Depósitos apostam no e-commerce e ganham versão só para empresas

Na Good Storage, a participação dos clientes pessoa jurídica era quase zero em 2019; neste ano, a fatia deve ser de 50%.

A Good Storage surgiu em 2013 de olho em um mercado bastante forte em outros países, especialmente nos Estados Unidos, mas ainda pouco explorado no Brasil: os depósitos chamados de self-storage, que são vistos como uma opção para estocar itens que não cabem mais nas residências. Agora, porém, o que está movimentando o mercado não são pessoas em busca de mais espaço, mas sim companhias de comércio eletrônico procurando meios de facilitar e acelerar as suas entregas.

Segundo Thiago Cordeiro, presidente da Good Storage, a demanda das empresas do setor por esses espaços deu um salto nos últimos anos. Se em 2019 a procura era quase zero, em 2022 o segmento deve representar uma fatia de 50% do negócio. Hoje, a empresa possui 19 unidades e outros três parques logísticos voltados aos clientes corporativos.

De acordo com Cordeiro, já estão em construção outras nove unidades e quatro parques logísticos, que devem ser entregues até o fim de 2024.

Com as entregas, a área bruta locável da Good Storage vai passar de 133 mil metros quadrados para 245 mil metros quadrados, um aumento de 84%. No total, com as inaugurações previstas nos próximos dois anos, a companhia terá investido cerca de US$ 300 milhões (mais de R$ 1,5 bilhão). O investimento vem da gestora de private equity Evergreen, que tem US$ 5,7 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões) sob gestão.

Tanto investimento se apoia no fato de que, com a disputa mais forte na velocidade das entregas das compras feitas pela internet, as grandes varejistas encontraram nos self-storages uma saída para ampliar a eficiência do last mile – a última etapa do envio das mercadorias. Neste cenário, a companhia estima crescer 30% e chegar a um faturamento de R$ 100 milhões.

“Os negócios são similares e temos o mesmo posicionamento de tentar resolver o mesmo problema para pessoas físicas e empresas, que é a falta de espaço”, diz o executivo. “Queremos estar nos lugares certos da cidade e trazer essa facilidade.”

Diferenças

Se nos empreendimentos destinados a pessoas físicas, reinam os depósitos com formato similar às garagens e espaços de 1 m² a 150 m², nos parques logísticos há também espaço para as empresas montarem a sua operação, em uma área que ultrapassa os 2 mil m² – é justamente nesse segundo modelo de negócio que a empresa está apostado para os próximos anos.

Para Cordeiro, esses investimentos estão longe de suprir a necessidade deste tipo de espaço logístico em São Paulo. Então, é praticamente certo que novas captações sejam necessárias para manter o ritmo de expansão. No longo prazo, até mesmo a abertura de unidades em outras cidades além da capital paulista está em estudo. De acordo com dados da consultoria Brain, apesar do otimismo de Cordeiro, a vacância no mercado de depósitos ainda é alta. No terceiro trimestre de 2021, último dado divulgado, 20,8% da área bruta locável estava vazia.

Para Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor da Brain, o fato de as empresas de comércio eletrônico abraçarem o modelo para agilizar suas entregas pode trazer, no futuro, vantagens também para os clientes pessoa física no setor.

“À medida que o setor cresce e ganha escala, ele passa a ter preços mais competitivos, o que o tornará mais acessível às pessoas físicas”, diz Araújo. “E esse é um mercado que pode desacelerar, mas dificilmente vai retrair, já que tem um espaço muito grande para crescer.”

Dois modelos

  • Para residências: O modelo clássico dos depósitos pessoais serve de “abrigo” para móveis que não cabem mais nas residências: por isso, os boxes desses empreendimentos partem de apenas 1 metro quadrado
  • Grandes espaços: Em contrapartida, muitas empresas mantêm um grande quantidade de produtos nos parques logísticos urbanos, cujas áreas individuais podem superar 2 mil m²

Em meio ao crescimento dos aplicativos de entrega, Lalamove anuncia integração com a Nuvemshop focada em PMEs

A Lalamove, plataforma online de soluções em entregas que conecta usuários e empresas a motoristas parceiros, acaba de anunciar parceria inédita e direcionada para PMEs com a Nuvemshop, plataforma de e-commerce líder na América Latina com mais de 90 mil lojas. O intuito da aliança é promover mais eficiência para os processos logísticos dos e-commerces, visando as entregas super expressas (em até duas horas), área de especialidade da Lalamove, com foco maior em capitais e regiões metropolitanas.

As entregas feitas por aplicativos estão aumentando nos últimos tempos, porque as PMEs estão diversificando cada vez mais a logística dos seus e-commerces e investindo em entrega rápida, principalmente em datas importantes para o comércio. Segundo dados disponibilizados pela Nuvemshop, houve um crescimento significativo no percentual de envios realizados por aplicativos de entrega no último ano, que partiu de 27,5% (no primeiro trimestre do ano) para 39,3% (no último trimestre).

“Esses dados apontam uma mudança nos hábitos dos lojistas e consumidores, que passaram a demandar serviços de transporte mais rápidos. Com isso, no mesmo período, também observamos uma diminuição de 30% nos envios realizados por serviços tradicionais de entrega. Essa é uma tendência que deve continuar forte neste ano”, aponta Luiz Natal, Gerente de Desenvolvimento de Plataforma da Nuvemshop.

Para Albert Go, Diretor Regional LATAM da Lalamove, a ação não poderia ter vindo em melhor hora, “trata-se de uma união estratégica entre negócios. A integração trará inúmeros benefícios para os parceiros a curto e longo prazo. Agora, os lojistas poderão contar com a expertise da Lalamove e garantir qualidade e eficiência para os processos logísticos de seus negócios”, completa o executivo. O forte da empresa está nas entregas expressas, principal demanda para os comerciantes com a valorização do e-commerce, principalmente após o crescimento desse segmento na pandemia. Durante esse período, a Lalamove registrou um aumento de 30% no número de entregas expressas.

A Lalamove conta atualmente com cerca de 100 mil usuários e mais de 40 mil motoristas parceiros cadastrados, que realizam em média 50 mil entregas diárias, em serviços promovidos por carretos, utilitários, SUVs, minivans e motos.

Um dos principais benefícios com a parceria é a experiência do cliente, que contará com uma forma de envio mais rápida e eficaz, além de um valor de frete condizente a cada região, de acordo com a cobertura oferecida. A integração chega para atender às demandas dos clientes, visto que condições como prazos de entrega muito longos influenciam no abandono do carrinho de compras.

A pesquisa “Compras e pagamentos em lojas online”, desenvolvida pela Nuvemshop com o apoio das plataformas Iugu e Pagar.me., revelou que para 10% dos consumidores o longo prazo para entrega de um produto os influenciaram a desistir de uma compra. Este dado reforça a importância das entregas expressas para o e-commerce.

Por meio dessa nova integração, a Nuvemshop amplia a gama de serviços focados em logística para o e-commerce, especialmente em entrega expressa. “Reforçamos o DNA de plataforma aberta da empresa, integrando ao ecossistema novos parceiros para oferecermos diversas ferramentas e tecnologias que facilitam a gestão e o dia a dia do negócio online. Com a Lalamove, investimos em uma integração para entrega expressa, que faz muita diferença para segmentos como alimentos e outros produtos mais perecíveis. Nosso objetivo é construir o maior ecossistema de e-commerce da América Latina e apoiar todos os tipos e tamanhos de empresas e PMEs”, afirma Natal.

Como funciona a integração

A integração é feita por meio de um plugin da Lalamove disponível diretamente na plataforma da Nuvemshop, onde o lojista consegue fazer o download dessa extensão para utilizar o serviço. Caso ainda não seja cadastrado, a Lalamove entrará em contato com o lojista para efetuar o cadastro.

Para utilizar o serviço, o comerciante deve abrir uma solicitação de transporte com a Lalamove, feito isso, será analisado o tamanho da entrega e o melhor veículo (caminhão/carro/moto), para atender a demanda, já com as especificações de valor apresentadas. A partir da confirmação pelo motorista parceiro, é gerado o código de rastreio, além de ser possível acompanhar em tempo real o trajeto da encomenda.

Caso não haja a confirmação para o transporte, serão feitas até três tentativas (pelo próprio app da integração), para encontrar um veículo disponível para realizar a entrega. Se a situação persistir, será necessário realizar uma nova solicitação.

Amazon experimenta senha única para aumentar segurança em entregas

A Amazon começou a liberar um novo método de segurança para aumentar a proteção das suas entregas. Ele consiste na chamada “senha única”, utilizada no caso de compra de produtos com um valor considerável.

A intenção da iniciativa está em entregar um nível adicional de segurança, na aquisição de itens de um determinado preço, a fim que eles não sejam entregues a pessoas não autorizadas. Isso evitaria o roubo de produtos.

A senha única é composta por seis dígitos e enviada para o e-mail cadastrado na conta do e-commerce, logo após o envio. Também dá para conferir o código dentro da seção de rastreio, na própria plataforma da varejista.

Na prática, o consumidor deverá receber a senha e falar ao entregador, na hora da entrega do produto. Ela possui validade até o final do dia da entrega. Caso o usuário não esteja disponível, a Amazon permite que o código seja compartilhado com uma pessoa da sua escolha, a qual poderá receber a compra no seu nome.

Caso não tenha ninguém para ficar com o pacote no dia específico, a loja tentará entregar de novo no próximo dia útil.

Até o momento, não há uma lista de localidades que já testam o recurso. No entanto, o TudoCelular conseguiu acessar a página que detalha a função nas versões americana e italiana do site da Amazon. Já para o Brasil – onde a companhia atua em vendas mais amplas desde outubro de 2017 –, não parece estar disponível até o momento.

Pesquisa mostra preparo dos lojistas em relação à experiência da entrega

Pesquisa da AgileProcess em parceria com o E-Commerce Brasil levantou dados sobre a experiência de entrega no e-commerce.

A pesquisa mostra que 65% dos lojistas usam os Correios para realizarem suas entregas. Podendo assinalar mais de uma alternativa, 62% dos lojistas também usam transportadoras privadas para a tarefa.

Além disso, 22% fazem as entregas com uma frota própria e 7% usam distribuidoras.

Opções de entrega

Para o sucesso das operações logísticas, boa parte dos lojistas usam mais de uma opção de entrega. 65% assinalaram que usam a moto como opção de entrega, assim como 57% usam carros.

Para 45% são usados caminhões e para 32% usa-se a estratégia de pontos de retirada.

Rede de entregadores (25%), bicicleta (12%) e lockers (5%) também apareceram entre as respostas.

Reclamações atreladas à entrega

70% dos lojistas afirmaram que a principal reclamação atrelada às entregas são os atrasos. 37% ainda afirmaram que são as avarias nos produtos durante o processo de entrega e 22% reclamaram da logística reversa. Por fim, 12% assinalaram as reclamações por endereço errado.

Desafio omnichannel

Já para os lojistas que aplicam ao e-commerce uma estratégia omnichannel, o principal desafio é a integração de processos, assinalada por 50% dos respondentes.

22% acreditam que seja o controle de estoque, enquanto 20% creditam o desafio às trocas e devoluções.

Além disso, 8% acham que o maior desafio omnichannel é o transporte.

Para mais informações, acesso o conteúdo complementar elaborado pela AgileProcess: https://conteudo.agileprocess.com.br/report-ecommerce

Logística Omnichannel: o segredo para uma ótima experiência online

A velocidade de entrega é um desafio em todo lugar do mundo. Congestionamentos nas cidades ou a distância para o ponto de entrega são alguns fatores que aumentam o tempo e o custo logístico. E as expectativas dos clientes são cada vez mais altas: nos Estados Unidos, 57% dos clientes entre 23 e 27 anos (e 56% entre 16 e 22 anos) afirmam que a entrega no mesmo dia é um fator importante na fidelidade a uma marca.

Esse fenômeno acontece no mercado brasileiro também: a rede de moda Amaro, por exemplo, aumenta em 48% sua taxa de conversão quando entrega o pedido no mesmo dia. Isso mostra que a velocidade é um fator cada vez mais importante na decisão de compra dos consumidores. Mas essa velocidade só é possível quando as lojas são usadas como parte do processo logístico.

Outro problema é o custo: a logística de última milha (o trecho final da entrega) representa mais da metade dos custos logísticos totais. Levar pacotes de casa em casa é caro e complexo – a ponto de não ser possível repassar toda essa despesa para o preço ou o frete. No mercado americano, um estudo mostra que cada entrega do e-commerce custa US$ 10,10 e o frete médio cobrado é de US$ 8,08: a diferença é abatida da margem de lucro.

A realidade brasileira tem um item extra: a cultura do frete grátis. Mais de 40% dos consumidores compram o item que tem frete grátis (mesmo que o prazo seja mais demorado) e 82,3% já desistiram de comprar por conta do valor de entrega.

Só existe uma saída para reduzir os custos logísticos e, ainda assim, conseguir entregar rapidamente as compras dos clientes: a logística precisa ser omnichannel.

O varejo já acordou. E você?

O uso de modelos de distribuição omnichannel já é uma realidade no varejo brasileiro. Na Black Friday 2021, por exemplo, números da Linx Digital mostram que houve um aumento de 27,4% no número de pedidos omnichannel em relação ao ano passado.

O número de lojas online oferecendo opções omnichannel mostra que o varejo abraçou a integração de canais: houve um aumento de 82% na quantidade de lojas omnichannel ativas nesta Black Friday. Além disso, a participação de pedidos enviados pela loja mais próxima foi 14% maior que em 2020 e representou 30,6% de todos os pedidos omnichannel. Já a retirada em loja saltou 88% em relação ao mesmo período de 2020 – um número que, embora relevante, foi impulsionado pela abertura do comércio no pós-pandemia.

Para que isso aconteça, porém, é preciso mudar o back office do varejo.

Onde está o “maestro omnichannel”?

A maneira mais rápida de aumentar a competitividade da logística é aumentar as opções de entrega. Isso porque um cliente pode ter níveis de urgência diferentes em cada momento: se a televisão queimou ou a ração do pet acabou, ele irá preferir receber em poucas horas – ou até mesmo ir até a loja retirar o pedido. Já para o presente de um sobrinho que fará aniversário no fim do mês, receber o produto daqui a uma semana é totalmente aceitável.

Dito dessa forma, parece simples. O problema é fazer isso com eficiência para despachar milhares de pedidos por dia. Nesse caso, conectar diretamente todas as opções de canais de relacionamento, processamento de pedidos e entrega cria uma complexidade intransponível. E, claro, gera uma enorme frustração nos clientes.

O caminho é usar um Order Management System (OMS), uma plataforma de gestão de pedidos omnichannel que centraliza todas as informações que circulam nos diferentes canais. Um OMS oferece diversas vantagens importantes para a gestão do negócio e para entregar uma experiência de compra de alta qualidade:

1)     Controle de estoque

A posição de estoque é o grande desafio da logística omnichannel: é preciso saber quantos itens de cada SKU estão disponíveis em cada loja e Centro de Distribuição, para entrega em quantos dias. Quando itens são despachados diretamente do fabricante para o cliente, acrescente mais um nível de complexidade. Com um OMS, as informações de estoque são centralizadas, passa a ser possível identificar onde há excesso de produtos.

2)     Melhor uso dos recursos

Ao saber onde está cada produto na cadeia de suprimentos, o varejista diminui a necessidade de investimentos em estoque e impacta menos o seu capital de giro. Com isso, utiliza melhor seus recursos e tem uma operação mais saudável.

3)     Adaptação às necessidades dos clientes

Quando o varejista tem visão total de seus estoques, ele sabe que pode entregar a um custo competitivo em diversas faixas de tempo e aumenta a possibilidade de oferecer opções de delivery que façam sentido para o consumidor.

4)     Redução de custos

A logística omnichannel reduz a necessidade de deslocar produtos do CD diretamente para a casa do cliente. Mais entregas passam a ser feitas a partir de lojas físicas, diminuindo os custos de transporte. Como isso se reflete também no valor do frete, aumenta a taxa de conversão, já que a entrega terá um impacto menor na decisão de compra.

O uso de um OMS, que centraliza as informações do estoque e evita rupturas, aumenta o conhecimento que a loja tem do cliente, impulsiona as vendas e melhora a tomada de decisões. Lojas físicas conectadas ao e-commerce em uma logística omnichannel passam a ter uma participação mais relevante nas vendas online, o que acelera a integração dos negócios. Como resultado, toda a operação de varejo ganha eficiência e passa a entregar o que o consumidor quer, na hora que ele quer.

‘Corrida maluca’ na logística: quem vai entregar mais rápido?

Uma semana? Um dia? Na mesma hora? Todos os consumidores querem receber o produto o mais rápido possível. E todo lojista quer proporcionar a melhor experiência a seus clientes. O boom de vendas no e-commerce vivenciado no último ano abriu os olhos de muitas companhias para a necessidade de serem reconhecidas como “a mais rápida de todas” ao entregar. Quem se beneficia dessa corrida é o consumidor. Se alguns anos atrás a “guerra” travada por e-commerces era a de quem mais conseguia oferecer o frete grátis, agora ostenta aquele que entregar mais rápido.

A entrega mais rápida, no entanto, é um assunto complexo e delicado, que depende não só da determinação e do investimento das empresas, mas também de uma infraestrutura robusta e bem organizada.

A disputa ficou tão acirrada que em julho deste ano o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) mandou Mercado Livre e Magazine Luiza provarem quem tinha a entrega mais rápida. Ambos os varejistas fizeram propagandas com o slogan. Ao final, o órgão entendeu que o Magalu tinha o direito da glória.

“Sempre que falarmos de logística, vamos nos basear em três pilares principais e que fazem toda a diferença para os clientes: entrega rápida, no prazo prometido (o que é qualidade de serviço) e com o menor custo. E uma coisa é fato: para se fazer logística rápida e barata, é preciso estar próximo ao consumidor. Por isso, transformamos as nossas mais de 1.300 lojas em minicentros de distribuição. É isso que significa oferecer a experiência multicanal para o cliente”, explica Luís Fernando Kfouri, Diretor de Logística do Magalu.

As estratégias da varejista de Franca não ficaram apenas na utilização de lojas físicas como centros de distribuição. A companhia investiu pesado em aquisições desde 2020. Para as entregas ultrarrápidas, o Magazine Luiza venceu a disputa com concorrentes e comprou a Sode (Soldados da Entrega) em julho deste ano, ampliando a sua malha logística com milhares de motos.

Mercado Livre também se movimenta

Não é porque o Conar avaliou que o Magazine Luiza tem direito a se posicionar como o varejista com a entrega mais rápida que o Mercado Livre, maior marketplace da América Latina, cruzou os braços.

O player segue com sua estratégia de investir alto em logística, com inaugurações de novos centros de distribuição e tecnologia de ponta. “Receber o produto em casa, de forma rápida, é um diferencial importantíssimo para a experiência de compra dos consumidores. Por isso, investimos fortemente na ampliação da nossa malha logística e no desenvolvimento de tecnologias próprias para cada vez mais melhorar os prazos dos envios e a experiência dos nossos milhões de usuários”, conta Luiz Vergueiro, Diretor de Logística do Mercado Livre.

Vergueiro explica como funciona o processo para que o produto chegue o quanto antes na porta da casa do consumidor. Atualmente, as entregas no mesmo dia estão dentro do modelo fulfillment, em que os produtos ficam armazenados em nossos centros de distribuição, e nós somos responsáveis por todo o processo logístico dos nossos vendedores, desde o estoque até a entrega ao consumidor final. Os nossos armazéns fulfillment comportam um grande sortimento de produtos, com mais de dez milhões de itens disponíveis. E toda essa estrutura é gerenciada por nós através de tecnologias desenvolvidas internamente, o que nos dá o controle de cada etapa do processo”.

O marketplace já realiza entregas no mesmo dia da compra em 50 cidades brasileiras, em até um dia para 2.100 cidades e no máximo em dois dias em 4.700 municípios do país. Ou seja, mais de 90% das entregas do Mercado Livre acontecem em até 48 horas.

Agora o normal é entregar no mesmo dia

No fim de julho, a Americanas entrou para o rol das empresas que podem afirmar que dispõem de uma entrega ultrarrápida. A companhia lançou o Americanas Delivery, que permite entregar uma seleção específica de produtos do marketplace em até 30 minutos.

A ação ainda é limitada por algumas categorias – como supermercados, farmácias, restaurantes, presentes, petshops – e cidades do Espírito Santo – Vitória, Serra, Vila Velha e Guarapari – além de Niterói, no Rio de Janeiro, mas tem uma proposta promissora. O desenvolvimento de uma entrega tão rápida só foi possível por causa da Shipp, plataforma de entregas rápidas com a qual a B2W firmou contrato.

A Amazon anunciou no começo de agosto que os membros da assinatura Prime em 50 cidades seriam beneficiados com a entrega no mesmo dia, independentemente do valor da compra. São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e também o Distrito Federal foram os locais beneficiados.

A novidade chegou em um momento em que a fama da Amazon de entregas rápidas começou a ser ofuscada pela aproximação de outros grandes marketplaces que atuam no Brasil, como Mercado Livre, Magazine Luiza e Americanas. Hoje, os quatro dominam a dianteira nas entregas em boa parte do país.

A entrega Prime gratuita em dois dias já é realidade para 700 cidades brasileiras há algum tempo. A falta de dark stores, ou seja, lojas ou estabelecimentos que funcionem como pequenos centros de distribuição, não parece perturbar a paz da companhia.

Para Mariana Roth, líder da Amazon Prime para o Brasil, que se manifestou na época da divulgação, o essencial é garantir que o anúncio da entrega rápida só seja feito em condições em que o marketplace consiga garantir os prazos prometidos, estratégia que visa à satisfação e melhor experiência do consumidor. Entregar antes do prometido também é visto como uma surpresa bem-vinda pela companhia.

Dark Stores e agências logísticas

Outra ferramenta da entrega rápida que beneficia muito os lojistas que se aproximam da linha de chegada é a dark store. Mesmo não sendo uma regra, o uso de estabelecimentos comerciais ou pequenos centros de distribuição mais próximos do consumidor tem garantido uma experiência mais satisfatória.

Quem usa tal estratégia com êxito é a Magazine Luiza, que utiliza o conceito como um pilar da estratégia omnichannel. Luís Fernando Kfouri, Diretor de Logística do Magalu, explica que é uma forma de oferecer uma experiência mais barata ao consumidor.

“Uma dark store pode funcionar em determinadas regiões para entregar mais rápido, mas, olhando o conjunto todo, não terá a mesma eficiência de uma loja física com conceito multicanal”, alerta, no entanto, o executivo. Segundo ele, para funcionar, a dark store precisa ter sinergia com o resto da operação.

Parte dessa sinergia foi construída pela Magazine Luiza com pesados investimentos em parceiros especializados em entregas. A aquisição da Sode possibilitou à empresa usar inteligência logística para eliminar etapas do processo de acordo com as estruturas de estoque mais próximas, entre elas as dark stores, beneficiando-se também do modelo ship from store.

Já para Luiz Vergueiro, Diretor de Logística do Mercado Livre, as agências logísticas, chamadas de Agências Mercado Livre, ajudam a compor a capilaridade necessária para as entregas mais rápidas longe dos grandes centros de distribuição. Mesmo sem dark stores, o marketplace hoje realiza entregas no mesmo dia para 50 cidades. Quando o assunto é frota própria, as duas empresas parecem ter um posicionamento parecido, sendo que ambas contam com investimentos em transporte próprio e de parceiros.

Kfouri explicou que “é possível ter entregas no mesmo dia sem ter frota própria, só existe o desafio de conseguir equilibrar os três pilares fundamentais e também conseguir escalar para o país todo com qualidade”. Já Vergueiro complementou que “não é necessário ter uma frota própria para realizar entregas no mesmo dia, mas é fundamental contar com parceiros competentes no Brasil inteiro”.

Aplicativos acelerando tudo

Quem também está de olho no crescimento das vendas do e-commerce (e na corrida para as entregas ultrarrápidas) é o GPA. Para tanto, o grupo irá ampliar sua estratégia de estar onde o cliente estiver a fim de reduzir os prazos de entrega. De acordo com um documento apresentado, o cliente que fizer sua compra pelo Clique e Retire poderá retirar seus produtos uma hora após a realização do pedido nas lojas do Extra ou do Pão de Açúcar. No caso da modalidade Express, a entrega é realizada em até duas horas após a confirmação do pagamento. Nos dois casos, além da diminuição do tempo previsto para entrega e retirada, a operação foi ampliada para os domingos.

“Ao longo do segundo trimestre, fizemos significativos avanços na modalidade de entrega rápida, que já representa 33% do total de vendas online no período. Esse sólido desempenho é impulsionado pelas novas parcerias iniciadas no primeiro trimestre deste ano”, completa o documento. Isso foi possível após a ampliação da rede com a inclusão de iFood e B2W/Americanas, em adição a Rappi e Cornershop – esses últimos já operam com o GPA desde o trimestre passado.

O superapp Rappi anunciou o serviço de entregas “Rappi Turbo”. Como o nome sugere, a modalidade promete enviar produtos em até dez minutos. Para cumprir com as entregas, a Rappi hoje opera com 61 dark stores, espalhadas em bairros de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Campinas e Niterói. Até o final do ano, porém, o plano da empresa é chegar a 150 dark stores – tudo para ampliar a cobertura das entregas ultrarrápidas.

O Mercado Livre nunca teve uma ideia central de superapp, mas tem o objetivo de avançar com o propósito de democratizar o comércio e os serviços financeiros por meio do aplicativo. Aproveitando o app e toda a malha logística, o marketplace segue com a premissa de democratizar as entregas – nesse caso, utilizando-se dos envios rápidos (e precisos) para o maior número de cidades do Brasil, e não apenas para os grandes centros. Luiz Vergueiro, Diretor de Logística da empresa no Brasil, afirma que “o objetivo é oferecer, continuamente, produtos e serviços que façam parte da jornada e do dia a dia dos nossos clientes, e atuar no momento certo da compra”.

Mercado Livre, Americanas e Magazine Luiza terão que provar ter a entrega mais rápida ou mudar propaganda

Uma decisão do Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) da última terça-feira fará com que três grandes varejistas on-line, o Magazine Luiza, Mercado Livre e Americanas tenham que ajustar suas propagandas em que alegam ter a entrega mais rápida do país.

O processo começou em junho, quando o Conar analisou uma reclamação do Mercado Livre por anúncio da Americanas na Black Friday de 2020 nas redes sociais em que a empresa alegava ter a entrega mais rápida.

Segundo o Mercado Livre, a afirmação não tinha “comprovação confiável”, o que poderia levar o cliente ao engano. A informação foi antecipada pelo jornal Valor Econômico.

Junto ao processo, o Mercado Livre anexou uma pesquisa em que demonstraria ter a entrega mais rápida do país.

Na defesa, a Americanas alegou que é a única empresa que se compromete a entregar os produtos em menos de três horas, o que seria “um fato objetivo e inconteste”.

Os conselheiros do órgão concordaram que a Americanas oferecia a entrega mais rápida em determinados locais do país naquela ocasião e era só isso que a empresa poderia alegar.

Tanto o Mercado Livre como o Magazine Luiza, que também alegava ter a entrega mais rápida do Brasil, recorreram. Em julgamento da última terça-feira, os pedidos foram negados.

Em nota, o Magazine Luiza disse que foi autorizado pelo Conar a dizer que tem a entrega mais rápida do Brasil desde que indique a metodologia da pesquisa que comprova a afirmação, como, ressalta, já é uma prática da empresa.

“O Magalu trabalha com uma pesquisa robusta, que confirma nossa eficiência e agilidade nas entregas. O uso da expressão ‘Entrega mais Rápida do Brasil’ pelo Magalu, como reconhecido pelo Conar, é respaldado em pesquisa independente, atualizada periodicamente. Essa pesquisa considera os prazos de entrega de oito empresas do setor, em 45 praças – entre capitais e cidades do interior – e de mais de 3.500 produtos de 48 categorias diferentes”, diz a nota.

Também em nota, a Americanas ressaltou que a decisão do Conar envolvia a campanha da Black Friday do ano passado e que o órgão “reconheceu que a Americanas oferecia a modalidade mais rápida de entrega em produtos e locais elegíveis”.

Já o Mercado Livre informou que o Conar entendeu que seria possível que a empresa afirmasse ter o “envio mais rápido do Brasil”, desde que informasse a metodologia com “clareza e veracidade”.

“Isso significa mencionar os critérios do estudo independente realizado por consultoria externa, a pedido do Mercado Livre, em agosto e setembro de 2021”, disse.

Entregas no Brasil ficaram muito mais rápidas em 2021, Black Friday foi beneficiada

Fazendo uma breve análise sociológica dos consumidores de e-commerces, podemos traçar três perfis:

  1. O comprador que vai olhar todo dia o rastreamento da encomenda para saber como está o transporte do produto, se já está na cidade de destino. Esse caso ainda possui um nível avançado, que já estará na porta de casa ou do condomínio esperando o pacote chegar.
  2. Aquele que vai olhar pelo e-mail a notificação de que a compra foi para a transportadora e vai olhar vez ou outra. Esse, mais tranquilo que o anterior, já aceitou que não adianta fazer nada além de aguardar com calma. Eu me encaixo nesse perfil.
  3. Esse é o Senhor/a Relax. Vai realizar a compra e só lembrar dela quando receber e ainda se perguntará “o que eu comprei mesmo?”. Esse terceiro perfil atingiu o Nirvana do e-commerce, o verdadeiro Zen das esperas de encomenda.

Felizmente para todos esses três perfis, o cenário das compras digitais está mais acelerado. Transformando o conceito de modernidade líquida de Bauman em algo melhor que lamentação da Gen Z, agora os produtos foram feitos para serem entregues o mais rápido possível. Assim como o filósofo polonês dizia que tudo é feito para acabar rápido, as entregas dos e-commerce também estão seguindo o conceito.

Amazon, Shopee e AliExpress, para começar citando as empresas estrangeiras, investiram mais no público brasileiro em 2021. A primeira já possui 12 centros de distribuição (CD), a Shopee abriu seu primeiro CD no Brasil este ano, enquanto a AliExpress ampliou de cinco para seis os voos de carga para o país. Além disso, a Amazon e a Shopee realizam a operação de fulfillment. Esse sistema, criado pela americana, permite que os lojistas parceiros armazenem os produtos direto nos galpões dos marketplaces, ganhando tempo de entrega.

As empresas brasileiras (e argentina no caso do Mercado Livre) não estão atrás. Na Black Friday, diversos clientes foram beneficiados pelo investimento em logística dos e-commerces. A divisão brasileira do Mercado Livre lançou no ano passado a sua companhia aérea. A frota de 737 da Meli Air é operada em parceria com Sideral Linhas Aéreas. A Sideral realiza os voos, enquanto o Mercado Livre faz as operações de carregamento e cria as rotas.

Vinicius Karasinski, gerente de operações em agência de marketing, fez uma compra no Submarino na noite de quinta-feira e recebeu na manhã do dia seguinte. Karasinski, que gosta de monitorar as compras online, confessou surpresa com a agilidade. “O prazo rápido foi realmente uma surpresa. Eu imaginei que poderia receber o produto rapidamente pois sou de Curitiba e sei que a B2W (grupo proprietário do Submarino e das Americanas) tem um CD aqui na região. Inclusive no momento da compra quando dizia ‘será entregue amanhã’ eu confesso que não acreditei, mas realmente chegou em menos de 12 horas”, contou Vinicius.

Quem acompanhou as lives do Adrenaline e do Mundo Conectado assistiu Diego Kerber comprando uma SmarTV. Kerber fez a compra nas Americanas, que realizou uma parceria com a Asas Linhas Aéreas, a mais nova companhia aérea cargueira do Brasil. A televisão, comprada na quinta, chegou na segunda-feira e tinha previsão de entrega para quarta-feira. “Fizeram chegar em um dia útil e meio. […] Eu achei ótimo o prazo que conseguiram”, disse Diego.

A parceria das Americanas com a cargueira tem justamente esse objetivo: agilizar as entregas. E com as lojas online visando oferecer a mesma experiência que comprar em loja física, não fiquem surpresos com outras varejistas brasileiras fazendo parcerias com empresas cargueiras.

Por Felipe Freitas

Felipe Freitas é formado em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mas, segundo quase todo mundo, tem cara de quem fez Sistemas. Começou nos jogos com o SNES do seu tio, nunca passou da parte da montanha em Legend of Legaia e adora jogos com histórias bem feitas. Não perde a chance de fazer uma Jojo Pose.

Conar volta a julgar as ‘entregas rápidas’ de Magalu e Mercado Livre

Para chamar a atenção do público e estimular as vendas, as plataformas de e-commerce costumam destacar a agilidade da entrega em suas campanhas publicitárias. Neste ano, duas campanhas do Magalu e do Mercado Livre, que angariavam o título de “entrega mais rápida do Brasil”, foram parar no Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar).

A questão, que teve início ainda em 2020, teve uma nova decisão do Conar nessa terça-feira, 30. Tudo começou quando, no fim do ano passado e no começo de 2021, as duas empresas veicularam campanhas publicitárias prometendo aos consumidores a entrega mais rápida do Brasil. Algum tempo depois, cada uma delas abriu uma representação no Conar alegando que a concorrente não poderia fazer tal afirmação em um material publicitário.

Para responder ao Conar, tanto o Magalu quanto o Mercado Livre apresentaram pesquisas e levantamentos internos que destacavam seus prazos de entrega e que, portanto, embasariam tais informações de entrega ágil. No dia 30 de junho o Conselho Nacional de Autorregulamentação avaliou os processos e determinou pela alteração nas campanhas, alegando que as marcas precisariam indicar e deixar claro aos consumidores a veracidade daquelas informações.

Disputa de “entrega mais rápida” chega ao Conar

Após a decisão de junho do Conar, as duas empresas recorreram à sentença, apresentando novamente os dados de suas pesquisas que embasariam a utilização da mensagem de ‘entrega mais rápida’. Em reunião nessa terça-feira, 30, o Conar manteve a decisão da primeira instância, solicitando a alteração das peças publicitárias, com o devido destaque para as informações a respeito da agilidade dos serviços de entrega.

Americanas e Mercado Livre

Em junho deste ano, o Conar já havia julgado um processo semelhante a esse, aberto pelo Mercado Livre contra uma campanha publicitária veiculada pela Americanas.com em suas redes sociais. De acordo com o denunciante (no caso, o Mercado Livre), a alegação feita pela Americanas.com de ter mais rapidez na entrega necessitava de comprovação.

O Conselho, primeiramente, tentou uma conciliação entre as duas partes, mas não houve acordo. Como defesa, a B2W, detentora da Americanas.com, apresentou pesquisa para justificar a afirmação da entrega rápida. De sua parte, o Mercado Livre também apresentou novos dados a respeito de suas entregas a fim de argumentar que a alegação da concorrente não tinha veracidade.

Os conselheiros do Conar analisaram os dados das duas empresas e concluíram que os estudos apresentados revelavam que, na Black Friday de 2020, a B2W podia alegar que tinha a modalidade mais rápida de entrega em determinados locais do País.

CEP bloqueado? Não mais: jovem de Paraisópolis viabiliza entregas na periferia com Favela Xpress

SÃO PAULO (Reuters) – Apesar de a pandemia ter impulsionado o mercado de e-commerce no Brasil, muitas encomendas não chegavam a seus compradores nas periferias de grandes cidades por serem consideradas “áreas de risco”, o que levou um jovem morador de Paraisópolis a enxergar a necessidade de um serviço de entregas especializado, o Favela Brasil Xpress.

Givanildo Pereira Bastos, de 21 anos, conta que o projeto começou como uma rede de apoio durante a crise da Covid-19, devido à dificuldade em receber doações dentro da comunidade.

Com ruelas estreitas e irregulares, como um labirinto, alta densidade populacional e áreas consideradas inseguras, o acesso de não moradores a favelas torna-se difícil. Em muitos locais o CEP é bloqueado por aplicativos de entrega, impossibilitando que as encomendas cheguem na porta do consumidor de periferia.

“Eles bloqueiam essa região por considerar uma área de risco”, afirma o jovem, que desenvolveu uma logística capaz de solucionar o problema.

Ao efetuar uma compra por meio de uma plataforma de e-commerce parceira do Favela Xpress, caso o cliente pertença às chamadas “áreas de risco” para entrega, seu pedido é encaminhado para um centro de distribuição, onde as encomendas são separadas por setor, região e entregador para, enfim, chegar à residência do comprador.

Em Paraisópolis, os pedidos são transportados via carro, moto, bicicleta, tuk-tuk e até mesmo a pé.

“Comprar produto pela internet já virou hábito, por conta da pandemia, e a gente compra bastante pela internet, porém o produto não chega até nós”, disse Francisco Jefferson Silva, de 18 anos, que vive em Paraisópolis.

“Mas, ultimamente, a gente está conseguindo receber nossos produtos em casa. Eu mesmo dava o endereço da casa da patroa da minha mãe, quando minha mãe vinha do trabalho ela trazia para mim. Hoje dou o endereço da minha casa e número.”

DESAFIOS E GERAÇÃO DE RENDA

Além de viabilizar entregas, a iniciativa também gerou renda e empregos na região, uma vez que todos os entregadores moram na própria comunidade.

Atualmente, a empresa possui 90 funcionários e carrega projeções otimistas para os próximos meses, à medida que a tendência do comércio eletrônico prevalece no pós-pandemia.

No entanto, enviar produtos para determinadas localidades continua sendo um desafio, até mesmo para o Favela Brasil Xpress.

“Até eu tive dificuldade em conseguir entregar”, afirma Pereira, lembrando a vez em que, no início do empreendimento, demorou para achar a casa de um comerciante que aguardava há quatro meses o envio de uma máquina de cartão, cujo produto só chegou quando seu estabelecimento já havia fechado.

Lucas Reis, um dos entregadores do Favela Xpress, corrobora o discurso do jovem. “Era difícil (a encomenda) chegar na casa das pessoas”, disse.

Entre os empecilhos que afastam as empresas dessas regiões, de acordo com Pereira, estão: a dificuldade do sistema de navegação por satélite (GPS) de localizar as residências, a numeração desordenada e o preconceito, mas isso muda quando se conhece a periferia de perto.

“Quando eu trago uma empresa parceira para estar dentro da comunidade, e mostrar o que de fato é aquela realidade, que tem um potencial de consumo, que tem pessoas morando ali onde pode ser gerado trabalho e renda, ela vem e sai daqui com outro olhar”, afirma.

Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, possui mais de 100 mil habitantes e é a segunda maior favela da cidade. A região conta com 650 presidentes de rua que integram o projeto, lideranças que monitoram e assistem às casas ao redor, com um total de 38 mil famílias mapeadas.

CONSUMO NA PERIFERIA

Atualmente, Paraisópolis opera como base modelo do Favela Brasil Xpress, com outras bases em Heliópolis, Diadema, Capão Redondo e Cidade Júlia, no Estado de São Paulo; Rocinha e Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro; e Betim, em Minas Gerais, com planos de expansão.

Em janeiro, o projeto participou de um desafio de logística urbana promovido pelo consulado britânico no Brasil e venceu em 1º lugar entre 40 empresas como ideia inovadora, sustentável e social.

“A gente não tinha noção de quanto os moradores de favelas consomem dentro do e-commerce”, disse. “Só em Paraisópolis, hoje, chegam uma média de 800 entregas por dia. Essa carga, em valor, representa em torno de 500 mil reais, ou seja, 500 mil reais que entram por dia de mercadoria que é consumida pelos moradores.”

Segundo Pereira, em menos de quatro meses, cerca de 50 milhões de reais em valor de carga entraram na comunidade.

“A gente não quer viver dois ‘Brasis’, um que tem o CEP bloqueado e outro desbloqueado, a gente quer viver em um Brasil só, onde o morador de favela tem o mesmo direito que um morador de bairro nobre.”

*Para acompanhar Reuters Next: https://reutersevents.com/events/next/