — além de seu tamanho continental. Nenhum analista acredita que em um horizonte visível haverá prevalência absoluta de um ou outro modelo, uma ou outra companhia. “Não vejo nenhum concorrente com posição de 50% do mercado ou mais”, diz Luiz Guanais, analista do BTG Pactual. 

Entrega do Mercado Livre: aplicativo permite também que donos de motos e carros particulares façam entregas (Leandro Fonseca/Exame)

Apesar de ser o mercado mais concorrido do mundo, como diz Galperin, o Brasil é visto ainda como um mar de oportunidades. Por isso a disputa é tão acirrada. O Magalu, por exemplo, focado apenas em CNPJs, ou seja, em varejistas menores, e não em vendedores individuais, calcula que existam no país mais de 5,7 milhões de pequenos negócios e apenas 330.000 estariam digitalizados. Só que o esforço das empresas nacionais em alcançar esses milhões de oportunidades custa.

E, enquanto as concorrentes domésticas lutam com a queda na rentabilidade causada por essa expansão no modelo de shopping virtual, o Mercado Livre tem diversificação de receitas com suas diferentes frentes de negócios, com vendas, entregas, cobranças, empréstimos, anúncios. Magalu, Americanas e Via ainda apresentam prejuízo operacional ou lucros espremidos, enquanto o Mercado Livre reportou um ganho de 90 milhões de dólares na última linha de seu balanço no terceiro trimestre. A venda dos serviços é algo que ainda está engatinhando entre as domésticas e, na luta por espaço, muita coisa é oferecida de graça a quem se pluga na plataforma. 

AliExpress: live commerce e games estão entre as fortalezas dos asiáticos na competição global (Angel Garcia/Bloomberg/Getty Images)

Por isso, nessa briga, a quantidade de vendedores cadastrados em cada uma das plataformas faz muita diferença: é deles que vem — ou virá — receita não apenas pelas vendas mas pelo serviço prestado. Não por acaso a preocupação do Mercado Livre com os pequenos é até hoje prioridade na forma como a varejista, que nasceu em 1999 como um site de leilões, se posiciona. A companhia tem 12 milhões de vendedores cadastrados. O Magalu tem 120.000; e a Via, pouco mais de 100.000. Apesar de os CPFs corresponderem atualmente a apenas 5% do volume de vendas do Mercado Livre, todas as soluções de entregas e de pagamentos oferecidas aos grandes vendedores são também disponibilizadas aos pequenos.

Um microempresário consegue, por exemplo, ter acesso a entregas no mesmo dia, parcelamento em 18 vezes e linhas de financiamento dentro da fintech Mercado Pago. “A relevância na plataforma é pela qualidade do serviço. E todas as nossas soluções são pensadas primeiro para os pequenos”, diz Gabriela Szprinc, head de pagamentos do Mercado Pago. Desde o início da pandemia, a companhia ajudou a formalizar 135.000 empresas que atuam em sua plataforma e que precisam da documentação em dia para usar os serviços logísticos e de pagamentos.

Os pequenos têm acesso a cursos sobre temas como estoques e precificação e a conteúdos de influenciadores como a Nath Finanças. “Amplitude importa. Nascemos com os pequenos, e digitalizar vendedores e compradores é um passo importante para ampliar nossa base no futuro”, afirma. 

 (Arte/Exame)

Na América do Norte, modelo semelhante é adotado pelo Shopify, fundado há 15 anos no Canadá pelo alemão Tobi Lütke. Seu negócio permite que 2 milhões de empreendedores gerenciem lojas online e se mostrou essencial para a sobrevivência de muitos varejistas na pandemia. Sua ambição é crescer democratizando o comércio — uma visão que não poderia ser mais parecida com a adotada pelo Mercado Livre na América Latina há 22 anos. 

Neste momento, Lütke está diante de um dilema: como continuar crescendo e peitando a Amazon? A empresa de Jeff Bezos tem 75 aviões, 175 centros de distribuição de grande porte e mais de 1.100 endereços de entrega e retirada de mercadorias. Talvez olhar para o Mercado Livre mostre alguns caminhos a Lütke. A empresa de Galperin, que nasceu focada nos pequenos, virou um gigante logístico. Em 2017, abriu seu primeiro centro de distribuição no Brasil. Hoje são 11 centros desse tipo no país, 17 centros de cross ­docking (que recebem a mercadoria do vendedor e a enviam ao comprador), 91 centros de serviço que permitem que distribuidores terceirizados retirem e entreguem produtos, e 3.000 agências de entrega e retirada de mercadorias. Além da enorme frota própria das vans amarelas, a empresa permite que entregadores particulares se cadastrem num aplicativo e trabalhem algumas horas por dia entregando mercadorias em suas regiões, o Mercado Envios Extra. A amplitude permite entregar 90% de seus produtos em até dois dias úteis e fazer 80% das entregas com frete grátis. 

Centro de distribuição do Magazine Luiza: presença física será decisiva para o sucesso nos maiores mercados (Leandro Fonseca/Exame)

A qualidade do serviço é essencial para que o Mercado Livre ganhe terreno não só com os pequenos mas, sobretudo, com os grandes vendedores. A companhia tem hoje parceria com 1.750 marcas, de Pão de Açúcar a ­Apple, para oferecer seus produtos em lojas oficiais dentro da plataforma. No ano passado foram 360 novas marcas, numa investida que vai continuar. Como estratégia para chegar a mais clientes grandes, o Mercado Livre tem destacado seus investimentos para evitar fraudes, uma preocupação constante dos marketplaces online. Fica difícil atrair uma grande marca se vendedores oferecem produtos falsificados na prateleira vizinha. Segundo Galperin, a empresa tem 100 engenheiros dedicados a coibir fraudes e já excluiu 40.000 vendedores da plataforma. O Mercado Livre investe para garantir segurança sem abrir mão da cauda longa de vendedores que está em seu DNA. É uma preocupação que ressoa na concorrência. Segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo, a evasão tributária no Brasil atingiu entre 460 bilhões e 600 bilhões de reais em 2020. 

Grandes marcas são essenciais para ampliar a penetração online de categorias que ainda dependem essencialmente do varejo físico. Enquanto 20% das vendas de smartphones são online, o e-commerce representa apenas 9% das vendas de moda, 1,5% das vendas de comidas e bebidas e 1% das vendas de produtos para pets, segundo dados do BTG. Moda é uma das prioridades, com parceria com mais de 100 marcas, das quais algumas, como Nike e Adidas, vendem só no Mercado Livre.

Outra prioridade, antecipada pela pandemia, é em alimentos e bebidas, com parcerias com redes de supermercados como Pão de Açúcar e Mambo. A estreia foi em maio de 2020 e as ambições são enormes para um negócio que representa 5% do PIB brasileiro. “É uma frente que traz novos compradores, amplia a concorrência e alimenta as vendas em outras verticais”, diz Julia Rueff, diretora de marketplace do Mercado Livre. Essas frentes ainda subexploradas trazem algo pelo qual todos brigam: recorrência.

Numa companhia do tamanho do Mercado Livre, um debate crescente é sobre quais oportunidades abraçar e de quais abrir mão — ou buscar um parceiro. A companhia não faz grandes aquisições, numa estratégia diferente do Magazine Luiza, por exemplo. “Fazemos as coisas da nossa maneira. Compras distraem. E integrar culturas diferentes é muito difícil”, diz Galperin. Soluções consideradas essenciais para o sucesso do negócio são desenvolvidas internamente. A mais emblemática é a fintech Mercado Pago, que nasceu para oferecer um serviço digital aos vendedores e compradores e cresce 45% ao ano há 12 anos, com 25 milhões de clientes ativos em dezembro.

Aos poucos a empresa foi ampliando a atuação para fora do Mercado Livre e do universo online, e hoje dois terços das transações são feitos fora do Mercado Livre. A companhia é, por exemplo, líder em distribuição de maquininhas de pagamento na América Latina, com 3 milhões de novos terminais no ano passado. O Mercado Pago processa mais de 20 bilhões de dólares em pagamentos por trimestre e tem uma carteira de crédito de mais de 1 bilhão de dólares. Em abril do ano passado, criou o cartão de crédito, e já tem 15 milhões de clientes no serviço. Em dezembro, passou a permitir o investimento em criptomoedas, e já tem 1 milhão de usuários. 

“Vamos seguir ampliando a oferta para os clientes atuais e buscaremos novos. Metade da população da América Latina ainda faz as transações no varejo com dinheiro. E metade é sub-bancarizada”, diz Osvaldo Giménez, presidente do Mercado Pago. Atualmente, a fintech é responsável por 40% da receita do Mercado Livre e, segundo estimativas, por 50% de sua geração de caixa.

Giménez afirma que há mais oportunidades na sinergia, mantendo os negócios unidos, do que em uma eventual cisão, como há anos se comenta entre investidores. Em 2022, o braço financeiro tende a ser ainda mais essencial para os resultados do grupo num ambiente de inflação e juros em alta. “Temos muita experiência com inflação. Seguiremos investindo em descontos, mas com equilíbrio. A migração para o varejo online seguirá sendo uma oportunidade maior do que as condições macroeconômicas desafiadoras”, diz Giménez. 

Entre os desafios para a frente, o Mercado Livre começou em novembro a vender produtos em lives, seguindo um modelo de sucesso na Ásia. Segundo o Goldman Sachs, 16% das vendas online na China já são feitas durante transmissões ao vivo. No Brasil, o aplicativo do AliExpress já oferece a possibilidade, sucesso em seu país de origem. Players internacionais como o Shopee devem trazer lives para o mercado brasileiro em breve, e competidores locais também devem ampliar as iniciativas.

Uma frente que não está no radar do Mercado Livre, por sua vez, é a produção própria de conteúdo de streaming, um caminho adotado pela Amazon, por exemplo. A varejista fechou em setembro parcerias com produtores como Disney e HBO para ampliar a oferta de serviço aos assinantes. “Estou sempre estudando novidades e entendendo como impactarão nosso mercado. Saber o que não fazer é quase tão importante quanto decidir onde investir”, afirma Galperin.

Ao completar 50 anos, o fundador da empresa afirma que em algum momento chegará a hora de sair da linha de frente dos negócios e deixar que uma nova geração assuma. Em março, um dos cofundadores, Stelleo Tolda, deixará o dia a dia da empresa. Outros chegam. Na foto que ilustra a abertura desta reportagem, apenas Osvaldo Giménez faz parte do time inicial da companhia. Fernando Yunes, líder da empresa no Brasil, veio do Sem Parar; Tulio Oliveira, responsável pelo Mercado Pago no Brasil, veio do Itaú; ­Pethra Ferraz, vice-presidente de marketing do Mercado Pago, da XP; Julia Rueff, da CNova; Gabriela Szprinc, do PayPal. São eles os responsáveis por conduzir a segunda maior empresa da América Latina.  


Entregador da Amazon: companhia tem 175 centros de distribuição nos EUA (Alexi Rosenfeld/Getty Images)

O DESAFIO DAS BIG TECHS

Alta dos juros e da concorrência ameaça crescimento de estrelas da bolsa  | Beatriz Quesada

Depois de dois anos de fortes ganhos em meio à pandemia de ­covid-19, a conta parece ter chegado aos gigantes de tecnologia, as big techs. Com o iminente aumento na taxa de juro nos Estados Unidos e a concorrência crescente, investidores estão reavaliando as perspectivas de ganhos com as empresas com grande potencial de crescimento. O principal símbolo do maior rigor de investidores é a Meta, novo nome do Facebook, que, em um só dia de fevereiro, perdeu 1,32 trilhão de reais em valor de mercado.

O tombo aconteceu em razão da divulgação do balanço do quarto trimestre, que revelou a primeira queda de usuários ativos na história da empresa famosa pela rede social. Mark Zuckerberg, CEO e fundador da Meta, admitiu — também de forma inédita — que a popularização do chinês TikTok preocupa. Para completar o cenário desafiador, enquanto os lucros do presente estão ameaçados, o futuro segue incerto: a Meta não ofereceu perspectivas de quando o metaverso, novo carro-chefe da empresa, será lucrativo. 

O caso ilustra o ceticismo do investidor com as ações de tecnologia. A alocação líquida de capital para o setor é a menor desde agosto de 2006, segundo sondagem do Bank of America na primeira quinzena de fevereiro, e o índice de tecnologia Nasdaq acumula perdas de quase 15% no acumulado do ano. Seria a hora de deixar as big techs de lado na carteira? A resposta é não, segundo analistas.

Grandes bancos estrangeiros, como Goldman Sachs e UBS, mantiveram suas recomendações de compra para os papéis da Meta, mesmo com os recentes contratempos, e as perspectivas são ainda mais positivas para outros gigantes do Vale do Silício. “As big techs tendem a ser menos afetadas por esse cenário de alta dos juros. Mas o mercado ficou desesperado e acabou penalizando todas as empresas que têm valuations relacionados a performance futura. É uma janela interessante para a compra dessas ações”, avalia Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, gestora especializada em ações de tecnologia.

 (Arte/Exame)

A situação, a propósito, não é a mesma para todas as empresas. Meta e Microsoft sofrem na bolsa neste ano, mas Amazon e Apple não chegam a registrar 10% de perdas. Para Bernardo Carneiro, analista de BDRs (os recibos de ações listadas no exterior mas negociadas na B3) do BTG Pactual, a diferença entre as quedas demonstra que as big techs não podem mais ser avaliadas dentro da mesma cesta.

“O mercado preferiu companhias que entregaram um bom guidance [projeções] e não sofreram com o risco de competição. Como exemplo, a Meta deu indicações para 2022 abaixo do consenso de mercado e admitiu a força do TikTok, enquanto a Amazon surpreendeu no crescimento de receita e lucro. Cada companhia está dentro de um momento muito diferente”, afirmou. 

O que une os grandes conglomerados de tecnologia e grandes varejistas digitais hoje é a capacidade de expandir horizontes e virar referência em outras áreas. A Amazon lidera soluções de consumo digital, que abrangem de dados a conteúdo. Quando o assunto é software, a Microsoft tem mostrado força com ferramentas corporativas, com destaque para o Azure, seu serviço de computação em nuvem.

A Apple é líder em dispositivos, enquanto a Alphabet (Google) é grande desenvolvedora de inteligência artificial com aplicações diversas. As varejistas digitais com atuação no Brasil estão diante do mesmo escrutínio: apenas planos não garantem bom desempenho presente. Diversificação e consistência na entrega serão mais importantes do que nunca. 

Google anuncia ferramentas para auxiliar em entregas

O Google anunciou hoje duas novas ferramentas para empresas que operam frotas de entregas extensas: a Last Mile Fleet Solution e a Cloud Fleet Routing API . A nova solução de frota de última milha, que faz parte da plataforma do Google Maps, enfatiza a otimização de cada etapa do processo de entrega de última milha, desde o pedido até a entrega. Como o nome indica, a nova API de roteamento, que faz parte do Google Cloud, se concentra no planejamento de rotas em frotas de veículos de entrega.

A solução Last Mile Fleet está agora em pré-visualização pública. A Cloud Fleet Routing API estará disponível para todos no segundo trimestre do ano. Como ambos são serviços corporativos, não há informações públicas sobre preços disponíveis, e os clientes em potencial de qualquer um dos produtos precisam trabalhar com a equipe de vendas do Google.

“A pandemia acelerou ainda mais tanto o e-commerce quanto o número de entregas, que já cresciam rapidamente. O aumento da pressão sobre as redes de entrega, além de muitos outros fatores, como falta de motoristas, dados de endereços ruins, fechamento de fábricas e um aumento nos preços dos combustíveis afetaram o tempo de entrega e o sucesso”, disse Hans Thalbauer, diretor administrativo de Suprimentos e Logística Global do Google Cloud.

“Com a solução Last Mile Fleet da plataforma Google Maps e a API Cloud Fleet Routing, estamos tornando mais fácil para os operadores de frota de entrega resolver esses problemas e criar experiências perfeitas para consumidores, motoristas e gerentes de frota”.

A plataforma Google Maps já apresenta a solução de viagens e entregas sob demanda, que ajuda as empresas a não utilizarem motoristas sob demanda. A empresa disse que a nova solução Last Mile Fleet baseia-se neste serviço.

A Fleet Routing API, por outro lado, é um serviço completamente novo do Google Cloud que ajuda as empresas no planejamento de rotas. Os usuários poderão usá-lo para criar ferramentas para seus sistemas internos de gerenciamento de frota e fazer com que o sistema otimize as rotas de entrega com base em suas restrições específicas, como janela de tempo, peso do pacote e capacidade do veículo – e, no processo, eles também podem otimizar suas rotas para cumprir suas metas de sustentabilidade.

“Na Paack, estamos obcecados em ajudar alguns dos maiores varejistas de comércio eletrônico da Europa a criar experiências de entrega excepcionais para os milhões de pedidos que recebem todos os meses”, disse Olivier Colinet, CTO e CPO do serviço de correio Paack , com sede no Reino Unido .

“Para escalar rapidamente, adotamos o Last Mile Fleet Solution e o Cloud Fleet Routing, que permite que nossos motoristas e gerentes de frota mantenham a eficiência máxima e ultrapassem nossas taxas de entrega de 98% no prazo e na primeira vez”, complementa.

Dux Logistics anuncia investimento de R$ 130 milhões focado em transporte aéreo e last mile

Durante a Intermodal South America, a Dux Logistics anunciou investimentos de R$ 130 milhões até o fim do ano. Segundo a empresa, parte desses recursos serão destinados a uma nova operação voltada para entregas last mile em território nacional, envolvendo entrega porta a porta para atender em especial empresas que já são clientes no frete marítimo ou aéreo e agora precisam de logística doméstica. Os investimentos vão gerar 200 novos postos de trabalho.

Esse processo faz parte da divisão de transporte rodoviário do grupo, a Dux Trucking, que possui mais de 100 veículos e uma frota própria para atender demandas locais, serviços expressos, atuando em diversos segmentos como Aviation, Food & Beverage e Pharma & Healthcare. A Dux Trucking está presente em mais de 27 capitais brasileiras.

“As entregas last mile otimizam as operações logísticas e são fundamentais especialmente para empresas com e-commerce. Decidimos investir nesse segmento, complementando tudo que já oferecemos com o marítimo e o aéreo, com o objetivo de atender clientes que já são servidos pela DUX em outras etapas da operação logística” disse Raphael Rossi, CEO da Dux Logistics.

Do investimento previsto para este ano, R$ 30 milhões vão para o Last Mile e R$ 100 milhões para a DUX Express, a unidade de transporte aéreo do grupo.

Segundo o executivo, todas as etapas são feitas pela Dux e a média do tempo de entrega é de 12 horas e isso será garantido com a criação de pontos estratégicos em todo o Brasil e pequenos centros de distribuições, reduzindo o tempo de entrega.

“E-commerce obriga que logística se amplie”, diz diretor da JSL

JSL Logística teve 58% de crescimento na receita em 2021 e 565% no lucro.

“Os produtos de alimentação e bebida tiveram aumento de consumo na pandemia, por exemplo, seja pelas pessoas em casa, seja pelo crescimento do e-commerce. Com o e-commerce, você obriga que a logística se amplie. Para você pedir, eu preciso ter o produto perto de você. Para isso, tem de ter mais centros de distribuição, mais transporte e movimentações internas”, diz Ramon Peres.

O CEO da empresa explica também que o crescimento da empresa aconteceu devido à JSL estar presente na “ponta, na movimentação interna e no final”. Em novos contratos, foram mais de R$ 4 bilhões.

As vendas novas foram realizadas principalmente nos setores de papel e celulose (30%), alimentos e bebidas (26%) e siderurgia e mineração (12%).

No setor de papel e celulose, o crescimento foi forte porque a empresa trabalha em toda a cadeia.

“O aumento das margens é explicado pela junção de várias coisas: gestão de redução de custo com abertura de portas para negociação em meio ao aumento de insumos básicos. O que vivemos em 2021 não vivíamos há mais de 20 anos. Com alguns clientes a negociação foi de 3 e 4 vezes. Quem acreditar que vai repassar 100% de seus insumos para o cliente, está acreditando em coelhinho da Páscoa”, diz o CEO Ramon Peres.

Por trás da alta no lucro e na receita está o crescimento isolado de empresas adquiridas pela JSL desde 2020.

“Essas cinco empresas vieram enriquecer um de nossos segmentos. Vieram empresas cada uma em um segmento diferente. Cada um em um pedaço da cadeira logística. Exatamente por isso continuaram com a administração independente. A vontade de ganhar em sinergias não é maior do que a nossa preocupação de perder essas empresas tem de bom”, defende o presidente.

Em 2020, as empresas crescerem 23%. Juntos, a combinação foi de 17%.

Em 2021, foram três aquisições (Transportadora Rodomeu, TPC e Transportes Marvel), que se somam às duas realizadas em 2020. Essas aquisições somaram R$ 2 bilhões de receita bruta à JSL em 2021.

Lalamove: ‘Todo dólar investido no Brasil é olhado com cuidado’

Todo cuidado é pouco quando se trata de fazer negócios no Brasil. É com essa desconfiança que a Lalamove, startup chinesa de entregas que chegou ao País em 2019, tenta percorrer um mercado disputado por nomes como Uber, Rappi, Loggi, Frete.com (ex-CargoX) e Mandaê. Após desacelerar durante a pandemia, a companhia pretende fincar raízes nas 15 cidades onde passou a operar no ano passado.

“Ter cautela é algo nosso. Primeiro observamos o que acontece, e aí decidimos nossos próximos passos”, conta ao Estadão Helena Lizo, gerente regional da Lalamove no Brasil. Por isso, a executiva não faz promessas para 2022, ano em que a recessão econômica e as eleições presidenciais assustam os mercados e investidores. “Todo dólar investido no Brasil é olhado com cuidado”.

Apesar do cuidado ao pisar por aqui, o Brasil é um dos principais mercados da Lalamove, que já soma 170 mil usuários no País. Helena diz que foi fácil a adaptação do negócio da Lalamove em território brasileiro. Similar ao iFood e ao Uber, o modelo da chinesa permite que motoristas façam entregas de diversos tipos de pacotes (de motoboys a carretos de mudança) à casa dos consumidores — a tal da “última milha” da jornada da logística.

“Temos o foco de ir atrás de cidades mais acostumadas com Uber, iFood, Rappi. Elas já têm um movimento de educação do consumidor e do prestador de serviço”, explica Helena. Ao final, a startup fica com 16% da remuneração das entregas feitas por esses prestadores de serviço.

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista.

Como tem sido a operação da Lalamove no Brasil, desde a chegada em 2019?

Vir para cá foi uma grata surpresa. A empresa entendeu a necessidade brasileira pela “última milha”. E crescemos em ritmo muito bacana: do primeiro ano para o segundo, quando operamos só alguns meses, crescemos 47 vezes. Em 2021, pouco mais que triplicamos de tamanho, o que é algo expressivo. Entendo que hoje o modelo de negócio da Lalamove se adaptou bem ao modelo da demanda brasileira.

Por que a adaptação por aqui foi boa?

Por causa da educação do usuário. Já ter pessoas que prestam serviços como motoristas e já se cadastram em vários apps facilita muito a nossa vida. Quando temos uma base grande de pessoas prestando serviço acostumadas com esse modelo, o negócio costuma se adaptar e se desenvolver mais facilmente.

O quão representativo é o Brasil para a Lalamove?

Somos um mercado bem importante para a empresa. Temos atuação global, mas concentrada na Ásia. Na América Latina, estamos no México e no Brasil. Já operamos em mais de 20 mercados e o Brasil opera entre os dez maiores.

Como está a expansão pelo País?

Começamos em 2019 por Rio de Janeiro e São Paulo e hoje estamos em 17 cidades. Na pandemia, não sabíamos como as coisas iriam se desenrolar, porque tínhamos de crescer o time e a empresa de forma remota. No ano passado, resolvemos abrir outras cidades. Começamos com Belo Horizonte e a expansão foi bem-sucedida. Depois fomos para outras capitais, com exceção de Ribeirão Preto (SP). Temos o foco de ir atrás de cidades mais acostumadas com Uber, iFood, Rappi. Elas já têm um movimento de educação do consumidor e do prestador de serviço. E temos como plano abrir em novas cidades assim que a expansão esteja bem consolidada.

Vocês buscam que tipo de consumidor? Pessoas físicas ou empresas?

Classificamos nosso cliente em três tipos. Há as grandes corporações, que são os maiores usuários que temos na plataforma. Mas temos também microempresários e pessoas individuais que classificamos como usuários individuais, como pessoas que vendem bolos e fazem entregas pela Lalamove. Apesar de não ser a mais representativa, essa categoria deu um salto e dobrou a representatividade no último ano.

Como a Lalamove faz para conter as reclamações que aparecem nas plataformas e redes sociais?

Até o ano passado, tratamos os canais externos de reclamações de maneira muito superficial. Queremos que usem nosso canal interno, porque a pessoa vai ter um processo claro de como vai ser atendida. Em um canal como o ReclameAqui, ou por mídias sociais, o caso nunca vai ser tratado por lá. Todas as empresas fazem isso. Queremos direcionar a pessoa para um fluxo de atendimento padrão, em que ela terá uma experiência melhor. Fizemos ajustes constantes para entender quais são os horários mais frequentes de reclamações. E nosso chat tem tido constante atualização de pessoas atendendo nos horários de pico para não deixar nosso cliente ou motorista sem resposta.

A ômicron mudou o clima de 2022. Ainda existe recessão econômica e as eleições presidenciais no segundo semestre. Para a Lalamove, o que esperar deste ano?

Somos muito cautelosos em falar o que esperamos. Primeiro observamos o que acontece, e aí decidimos nossos próximos passos. Não consigo dizer a quais cidades vamos chegar, porque não sabemos se nosso plano de expansão vai se provar bom rapidamente ou se vai levar mais tempo. Ter cautela é algo nosso, porque todo real e todo dólar investido no Brasil é olhado com cuidado. Temos uma perspectiva de solidificar nosso negócio, em especial nas 15 novas cidades. A recessão, que já começou em 2020, foi muito forte para alguns setores. Não sabemos quais serão impactados agora, mas o e-commerce não entrou em recessão. Se mantivermos perfil parecido com o de 2020, é muito provável que 2022 não tenha impacto tão grande para a última milha.

Como a Lalamove faz para se diferenciar da concorrência?

Oferecemos muitos modais diferentes, de duas a quatro rodas. E tem a questão da taxa de 16%. Ainda, o motorista tem muitas opções de entregas ao longo do dia, sejam curtas ou longas, escolhendo quando e como trabalhar. É o contrário do motorista do Uber, que fica amarrado à demanda de pessoas físicas em horários de pico.

Uber, 99 e empresas de entregas sofrem com a alta da gasolina. Como a Lalamove lida com esse problema?

No final de 2021, implementamos a tarifa dinâmica. É um ajuste de preço para organizar melhor a demanda e fazer um repasse maior para que o motorista se sinta mais atraído.

Isso foi suficiente para manter a demanda?

Não vimos queda no atendimento. Naturalmente, a demanda é diferente em janeiro e fevereiro (por causa das festas de fim de ano). Agora, retomamos o cenário normal. Em pedidos colocados e atendidos, essas duas métricas se mantiveram boas. Isso mostra que colocar esse plano de ação foi suficiente para manter a Lalamove atrativa.

Resultado Sequoia (SEQL3) 2021: Lucro Cai 30% no 4t21

Sequoia divulgou seus resultados referentes ao 4t21, confira os destaques e se vale a pena investir na SEQL3.

Os resultados da Sequoia (SEQL3) referente a suas operações do quarto trimestre de 2021, foram divulgados no dia 09/03.

Veja neste artigo os principais destaques do resultado da Sequoia do 4t21 e a análise fundamentalista da empresa.

Confira o calendário de divulgação de resultados do 4t21 das empresas listadas na Bolsa de Valores e a análise das empresas que a equipe do The Capital Advisor está realizando.

Sobre Sequoia

Sequoia é um 3PL especializado em Logística e Distribuição, única companhia de LTL e B2C com capital aberto na B3.

A empresa se destaca por buscar incessantemente o aprimoramento contínuo em serviços de Logística e Transporte.

Constituída pela unificação de marcas consolidadas no mercado, a Sequoia é reconhecida pela capacidade de entregar sempre mais.

Desenvolvendo soluções completas e integradas para marcas de destaque, muitas delas, líderes em seus segmentos, a Sequoia possui expertise sólida e diferenciada em e-commerce.

Composição acionária da Sequoia

Acionista ON PN Total
WP XI C FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPACOES MULTIESTRATEGIA 27,7% 0,0% 27,7%
OUTROS 22,4% 0,0% 22,4%
MORGAN STANLEY 12,8% 0,0% 12,8%
ITAU UNIBANCO S.A. 9,6% 0,0% 9,6%
COMPASS GROUP LLC 8,2% 0,0% 8,2%
FRAM CAPITAL SHERMAN II FIP MULTIESTRATEGIA 7,2% 0,0% 7,2%
DWS INVESTMENT GMBH 6,4% 0,0% 6,4%
FRAM CAPITAL SHERMAN FIP MULTIESTRATEGIA 4,8% 0,0% 4,8%
ARMANDO MARCHESAN NETO 4,8% 0,0% 4,8%

Avaliação de Governança

A empresa está listada na Bolsa de Valores no segmento Novo Mercado, nível mais alto da B3.

Empresa Sequoia Logística e Transportes S.A.
Código SEQL3
Subsetor Transporte
Segmento de Listagem Logística
Tag Along 100%
Free Float 59,6%
Principal Acionista WP XI C Fundo de Investimentos
Site https://ri.sequoialog.com.br/

A empresa possui um free float acima de 25%, o que não representa nenhum problema de liquidez nas negociações das ações para o acionista.

A empresa possui um tag along de 100%, indicando que o acionista minoritário estará protegido se os controladores da empresa vendam sua participação na companhia.

Ambos indicadores ajudam na análise da governança corporativa da empresa, porém não dizem respeito à sua capacidade de geração de caixa ou à sua rentabilidade.

Agora chegou a hora analisar os resultados e os principais múltiplos da análise fundamentalista da companhia.

Resultado Sequoia no 4t21

A empresa apresentou um lucro líquido de R$ 21,5 milhões no 4t21, apresentando uma retração de -30% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Confira os principais destaques dos resultados da Sequoia do quarto trimestre de 2021:

Indicador 4t21 3t21 % 4t20 %
Lucro Líquido (R$) R$ 21,5 M R$ 17,1 M 25,7% R$ 30,7 M -30,0%
Margem Ebitda (%) 15,0% 15,4% -0,4 p.p. 14,7% 0,3 p.p.
Margem Bruta (%) 19,0% 18,0% 1 p.p. 22,6% -3,6 p.p.
Margem Líquida (%) -0,4% -0,1% -0,3 p.p. 5,1% -5,5 p.p.

Resultados Operacionais da Sequoia no 4t21

No trimestre, a Companhia realizou 18,6 milhões de entregas, representando um crescimento de 51%.

O novo patamar conquistado em relação aos períodos anteriores, reflete o forte aumento do número de pedidos em categorias com ticket médio menor por meio da SFx, que atingiu 6,9 milhões de pedidos no trimestre.

B2C

No B2C, a Companhia 17,1 milhões de entregas no 4T21, crescimento de 55% em relação ao 4T20, com retração do ticket médio de 6,7% YoY, refletindo principalmente o impacto do número de pedidos da SFx, conforme já citado anteriormente, que apresenta um ticket médio menor.

B2B

No B2B, a Sequoia atingiu 1,5 milhão de entregas no 4T21, crescimento de 18,9% em relação ao 4T20, com retração de ticket médio de 7,4%, refletindo o mix pela maior participação do número de pedidos do LTL (Less-Than-Truckload) e field service.

Resultados Financeiros da Sequoia no 4t21

receita líquida de vendas da Sequoia atingiu R$ 450,9 milhões no 4t21, apresentando alta de 31,0% na comparação com o 4t20.

Lucro Bruto da Sequoia atingiu R$ 92,2 milhões no 4t21, apresentando crescimento de 11,4% na comparação com o 4t20.

O custo dos serviços prestados totalizou R$ 365,1 milhões no 4t21, apresentando crescimento de 37,1% na comparação com o 4t20.

Ebitda da Sequoia atingiu R$ 67,7 milhões no 4t21, apresentando crescimento de 34,1% na comparação com o 4t20.

margem Ebitda da Sequoia totalizou 15,0% no 4t21, apresentando crescimento de 0,3 ponto percentual na comparação com o 4t20.

No 4t21, as despesas gerais e administrativas cresceram 12,3% em relação ao 4t20.

Margem bruta da Sequoia atingiu 19,0% no 4t21, apresentando retração de -3,6 ponto percentual na comparação com o 4t20.

lucro líquido da Sequoia atingiu R$ 21,5 milhões no 4t21, crescimento de 25,7% na comparação com o 3t21 e queda de -30% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Margem líquida da Sequoia ficou em -0,4% no 4t21, apresentando retração de -5,5 p.p na comparação com o 4t20.

Para fazer uma análise do desempenho da empresa, quanto a empresa gera de retorno financeiro, avalie também outros indicadores de rentabilidade, como o giro do ativo e o Retorno sobre o Ativo (ROA).

Endividamento da Sequoia

Os indicadores de endividamento da Sequoia estão dentro da normalidade, apresentando uma dívida bruta / patrimônio líquido de 111,2%, abaixo da sua média dos últimos 3 anos.

A dívida líquida da Sequóia em dezembro de 2021, totalizou R$ 500,7 milhões, apresentando retração de -0,6% na comparação com setembro de 2021.

Além do endividamento, lembre-se sempre de analisar os outros indicadores de estrutura de capital da empresa, como o endividamento geral, terceiros, composição e imobilização de recursos e não recorrentes.

Faça uma comparação do endividamento dos concorrentes da empresa, que estão inseridas no mesmo setor.

Por fim, avalie também os indicadores de liquidez que fazem parte do conjunto de índices financeiros, para  medir a capacidade financeira da empresa em satisfazer seus deveres junto a terceiros.

Indicadores Fundamentalistas da Sequoia

Veja abaixo os principais indicadores fundamentalistas da Sequoia para iniciar a sua análise dos fundamentos da SEQL3.

Indicador 09/2021 12/2021 Evolução
Preço/Lucro (P/L) 1.185,2 -110,4 -109,3%
Preço/Valor Patrimonial (PVPA) 3,6 3,3 -8,3%
Price Sales Ratio (PSR) 1,5 1,3 -20 p.p.
Valor de Mercado (R$) R$ 2,2 B R$ 2,0 B -9,1%
Ebitda (R$) R$ 56,2 M R$ 67,7 M 20,5%
Lucro por Ação (LPA) $ 0,0131 -0,1281 -1.077,9%
Rent. Patr. Líq. (ROE) % 0,3% -3,0% -3,3 p.p.
Margem Líquida % 0,1% -1,2% -1,3 p.p.
Liquidez Corrente 1,2 1,2 0 p.p.
Data Divulgação 09/11/21 09/03/22

* Indicadores com base na data de 09/03/2022.  Fonte: GuiaInvest

Para aplicar todos esses filtros e fazer uma rápida análise fundamentalista, levei menos de 5 minutos com a ferramenta GuiaInvest PRO.

Você pode assinar a ferramenta com preço promocional e ainda receber gratuitamente o PDF “13 Ações do Corona Opportunity”, que são empresas de setores variados, com o Score mais alto de cada setor.

Teleconferência de Resultados Sequoia 4t21

Ouça aqui a Transmissão da Teleconferência da Sequoia do 4t21.

Documentos e arquivos dos Resultados da Sequoia do 4t21.

Para conferir os resultados de outros trimestres, em texto ou áudio, acesse a Central de Resultados da Sequoia.

Predict agrega previsibilidade nas entregas do e-commerce

Ao mesmo tempo em que o setor de transportes de cargas fracionadas atua com grande volume de movimentações neste início de 2022, por conta do novo patamar de vendas no comércio eletrônico atingido durante a pandemia, mais fatores positivos são agregados na experiência de entrega dos produtos comprados pela internet.

A Jadlog, uma das maiores empresas de transportes de cargas expressas fracionadas do Brasil e a transportadora privada mais utilizada pelo e-commerce, vem atuando neste sentido com o Predict, o serviço inovador que envia mensagens via SMS avisando o e-shopper sobre o horário de entrega de sua encomenda, com acuracidade de até uma hora do informado. Assim, a transportadora está elevando a taxa de sucesso da primeira tentativa de entrega e melhorando a jornada de compra online.

“O Predict estabelece uma comunicação assertiva, ou seja, mais clara, dinâmica e respeitosa com os clientes, algo que aprimora as entregas. Ao mesmo tempo, confere mais conveniência e previsibilidade na logística de última milha tanto para o consumidor, que consegue se programar para receber seu produto, quanto para os embarcadores, porque tal tecnologia eleva a taxa de sucesso na primeira tentativa de entrega”, observa Bruno Tortorello, CEO da Jadlog.

Segundo Tortorello, o Predict, além de elevar o sucesso de entrega na primeira visita, está diminuindo o tempo de espera por parte do consumidor final. Na Europa, o Predict é responsável por reduzir o insucesso de entrega pela metade.

Implantado em mais de 20 países na Europa pela rede DPDgroup, líder de entregas de encomendas expressas naquele continente e controladora da Jadlog, o Predict está no Brasil desde o fim de maio do ano passado. Atualmente, a solução está disponível para um número maior de embarcadores do e-commerce que são parceiros da Jadlog, especialmente aqueles com entregas em cidades de regiões metropolitanas e capitais.

“O serviço informa o destinatário via SMS, já no dia da entrega, com a janela de 1 hora de variação de quando a encomenda será entregue. Com esta inovação, alcançamos um novo patamar em termos de digitalização e tecnologia de entregas, bem como um novo padrão de excelência no mercado”, explica Tortorello.

Tratamento diferenciado

Nas compras dos embarcadores que optaram pelo serviço, a encomenda é selecionada como Predict e passa a ter um tratamento diferenciado pela Jadlog, que já a insere no roteirizador e estima o horário previsto para a entrega. Em seguida, no dia da entrega, o sistema envia a mensagem ao destinatário para que se organize para receber a encomenda.

Assim, o consumidor consegue acompanhar em tempo real o percurso do produto e se programar com mais precisão para recebê-lo em casa. Esta é mais uma forma da Jadlog transmitir ao consumidor final, e ao cliente embarcador, pleno comprometimento em relação às operações de delivery.

Alphabet atinge marca de 200 mil entregas com drones

O serviço de drones da Alphabet, Wing, anunciou esta manhã outro marco, pois atingiu 200.000 entregas comerciais. O número, que a empresa diz excluir voos de teste, vem meio ano depois de atingir 100.000 . A Austrália, que tem sido o principal mercado para testes e implantação comercial, compreende 30.000 dessas entregas nos primeiros dois meses deste ano.

Dividindo ainda mais, Wing diz que foram mais de 1.000 entregas em um dia, ou uma entrega a cada 25 segundos ou mais. O grande número redondo chega ao anunciar uma parceria comercial com a Coles, uma das principais redes de supermercados da Austrália. O acordo prevê que a Wing entrega 250 itens diferentes, de alimentos a produtos de saúde e produtos de higiene pessoal, na capital da Austrália, Canberra.

  • Outras adições recentes ao serviço de entrega incluem KFC e comida vietnamita da Roll’d, bem como testes rápidos de COVID-19 da Friendly Grocer e crianças de primeiros socorros da St. John Ambulance QLD. Número grande e redondo à parte, a eficácia da entrega de drones em áreas urbanas ainda é um ponto de interrogação, já que muitos serviços estão de olho mais ativamente na robótica terrestre como o futuro da entrega de última milha.

A tecnologia faz algum sentido para áreas rurais e outras de difícil acesso, mas Wing insiste que sua abordagem também é adequada para a vida urbana.

“Integrar a entrega de drones na vida cotidiana não é apenas uma conveniência adicional”, diz o Google em um post de blog hoje. “Ele mantém a promessa de reduzir o congestionamento de tráfego, acidentes e emissões de gases de efeito estufa, enquanto aumenta as vendas para as empresas e, ao mesmo tempo, dá às pessoas mais tempo em suas vidas ocupadas. Se você quiser dar uma olhada nesse futuro, basta olhar para a Austrália.”

Enquanto isso, o serviço concorrente da Amazon, Prime Air, sofreu demissões durante a pandemia, deixando dúvidas sobre a viabilidade desse método de entrega.

Uso de dados, veículos elétricos e outras tendências seguem no radar da gestão de frotas em 2022

Em 2022, a utilização de tecnologias e inovações para uma gestão logística eficiente ganha força. Esse cenário leva em consideração o momento atual, em que a tecnologia está alavancando ainda mais a demanda pelo transporte rodoviário no Brasil e com novos desafios surgindo para os gerentes de frota e motoristas, tais como o alto custo do combustível e os altos pedidos de entregas tardias de última milha no país.

Por isso, o Managing Director da Geotab para o Brasil, Eduardo Canicoba, identificou cinco tendências para o mercado que podem ser úteis. Segundo o executivo, a seleção foi feita para ajudar as empresas brasileiras a promover a inovação, otimização e redução de custos em frotas de todos os tamanhos.

1) PLANEJAMENTO NAS ENTREGAS LAST MILE

O setor logístico é um elemento essencial e crítico da economia, especialmente em países como o Brasil que possui um dos maiores gastos nesse setor do mundo. De acordo com o estudo Panoramas Setoriais 2030 – Logística, os custos logísticos no país são elevados pelo transporte de cargas feitos nas rodovias em longas distâncias, pela falta de qualidade na infraestrutura nas estradas e pelas dificuldades de integração racional do fluxo logístico, gerando estoques indesejáveis.

No início da paralisação global causada pelo aumento dos casos de Covid-19, muitas empresas venderam suas frotas de veículos para ajudar a compensar despesas inesperadas. Ainda que as frotas brasileiras não tenham sido tão afetadas em demanda, por conta do aumento das vendas online, o mercado volta lentamente a aquecer e a fazer com que essas mesmas empresas precisem adquirir mais veículos para acompanhar os níveis atuais de transações.

E é nesse sentido que o planejamento por meio da telemática se faz necessário, principalmente para obter mais eficiência nas entregas last mile, ou seja, a etapa final da entrega que é tão relevante na experiência de compra do consumidor.

2) O VALOR DOS DADOS NA TOMADA DE DECISÃO

O aumento da acessibilidade dos dados será ainda mais relevante para as frotas em 2022. Quando a empresa conecta dados de diferentes fontes, por meio da telemática, é possível visualizá-los estrategicamente, otimizando a operação.

Essa visualização é ainda mais nítida quando os dados são centralizados em uma única plataforma que pode ser compartilhada, com o foco de acelerar o fluxo de trabalho e os relatórios. Não se trata mais apenas de prever onde uma frota está localizada, mas sim o que é feito para entender e gerenciar esses dados.

O valor está na compreensão do objetivo comercial de impulsionar a produtividade e a utilização dos ativos através dos dados. De agora em diante, é importante trabalhar de forma mais inteligente com menos, compreendendo o custo total da operação de equipamentos e adequando veículos e equipamentos às necessidades antes que elas aconteçam.

3) O IMPACTO DA DIGITALIZAÇÃO NAS VENDAS

Quando se trata de gestão de frotas, o registro em papel praticamente saiu de cena – ainda mantido apenas pela regulamentação da profissão do motorista no Brasil, que exige relatórios diários neste formato.

Por meio da tecnologia telemática da Geotab, por exemplo, os gerentes de frota têm acesso a várias ferramentas para obter uma visão mais clara das operações em tempo real, o que leva a operação a outro nível de inovação, otimizando tempo e custos.

As tecnologias de análise de dados precisam ser parte do dia a dia e integradas com o negócio para que a digitalização realmente aconteça. Com a integração, é possível gerenciar um alto volume de dados em tempo real, promovendo agilidade com eficiência na entrega e, consequentemente, ajudando a vender mais.

4) MOBILIDADE E VEÍCULOS ELÉTRICOS

A eletrificação da frota também significa trocar as frotas de motores de combustão interna por veículos elétricos (VEs). No Brasil, várias grandes empresas estão investindo em VEs principalmente como um incentivo para o desenvolvimento econômico. Segundo a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), as vendas de veículos elétricos e híbridos no Brasil atingiram 27.097 unidades entre janeiro e outubro de 2021, um aumento de 74% em relação ao mesmo período em 2020 (15.565).

Além dessa, as vantagens de obter frotas elétricas são inúmeras, entre elas, um melhor custo total de propriedade e ROI operacional, redução do custo de combustível e manutenção, custo de eletricidade inferior ao de combustíveis fósseis e conformidade regulatória com as exigências de emissões.

Com todos os benefícios, a eletrificação segue crescendo, mas muitos gerentes e proprietários de frotas não têm certeza sobre como iniciar sua jornada de eletrificação. Para ajudar a simplificar este processo, a Geotab oferece uma ampla variedade de ferramentas e soluções de eletrificação de frotas, como a de avaliação de adequação de veículos elétricos (EVSA), que ajuda as frotas a identificar a forma ideal de eletrificar a frota atual de acordo com o negócio, além de oferecer suporte estendido à marca e ao modelo do veículo elétrico.

Com várias opções de relatórios de VE e dados em tempo real sobre a porcentagem de carga da bateria e o status de carregamento, a telemática da Geotab acompanha as necessidades das frotas de VEs para melhorar a condução, reduzindo custos e ajudando na segurança.

5) A META DE ZERAR EMISSÕES DE GEE

Além dos esforços nas próprias operações para chegar ao nível zero, com o setor de transporte sendo responsável por uma fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo, a Geotab reconhece que o maior impacto nas mudanças climáticas pode ser realizado por meio do foco em ajudar os mais de 49 mil clientes e parceiros globais a alcançarem resultados de transporte sustentáveis.

A mudança para carros elétricos reduz as emissões de gases poluentes, fazendo com que as frotas de veículos elétricos possam operar dentro das zonas de emissão baixas ou zero exigidas pelo governo.

Com os recursos de Big Data, a Geotab também aprimora o conhecimento da indústria de VEs. A empresa pode fornecer informações sobre os dados de desempenho de EV, incluindo tendências de degradação da bateria e como fatores como a temperatura afetam as operações. Os legisladores e membros da indústria de VEs, em geral, podem acessar adicionalmente o conjunto de dados de circulação e eletrificação de veículos agregados pela Geotab como uma ferramenta útil para informar estratégias e desenvolver soluções para resolver desafios do mundo real.

Quick commerce: 95% dos consumidores gostariam de reduzir os prazos de entrega

Depois de analisar o comportamento dos consumidores no mobile commerce, a segunda parte da pesquisa do Capterra, plataforma líder mundial de avaliação e seleção de software para empresas, foca nos serviços rápidos de entrega, também chamados de quick commerce.

Com prazos mais curtos, quick commerce já é realidade no Brasil

Em um país com as dimensões continentais como o Brasil, a logística pode parecer um entrave para o comércio eletrônico. Um exemplo é a Black Friday de 2021. Mal havia começado o evento e a principal reclamação na plataforma Reclame Aqui estava relacionada à entrega de produtos, já que muitas empresas passaram a oferecer prazos bastante curtos (e inalcançáveis).

O fato é que o consumidor espera seus pedidos entregues “para ontem”, conforme mostra nova pesquisa do Capterra, que entrevistou 1.063 pessoas de todo país para entender suas expectativas sobre o processo de entrega rápida de suas compras, em torno do conceito de quick commerce —confira a metodologia completa no final do texto.

Não alheias à realidade estão as grandes varejistas que já se empenham em oferecer entregas rápidas, inclusive batalhando pelo uso do slogan de “entregas mais rápidas” do Brasil.

Para ganhar mais agilidade no tema de logística e fazer entregas mais rápidas, a Amazon, por exemplo, inaugurou três centros de distribuição no país em apenas dois meses, nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará.

Além disso, o setor logístico também se mostra empenhado em atender às demandas dos consumidores. Por exemplo, o Brasil registra atualmente 19 startups consideradas unicórnios, sendo que três delas atuam na área de logística.

Apesar disso, o esforço realizado tem sido suficiente? Qual a expectativa dos consumidores acerca das entregas online? Veja os dados da pesquisa para entender o comportamento dos consumidores.

O que é o quick commerce?

Também conhecido pelo acrônimo q-commerce, o quick commerce é uma modalidade de comércio eletrônico em que o tempo de entrega é o protagonista das transações. Tratam-se de processos de entregas mais rápidos e ágeis que deixam de acontecer em dias para serem efetuados em horas, se possível.

Para essa estrutura se tornar realidade, emprega-se estruturas com foco em agilidade: entregas sob duas rodas (em bicicletas ou motos), armazéns estrategicamente organizados e posicionados, além do uso de “dark stores” —galpões destinados apenas ao armazenamento, separação e envio dos pedidos dos clientes. Outro importante fator é que as operações podem ser executadas 365 dias por ano, durante 24 horas, nos sete dias da semana, para atender os consumidores mais apressados.

Nesse sentido, empresas buscam estratégias para se tornar mais eficientes e reduzir o prazo de entregas. O Mercado Livre inaugurou um centro de distribuição na Grande São Paulo para itens de grande porte com o objetivo de reduzir para um dia o prazo de entrega na capital paulista –atualmente esse número varia entre 3 e 10 dias.

Já a Rappi lançou o serviço de entregas chamado Rappi Turbo, que promete entregas em até 10 minutos para produtos de conveniência, que ficam armazenados em suas próprias dark stores.

Consumidores querem entregas em até dois dias

Consumidores estão mais imediatistas em relação ao prazo de entrega das suas compras online. Isso porque a maior parte dos entrevistados (49%) declarou que a rapidez é o item mais importante na entrega dos seus pedidos, superando inclusive questões como preço.

Com q-commerce, rapidez é mais importante que preço

No entanto, de nove categorias de produtos analisadas pelos entrevistados, para cinco delas os respondentes disseram que a entrega demora mais de cinco dias para chegar, conforme demonstra o gráfico a seguir.

Maioria dos produtos são entregue em mais de 5 dias

Obviamente o tipo de mercadoria e sua finalidade influencia diretamente no tempo de entrega.

Enquanto os produtos de casa e decoração, que podem incluir utensílios grandes, são os que mais demoram para chegar na casa dos clientes (43% disseram que esse tipo de produto costuma ser entregue em mais de 5 dias), os medicamentos e produtos farmacêuticos são os que chegam com maior rapidez —34% dizem que eles costumam ser entregues em menos de uma hora.

Sendo assim, os resultados levantados pelo Capterra mostram que, nas compras online, expectativa e realidade parecem não caminhar juntas, e isso fica evidente especificamente por dois fatos:

  • Quase a totalidade dos entrevistados (95%) relatou que gostaria de reduzir os prazos de entrega.
  • Na análise do período de entrega aceitável para cada tipo de produto, a maioria dos entrevistados sinalizou que espera que seus pedidos sejam entregues entre um e dois dias úteis.

Em relação à última informação, as únicas exceções foram medicamentos e produtos farmacêuticos –para este tipo de produto, a maioria espera que chegue em menos de uma hora–, e produtos fitness que, na maior parte dos casos, não são comprados de forma online.

Metade quer entregas de supermercado em até uma hora

A crise de COVID-19 tirou as pessoas das prateleiras de supermercados e as levou a fazer compras em páginas web. Este hábito de consumo parece ter se consolidado porque, mesmo com a flexibilização do distanciamento social, as pessoas esperam entregas rápidas para supermercados. As compras de supermercado pela internet foram uma das categorias que mais cresceram na pandemia –o número de pessoas que fez pedido online em supermercados saltou de 9% em 2019 para 30% em 2021.

Depois de medicamentos e produtos de farmácia, a segunda categoria que as pessoas esperam entregas ultra rápidas, em menos de uma hora, são os produtos de supermercados. Um a cada dois entrevistados acham aceitável que sejam entregues em menos de uma hora. Os itens de supermercado incluem produtos de açougue, hortifrutis e empórios.

Embora os números possam parecer pouco realistas, as empresas tentam se adaptar às demandas. Grandes supermercados se organizam para acelerar entregas. Por exemplo, a plataforma de entregas Rappi, fez parceria com os supermercados para realizar suas entregas, entre eles, o Mambo em que passou a prometer entregas em até 10 minutos para uma de suas unidades na capital paulista.

Outro exemplo foi o fortalecimento de supermercados digitais, com foco em entregas rápidas. A plataforma Shopper recebeu duas rodadas de investimento em 2021 para impulsionar sua expansão. No mesmo caminho, a plataforma de supermercado online Daki, que oferece entregas em 15 minutos, tornou-se o novo unicórnio brasileiro com apenas 10 meses de existência.

Estimativa de entrega influencia nos pedidos de delivery em restaurantes

No estudo do Capterra, 85% dos entrevistados disseram que fazem pedidos online para entrega de comidas e bebidas.

De acordo com a maioria dos entrevistados (69%), o prazo aceitável para este tipo de transação é de 30 minutos a 1 hora. Em seguida, um quarto dos entrevistados defende que seus pedidos de comida deveriam ser entregues em menos de 30 minutos.

Quick commerce em restaurantes: como cada item influencia na entrega

Na avaliação do estabelecimento onde compram bebidas e comidas online, 81% dos entrevistados disseram que o tempo estimado de entrega influencia muito. Ainda sobre questões logísticas, para 63%, as informações de rastreamento possuem muita influência.

Entretanto, embora as questões logísticas tenham um peso importante, a avaliação de um restaurante é mais influenciada pela qualidade da comida e bebida, já que 87% dos entrevistados disseram que esse fator tem muita influência.

Maioria vê relevância em entregas no mesmo dia

O lançamento de serviços como Amazon Prime deu visibilidade às entregas rápidas. Também chamadas de same day delivery, no estudo do Capterra, a maior parte dos entrevistados (73%) disse acreditar que a modalidade de entrega no mesmo dia é relevante.

Para algumas pessoas, inclusive, este é um fator que as levaria a deixar de comprar em uma loja. Por exemplo, as pessoas entre 26 e 35 anos, também denominadas como geração millennial, são as que estão mais propensas a não comprar em uma loja que não oferece entregas no mesmo dia.

Millennials são os mais influenciados por quick commerce

Atualmente, 38% disseram pagar por um serviço premium que dá mais rapidez às entregas de seus pedidos. Dos que pagam, 8 em cada 10 disseram que estão satisfeitos com o serviço e pretendem continuar pagando por ele.

Já aqueles que não pagam pelo serviço, pouco mais da metade dos consumidores (51%) acham o preço muito alto desses serviços.

Clientes querem entregas rápidas, mas não pretendem pagar a mais por elas

Embora sejam entusiastas das entregas no mesmo dia, a maioria dos consumidores não está disposta a pagar a mais, em nenhum tipo de produto, para recebê-lo no mesmo dia.

No entanto, na categoria de eletrônicos, é relativamente expressiva a quantidade (50%) daqueles que topam pagar entre 5% e 10% para receber rapidamente seus produtos.

Quanto a mais as pessoas topam a pagar por produtos dentro do q-commerce

No outro extremo, os produtos que as pessoas estão menos dispostas a pagar mais para receber com rapidez são cosméticos e produtos fitness —ambos registraram uma cifra acima de 50%.

Atualmente, somente 25% dos entrevistados disseram que estão dispostos a deixar de comprar em uma loja que não oferece entrega no mesmo dia. Apesar de a maioria não deixar de comprar por esse motivo, ainda assim é importante ter em mente que as pessoas buscam agilidade na entrega de seus pedidos.

Decisão de compra também está atrelada à logística

O nível de satisfação com uma loja é muito influenciado pelo serviço de entrega, de acordo com a maior parte dos entrevistados (56%).

Na seleção de um fornecedor, quase dois terços dos entrevistados (64%) são influenciados em algum grau pelo tempo de entrega oferecido por uma loja.

Ainda assim, o principal problema com as entregas das compras são as altas taxas de frete (38%), e, em seguida, os atrasos na entrega (26%).

Com pandemia, consumidores esperam pagar menos pela entrega dos pedidos

A guinada das empresas ao oferecimento de serviço q-commerce parece ter sido impulsionada pela pandemia, que influenciou mais pessoas a comprar online. Segundo a pesquisa do Capterra, 66% compram mais em lojas online atualmente do que costumavam comprar antes da crise sanitária.

Antes do COVID-19, 72% costumavam comprar online mais de uma vez por mês. Após março de 2020, quando houve a disseminação do coronavírus, 90% passaram a fazer compras online mais de uma vez por mês.

Em relação à expectativa com logística, 41% disseram que ela mudou com a pandemia, pois passaram a esperar pagar menos pela entrega dos produtos. Em seguida, 40% passaram a esperar que os produtos cheguem no mesmo dia.

4 importantes pontos para a criação de um sistema de entregas rápidas

Não apenas grandes redes de supermercado fortaleceram sua presença online. Pequenos e médios mercados também tiveram que modificar a operação para abocanhar os clientes digitais. Pesquisa da Sincovaga mostra que, dos mercados que aumentaram as vendas na pandemia, 63% dos estabelecimentos registrou alta com venda online. Para criar uma operação online para mercado é necessário:

1. Recebimento de pedidos

Crie um canal para receber os pedidos online de seus clientes. Através de softwares para criação de sites, você poderá criar uma versão online da sua loja ou restaurante. Se quiser oferecer mais um tipo de canal para atendimento, vale a pena considerar a criação de um aplicativo próprio –plataformas low code tornam mais acessível o desenvolvimento. Contas de redes sociais também são uma opção para a criação de uma operação online.

Outra maneira de receber os pedidos de seus clientes é por meio de uma conta WhatsApp  Business, em que os pedidos podem ser feitos via chat.

2. Administração de pagamentos

Para finalizar as compras, é possível tramitar as transações por meio de sistemas de pagamentos, que ajudam a processar vendas por cartão de crédito, por exemplo. Segundo pesquisa do Capterra, o cartão de crédito ainda é o principal método escolhido pelos brasileiros para pagar suas compras, no entanto, não há como ignorar outros potenciais métodos, como PIX e cartão de débito.

Além disso, dependendo do suporte que você escolher para levar a sua operação online, será necessário pensar em outros métodos de recebimento. Por exemplo, sistema de pagamentos por celular pode ser relevante em uma operação focada em dispositivos móveis.

3. Expedição de mercadorias

Uma das partes críticas para a criação de uma logística rápida é um bom serviço de separação e expedição de mercadorias. A boa organização do estoque é o primeiro passo. É possível realizá-lo manualmente, mas ferramentas como software de gestão de estoque e sistema de controle de estoque ajudam no gerenciamento de pedidos ao permitir um rápido rastreamento de mercadorias, também emitindo relatórios que ajudam a reposição do estoque.

Software de código de barras também ajuda na eficiência do inventário e, no caso do software de impressão de etiquetas, a emissão de etiquetas dá agilidade no processo de embalagem de mercadorias.

4. Organização da entrega

Para montar um sistema de entrega a domicílio é necessário decidir entre a criação de uma frota própria ou uso de aplicativos de entrega.

No caso da frota própria, além da aquisição de veículos e contratação de funcionários, é importante usar ferramentas que tornem a entrega mais eficiente. Por exemplo, sistemas de roteirização e softwares de gestão de entregas ajudam na criação de uma rota mais inteligente, inclusive quando inclui diversas paradas. Já programas rastreadores de GPS e sistemas de gestão de frotas colaboram com a administração e manutenção dos veículos utilizados na entrega.

Para dar visibilidade aos consumidores acerca do seu pedido, vale a pena usar software de rastreamento de entregas, que ajuda a mantê-los informados.

No caso da escolha de aplicativos de entrega, além de administrar o serviço de delivery, essas plataformas administram o fluxo de usuários, a distribuição entre entregadores e o sistema de pagamento mediante a cobrança de uma taxa. Neste caso, é importante avaliar qual empresa oferece as melhores condições para o seu negócio.

Na escolha da melhor opção logística, tenha em mente que atualmente o grau de sustentabilidade de uma empresa influencia a escolha dos consumidores por uma marca. Portanto, é importante considerar o uso de entregas sustentáveis.


Metodologia

Para reunir os dados presentes neste estudo, o Capterra realizou um levantamento online entre os dias 7 e 9 de novembro de 2021. Na ocasião, foram ouvidos 1.063 consumidores que costumam comprar online, com mais de 18 anos e de todas as regiões do país (com 50% dos entrevistados do sexo feminino e 50% do sexo masculino), pertencentes a diferentes faixas de renda. Os resultados são representativos da pesquisa, mas não necessariamente da população como um todo.