Loggi inaugura novo megagalpão de R$ 150 milhões para acelerar entregas

Com o novo centro, a expectativa da startup é reduzir em até cinco horas o tempo de entrega na capital paulista – a ideia é que as encomendas na cidade sejam feitas em menos de 24 horas.

Depois de receber um dos maiores cheques do ano entre startups nacionais (US$ 212 milhões, em fevereiro), a Loggi anuncia hoje um novo galpão de entregas que promete agilizar suas operações.

Localizado em Cajamar (SP), o centro é fruto de um investimento de R$ 150 milhões e terá capacidade de processar 1 milhão de pacotes por dia até 2023 – atualmente, a empresa é capaz de processar a metade disso.

Com o novo centro, a expectativa da startup é reduzir em até cinco horas o tempo de entrega na capital paulista – a ideia é que as encomendas na cidade sejam feitas em menos de 24 horas.

“Esse centro foi resultado de muitos anos de pesquisa e de aprendizado de como processar pacotes com mais produtividade e eficiência e melhorando qualidade”, diz ao Estadão o diretor de operações da Loggi, Grégoire Balasko.

Estoque
O entreposto é do tipo cross-docking, no qual não há estocagem de itens, algo comum nos centros de distribuição tradicionais. Neles, os produtos ficam parados nas prateleiras para pronta-entrega. No caso da Loggi, os pacotes são reorganizados assim que chegam no local e enviados para os caminhões da startup, que farão o trajeto de entrega.

O investimento em automação e tecnologia, no entanto, é uma aposta de longo prazo, comenta Priscila. Devido ao alto custo de importação das máquinas, empresas do segmento ainda preferem apostar em mão de obra humana.

Expansão
A Loggi não quer ficar estacionada em Cajamar. A cidade de São João de Meriti (RJ) recebe hoje um novo cross-docking de 18 mil metros quadrados e menos “tecnológico” do que o paulista – o antigo galpão da startup no Estado fluminense, em Cordovil, tinha 2 mil metros quadrados.

Priscila, porém, lembra que os planos de expansão podem esbarrar na economia brasileira. “As empresas de logística sofreram pouco com a pandemia. Existe perspectiva de crescimento, mas isso depende da recuperação do País.”

Fast Shop vai usar tuk tuks para fazer entregas em até 1 hora em São Paulo

Rede de varejo inicia operação focada em sustentabilidade em parceria com a startup Veloo.

A rede de varejo Fast Shop vai começar a usar tuk tuks para fazer entregas na região central da cidade de São Paulo. A operação é realizada em parceria com a startup de logística Veloo. O veículo será usado na entrega de itens de pequeno e médio porte em até uma hora. A expectativa é a de que o formato seja explorado já durante a Black Friday.

Ainda em fase de projeto-piloto, a nova modalidade de delivery da Fast Shop conta com cerca de 100 tuk tuks envelopados para serem usados como plataforma de mídia pela varejista. A empresa destaca que, além de rápidos, os veículos são sustentáveis.

“Cuidar do meio ambiente é parte fundamental dentro da nossa missão de encantar e cuidar dos clientes por toda vida. O olhar para a sustentabilidade estará cada vez mais intrínseco aos nossos negócios”, explica o diretor geral de operações da Fast Shop, Eduardo Salem.

A varejista planeja expandir a nova modalidade de delivery sustentável para outras capitais onde atua já no início de 2022.

Fast Shop vai usar tuk tuks para fazer entregas em até 1 hora em São Paulo

Diferenciais do veículo

O maior diferencial do veículo, que passa a fazer parte da frota de entrega, é o respeito ao meio ambiente. Os veículos elétricos das Veloo têm bateria de lítio 60V 50 Ah, com potência de 3000Wh. Com autonomia de 80 quilômetros, são recarregados em até 6 horas e, por serem elétricos, não emitem CO2, diferentemente dos carros à combustão.

Segundo Cordeiro Junior, CEO da Veloo, a entrega feita em um carro comum, como uma Fiorino, emite cerca de 3.000kg de CO2 ao mês, em 2.500km percorridos. “Se colocarmos na ponta do lápis, quando o tuk tuk for implementado em todas as lojas Fast Shop, será feita uma redução em média de 255 mil toneladas de CO2 por mês, que deixaram de ser lançadas ao meio ambiente”, observa ele.

Outra iniciativa sustentável desenvolvida pela Fast Shop é o programa “De Volta ao Ciclo”, que visa conscientizar o consumidor sobre o descarte consciente de eletrônicos e incentivar a destinação correta desses produtos.

Nessa primeira etapa do projeto, coletores de eletroeletrônicos de pequeno e médio porte, como celulares, micro-ondas, televisores e notebooks, foram disponibilizados em 44 lojas da rede, incluindo as dos shoppings Ibirapuera, Lar Center, Iguatemi, Morumbi, Pátio Paulista e Bourbon Shopping, entre outros.

Ainda como forma de incentivo, a Fast Shop firmou uma parceria com a ISLA Sementes, empresa pioneira na produção de sementes no Brasil, e está distribuindo, para os clientes das lojas Higienópolis, Eldorado, Ibirapuera, Iguatemi SP e Paulista, envelopes de sementes de microverdes. A ação visa contribuir para a conscientização sobre a importância do descarte adequado.

Logística na Black Friday: como Correios e transportadoras se preparam para a data

Após mais de um ano e meio de pandemia, que resultou no “boom do e-commerce”, a expectativa do mercado é de que esta edição da Black Friday seja a maior de todas. Em 2020, inúmeras lojas surgiram, mas nem todas se sentiram preparadas para tamanho desafio. Agora, chegou a maior prova de fogo anual no setor de comércio eletrônico, com os consumidores mais familiarizados com as compras online.

Como o maior operador logístico do comércio eletrônico do país, os Correios anunciaram sua preparação para a Black Friday. Em evento online, o presidente dos Correios, Floriano Peixoto, frisou a relevância da data. “A Black Friday tem sido, nos últimos anos, uma experiência exitosa na empresa”, lembrou. “Os Correios estão se preparando há meses para esta data. Nosso objetivo é repetir a boa performance dos últimos anos com o acréscimo da experiência que tivemos. A cada ano, batemos novos recordes”.

Somente neste segundo semestre de 2021, a empresa alcançou o pico na distribuição de encomendas em um único dia, quando foram entregues 2,23 milhões de objetos. A estatal também contabilizou, em novembro, um marco nas postagens: 5 milhões de objetos enviados em um dia. Esses números superam os índices apurados na última Black Friday, segundo a empresa.

Os Correios afirmam que têm dedicado toda sua expertise e capacidade produtiva para acompanhar as demandas do mercado nos últimos dois anos – com destaque às parcerias com pequenos, médios e grandes empreendedores que viram no e-commerce a oportunidade de continuar e ampliar seus negócios na pandemia.

Preparação para a Black Friday

De acordo com a estatal, os Correios têm investido cada vez mais no aumento da qualidade operacional e capacidade logística, com objetivo de absorver o pico da demanda previsto para as datas promocionais de fim de ano, sem ampliar o prazo das entregas.

Diversas ações foram implementadas para atender às expectativas de crescimento do comércio eletrônico nesse período. “O engajamento é total em todas as áreas e etapas do processo logístico da empresa. Além disso, a estatal oferece soluções formatadas especialmente para o comércio eletrônico”, afirma a empresa em nota.

“Os Correios têm a liderança da logística do e-commerce no Brasil e estão sempre aprimorando os seus serviços. É isso que garantimos para a Black Friday 2021: estamos prontos e com a atenção plenamente voltada para entregar a melhor experiência aos clientes”, ressaltou o diretor de Negócios dos Correios, Alex do Nascimento.

O diretor de Operações da empresa, Carlos Henrique de Luca Ribeiro, destacou ainda os investimentos feitos na renovação da frota da empresa e na modernização da operação. “Estamos realizando uma nova onda de automação de processos na empresa. Vamos automatizar mais 9 centros de tratamento e estamos comprando máquinas muito mais modernas, inclusive específicas para atender os centros de tratamento internacionais”, salientou.

O aumento da capacidade da carga aérea para chegar mais rapidamente nas regiões Norte e Nordeste também é uma das apostas da empresa. “Seremos o único operador logístico do Brasil a oferecer prazo expresso para a maioria dos estados do Norte e Nordeste”, afirmou o diretor de Operações.

Eco-delivery e locker

Os Correios são o maior pilar logístico do país, mas as transportadoras privadas ganham cada vez mais espaço e também precisam se preparar para a época da Black Friday. A Jadlog, por exemplo, espera realizar cerca de 30% a mais de entregas do que na edição do ano passado. Já a DHL Express, estima entregar 55% a mais de encomendas.

A Jadlog desenvolveu um plano estratégico para a Black Friday que contemplam iniciativas como a operação 24 horas por 7 dias da semana, um maior número de entregadores, equipe adicional para as diferentes frentes operacionais, espaço ampliado para triagem de cargas e distribuição, entre outros pontos.

Para esta edição, a empresa vai atuar pela primeira vez no Brasil com o Predict, serviço que envia mensagens via SMS avisando o e-shopper sobre o horário de entrega de sua encomenda. O serviço pode ajudar a elevar a taxa de sucesso na primeira tentativa de entrega e melhorar o processo, adicionando conveniência e previsibilidade às compras online.

Além do delivery, a Jadlog também oferece o serviço Pick Up, que permite a retirada da mercadoria em cerca de 3 mil pontos parceiros da empresa, incluindo a parceria com a Clique e Retire que conta com 150 lockers entre Rio de Janeiro e São Paulo, bem como lojas de conveniência, cafeterias e revendas de eletroeletrônicos.

De acordo com a transportadora, essa opção também reduz significativamente o insucesso de entrega e os custos logísticos para os embarcadores e os consumidores finais, já que é, em média, 20% mais barata que a entrega domiciliar. A Jadlog atende mais de 40 mil clientes no Brasil. Desse total, cerca de 60% são PMEs (pequenas e médias empresas).

Outra transportadora, a DHL Express Brasil, está se preparando desde o início do ano para o dia 26 de novembro. “[Queremos] evitar ter grandes gargalos que pudessem impactar nosso business e de nossos clientes. E, com este foco, montamos planos de suporte a este momento em todas as áreas”, conta Ana Paula Emmerich, E-commerce and Sales Development Manager & Sales Training da DHL Express Brasil.

Para esta edição, a transportadora investiu em eco-delivery, que são entregas ecológicas através de carros e scooters elétricas. “Além disso, contamos com operações customizadas atendendo a específicos nichos e empresas com entregas no mesmo dia e aos finais de semana e envio para lockers.

Atualmente, o prazo mínimo de entrega da DHL Express é de 1 dia útil e máximo de até 5 dias úteis. As PMEs representam 70% da base total de clientes da transportadora.

A Logística da Black Friday – Correios Adotam Novas Medidas para Atender Demanda do E-commerce

No período que antecede a Black Friday, os Correios se reestruturaram para suportar o aumento de encomendas dos lojistas virtuais. Com exclusividade ao Jornal Giro News, Alex do Nascimento, Diretor de Negócios da estatal, revela que foi implementado um conjunto de medidas, visando oferecer atendimento adequado às necessidades do mercado. “Podemos destacar a ampliação da capacidade produtiva das unidades de atendimento, tratamento e distribuição; o aumento de equipes; o aporte adicional nas linhas de transporte; a fixação dos prazos de entrega; a oferta do prazo D+1 para o SEDEX em mais de 2.200 trechos; a disponibilidade de entrega no mesmo dia para a cidade de São Paulo e áreas de abrangência; e a implantação do tratamento de indenizações automáticas por atraso.”

Período de Vendas Ampliado
  Na percepção do diretor, cada vez mais, o varejo online tem procurado estender o período de vendas da Black Friday. “Com isso, a operação logística precisa estar pronta para responder às flutuações de demanda rapidamente. Foi com este pensamento que os Correios lançaram oficialmente sua campanha da Black Friday em 5 de novembro.” Outras tendências que ganharam força desde a última edição foram as compras por dispositivo móvel e os novos formatos de interação, como o live commerce. “Desde 2020, com a mudança no comportamento de consumo da população, fruto da aceleração da transformação digital, o mercado virtual observou um aumento exponencial de novos clientes”, analisa Alex.

Interiorização do E-commerce
  Segundo uma pesquisa do Facebook, o frete é o principal fator de decisão no momento da compra para 54% dos consumidores. Para atender à esta demanda, a “interiorização do e-commerce” é um movimento que vem gerando expressivos investimentos, afirma o diretor. “O e-commerce sai dos grandes centros urbanos e se direciona para o restante do país com a abertura de centros de distribuição em locais longínquos, para que o cliente, ao adquirir um produto, espere cada vez menos para tê-lo em casa.” As lojas físicas também se transformaram em pequenos hubs logísticos. De acordo com o diretor, neste cenário, as 6 mil agências dos Correios focam em oferecer apoio aos vendedores e compradores, na postagem e coleta dos produtos.

Americanas S.A. expande frota de veículos elétricos para mais estados

Neste mês de novembro, a Americanas S.A. está incorporando 100 novos veículos utilitários elétricos para expandir sua frota logística ecoeficiente para mais cinco estados do país e Distrito Federal.

Além das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, os veículos farão parte da operação last mile (última milha de entrega, que leva o produto até a casa do cliente final) da companhia nas cidades de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Gravataí (RS), Fortaleza (CE) e Recife (PE).

Com a entrega dos 100 novos utilitários, a companhia reafirma o objetivo de ter, até o fim de 2021, 500 veículos em sua frota ecoeficiente — entre eles bikes elétricas e convencionais, tuk-tuks e automóveis.

A frota ecoeficiente é uma das iniciativas da estratégia ESG (em português, Ambiental, Social e Governança) da Americanas S.A. que, na frente ambiental, tem o compromisso de neutralizar suas emissões de carbono e se tornar NetZero até 2025, alinhada ao tema do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13, da Agenda 2030, da ONU, para mitigar os efeitos da mudança global do clima.

Os utilitários utilizados na operação são 100% elétricos, ou seja, garantem zero emissão de poluentes e ruídos, e têm capacidade para 650 kg de carga útil.

Neste ano, a Americanas S.A. também anunciou o início da operação com 90 tuk-tuks elétricos nas principais capitais das regiões Sul, Sudeste e Nordeste, além de caminhões movidos a biometano e gás natural, com capacidade para transportar até 23 toneladas de carga. Na plataforma física, a companhia anunciou ainda a meta de usar 100% de energias renováveis nas lojas até 2030.

O plano da Jadlog para atender o pico de entregas da Black Friday

Jadlog se estrutura para atender à alta demanda. Proposta da transportadora é aprimorar a experiência do cliente por meio de soluções e de infraestrutura robusta.

A Jadlog estabeleceu um grande plano para atender o pico de entregas da Black Friday 2021. A proposta da transportadora é aprimorar a experiência do cliente por meio de soluções e de uma infraestrutura robusta para o período. Fazem parte do plano como a operação 24 horas por sete dias da semana, maior número de entregadores, staff adicional para as diferentes frentes operacionais, previsão para as viagens a mais no período, espaço ampliado para triagem de cargas e distribuição, plantões do customer service e suporte técnico, estrutura de TI ajustada e war room implementada.

O intuito das ações promovidas pelas Jadlog é absorver a enorme quantidade de remessas sem perder a qualidade das entregas. “A cada ano o grau de exigência dos consumidores aumenta da mesma forma que os nossos desafios para melhorar a qualidade, preços, prazos e a transparência de informações das entregas e coletas. Por isso, estamos atuando com as nossas soluções e infraestrutura a pleno vapor nesse período de grandes movimentações”, afirma Bruno Tortorello, CEO da Jadlog.

Com o objetivo de aprimorar a experiência de recebimento da encomenda por parte do consumidor a Jadlog atua com o Predict, serviço que envia mensagens via SMS avisando o e-shopper sobre o horário de entrega de sua encomenda. Trata-se de um serviço-chave para elevar a taxa de sucesso na primeira tentativa de entrega e melhorar ainda mais o processo, adicionando conveniência e previsibilidade às compras on-line.

Adicionalmente ao delivery, a Jadlog também oferece o serviço Pickup, que permite a retirada da mercadoria em cerca de 3 mil pontos parceiros da empresa, incluindo a parceria com a Clique e Retire que conta com 150 lockers entre Rio de Janeiro e São Paulo, além de lojas de conveniência, cafeterias, revendas de eletroeletrônicos e das 500 franquias Jadlog. Trata-se de uma opção que também reduz significativamente o insucesso de entrega e os custos logísticos para os embarcadores e os consumidores finais, já que é, em média, 20% mais barata que a entrega domiciliar.

As novas malhas regionais da Jadlog, a partir dos hubs recentemente inaugurados em Joinville, Vila Velha e Salvador, também irão colaborar com as operações durante a Black Friday. Eles permitem realizar a triagem das cargas diretamente nessas localidades, em vez de fazê-la na matriz de São Paulo, como ocorria anteriormente, permitindo praticar prazos cada vez menores.

Alinhada às novas malhas regionais, a Jadlog implementou também o conceito de multi origens, que calcula todo o caminho da encomenda desde as mais de 500 franquias da empresa até os seus destinos. Esse modelo de operação permite determinar previamente e de forma exata o prazo de entrega de uma encomenda que parte de qualquer uma das franquias espalhadas pelo Brasil até o seu destino e contribui para agilizar as entregas.

Gollog expande pontos coleta para encomendas de pequeno porte

Unidade de soluções logísticas da Gol inicia período de testes do serviço “Pontos Chegol” em centros urbanos; Curitiba é a primeira cidade a receber a inovação

A Gollog iniciou no último mês a expansão do “Pontos Chegol”, um projeto formado por locais de coleta para envio de encomendas de pequeno porte. Segundo a empresa, a estratégia tem como objetivo facilitar o despacho de pequenas encomendas.

Com o “Pontos Chegol”, a empresa visa credenciar estabelecimentos comerciais em todo o país com a marca Gollog e facilitar o serviço a clientes e lojistas. O processo de contratação é feito 100% on-line: basta acessar o site da Gollog, clicar no botão “Cotação & Compra”, informar o CEP da residência e o site indicara o ponto parceiro mais próximo do local.

A experiência começou a ser testada em dois pontos na cidade de Curitiba (PR) em outubro, nas unidades Rebouças, próxima ao centro da cidade, e Aeroporto, em São José dos Pinhais. A ação foi uma parceria com a Espaço A+ Self Storage.

Segundo o coordenador de Mercado e Produtos da Gollog, Daniel Bassi, a empresa busca criar alternativas e facilidades aos clientes. “Nosso objetivo é crescer nos próximos dois anos com pelo menos 2 mil novos pontos próprios e parceiros espalhados pelo Brasil”, diz.

Atualmente, a Gollog atende 4,1 mil cidades no Brasil e 12 no exterior, por meio de uma rede de 98 unidades de franquia. Saúde, roupas e indústria automotiva são os principais segmentos que utilizam os serviços da empresa e correspondem à maior parte das 89 mil toneladas transportadas por ano.

Em 2019, o braço de logística da Gol transportou mais de 80 mil toneladas, com 112 mil clientes atendidos – 66 mil novos clientes, um crescimento de 59%. Ao todo, foram 2,4 milhões de atendimentos.

Por dentro das operações da Amazon no Brasil durante a Black Friday

A Black Friday já se consolidou como importante data comercial no Brasil há alguns anos, mas, em 2020, atingiu seu pico no país. Olhando especificamente para o e-commerce, o faturamento cresceu 68% em relação ao ano anterior, gerando um montante de 126,3 bilhões de reais, segundo estimativas da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) em parceria com a Neotrust|Compre&Confie.

Para 2021, um ano em que a vacinação avançou, restrições foram relaxadas e o aumento de juros é uma realidade, ambas ainda projetam crescimento de vendas, apesar de mais tímido em relação ao ano anterior, de 34%. As perspectivas otimistas são compartilhadas por grandes companhias do setor, que reforçaram os investimentos no Brasil neste ano, de olho no período aquecido de compras. E é claro que a Amazon também busca o seu quinhão dentro do país.

Em novembro, a companhia fundada por Jeff Bezos anunciou a contratação de 5,5 mil pessoas de forma temporária para atender à demanda gerada pela tradicional sexta-feira de descontos. Serão 3.100 vagas para São Paulo, 370 em Minas Gerais, 700 no Rio de Janeiro, 660 no Rio Grande do Sul, 570 no Nordeste, 200 no Ceará, 300 em Pernambuco e 100 no Distrito Federal. Os funcionários devem se somar aos 6,3 mil efetivos que já fazem parte do quadro de funcionários da companhia, sendo que uma pequena porcentagem deles deve ser absorvida após o período de festas. Tudo depende das vendas no período e da necessidade de cada centro de distribuição, segundo a companhia.

Para minimizar o risco de contaminação por covid-19 com o crescimento tão grande do quadro de funcionários em pouco tempo, a companhia se preparou ao longo do ano e  implantou mais de 150 processos. Entre eles, está o uso de álcool em gel e o incentivo ao distanciamento com o apoio de tecnologia: câmeras especiais monitoram a aproximação de pessoas e emitem um alerta quando elas estão a menos de dois metros uma da outra. Quem é efetivo, já está acostumado com os protocolos, o que deve ajudar novos colaboradores a se integrarem sem aumentar os índices de transmissão da doença no fim de ano dentro dos galpões.

Estrategicamente, é possível perceber que esse é apenas o passo final de um plano construído pela companhia para conseguir atender à demanda dos consumidores pelos produtos em promoção no fim de ano. Em 2021, a companhia inaugurou quatro novos centros de distribuição no país, nas cidades de São João de Meriti (RJ), Cabo de Santo Agostinho (PE), Itaitinga (CE) e Cajamar (SP). Ao todo, são doze centros como esses no Brasil, sendo que o primeiro deles foi inaugurado em 2019. Um ritmo que acompanhou a evolução do próprio e-commerce no país dentro desse período, mesmo o setor representando pouco mais de 10% das vendas do varejo.

Com os novos centros, criados a partir de estudos de vendas dentro da Amazon, a companhia consegue aumentar as chances de que os produtos comprados cheguem em menos tempo aos clientes. Além de reforçar a competição contra as empresas nacionais. Dois pontos fundamentais nessa época do ano, em que consumidores tendem a aproveitar os descontos para garantir compras de Natal. Hoje, a Amazon prioriza a entrega em até dois dias para 700 cidades em todo o país, sendo que em 50 delas é possível receber os produtos no mesmo dia. As entregas são gratuitas para membros do Prime, assinatura de R$ 9,90 ao mês que garante, além disso, acesso ao streaming da companhia.

A EXAME visitou o centro de distribuição (CD) próximo a São Paulo, em que trabalham cerca de 250 colaboradores de forma fixa, número que deve subir para 700 na Black Friday e que deve permanecer em 350 após a data de descontos. Nos 57 mil metros quadrados do galpão, é possível notar que há espaços de sobra nas prateleiras em que os produtos são armazenados, bem como locais sem nenhum tipo de equipamento ou produto. “São espaços que reservamos para expandir rapidamente em datas de pico durante o ano. Dessa forma, garantimos maior eficiência no menor tempo”, diz Juliano Marcelino, gerente de operações do GRU8, o CD de Cajamar.

A operação no local funciona como fulfillment, ou seja, não é usada para armazenar os produtos vendidos pela operação de varejo da Amazon, mas sim dos vendedores que utilizam o marketplace. É possível encontrar de tudo: cosméticos, roupas, brinquedos, produtos para casa, alimentos, bebidas alcoólicas, perfumes e mais. A quantidade máxima de armazenamento depende do giro das vendas no período, o que impossibilita precisão em um número.

Por lá, cada um dos produtos é agrupado de acordo com critérios definidos pela empresa: as prateleiras de papelão guardam a maior parte dos itens, enquanto as de plástico são dedicadas exclusivamente ao armazenamento de comida (de humanos e de pets). Uma sala especial guarda os objetos frágeis e uma outra seção guarda os aerossóis, para que, em caso de vazamento, sejam rapidamente dissipados no ar.

Ao estar mais perto dos consumidores, a companhia resolve uma das principais queixas registradas no varejo digital de forma quase homogênea: a demora na entrega. Além disso, torna o frete mais barato para a própria operação, em um período de alta no preço dos combustíveis, já que há maior possibilidade de diversificação de veículos utilizados. Hoje, entregas feitas pela Amazon podem ser realizadas com carros e até motos em alguns casos. Tudo em nome da eficiência — que a companhia busca reforçar na Black Friday.

Questionado a respeito das dificuldades logísticas no país, Ricardo Pagani, diretor de operações da Amazon, não se intimida com o que o país tem a oferecer. “Estou há sete anos na Amazon e vi que, com a tecnologia adequada, é possível operar em qualquer parte do mundo. No Brasil, é necessário trazer esses avanços de forma totalmente customizada, não é apenas um plug and play, por mais importante que um novo componente ou uma nova plataforma seja. Esses problemas não são empecilhos para entregar uma boa velocidade de entrega”, diz.

A briga pelo cliente

Ampliando o foco para o setor, concorrentes também aproveitaram para reforçar a logística no tradicional período de descontos. Dados do Mercado Pago mostram que o custo do frete lidera os motivos que levam consumidores a desistir de compras on-line, seguidos pelo prazo de entrega, que corresponde a 16% dos abandonos de “carrinho”. De olho nisso, o Mercado Livre, maior marketplace da América Latina, anunciou em setembro que iria investir cerca de 5 bilhões de reais no país, sendo a maior parte dos investimentos destinados à logística.

Hoje, 50 cidades já têm entrega no mesmo dia, 2,1 mil contam com entrega em um dia e 4,7 mil em até dois dias. Este mês, o Mercado Livre anunciou, inclusive, a inauguração de um novo CD com logística especial para TVs de mais de 50 polegadas e itens de linha branca, para facilitar a entrega de produtos durante a Black Friday. Ao todo, a companhia tem 8 CDs de fulfillment no Brasil.

Outro gigante do e-commerce, o AliExpress, anunciou em outubro que vai aumentar a quantidade de voos para o Brasil para atender à demanda de consumidores durante a Black Friday. São cerca de cinco voos semanais da China para o Brasil em condições normais e, nesse período, serão seis. Além das entregas, a companhia também consegue tornar a devolução de produtos mais confortável no período, diminuindo a quantidade de produtos que têm de ser enviados para a China.

Do lado nacional, Magalu e Americanas também reforçaram a logística durante o ano, mesmo em meio ao cenário macroeconômico desfavorável. A companhia fundada por Luiza Trajano também realizou contratações para o período, sendo que 300 foram somente para o CD de Louveira, e Americanas vai abrir vagas nos 25 centros de distribuição da companhia em todo o país, que atendem tanto à operação física quanto online, sendo que dois deles foram inaugurados em 2021 — e a empresa já mira aumentar a participação das entregas em até 24 horas, que representam 51% do total.

De olho em driblar o cenário macroeconômico de aumento de juros, câmbio nas alturas e consequente restrição de consumo — alguns dos principais desafios para as companhias do setor em 2021 — a companhia fundada por Jeff Bezos antecipou as promoções de Black Friday. oferecendo descontos de até 60% de 19 a 29 de novembro em todas as categorias dentro do site — especialmente produtos eletrônicos, que tendem a entrar no maior pico de buscas do período. Um levantamento feito recentemente pelo Google mostrou que os celulares continuam no topo de buscas para a Black Friday em 2021. Novamente, movimentos similares foram feitos pela concorrentes, tanto nacionais quanto internacionais.

A Amazon não divulga projeções de venda para o período, mas estabelece que está “com foco total no cliente” não só na data, mas durante o ano todo. “Temos um inventário de mais de 40 milhões de produtos, que já estão posicionados de acordo com a demanda de cada região. Trata-se de um processo contínuo, que tem início a partir do momento que o cliente entra no nosso site e busca por um produto. Conseguimos rastrear de onde isso vem e administrar o nosso sortimento”, diz Ricardo.

O executivo afirma que a Amazon já tem outros planos para aperfeiçoar as operações da empresa no país, que devem ser implantados ainda em 2022. Sem dizer exatamente quais serão as modificações, ele dá três direções sobre o que a companhia deve fazer.

“Não é necessário ter consultoria para descobrir o que precisa ser feito. Consumidores sempre querem mais seleção de produtos, mais cores de tamanhos e mais produtos ao comprarem online. O segundo ponto é conveniência, receber da forma que quiser, com a maior comodidade possível, se necessário indo buscar encomendas em espaços dedicados a isso que não sejam necessariamente a casa das pessoas. A terceira é o melhor negócio, ou seja, a melhor qualidade pelo preço ideal”, diz. E reforça: mesmo há nove anos no Brasil, a companhia está no “dia um” do crescimento que quer atingir. A Black Friday é só mais um passo em direção ao plano de longo prazo. Uma coisa é certa: competição não vai faltar.

O jovem de Paraisópolis que criou sistema para fazer entregas onde os Correios não entram

Comprar online é confortável, prático, ágil e se tornou uma febre mundial após a pandemia da Covid-19, quando as lojas físicas fecharam para seguir as normas de distanciamento social. Mas, em São Paulo, os mais pobres não têm essa chance.

Na maior e mais rica cidade da América Latina, as encomendas não sobem os morros das favelas nem entram em áreas consideradas de risco, como ruas dos bairros da Brasilândia, Itaim Paulista e Parelheiros. Pessoas ouvidas pela BBC News Brasil, que moram nessas regiões, disseram que precisam pedir para que as encomendas delas sejam entregues em bairros vizinhos, considerados “seguros” pelos serviços de entrega – como os Correios.

Incomodado com essa situação, o morador de Paraisópolis Giva Pereira, de 21 anos, fundou o Favela Brasil Xpress. Trata-se de uma rede de entregadores que moram na própria favela e entregam as mercadorias onde os Correios e as transportadoras contratadas pelas empresas de e-commerce não entram.

A empresa surgiu em setembro de 2020, em meio à necessidade de possibilitar que as doações feitas durante a pandemia chegassem às casas dos moradores da segunda maior favela de São Paulo.

Giva afirmou que essa coordenação criou naturalmente uma rede de logística na favela. Funcionava da seguinte forma: os voluntários buscavam os itens nas casas ou empresas doadoras para levar até Paraisópolis, onde eram distribuídos de porta em porta para as famílias mais necessitadas, identificadas pelos presidentes de rua.

“A comunidade de Paraisópolis teve um crescimento desordenado muito grande desde o seu surgimento e isso causou uma desorganização dos números das casas. O entregador coloca o endereço no GPS, mas não encontra. Já os moradores conhecem tudo e entregam sem problemas.”, afirmou o jovem empreendedor.

Com o crescimento do e-commerce, a ideia de Giva Pereira foi então sugerir parcerias com as empresas para que os próprios moradores fizessem as entregas.

Procurados pela reportagem, os Correios dizem que “estudam a formalização de parceria para realização de entregas nos citados endereços” com a Favela Brasil Xpress.

Como funciona

O Favela Brasil Xpress implanta um centro de distribuição na entrada da região onde os serviços de entrega não têm restrições. No local, que pode ser um contêiner ou uma sala, são armazenadas as mercadorias.

No momento da compra, o cliente apenas precisa colocar o endereço da casa dele. A passagem pelo centro de distribuição é feita de maneira automática e não tem custo extra para o consumidor.

Giva Pereira em bicicleta usada para fazer entregas em Paraisópolis
Em nove meses de funcionamento, o Favela Brasil Xpress já tem 90 pessoas contratadas apenas em Paraisópolis

Atualmente, o Favela Brasil Xpress tem parceria com Americanas, Dafiti, Total Xpress e Via Varejo. A iniciativa ganhou o Prêmio BBM de Logística, tido como o Oscar do setor, na categoria startup.

De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Outdoor Social Inteligência, nas 15 maiores favelas do país, 38% dos entrevistados disseram que fazem compras online, principalmente no setor de vestuário. Isso representa que 62% deste público ainda não compra e não é assistido pelo comércio digital.

A Outdoor Social Inteligência apontou ainda ter identificado uma tendência de alta nas compras online e que “ainda há muito o que ser feito e investido”.

Investimento e expansão nacional

Em nove meses de funcionamento, o Favela Brasil Xpress já tem 90 pessoas contratadas apenas em Paraisópolis. Sendo 41 funcionários com carteira assinada, entre operadores e entregadores. Todos os trabalhadores moram na própria favela.

O projeto já foi implantado em Heliópolis, a maior favela de São Paulo, na Cidade Julia (Diadema, na Grande SP), no Capão Redondo (zona sul da capital), além das favelas da Rocinha e Vila Cruzeiro, ambas no Rio de Janeiro.

O idealizador do projeto, Giva Pereira, conta que o sucesso do projeto atraiu a atenção de diversas empresas e investidores. Segundo ele, há negociações em andamento para levar o Favela Brasil Xpress para outras regiões do país.

O atual plano de expansão prevê 50 novas bases em 50 favelas do Brasil até o fim de 2022, além da modernização do sistema atual para melhorar a velocidade das entregas. Hoje, o Favela Brasil Xpress entrega aproximadamente 800 encomendas por dia, apenas em Paraisópolis, avaliadas em cerca de R$ 500 mil.

“Isso é uma prova de que a favela consome no mercado online. Antes, o morador fazia a compra e colocava o endereço do trabalho ou de alguém que morasse fora da comunidade. Hoje, ele vai colocar o CEP dele, pagar o preço normal e receber na porta de casa”, conta Giva Pereira com orgulho.

Essa ainda é a realidade da universitária Elisangela da Silva Cardoso, de 26 anos. Ela mora no Itaim Paulista, no extremo leste de São Paulo, e sempre pede para entregar suas encomendas na casa de vizinhos ou no escritório onde a mãe dela trabalha.

“Meses atrás, eu comecei a usar a opção de entregar na agência dos Correios perto da minha casa, porque isso é previsto no site. Eu recebi duas vezes, mas as seguintes colocaram um aviso de ‘destinatário desconhecido’ e devolveram para o remetente”, contou.

Procurados, os Correios disseram que as entregas “encontram-se regulares” nos endereços dos bairros da Brasilândia, Itaim Paulista e Paraisópolis, questionados pela reportagem a partir da reclamação de moradores. “Para uma avaliação pontual, é necessário informar detalhes como o código de rastreamento dos objetos reclamados”, informou o serviço de entregas por meio de nota.

Os Correios disseram ainda que “existem algumas localidades com modalidade de entrega diferenciada de encomendas, seja por não apresentarem condições de segurança favoráveis aos trabalhadores, clientes e encomendas ou, ainda, por não atenderem às condições para a entrega domiciliária (conforme previsto na Lei 6.538/78 (Lei Postal) e Portaria MCOM nº 2.729, de 28 de maio de 2021).”

Nesses locais, explicam, os clientes devem fazer a retirada da encomenda em unidades indicadas.

De acordo com o coordenador do MBA de marketing digital na FGV, Andre Miceli, todos os aplicativos terão espaço para atuar em contextos sociais e resolver problemas como esses.

“Qualquer grupo social que se reúna sobre uma característica em comum cria espaço para uma oferta de conteúdo, porque ele usa o assunto para capturar a atenção das pessoas daquele grupo. Do ponto de vista de negócio, faz todo o sentido e a gente deve ver uma expansão desse tipo de solução nos próximos anos”, afirmou.

Segundo o professor da FGV, ainda há um grande espaço para o crescimento desse tipo de iniciativa. Ele afirma, por exemplo, que o iFood está presente em 2 mil cidades do país, os Correios em pouco mais de 2 mil e a Loggi em 600. Enquanto o país tem 5.570 municípios.

“Será cada vez mais comum ver empresas grandes tentando participar desses projetos. Mas as iniciativas locais levam vantagem porque ela tem a linguagem, o conhecimento daquele grupo e a noção do que desperta o interesse dela. Essa proximidade faz toda a diferença”, disse Andre Miceli.

Bolsa de Valores das Favelas

O G10 Favelas, que reúne as lideranças das dez maiores favelas do Brasil, lançou, em parceria com a gestora de investimentos DIVI•hub, na sexta-feira (19/11), a Bolsa de Valores das Favelas. Por meio da plataforma, que tem a permissão da Comissão de Valores Mobiliários para regular os ativos, tornou-se possível comprar frações de empresas que operam nas favelas brasileiras, a partir de R$ 10.

No dia seguinte, sábado (20/11), a favela de Paraisópolis recebeu celebridades como o apresentador Luciano Huck, a Luiza Helena Trajano, dona da rede Magazine Luiza, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, para a cerimônia de inauguração da venda de ações. O evento teve direito aos tradicionais touro e sino que simbolizam as bolsas de Nova York e, mais recentemente, também a B3, em São Paulo. Além de atrair investidores para os projetos desenvolvidos dentro das favelas.

Gilson Rodrigues, fundador do G10 Favelas e presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, disse que a intenção do grupo é construir uma ponte entre as startups da favela e os empreendedores.

“São 18 iniciativas que podem ser escaladas por esses investidores para que ambos possam estar bem. Queremos organizar, dar mentoria e captar recursos. Nossa projeção para o Favela Brasil Xpress é instalar 50 novas bases e fazer 1 milhão de entregas nos primeiros 6 meses de 2022”, afirmou.

Gilson afirma que a favela tem um grande potencial de consumo, mas hoje se sente bloqueada por não ter o conforto de receber suas encomendas em casa.

Nosso mercado é potente e, se estimulado, pode ser ainda maior. A forma que a gente vê para escalar é por meio de franquias. De forma que empreendedores de outras favelas possam ter acesso ao nosso sistema e implantar em suas comunidades”, afirmou.

No plano de expansão do Favela Brasil Xpress, ainda está previsto um serviço de coleta e entrega de mercadorias nas casas dos pequenos empreendedores da favela. Dessa forma, por exemplo, uma mulher que confecciona panos de prato poderá disponibilizar seus produtos em um grande marketplace e contar com um serviço de entrega ágil e barato.

Além da opção de franquias, a própria Favela Brasil Xpress poderá mandar uma equipe para criar uma base e montar uma estrutura na região.

“A insegurança não se combate com segurança, mas com convivência. Por isso, vamos trazer empresas de fora da comunidade, com o olhar de que a favela é uma potência e tem oportunidade. Todos vão querer investir porque vale a pena, não por caridade”, concluiu o idealizador Giva Pereira.

Como a Kangu engaja comércios de bairro para formar uma rede de logística privada e competir de frente com os Correios

Uma papelaria que aproveita o espaço do estoque para armazenar encomendas. Uma padaria que nas tardes de pouco movimento recebe produtos de uma loja de roupas online. Um chaveiro que separa algumas horas da rotina para entregar pacotes pela vizinhança.

Os exemplos acima são parte dos mais de 5 mil pontos da rede de logística privada da Kangu. Marcelo Guarnieri, 35, CEO e cofundador, resume a proposta de valor da startup:

“A gente fornece tecnologia para que qualquer negócio consiga operar logística de forma simples. Com isso, conseguimos ter uma capilaridade para executar tudo muito rápido — e estar muito perto dos consumidores” 

A Kangu começou a operar em 2019. Em apenas dois anos de atividade, saiu do zero para 8 milhões de entregas mensais, expandiu sua operação para México — e, em agosto de 2021, foi adquirida pelo Mercado Livre por um valor não revelado.

Veteranos da Logística, os três sócios testemunharam as transformações do setor

O paulistano Marcelo é um veterano de logística, com experiência em empresas como a Rapidão Cometa e a FedEx. Foi durante essas passagens que conheceu os demais cofundadores: Ricardo Araújo, 58, e Celso Queiroz, 67.

Juntos, os três testemunharam, ao longo dos anos, as transformações provocadas pela tecnologia no setor.

“Há 12 anos, a gente entregava mercadorias no shopping com carretas. Elas eram preparadas para ir em grandes armazéns fora da cidade, pegar grandes quantidades de carga e fazer grandes entregas”, diz Marcelo. “Hoje, porém, em alguns shoppings nem existem mais vagas para carretas…”

A maioria das empresas de logística tradicionais, afirma o empreendedor, teve dificuldade para se adaptar às mudanças.

“Se antes tínhamos grandes varejos e indústrias vendendo, hoje com a dinâmica das mídias sociais, qualquer pessoa consegue vender. E os lotes [de entregas] que eram grandes viraram pequenos.”

O advento das redes sociais e ferramentas de mensageria, portanto, ajudou a alavancar as vendas online de pequenos negócios. Em paralelo, nesse novo cenário, a logística ia se tornando mais complexa.

À FRENTE DE UMA CONSULTORIA, ELES ENTENDERAM QUAL ERA O CALCANHAR DE AQUILES DO E-COMMERCE NO BRASIL

Em 2014, já atentos à nova dinâmica, os três se uniram para montar a própria consultoria em logística, a RC Sollis.

Não demorou para que percebessem o calcanhar de aquiles que prejudicava o desenvolvimento do e-commerce no Brasil: a inexistência de um serviço que atendesse pequenos vendedores, fazendo coletas e entregas pulverizadas.

“Se as empresas de transporte tinham dificuldade para entregar pulverizado, imagina coletar pulverizado e entregar pulverizado? Não havia ninguém atendendo a esse mercado, só os Correios. E toda vez que temos um único player atuando, isso vira um problema. A falta de concorrência é ruim”

Mas como fazer frente a uma empresa com a capilaridade dos Correios? A solução foi apostar no modelo de economia compartilhada para aproveitar a ociosidade de tempo, espaço e mão de obra de pequenos comércios de bairro — transformando-os em pontos de postagem, retirada, devolução e entrega de encomendas.

A PARTICIPAÇÃO EM UM CONGRESSO NOS EUA CONVENCEU OS SÓCIOS SOBRE A VIABILIDADE DA PROPOSTA

Mas nem eles acreditavam que funcionaria até apresentarem a ideia a um professor dos Estados Unidos com quem tinham uma parceria.

O professor não só se interessou pelo projeto, como os convidou para apresentá-lo no congresso “Internet Edge Supply Chain Lab”, na Arizona State University. “O Ricardo falou: esse cara está louco”, lembra Marcelo…

Mesmo assim, em outubro de 2017 eles embarcaram para os Estados Unidos.

“Saímos de lá em choque. As 80 ou 100 pessoas presentes, todas fundadoras de empresas ou CEOs de tecnologia e logística, adoraram [o projeto]”

Se na ida para o congresso eles ainda estavam titubeando sobre montar ou não uma startup, no voo de volta o trio estava decidido sobre mergulhar fundo na ideia.

O ano era 2018. Ricardo e Celso continuaram tocando a consultoria, para garantir o sustento dos sócios. Enquanto isso, Marcelo ficou encarregado de dar os primeiros passos da Kangu.

QUANDO O SUCESSO DEPENDE DO FUNCIONAMENTO PERFEITO DE UM APP, É MELHOR NÃO CORRER RISCOS

Um especialista em tecnologia foi contratado para ajudar no desenvolvimento de um sistema intuitivo o bastante para que qualquer pessoa, em qualquer lugar, pudesse operar os serviços de logística da Kangu.

“Movimentamos muitos dados. No regime de economia compartilhada, o treinamento e a reciclagem de quem trabalha com o aplicativo precisa ser mais intuitivo, tudo deve funcionar redondinho”, reforça o CEO. “Imagine se o nosso app tiver um erro durante 15 minutos em 5 mil pontos em 3 países?”

O ajuste fino da tecnologia demandou quase um ano de testes. Nesse tempo, os empreendedores gastaram a sola dos sapatos visitando pessoalmente os pequenos comerciantes e enviando pacotes para si mesmos para entender como o fluxo funcionaria. Marcelo explica:

“Enquanto Kangu, a gente não quer que a papelaria deixe de ser papelaria e se torne um armazém. Queremos que ele continue sendo papelaria — e que, em parte do tempo, trabalhe para a gente e cuide do seu entorno”

O primeiro ponto ativo da rede da Kangu permitiu colocar o conceito à prova: uma papelaria do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, cujos donos, idosos, mal sabiam mexer em smartphones.

“Eles continuam ativos até hoje — e até dão pitacos e sugestões do que podemos melhorar”, afirma Marcelo, orgulhoso.

FOI PRECISO CONVENCER O MERCADO DE QUE NEGÓCIOS DE BAIRRO PODEM SER INCORPORADOS À CADEIA LOGÍSTICA

Veio, então, o segundo desafio: como provar para o mercado que comerciantes à frente de papelarias, padarias — enfim, pequenos negócios de bairro — estariam habilitados a realizar serviços de logística?

“Uma das coisas que mais ouvimos foi que uma papelaria iria perder pacotes”, diz Marcelo.

Aos poucos, essa desconfiança foi sendo demolida:

“A percepção de qualidade é grande. Não tem fila, o atendimento é personalizado… Há casos em que o dono do ponto é até amigo de quem vai entregar ou retirar um objeto. Existe uma relação de confiança de bairro que é diferente, tira um pouco o estresse de tudo”

Os empreendedores dedicaram um tempo testando o modelo, para garantir que essa rede estaria bem azeitada. Não foi um período fácil do ponto de vista financeiro: até ali, todo o investimento na Kangu tinha saído do bolso dos sócios.

“Estávamos quebrados…”, diz Marcelo. “Mas tínhamos certeza que o modelo poderia escalar muito rápido e fácil. Como o segmento não estava sendo atendido, sabíamos que na hora que acertássemos o canal de venda, iríamos explodir.”

COM O PRIMEIRO APORTE E A DEMANDA GERADA PELA PANDEMIA, A KANGU DEU UM SALTO DECISIVO

A espera valeu a pena. Lançada oficialmente no início de 2019, a Kangu fechou aquele ano com parcerias com as gigantes do e-commerce Dafiti e Mercado Livre, realizando 200 mil entregas por mês.

No começo de 2020, os sócios levantaram 6 milhões de reais com fundos de investimento. Além desse primeiro aporte, a pandemia (que chegou ao país em março daquele ano) impulsionou o setor de vendas online e turbinou de vez o negócio.

“Queremos ser a melhor solução quando é necessário ter capilaridade. E hoje talvez só os Correios tenham mais capilaridade que a gente, porque chegam a pontos remotos… Mas, dentro das cidades, temos mais capilaridade que os Correios”

O crescimento da operação da Kangu surpreendeu os próprios sócios. O número de funcionários contratados saltou de 20 para 380. Hoje, a rede de parceiros inclui quase 15 mil pessoas. Só em São Paulo são 600 pontos. comerciais engajados como prestadores de serviços logísticos da startup.

NA CONCORRÊNCIA COM OS CORREIOS, O PREÇO COMPETITIVO É UM DOS DIFERENCIAIS DA STARTUP

A Kangu atende três principais públicos: o Mercado Livre, que oferece a solução para seus vendedores, grandes varejistas e clientes que contratam a startup diretamente.

Os preços são atrativos, afirma Marcelo. O desconto pode ser um diferencial relevante para pequenos empresários que desejam se posicionar no mercado de e-commerce.

“Um dos maiores fatores de decisão em uma compra online é o frete. Não é à toa que no Brasil vemos estratégias muito fortes de frete grátis. Só que não é grátis: alguém está pagando. É por isso que é essencial que o custo do frete seja baixo. Quanto mais barato, mais fácil vai ser para o vendedor”

Na outra ponta, os comerciantes podem exercer serviços de postagem (receber e remeter as encomendas dos vendedores), entrega (feitas a pé ou no formato de retirada pelos compradores) e recebimento de devoluções de mercadoria.

Cada ponto escolhe o tipo e quantidade de serviços oferecidos — e recebem pagamentos por operação.

VENDER O NEGÓCIO NÃO ESTAVA NOS PLANOS. MAS AÍ VEIO A PROPOSTA DO MERCADO LIVRE…

Diante do crescimento exponencial, a Kangu se preparava para uma nova rodada de captação em 2021, para alavancar ainda mais o negócio.

Porém, antes que os empreendedores chegassem a captar o novo aporte, surgiu a proposta de aquisição do Mercado Livre.

“Não tínhamos a intenção de vender a empresa, não nesse período. Mas tivemos um crescimento absurdo, acabamos virando uma empresa de um porte muito maior do que o esperado… E sempre tivemos uma cultura muito parecida com a do Mercado Livre, um propósito de querer democratizar e olhar para o pequeno”

Os sócios Marcelo e Ricardo seguem à frente da startup, mas agora se reportando ao conselho do Mercado Livre em vez de um grupo de investidores. A Kangu continuará funcionando como uma empresa apartada da nova controladora, prestando serviços a parceiros externos e mantendo as estratégias de crescimento.

As metas de expansão, por sinal, não mudaram. O objetivo dos empreendedores? Encerrar o ano com 3 500 pontos no Brasil.

DRAFT CARD

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  • Projeto: Kangu
  • O que faz: Transforma pequenos comércios em pontos logísticos para e-commerce
  • Sócio(s): Marcelo Guarnieri, Ricardo Araújo, Celso Queiroz e Mercado Livre
  • Funcionários: 380
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2019
  • Investimento inicial: R$ 6 milhões