Corrida por entrega rápida aumenta demanda por galpões industriais

São estimados R$ 4 bi em investimentos para a expansão de logística industrial nos próximos 15 meses.

Em um galpão de 150,5 mil m2,  dimensão que equivale a quase um estádio do tamanho do Maracanã, o movimento de caixas, pacotes, empilhadeiras e carrinhos é frenético. Esteiras auxiliam o trabalho de 3.500 funcionários responsáveis por separar, etiquetar e despachar milhares de encomendas que precisam chegar ao consumidor o  mais rápido possível.

De um dos dois centros de distribuição do Mercado Livre em Cajamar, na Grande São Paulo, 80% das encomendas chegam aos clientes em até 48 horas e , deste total, 70% precisam ser entregues antes de 24 horas. Os prazos cada vez menores buscam atender milhares de consumidores que migraram para o e-commerce em 2020 em decorrência das medidas de restrição para controle da pandemia.

Segundo a consultoria E-bit Nielsen, 13 milhões de pessoas fizeram compras via internet pela primeira vez ano passado. O faturamento do comércio on-line brasileiro acumulou crescimento de 83,68% em 12 meses até dezembro, segundo indicador da Câmara Brasileira da Economia Digital e da Neotrust.

A corrida pela experiência da compra prefeita passa necessariamente pela entrega rápida e isso obrigou o e-commerce  a expandir seus centros de distribuições e a iniciar uma caça a galpões menores e urbanos, que permitam encolher ainda mais no intervalo entre o pedido e a entrega.

Segundo dados da Colliers Internation, 32% dos galpões industriais alugados em 2020 foram impulsionados pelo comércio on-line, e 6% estão ligados a empresas de logística.

Simone Santos, presidente executiva da SDS Porperties, viu a demanda por locação de galpões industriais crescer 30% em 2020, ante 2019. “Existia uma expectativa de retomada do mercado faz seis anos, mas nunca acontecia”, explica a executiva.

As empresas especializadas em logística respondem pela maior ocupação de condomínios logísticos, um total de 4,1 milhões de m2, segundo a SiiLA Brasil. Em seguida estão as varejistas, com 2,9 milhões de m2, e o e-commerce, com 1,1 milhão de m2.

A demanda no segmento logístico é tanta que a maioria das principais empresas do setor reportam lotação máxima e resultados recordes, tanto em 2020 quanto no primeiro trimestre deste ano. No setor, 2020 já é considerado o ano do “boom na distribuição”.

Hailton Liberatore, sócio-diretor da Libercon Engenharia, que constrói centros logístico e industriais, diz que o momento é de euforia do setor. “Em 15 anos, nunca vi nada igual nesse mercado”, afirma.

Mais investidores estão interessados no segmento e há uma corrida pela “joia da coroa”: o terreno que possa receber um galpão dentro da capital, a uma distância de até 15 quilômetros da região central, o novo “last mile”, ou a última etapa antes da entrega. Segundo Liberatore, há uma negociação em andamento que, se for concluída, resultará no primeiro galpão logístico de ponta dentro da cidade de São Paulo.

Neste ano, o volume de investimentos previstos dá a dimensão do aquecimento do segmento logístico. Marina Hanania, diretora de pesquisa e inteligência de mercado na Newmark, diz que são estimados R$ 4 bilhões em investimentos para a expansão de logística industrial nos próximos 15 meses.

Áustria testa entregas em domicílio sem precisar de ter alguém em casa

Áustria testa um novo serviço de entregas em domicílio em que os clientes não necessitam de estar presentes na residência para que as encomendas sejam depositadas no interior da habitação.

O serviço passa por uma aplicação associada a um serviço de fechaduras eletrônicas da empresa Nuki e a um sistema de câmaras de vigilância a que os clientes aderem voluntariamente.

Um carteiro é previamente apresentado aos clientes e recebe autorização para entrar na residência e concluir a entrega de encomendas postais, num processo que pode ser registrado ou vigiado à distância.

Na Áustria, os carteiros estão autorizados a entrar apenas ao “hall” de entrada, não podendo ir além desse espaço na residência dos destinatários.

Receber cartas e encomendas postais em casa vinha-se tornando cada vez mais complicado à medida que o trabalho doméstico se tornou cada vez mais raro. No entanto, agora, a pandemia impôs a muita gente o tele trabalho e limitou muitas lojas às vendas pela Internet, com posterior entrega em domicílio ou num ponto de coleta pré-estabelecido.

Já pensando certamente na retomada do trabalho normal após a pandemia, a Áustria apostou na inovação dos serviços de entrega de encomendas e tem em curso um teste envolvendo uma centena de voluntários.

“Mandei vir uma série de encomendas. Ter este serviço de entrega em que não preciso de estar em casa, é extremamente útil para mim, admito. Tive logo vontade de participar neste teste e inscrevi-me de imediato”, disse à Euronews,  Christoph Heimel, um dos participantes no teste.

Outros testes deste tipo de serviço de entregas já foram realizados antes nos Estados Unidos e em alguns países escandinavos. As impressões recolhidas mostraram que a maioria dos consumidores não permitem a entrada do carteiro nas respectivas residências devido ao receio de furtos.

Os serviços postais austríacos pretendem melhorar a percepção de segurança das pessoas e, por isso, deram a cada participante a possibilidade de conhecer apenas um carteiro, a quem foi dada permissão de entrar em casa.

“O cliente decide se adere a este serviço ou não. Têm de haver também medidas de segurança como uma câmara de vigilância e nós também vamos testar isto. Somos os líderes do mercado na Áustria e pretendemos manter essa posição. E isso requer inovação”, Peter Umundum, administrador dos serviços postais austríacos.

O sistema de entregas postais em casa em teste é descrito na Áustria pela própria empresa como uma novidade na Europa. Deve começar a ser devidamente utilizado a partir do próximo ano no país, mas também em algumas regiões dos Balcãs.

O correspondente da Euronews na Áustria, Johannes Pleschberger, salienta que também “o fato de haver mais pessoas em casa devido à pandemia” tem contribuído “para que mais encomendas fossem devidamente entregues logo à primeira tentativa”.

“A taxa de sucesso pode agora aumentar com esta nova aplicação para entregas em casa”, estima o nosso jornalista.

O teste está ocorrendo nas cidades de Viena, Graz e na região da Baixa Áustria.

 

Serviço de entregas dribla riscos no Rio e chega aonde os Correios não entram

É a proposta da Clique Retire, por meio de e-boxes na SuperVia, utiliza segurança das plataformas e cria um sistema seguro e acessível.

Brasileiros que vivem em comunidades em áreas de risco ou que não têm CEP ou Caixa Postal enfrentam há anos problemas para receber encomendas ou fazer compras on-line. Por conta do 1º problema, os Correios deixaram de entrar em locais com altos índices de violência.

Há quase 2 anos, os cariocas receberam uma alternativa para facilitar essa logística. A Clique Retire foi fundada para auxiliar pessoas que não podiam contar com o serviço público de entregas. O serviço já opera em várias metrópoles e deve chegar a Brasília em breve.

A maneira encontrada pela empresa no Rio de Janeiro foi implementar um sistema seguro e simples ao mesmo tempo. Por meio de e-boxes (armários com abertura por códigos digitais), a companhia viabilizou o tráfego de mercadorias para locais antes isolados pela violência.

Os armários foram instalados nas estações da SuperVia –plataforma de trens da capital fluminense. Além disso, o centro de triagem também funciona nas estações de metrô que fazem baldeação com os trens. A vantagem é contar com a segurança já implementada no sistema de transportes ferroviários do Rio.

Segundo o diretor-executivo, Gustavo Artuzo, a logística em torno do metrô carioca foi uma maneira de desestimular possíveis assaltantes, que têm nas entregas dos Correios um alvo recorrente. A ideia é “pensar com a cabeça do ladrão”, diz Artuzo, fundador da empresa.

De acordo com o executivo, o assaltante pesa o risco e retorno de uma ação. Caso a Clique Retire optasse por uma entrega convencional, com vans, carros e motos adentrando regiões violentas, o risco para o ladrão seria menor, enquanto o retorno poderia ser maior, já que um veículo grande leva a crer que há grandes encomendas, com alto valor de revenda no mercado paralelo.

“O bandido nunca sabe o que ele vai pegar. Ele sabe que ele vai interceptar alguma coisa. Ele está fazendo um cálculo entre o risco que ele está correndo e o retorno que ele está buscando. O risco é de ser pego, e aí ser preso. O retorno são os valores dos bens que estão sendo roubados”, explica.

“Quando o cara precisa fazer um roubo em um lugar fechado que tem segurança presente, tem vigilância, ele está se arriscando muito. Então, ele não vai pegar o cara na SuperVia”, completa Artuzo.

Ao instalar as e-boxes na SuperVia, a vigilância é maior e todo o caminho percorrido pela mercadoria é balizado por câmeras de segurança. Além disso, Artuzo diz que diferentemente do que muitos pensam, o maior volume de compras é de produtos de difícil revenda, como produtos de beleza baratos e camisas personalizadas.

A Clique Retire também opera além da SuperVia. Há outros pontos de triagem, transportadoras contratadas e até entregadores cadastrados nas comunidades. Nesse último caso, a saída foi investir em um empreendimento que operasse nas comunidades, para as comunidades e empregando as pessoas de comunidades.

“Eu tenho funcionários que transportam as encomendas usando essa infraestrutura existente [da SuperVia]. Quando estou colocando os produtos para fora –pode ser em um posto de combustível, shopping, prédio– aí eu contrato alguma transportadora para fazer entrega”, explica o executivo.

ASSINATURA VIÁVEL

Qualquer morador do Estado pode adquirir uma e-box, por meio de uma assinatura mensal ou anual no site da Clique Retire. Os valores vão de R$ 9,90 a R$ 19,90 por mês. Artuzo afirma que o pagamento pelo comprador, e não pelo vendedor, beneficia pequenos negócios, que ficam livres de taxas de frete e ampliam seu raio de entregas.

“Esses caras grandões, eles pagam o frete para entregar um produto. Contratam alguma transportadora. E ela te entrega o produto com o frete grátis. Então você não paga pra receber, mas ela [a vendedora] paga para entregar”, diz o diretor.

Ter um CNPJ, inclusive, é pré-requisito para operar no Clique Retire. Ainda não há a possibilidade de envio de mercadorias entre pessoas físicas. O foco é atrair todo tipo de vendedor –partindo de enormes companhias de e-commerce– e compradores de todas as classes sociais que recebem com frequência ou que revendem legalmente.

“Quem for mandar uma única peça, até pode se cadastrar, mas não vai viabilizar para ele. Ele não quer esse trabalho todo para mandar uma peça por ano. Agora, para quem vende 20 peças por mês, vai viabilizar e vai ser maravilhoso. Vai economizar e aumentar o público”, declara Artuzo.

O sistema também possibilita o recebimento de contas de luz, cartão de crédito, boletos, etc.

Não há exigências para quem assina. Quem não tiver endereço fixo, CEP ou caixa postal pode se cadastrar facilmente no site ou no aplicativo da Clique Retire. Ao assinar, você recebe o endereço da sua e-box e o código do terminal no qual ela está instalada.

A partir daí, é só inserir esses dados de entrega em pedidos no e-commerce. Quando a encomenda for depositada, o usuário recebe um SMS com a senha recebida em formato QR Code. O prazo para a retirada é de 72 horas.

C&A implementa entregas no mesmo dia utilizando bicicletas e patinetes

A varejista de moda C&A iniciou sua operação de entregas no mesmo dia de produtos comprados on-line utilizando bicicletas e patinetes elétricos. Em princípio, o modal será testado apenas em delivery na zona sul do Rio de Janeiro, mas a ideia é levar o meio de transporte para outros grandes centros do Brasil.

Inicialmente, de 10 a 20 bicicletas e patinetes estarão a postos para realizar até 600 entregas por dia. A quantidade de entregadores será ajustada de acordo com o raio de atuação da loja e eventual aumento no volume de pedidos para possibilitar entregas no mesmo dia ou no máximo dia seguinte.

Com as entregas no mesmo dia, a C&A espera  se aproximar mais do seu público, oferecendo a oportunidade do consumidor escolher produtos no site ou no aplicativo durante o dia, fazer o pagamento e já poder vestir a roupa de noite.

A entrega através de bicicletas e patinetes faz parte de um plano sustentável da empresa, que incentiva a moda com produtos reutilizáveis e que não agridem o meio ambiente.

Além disso, com a implementação do delivery, a C&A espera fortalecer o seu modelo de ship from store, com as grandes lojas servindo como estoque e centros de distribuição.

Shippify anuncia expansão para o nordeste

Com crescimento de 300% em 2020, a Shippify vai atender a mais 132 municípios até o segundo semestre de 2021.

A Shippify – operadora de sistema para logística sob demanda, conectando entregadores com lojas físicas e e-commerces – anuncia expansão para o interior do Nordeste brasileiro. A empresa tem atuação na América Latina e está no Brasil desde 2015. Com presença nacional, a Shippify este ano vai investir no mercado do Nordeste e ampliar as cidades que atende.

“Estamos nas capitais Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Natal (RN), Aracaju (SE), mas vamos assumir serviços para nossos clientes em novas praças do interior. Atenderemos em mais 72 cidades no Pernambuco, 27 no Ceará, 17 no Rio Grande do Norte e 16 cidades na Bahia.” – Lucas Grossi, diretor da Shippify no Brasil.

A proposta para as demais cidades mantém a agilidade característica da Shippify e a otimização do uso de veículos.

“Nossa entrega é rápida, quando você compra um vinho, um livro ou um brinquedo pro seu pet e pode receber em menos de 24h e isso é incrível.”

Com o aumento exponencial das entregas e dos negócios B2B em 2020 a Shippify registrou um crescimento quatro vezes maior que 2019.

“No Brasil, crescemos não só no volume de entrega, cerca de 500 mil por mês, mas houve também um salto no número de integrantes da nossa comunidade. Os shippers, como chamamos nossa comunidade de entregadores autônomos, são hoje mais de 22 mil pessoas que usam diversos meios de transporte para realizar o serviço.”

O executivo aponta que o diferencial da empresa está na experiência com o aplicativo que permite interações durante o processo.

“A tecnologia tem papel fundamental na experiência de entrega que nossos clientes oferecem. Ela representa controle, facilidade e economia para quem contrata, enquanto proporciona maior autonomia para quem recebe, que pode rastrear, editar informações e acompanhar a entrega. Ou seja, estamos complementando a vivência do consumidor com o produto que compra”.

Mandaê prevê crescimento de 120% no volume de encomendas para o Dia das Mães

Este semestre mostra-se bastante aquecido com expansão de 60% no número de envios no balanço do primeiro trimestre.

A Mandaê, plataforma de inteligência logística que conecta e-commerces a transportadoras, está aumentando em 20% o número de colaboradores contratados para atender um aumento previsto de cerca de 120% no volume de encomendas para o dia das mães.

“As restrições impostas pelo agravamento este ano da pandemia impulsionaram ainda mais a migração das compras efetuadas em lojas físicas para o online”, observa Marcelo Fujimoto, CEO da Mandaê. “Tivemos um aumento de 60% no envio de encomendas no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2020, e estamos nos posicionando e fortalecendo a infraestrutura operacional para atender, com a mesma qualidade e rapidez, a demanda para uma das principais datas comemorativas do ano”.

Segundo dados da “Compre & Confie”, parceiro da consultoria Social Miner, especializada em dados de comportamento, a data, que movimentou 6 bilhões em vendas pela Internet em 2020 (aumento de 117% em relação a 2019), deve repetir esse crescimento este ano, exigindo ainda mais das empresas de logística de entregas. A previsão é baseada em pesquisa sobre o “Futuro do consumo pós-Covid”, que revelou que 50% dos entrevistados vão seguir fazendo suas compras on-line. A enquete mostra que os principais segmentos do varejo que estão impulsionando essa alta são novamente Moda e Acessórios (29,88%), Beleza (20,65%) e Eletrônica e Informática (19,60%).

Resultados positivos e expansão

Para este ano, Marcelo Fujimoto destaca que a Mandaê tem uma perspectiva muito positiva, tendo iniciado um plano de expansão para aumentar suas operações em importantes regiões do País. A empresa se prepara para continuar acompanhando a aceleração do e-commerce que, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico/Neotrust, cresceu no ano passado, 68% na comparação com 2019. Segundo as estimativas da associação, 20,2 milhões de consumidores realizaram pela primeira vez uma compra pela internet em 2020 e 150 mil lojas adotaram vendas em plataformas digitais.

“Já começamos a fase de contratações e negociações para iniciar, ainda neste semestre, nossas operações em mais um Estado”, adianta o CEO da Mandaê. Até o fim de 2021, por meio de parcerias com players logísticos regionais, a empresa vai expandir a sua atuação em mais quatro regiões, oferecendo o serviço de coleta para e-commerces baseados nos Estados de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Sobre a Mandaê:

A Mandaê é uma plataforma logística que conecta pequenos e médios comércios eletrônicos com players logísticos. Utilizamos tecnologia, dados e algoritmos para oferecer aos e-commerces custos de transporte reduzidos, tempos de envio mais rápidos e melhor qualidade de envio. A nossa missão é devolver ao comércio on-line liberdade e controle através da melhor logística do Brasil.

 

 

Logtechs trazem tecnologia e comodidade para entregas em casa

A pandemia aumentou a demanda por bens e serviços entregues com velocidade e custo acessível na porta do consumidor.

A pandemia restringiu a mobilidade de todos nós, e a logística urbana teve que trabalhar dobrado para que a economia não parasse. Agora, mais do que nunca, precisamos de bens e serviços sendo entregues na nossa porta, com velocidade, custo acessível e no melhor caso, no horário combinado. Quem permitiu essa adaptação tão rápida foi mais uma vez a tecnologia.

A dinâmica da logística já vinha mudando rapidamente nos últimos anos, principalmente em relação aos serviços chamados de “last mile”, ou seja, os últimos quilômetros até o consumidor final, em que há menor escala, e em geral maiores custos. Esses serviços trouxeram cada vez mais variedade, comodidade e velocidade para as entregas, o que foi ótimo para o consumidor, mas trouxe muita dificuldade para a logística tradicional. Falhar nessa etapa final, mexe diretamente com a satisfação dos consumidores.

As logtechs surgem justamente aí para aumentar a produtividade da cadeia e trazer visibilidade, permitindo que os consumidores tenham o que querem, com custos acessíveis. Essas empresas alavancam não só novas tecnologias, como também uma lógica de desenvolvimento de produto muito mais centrada no usuário, focando em entregar o que ele enxerga de valor. No mercado de IoT, por exemplo, vemos que os EUA, onde os deliveries são muito mais comuns, 50% dos veículos comerciais já tem sensores instalados para aumentar a produtividade, enquanto no Brasil esse número ainda está perto dos 10%.

As empresas vencedoras aqui são não só as que conseguem adotar novas tecnologias mais rapidamente, mas também as que conseguem evoluir seus processos e cultura, para incorporar esses ganhos, enquanto seus concorrentes ainda não conseguiram. Hoje, as tecnologias mais modernas permitem rotas muito mais precisas, ajustadas ao trânsito atual, comunicação em tempo real com motoristas e clientes finais, políticas de prevenção a acidentes e manutenções desnecessárias, seleção de postos de combustível, automatização de fluxos de trabalho, entre outros.

Em qualquer situação, a tecnologia permeia processos e resultados na gestão de frotas para todas as partes envolvidas na operação – gestor de logística, motoristas, veículos/carga e o cliente final. Hoje, temos a possibilidade de unir a computação em nuvem e dispositivos conectados via internet unindo a telemetria à Internet das Coisas (ou IoT, na sigla em inglês). Dessa forma, é possível acompanhar à distância detalhes como aceleração, frenagem e dados de velocidade do veículo (se está respeitando os limites de trânsito, por exemplo). Essas informações, disponibilizadas em tempo real, permitem tomar decisões mais rápidas e que otimizam a operação, como definir a melhor rota de acordo com todas as paradas necessárias, a posição atual do carro e o trânsito, enviando diretamente para o motorista via app. Dessa forma, evitam-se desperdícios de tempo e de combustível causados por rotas ineficientes.

A logística sempre teve o ganho de escala como ponto de evolução para os negócios. Os marketplaces do e-commerce se aproveitam dessa dinâmica. Antes da popularização desse modelo de negócios, os vendedores menores poderiam ter prejuízos para manter uma loja online própria ou para arcar com o valor dos fretes. Agora, eles têm ganhos de escala ao aproveitar o desenvolvimento de tecnologias de logística voltadas para o compartilhamento de rotas, com entregas de diversas empresas feitas com um único veículo. Isso ajuda na distribuição dos produtos e cria densidade em locais mais isolados, barateando seus fretes.

O objetivo das empresas é, principalmente, melhorar o índice de paradas por dia, aumentando o número de atendimentos e entregas. Para fazer isso torna-se cada vez mais necessário receber essa gama de dados em tempo real. Assim, as empresas conseguem se adaptar rapidamente a variáveis como o trânsito e a imprevistos como necessidade de manutenção ou troca de motoristas.

Os consumidores evoluíram e agora a tecnologia está possibilitando que as empresas evoluam também para entregar um produto superior. É um momento de muita oportunidade no mercado. As empresas que conseguem implementar novas tecnologias, e mais importante, alterar seus processos e cultura para tirarem o máximo delas estão saindo na frente. Em um cenário remoto, essas adaptações são ainda mais difíceis, mas estão definindo os vencedores.

*Rodrigo Mourad é fundador e presidente da  Cobli, logtech que utiliza Internet das Coisas (IoT) e dados para tornar a operação das empresas mais eficiente

 

 

A vez do marketplace: Via quer liderar segmento dominado por Mercado Livre e Magalu

A Via (novo nome da Via Varejo), dona da Casas Bahia e Pontofrio, anunciou na última segunda-feira (26), planos de construir o maior marketplace do país. Com isso, a Via tenta triunfar em um segmento que hoje é dominado por Mercado Livre, Americanas e Magazine Luiza.

Hellison Lemos, CDO da Via, disse que o crescimento das vendas on-line da companhia passa por três pilares: oferecer mais sortimentos, ampliar o número de categorias e estimular a frequência de consumo.

“Capturamos 10 mil sellers só em março, mais que todo o volume de 2020. Hoje, estamos com 26 mil sellers e a expectativa é ter de 70 a 90 mil até o fim do ano”, disse Lemos no Investor Day da Via, evento realizado com analistas de mercado.

Outra estratégia é reduzir a comissão cobrada do seller. Até o final do ano, a Via vai isentar as vendas mensais de até R$ 50 mil da comissão do marketplace.

“Se precisarmos ser mais agressivos e dar mais tempo de isenção, isso vai afetar muito pouco da nossa rentabilidade”, disse Roberto Fulcherberguer, CEO da Via.

Com isso, a Via mostra que está de olho no seller da concorrência. Lemos diz que o seller não tem fidelidade à plataforma. “No final do dia, o que interessa para ele é vender”, afirma Lemos.

Hoje, a briga pela disputa da venda on-line passa pelo prazo de entrega. Por isso, a maioria dos marketplaces estimula que o seller utilize o serviço de fulfillment (armazenar seus produtos no centro de distribuição da marca) para reduzir o tempo de entrega.

O problema, segundo a Via, é que usar o fulfillment representa custo para o vendedor, já que ele fica com a mercadoria parada em depósitos de várias marcas. A Via diz que o seller poderá usar seus centros de distribuição como hub logístico.

Em outra frente, a Via oferecerá uma conta bancária PJ para o seller receber pelas vendas efetuadas no marketplace. Quem optar por essa conta, terá acesso a outros produtos, como maquininhas de cartão e linhas de crédito.

B2W: E-commerce agora entrega em favelas

Excluídos dos serviços regulares de entregas de empresas de logística, moradores de favelas começam a ser alvo de grandes grupos de e-commerce no momento em que as vendas on-line viraram a tábua de salvação do varejo na pandemia.

A B2W, uma das gigantes brasileiras do comércio on-line, fechou parceria comercial com a startup de logística Favela Brasil Xpress e com a organização G10 Favelas para entregar na comunidade de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, produtos vendidos nas lojas on-line com as bandeiras Americanas, Submarino e Shoptime.

Com isso, mais de 100 mil moradores da comunidade deixam de precisar se deslocar até pontos de retirada de produtos adquiridos pela internet, geralmente agências dos Correios ou lojas físicas do grupo.

Por questões como falta de CEP (Código de Endereçamento Postal), de numeração nas casas e de segurança, moradores das favelas geralmente estão fora do mapa das empresas de logística. Muitas usam até o jargão “CEP do inferno” para designar áreas onde é alto o risco de roubo de cargas.

No entanto, pesquisas mostram que essas comunidades reúnem mais de 11 milhões de brasileiros, boa parte deles com acesso à internet e, portanto, consumidores em potencial.

Nas contas de Gilson Rodrigues, presidente da União de Moradores de Paraisópolis e presidente nacional do G10 Favelas, essas comunidades movimentam por ano no país o equivalente ao PIB de países como Honduras e buscam cada vez mais o e-commerce. O desafio, na sua opinião, estava, exatamente, na logística.

“Temos a pretensão de, em breve, expandir o projeto para outras comunidades e colocar essa população no mapa do e-commerce”, afirma André Biselli, gerente de operações da B2W Digital, mas sem detalhar os próximos passos. Diz que não tem dados sobre potencial de mercado, mas afirma que há uma demanda reprimida.

Como o Mercado Livre quer se manter líder do e-commerce nacional

Mercado Livre vai investir R$ 10 bi com um simples objetivo: fidelizar consumidores e vendedores.

Maior companhia de e-commerce do Brasil vê demanda crescer em 2020 por conta da pandemia, mas entende que há espaço para mais.

Assim como muitos de nós, Stelleo Tolda, presidente de commerce do Mercado Livre para a América Latina, viu sua rotina mudar radicalmente durante a pandemia.

Ele também foi obrigado a trabalhar de casa, depois que as autoridades sanitárias recomendaram que as pessoas evitassem de sair, a não ser para questões essenciais. E para ter uma estrutura mínima, também teve que turbinar seu home-office, comprando teclado, mouse e uma segunda tela.

Mas diferente da maioria, ele teve que comandar, de sua residência, uma companhia presente em 18 países da América Latina e que foi intensamente testada no ano passado, experimentando uma aceleração significativa da demanda por seus serviços.

Como sabemos, a pandemia transformou profundamente a economia no ano passado, em especial o segmento em que Tolda atua. Enquanto a maioria dos setores da economia sofreu, o e-commerce floresceu no período, uma vez que as pessoas não podiam mais recorrer ao varejo físico para adquirir qualquer coisa, de comida e álcool em gel, até brinquedos e materiais de escritório.

As compras pela internet aceleraram significativamente no ano passado. Até então, o brasileiro era pouco habituado ao varejo eletrônico – o e-commerce tinha uma penetração relativamente baixa no varejo nacional, respondendo por cerca de 6% do total de vendas. O número também era baixo nos outros países da América Latina.

A impossibilidade de ir ao mercado ou shopping center, porém, fez as pessoas migrarem à internet. E para atender o aumento e o surgimento de novas demandas, Tolda viu a necessidade de acelerar planos e investimentos do Mercado Livre no Brasil para dar conta do recado.

“A gente cumpriu o plano de investimento do ano, de R$ 4 bilhões, no Brasil, mas o que a gente fez foi antecipar alguns lançamentos, como a categoria de supermercados, e também a nossa maré logística, que envolve, além de centros de distribuição, postos avançados, que ficam mais perto dos consumidores”, disse ele em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro.

Poderia ter dado errado. Não faltam histórias de empresas que enfrentaram dificuldades quando tiveram que antecipar o cronograma de investimentos. Mas para o Mercado Livre deu certo.

A companhia conseguiu consolidar sua posição de maior nome do e-commerce do Brasil, com a operação tupiniquim ganhando destaque nos resultados consolidados – ela respondeu por 54% da receita líquida total no quarto trimestre, somando US$ 720,5 milhões, um crescimento de 68% em dólar e 120% em real, na comparação com o mesmo período de 2019.

O bom momento também pode ser sentido nos recibos de ações negociados na B3 (MELI34), que valorizaram mais de 215% no ano passado – as ações da empresa são listadas na Nasdaq desde 2007 e em 2020 elas avançaram 179,5%.

A adoção do e-commerce pode ter sido acelerada pela pandemia, mas as pessoas já estavam experimentando fazer compras pela internet, por aplicativos, nos últimos anos. É um caminho sem volta. A primeira fase, a de aceitação, já passou. Agora vem um novo momento, que pode ser chamado de seleção natural do setor, em que será definido quem vai triunfar, quem vai fracassar e quem vai virar referência do varejo eletrônico no Brasil.

Tolda está atento a isso e sabe o que precisa fazer para vencer essa batalha. E a estratégia passa por uma única palavra: fidelização.

Pandemia aceleradora

Lançado em 1999, na Argentina, e presente no Brasil há 21 anos, o Mercado Livre acompanhou o surgimento do e-commerce nacional, primeiro no formato de negociações em leilões on-line, evoluindo posteriormente para um site em que as pessoas poderiam vender produtos novos ou usados, com forte inspiração na americana eBay.

De lá para cá, foi expandindo suas operações e ganhando tamanho, mas sempre tendo que lidar com a baixa penetração da modalidade, provocada por uma série de motivos – baixos índices de acesso à internet, bancarização e questões com a logística.

“A gente via uma penetração relativamente baixa do e-commerce no varejo brasileiro, da ordem de 6% antes da pandemia. Depois de tanto tempo, ter só 6%, na nossa opinião, era um indicativo de que apenas uma parcela da população realmente tinha acessado o e-commerce”

A pandemia, embora indesejada, acabou sendo um catalisador para o segmento avançar. Primeiramente servindo de canal para compra de bens essenciais para lidar com os efeitos do novo coronavírus, como máscaras e álcool em gel.

Diante das restrições à circulação, e com muita gente com medo de sair, o e-commerce viu um crescimento muito forte de um segmento que o próprio Mercado Livre tinha pouca atuação, a venda de alimentos. “O Mercado Livre acelerou os planos (em alimentação). A gente tinha planos de lançar essa categoria no Brasil, já havíamos lançado antes da pandemia no México, mas a pandemia nos fez acelerar os planos”, disse Tolda.

Vendo que comprar pela internet não era tão complicado assim – pelo contrário, até mais cômodo – e percebendo que a pandemia não iria passar tão cedo, as pessoas passaram a buscar outros produtos. Com a casa virando sala de aula, escritório e lugar de entretenimento, aumentou a demanda por produtos destas categorias. E tivemos ainda as famigeradas obras, com todo mundo encontrando algo para reparar, reformar ou decorar.

O resultado de tudo isso, segundo presidente de commerce do Mercado Livre, foi um desempenho muito acima do que era esperado para 2020, uma alta de 60% do volume de vendas total, considerando as vendas próprias e de terceiros. “A gente tinha uma ideia de que, sim, iríamos crescer, mas talvez mais perto de 30% a 40%, então a gente teve um ganho, uma aceleração do crescimento, por conta dessa demanda maior”, disse.

Para Tolda, o que ocorreu em 2020 foi uma mudança de paradigma, mesmo que infelizmente impulsionada pela pandemia. Ele acredita que daqui para frente o e-commerce brasileiro deve ultrapassar a barreira dos 6%, respondendo por mais 10% de tudo que é vendido no varejo e com espaço para crescer ainda mais esse número.

“A gente ainda percebe que uma parcela da população não comprou on-line ainda, e entendo que é uma questão de tempo. E mais do que a gente fazer publicidade para atrair novos consumidores, coisa que a gente faz, o boca-a-boca, a experiência positiva dos que compraram, é o que tem atraído novos entrantes”, disse.

E é justamente este movimento orgânico que o Mercado Livre quer fortalecer, ao entender que para vencer num mercado cada dia mais concorrido é preciso oferecer o melhor serviço, a melhor experiência. Não apenas para o consumidor, mas para os vendedores também.

Fidelização, palavra de ordem

Tolda explicou que existe no segmento de e-commerce uma questão chamada efeito de rede. Trata-se de um ciclo virtuoso. Basicamente, ele pressupõe que o site que tem mais vendedores e mais produtos consequentemente atrai mais compradores. E o marketplace que tem mais produtos, tem mais liquidez, mais consumidores e acaba atraindo mais vendedores.

Manter esse efeito funcionando é o que faz um e-commerce crescer, fidelizando consumidores e vendedores à plataforma. “É ele que faz os marketplaces em países mais desenvolvidos, como na China, nos EUA, terem um líder claro”, disse.

Para garantir que essa roda continue girando, é preciso investir constantemente na melhoria dos serviços. Recentemente, o Mercado Livre anunciou que vai aportar R$ 10 bilhões apenas no Brasil em 2021, dobrando o número de funcionários dos atuais 5 mil para mais de 10 mil.

A maior parte dos recursos (Tolda não precisou quanto) irá para itens de logística, um velho gargalo nacional e que representa um ponto sensível para consumidores e vendedores. Os planos incluem dobrar o número de centros de distribuição, para oito, e ampliar a quantidade de postos avançados, para onde a companhia leva o produto para fazer a chamada “última milha”, o trecho final da entrega das mercadorias ao cliente, etapa crucial e sensível do processo de logística.

“Temos investido na questão do transporte, em parceria com muitas transportadoras, mas a gente também tem investido em veículos próprios, inclusive elétricos, aviões, como a gente anunciou no ano passado, tudo com o objetivo de melhorar nosso nível de serviços na entrega”

Dentro dos investimentos em logística, o Mercado Livre também deve se concentrar no serviço de armazenagem de produtos de seus vendedores, ficando responsável por todo o processo de manuseio, preparação das encomendas e a entrega, uma estratégia a mais de fidelização.

Mas os recursos não vão ficar concentrados apenas na parte de logística, segundo Tolda. A ideia é também expandir o segmento de supermercados, que teve boa receptividade no ano passado, e aumentar a quantidade de produtos próprios, não concorrendo com os vendedores do marketplace, mas complementando a oferta, garantindo que o consumidor encontre tudo aquilo que procura no Mercado Livre.

“A gente quer suprir melhor os nossos consumidores e entende que, em alguns casos, falta oferta de determinado modelo, de determinado produto, porque os nossos vendedores não têm acesso a isso. Em outros casos é uma questão de profundidade de oferta. Nossos vendedores podem até ter acesso a determinada marca, modelo, mas não em quantidade suficiente que a gente tem, principalmente em datas comemorativas, momentos de maior consumo”, afirmou.

E uma terceira parte dos R$ 10 bilhões vai para fortalecer um segmento que pouco foi comentado aqui, o financeiro. O Mercado Pago também é outra maneira de trazer mais gente para a plataforma, seja clientes, ao oferecer carteira digital com rendimento superior ao da poupança, seja para vendedores, com linhas de crédito e meios de pagamento.

De tão complementar que ele é para o segmento de varejo, as chances de uma cisão do Mercado Pago são praticamente zero, segundo Tolda. “Entendemos que mercado pago é um dos pilares do nosso negócio de e-commerce, com um colaborando muito com o outro”, afirmou.