Black Friday da crise dá força a sites de produtos da China

Em tempos de dinheiro curto, como participar da Black Friday? A resposta que muitos brasileiros estão encontrando para essas perguntas está na China — ou, mais especificamente, nos sites asiáticos que vendem produtos baratinhos, partindo de R$ 1,99. É de olho nesse grande contingente de pessoas que não podem gastar muito que sites como Shopee, Shein e AliExpress ganham força no Brasil.

Esses gigantes chineses, que têm ampliado sua estrutura no país e garantido frete grátis para uma parcela maior das vendas, já são rivais de peso para as gigantes nacionais que sempre dominaram a Black Friday, como Magazine Luiza, Casas Bahia e Americanas. Nas buscas da internet, essas forças asiáticas chamam mais a atenção do que as tradicionais varejistas locais.

Conforme levantamento de menções à Black Friday na internet, feito pela plataforma Wiz & Watcher entre 11 e 23 de novembro, das cinco marcas mais lembradas em relação à data de compras na rede, apenas uma era brasileira. Ao todo, foram analisadas 52 mil publicações. Shopee, AliExpress, Shein, Amazon e Lojas Americanas saíram na frente.

Receio

“Existe desconfiança do brasileiro em relação a efetividade das promoções da Black Friday no país. Com essa super digitalização do processo de compra, é mais fácil comparar e ver os preços que são praticados lá fora”, diz a fundadora da Wiz & Watcher, Cíntia Gonçalves.

Nem o dólar alto ou o tempo mais longo para a entrega tem sido empecilho para as compras além das fronteiras. Para a empreendedora Fernanda Magalhães, de 30 anos, o foco das compras na China são as decorações de Natal. “Fui a lojas físicas atrás de promoções, mas o preço estava muito mais alto”, afirma. “Meu carrinho de compras na Shopee está cheio, vou esperar até sexta-feira para ver se diminui ainda mais o valor.”

‘Quinquilharias’

Segundo levantamento da Buzzmonitor sobre intenção de compras para a Black Friday — com dados do Twitter entre agosto e outubro —, as principais categorias de desejo dos brasileiros para a data de descontos serão itens de vestuário (47%), entretenimento (24%), livros (21%) e tecnologia (8%). Ou seja: o apetite por produtos mais caros diminuiu.

Para o estudante Tainan Toldo, 24 anos, a expectativa é angariar produtos que não sejam tão afetados pela variação cambial e ofereçam o frete grátis. “Nas lojas gringas, agora na Black Friday, vou focar mais em coisas mais superficiais como capinha para celular, fones de ouvido e fita LED”, diz.

Para atender ao público que está em busca das promoções e quer comprar online nos sites estrangeiros, a gigante do e-commerce AliExpress decidiu aumentar sua frota para voos no País. A partir da Black Friday, a companhia passa de cinco para seis voos semanais com as cargas dos clientes.

A ação ocorre diante do cenário do crescimento da empresa no Brasil, quinto país em vendas para a gigante chinesa. “Tentamos oferecer um preço de fábrica nos produtos para os consumidores no Brasil. Somos até 39% mais baratos do que os concorrentes”, diz o executivo da companhia no Brasil, Yan Di.

Dados da empresa de análise de dados App Annie mostram que o AliExpress superou rivais como Magazine Luiza e Americanas em número de usuários em seu aplicativo, com 4,7 milhões de cadastros.

Shopee vai abrir armazém no Brasil para competir com Mercado Livre e Magalu

A varejista de Cingapura quer aprimorar sua malha logística e competir com Magalu, Americanas e Mercado Livre, abrindo um centro de distribuição em São Paulo

Por Pedro Knoth
26/11/2021 às 17:36

NEWS

A Shopee vai inaugurar seu primeiro armazém no Brasil. A instalação, que ainda está sob construção, deve ser um centro logístico para vendedores e tornar-se essencial para a varejista cingapurense competir com empresas regionais, como o Mercado Livre, e nacionais, como a Americanas e o Magalu, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Globo. O novo centro de distribuição está sendo construído em Barueri (SP).

Novo armazém da Shopee deve reforçar logística

O novo armazém da Shopee está sendo construído em uma rua paralela à Rodovia Presidente Castelo Branco, que tem acesso direto a São Paulo. São 30 quilômetros da capital até o município de Barueri. Em 2014, a cidade recebeu um centro de distribuição da Amazon.

Segundo apuração do O Globo, um boato que circula entre os vendedores do marketplace da Shopee de que o armazém a ser construído — mas sem data de inauguração marcada — será usado para que a companhia traga ao Brasil de forma inédita sua solução de fullfilment. Esse modelo de logística, criado pela Amazon, permite que vendedores do marketplace armazenem seus produtos dentro dos galpões da empresa.

O fulfillment é principalmente usado para agilizar a malha logística, o que, por sua vez, alavanca as vendas. De olho na Black Friday, o Mercacdo Livre recentmente inaugurou mais um armazém no interior paulista, com foco na distribuição de itens de linha branca, como geladeiras e fogões, e televisores acima de 50″ polegadas. Unidades que focam na entrega de produtos específicos são o que tem levado muitas varejistas a inaugurarem novos galpões em mais regiões do Brasil — algo que foi estimulado pelo desafio da pandemia COVID-19.

A Shopee já ocupa três andares de prédio da Faria Lima

Felipe Feistler, gerente de negócios da Shopee no Brasil, disse em entrevista ao site MobileTime, em março, que a companhia não possuía ainda um centro de distribuição no país e que o foco local era construir uma ponte entre os vendedores e consumidores, sem interferir na parte logística.

Oito meses depois, a Shopee parece ter objetivos diferentes. Além da construção de uma unidade logística, a companhia passou a ter uma sede administrativa em um dos endereços mais nobres da Avenida Faria Lima, lugar onde grandes empresas de tecnologia, como Google e Facebook, possuem escritórios.

Fontes ouvidas pelo jornal O Globo disseram que a Shopee, que antes ocupava apenas um andar do prédio B32, expandiu as atividades para mais dois pisos.

A varejista é controlada pelo Sea Group, mesmo dono da Garena, desenvolvedora do game para mobile Free Fire. Em 2020, a holding teve um faturamento bruto de US$ 4 bilhões.

Um dos destaques de resultados trimestrais do Sea Group é o bom desempenho da Shopee no Brasil. Segundo dados da plataforma Similarweb compilados pela Beyond Borders, a pedido da fintech Ebanx, o marketplace da Shopee é o oitavo mais visitado do Brasil no momento. A cingapurense ultrapassa sites como Extra e Ponto e disputa a sétima posição com o competidor asiático AliExpress.

Apesar do bom momento, a empresa vem esbarrando no Procon-SP, órgão de fiscalização e proteção ao consumidor paulista. Ao Tecnoblog, o diretor-executivo do instituto, Fernando Capez, confirmou que o Procon-SP deve multar a Shopee  por vendas em emissão de nota fiscal.. A multa provavelmente atingirá o limite de R$ 10,9 milhões.

Primeiras 13h da Black Friday movimentam quase R$ 2 bilhões, com crescimento recorde do e-commerce

O faturamento da Black Friday no e-commerce já movimentou R$ 3,05 bilhões desde a madrugada da última quinta 25, e 2021 caminha para se tornar o ano mais relevante para o comércio online na data. Apenas nesta sexta, dia em que são anunciadas as maiores promoções, varejistas e marketplaces virtuais faturaram R$ 1,9 bilhão, segundo levantamento da Neotrust.

O levantamento das 13h desta sexta consolida o cenário observado no e-commerce na véspera da Black Friday: alta do faturamento sendo puxada pelo aumento do valor do tíquete médio, que chegou a R$ 681,36, 5% maior ante 2020. O valor, bem superior ao observado no “esquenta” Black Friday, de R$ 553.

De olho nas melhores ofertas, o horário mais procurado para realizar compras nesta Black Friday foi entre 10h e 11h, em que 308,3 mil. E os campeões de compras foram os jovens entre 26 e 35 anos (35,17%), mulheres (57%) e moradores da Região Sudeste, que concentram 56,3% do faturamento total.

Na mesma toada da véspera, os smartphones não lideram o ranking de categorias mais procuradas na Black Friday. Até 13h, era o terceiro setor mais procurado, atrás de moda e acessórios e beleza e perfumaria. Os eletroportáteis estão apenas na terceira colocação.

Na véspera, balanço diário da consultoria NielsenIQ Ebit mostra que as varejistas e maketplaces online fecharam no dia com saldo positivo no crescimento nominal, que saltou 10% no dia, em comparação com 2020, chegando a R$ 1,05 bilhão, aliado ao tíquete médio com alta de 15%, a R$ 661. Por outro lado, o número de pedidos caiu 4%, para 1,54 milhões.

Cyber Monday: entenda o que é a data e a diferença para a Black Friday

Evento surgiu em 2005 nos Estados Unidos e oferece descontos para compras no e-commerce.

A Black Friday já se tornou o segundo evento anual mais importante para o varejo brasileiro, mas além dela há também a Cyber Monday. As duas surgiram nos Estados Unidos, mas a primeira tem foco no varejo físico, enquanto a segunda foi pensada para o e-commerce.

A Cyber Monday acontece na primeira segunda-feira após a Black Friday. Neste ano, ela será em 29 de novembro.

Apesar do nome “cyber”, o evento não é voltado para produtos cibernéticos. Na verdade, o objetivo da data é oferecer descontos para quem quer realizar compras no comércio virtual.

Qual a diferença entre a Black Friday e a Cyber Monday?

A Black Friday surgiu antes da Cyber Monday. A partir da década de 1990 a Black Friday passou a ser usada pelo varejo do país para se referir à sexta-feira posterior ao dia de Ação de Graças, com uma oferta de grandes descontos. Com isso, o termo se tornou sinônimo de um evento do varejo para realizar grandes queimas de estoque antes do Natal.

A Cyber Monday surgiria alguns anos depois, em 2005. A data foi criada para incentivar a realização de descontos por parte dos sites de compras, em uma época em que o e-commerce ainda era recente e pouco conhecido. Além disso, ela buscava incentivar à adesão do público à nova forma de compra.

Como na década de 1990 as compras eram feitas quase que inteiramente no varejo físico, a Black Friday ainda é bastante associada no país a esse setor, enquanto o e-commerce trabalha com a Cyber Monday.

Cyber Monday no Brasil

As duas datas vieram para o Brasil oficialmente no mesmo ano, em 2011. O responsável foi o portal Busca Descontos, que registrou os domínios dos sites para a Black Friday e a Cyber Monday.

Mas a data possui algumas particularidades em relação à versão original. No Brasil, os varejistas não realizam queimas de estoque nessa época do ano, e a data acaba sendo usada para vender lançamentos e produtos mais novos com grandes descontos.

Outra diferença é que o período de descontos foi além do dia em si, e passou a englobar todo o mês de novembro. Isso acabou representando um problema para a Cyber Monday, que foi “engolida” pela data, que também foi bastante abraçada pelo e-commerce brasileiro.

Uma pesquisa da consultoria GfK aponta que as semanas de novembro anteriores à da Black Friday corresponderam a 40% do valor das vendas no mês em 2020, ante 37% em 2019 e 36% em 2018. Já a semana posterior, em que a Cyber Monday ocorre, correspondeu a 19% em 2020, 17% em 2017 e 18% em 2018. A Black Friday ainda concentra o maior valor, com 42%, 46% e 46% em cada ano.

Entretanto, a semana da Cyber Monday contou com uma parcela de descontos maior que a das semanas anteriores à Black Friday, com a maioria variando entre 10% e 15%. Atualmente, 40% dos que pretendem comprar na Black Friday sabem o que é a Cyber Monday.

“A Cyber Monday discretamente ganha importância, mas isso demanda uma visão mais ampla do período, e o varejo conseguir aproveitar o pós-Black Friday e oferecer ofertas”, diz Fernando Baialuna, diretor de negócios e varejo da GfK.

Para ele, é necessário melhorar a comunicação sobre a data, dando um propósito a ela e expandindo o alcance para além do público mais jovem e de classes A e B, que são os grupos que mais conhecem a Cyber Monday.

Em geral, a Cyber Monday exige os mesmos cuidados que a Black Friday, sendo importante ficar atento a grandes descontos, possíveis golpes e os falsos descontos, de produtos cujos preços subiram antes da data.

Varejistas apostam em transmissão ao vivo e logística aprimorada para a Black Friday

Na Black Friday deste ano, grandes varejistas como AliExpress, Amazon, Americanas, Magalu, Mercado Libre e Via apostam na venda dos produtos por transmissão ao vivo pela internet e fortalecem a estrutura logística para atender os consumidores que, durante a pandemia, se tornaram mais exigente com prazos de entrega.

A partir desta quinta-feira, a Amazon vai estrear um reality show transmitido ao vivo no YouTube, reunindo seis influenciadores que irão demonstrar e testar produtos por cinco dias. Na data de inauguração, a Amazon’s “Casa Black Friday” contará com show do cantor Pablo Vittar.

No mesmo dia, a Americanas disputará audiência com a Amazon também em uma transmissão ao vivo com influenciadores no YouTube. “Na última feira, atingimos 5,5 milhões de visitantes únicos”, disse Marcio Cruz, CEO da plataforma digital da Americanas SA, que reúne as operações de e-commerce Americanas.com, Submarino e Shoptime.

O Mercado Libre, que lançou seu modelo de “comércio ao vivo” no início deste mês, também terá influenciadores fazendo vendas ao vivo no auge da Black Friday, enquanto a transmissão ao vivo da Via será feita por vendedores. “Eles trazem credibilidade”, disse Abel Ornellas, diretor comercial e de operações do varejista. Neste ano, a Via, dona das redes Casas Bahia e Ponto (antigo Ponto Frio), optou por não fazer shows para atrair o público. “Em vez de fazer um show, vamos oferecer tudo com desconto”, disse Ornellas.

Após o aumento da demanda por e-commerce impulsionado pela pandemia do ano passado, a estrutura logística dos principais varejistas online está mais robusta para a Black Friday deste ano.

O reforço começa com as contratações temporárias para o final do ano. A Amazon abriu mais de 5.500 empregos temporários em novembro e dezembro, dos quais 3.100 em São Paulo. “Muitos dos funcionários da empresa começaram como trabalhadores temporários”, disse Daniel Mazini, CEO da Amazon no Brasil.

A maioria das contratações da Amazon visa apoiar a logística da empresa, que expandiu o número de centros de distribuição de 8 para 12 desde a Black Friday do ano passado.

O mesmo vale para os 2.000 empregados temporários esperados pelo Mercado Libre entre outubro e dezembro. “Boa parte vem pela entrada de produtos, movimentação em armazéns e transporte”, disse Julia Rueff, chefe do marketplace online no Brasil.

Neste ano, a empresa aumentou de cinco o número de centros de distribuição para oito e acelerou os prazos de entrega, passando a enviar pedidos no mesmo dia em 50 cidades do Brasil. “Começamos a operar com produtos maiores, como eletrodomésticos e televisores de tela grande”, disse Rueff.

As operações de e-commerce da Americanas também terão profissionais temporários, mas a empresa não divulgou o número. Ampliou o número de centros de distribuição de 22 para 25 neste ano, incluindo uma nova operação em Curitiba, no Paraná, iniciada em outubro. “Na logística, já temos diferentes turnos para manter a operação funcionando 24 horas por dia, por exemplo”, disse Cruz.

O AliExpress, que não armazena produtos no país, aumentou de cinco para seis por semana o número de voos charter, que trazem pedidos da China para o Brasil. “Ainda há espaço para melhorar o prazo de entrega de sete dias”, disse Yan Di, chefe regional da empresa no Brasil.

O mercado da gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba já fez seu test drive de vendas no dia 11, a data promocional conhecida na China como Dia dos Solteiros. Neste ano, as operações do grupo faturaram R $ 84,5 bilhões globalmente na data – 14% acima do resultado do ano passado.

O treinamento de fornecedores parceiros para a Black Friday também faz parte da preparação dos varejistas. “Criamos uma pista de treinamento gratuita, com conteúdo robusto que engloba técnicas de negociação com fornecedores, direitos do consumidor e estratégias de publicidade”, disse Mazini, CEO da plataforma digital Americanas SA, que reúne 114 mil lojas terceirizadas.

Ornellas, da Via, diz que o trabalho com sócios, hoje 108 mil, começou há seis meses. O varejista também começou a testar o gerenciamento de estoque para 300 grandes vendedores. O início do serviço está previsto para o primeiro trimestre de 2022.

Para suportar o pico de acesso do consumidor às lojas online em um curto período de tempo, a infraestrutura de tecnologia também precisa de reforço.

Na última Black Friday, o Mercado Libre registrou 50 milhões de visitas e quase 50.000 pesquisas por minuto em um único dia. “Fazemos testes de estresse de acesso e temos servidores que sempre atenderam aos picos de demanda”, afirma o responsável pelo mercado online da empresa. “O Mercado Libre nunca caiu na Black Friday.”

Manter os sites em pleno funcionamento para não perder o cliente parecem ser lições já absorvidas pelos grandes varejistas online. “Os grandes já estão preparando suas estruturas de nuvem e amadureceram nesse aspecto da tecnologia”, disse André Silva, gerente de engenharia comercial do Google para o Brasil.

A segurança cibernética também é uma preocupação constante das lojas online, principalmente no final do ano e dado o aumento de ataques de hackers bem-sucedidos contra empresas brasileiras neste ano. “Nossos recursos de segurança são ajustados às particularidades do evento, incluindo, por exemplo, o grande volume de acessos em horários alternativos”, diz Cruz, da Americanas. O bloqueio de solicitações maliciosas de acesso à rede da empresa e a ampliação dos esforços de retirada de páginas falsas (phishing) estão entre as ações da empresa nesse período.

Comércio eletrônico registra maior crescimento na América Latina em comparação a outras regiões do mundo

Em 2021, o e-commerce teve um impacto muito mais significativo na América Latina durante a pandemia do que em outras regiões do mundo, é o que revela um estudo elaborado pela Enext, em parceria com a Wunderman Thompson. Foram entrevistadas mais de 28 mil pessoas em todo o mundo.

O estudo avaliou que 81% dos consumidores na América Latina consideraram o varejo online um fator essencial para o seu dia a dia durante a pandemia, enquanto 72% usuários revelaram o mesmo no restante do mundo.

“Mesmo com um mercado, talvez, menos maduro que em outras regiões, o isolamento social atraiu novos consumidores para o comércio online. Isso provocou um crescimento exponencial na demanda desses canais”, explica Gabriel Lima, CEO da Enext.

Para esse avanço ganhar destaque, o atendimento e os preços foram pilares fundamentais na decisão de compra dos consumidores latino-americanos. Especificamente, no Brasil, 73% dos entrevistados consideram a conveniência e agilidade da entrega como fatores tão relevantes quanto o preço. “Ou seja, para o brasileiro, quanto mais rápido o prazo de entrega, mais a decisão de compra se torna atrativa”, analisa Lima.

Com base no comportamento desse setor, é possível afirmar ainda que os marketplaces, em especial, foram fundamentais para trazer um novo hábito de compra aos consumidores. Esses canais se transformaram em grandes centralizadores de atração de público, com destaque para o Mercado Livre.

“O motivo está baseado principalmente em três fatores: a facilidade de encontrar produtos, agilidade de entrega e bons preços. Essas estratégias conquistam os consumidores e reforça o potencial de crescimento sustentável desses canais. O estudo mostra também que a saturação desses players está longe de ocorrer, reforçando o potencial de crescimento sustentável dos marketplaces. Isso se deve a ampla variedade de oferta e o amadurecimento dos programas de fidelidade”, comenta Lima.

Logística na América Latina

O CEO da Enext expõe ainda que as marcas precisam entender a necessidade de investimento em distribuição, se atentando às operações DTC (direct-to-consumer), uma vez que os consumidores estão dando atenção especial para o preço praticado e a velocidade na entrega.

“O consumidor latino-americano já tem esses parâmetros na decisão de compra e claramente esses serão os diferenciais competitivos no varejo online. É notório que os marketplaces subiram a barra de experiência, reduzindo o prazo de entrega. A partir de agora, os consumidores não esperam nada, além disso em sua experiência de compra, independente do canal online”, alerta Lima.

Lima ressalta que os Delivery Apps (Rappi, iFood, Uber Eats etc.) também tiveram destaque na região. O estudo apontou que a evolução foi bastante expressiva e atualmente eles se tornaram ferramentas de compras frequentes para 1/3 de seus consumidores que fazem pedidos semanalmente. Entre eles, 42% usam para adquirir alimentos e 12% em farmácia e saúde.

Por fim, a pesquisa aponta que os consumidores na América Latina são os mais predispostos a adquirir produtos de qualquer categoria online, com destaque para alimentos e bebidas. Nessa categoria, esses itens têm uma taxa de rejeição global de 20%, já na América Latina o índice é de apenas 10%. “Em resumo, o consumidor latino-americano incluiu em seu hábito a compra online. Esse panorama auxilia o comércio eletrônico a operar com boas estratégias independentes da categoria de produtos que vendem”, conclui Lima.

TikTok lança aplicativo para criação de lojas dentro da rede social

Bytedance, dona do TikTok, lançará o aplicativo TikTok Seller.

  • TikTok anuncia criação de aplicativo para vendedores anunciarem produtos na rede social;
  • Por enquanto, novidade está apenas presente em países do sudeste asiático;
  • TikTok vem anunciando parceiras com empresas de comércio eletrônico;

A ByteDance lançou o aplicativo TikTok Seller, que permite a venda de produtos por lojistas dentro da rede social. A novidade aproxima o TikTok do Douyin, a versão chinesa do aplicativo, de acordo com informações do site Gizchina, reproduzidas pelo portal iG. De acordo com pesquisa da organização Sensor Tower, em outubro, o TikTok, que já anunciou ter atingido mais de 1 bilhão de usuários pelo mundo, é considerado um dos aplicativos mais rentáveis do mundo.

Dentre as novidades presentes no TikTok Seller, está o fato de que através deste aplicativo, usuários poderão se cadastrar como vendedores, gerenciar produtos e estoques, receber pedidos direto do TikTok, criar promoções e muito mais, em uma espécie de espaço virtual para gerenciar uma loja online que será veiculada diretamente na rede social TikTok.

Bytedance espera facilitar a venda de produtos em suas plataformas

De acordo com a ByteDance, empresa responsável pela plataforma, em entrevista ao Gizchina, o novo aplicativo busca facilitar a venda de produtos e permitir que usuários globais tenham a mesma experiência da versão chinesa. O TikTok Seller também permitirá que os vendedores analisem a audiência de vídeos, entendendo de onde estão vindo seus clientes. O novo aplicativo estará disponível apenas no sudeste da Ásia em um primeiro momento.

A TikTok vem implantando negócios de comércio eletrônico globalmente desde o ano passado. Antes disso, a empresa também chegou a uma cooperação com a plataforma de comércio eletrônico Shopify. Os mais de 1 milhão de comerciantes na plataforma podem atingir mais facilmente os usuários do TikTok e promover seus produtos, de acordo com

Correios recebe prêmio na categoria tecnologia com o Correios Packet

O serviço Correios Packet, dos Correios, venceu o 8º Prêmio BBM Projeto de Logística 2021. O prêmio, realizado pela revista Mundo Logística, valoriza os projetos de logística e supply chain (cadeia logística) que se destacaram pela inovação e pelos resultados que são obtidos.

O Correios Packet foi lançado em 2019 para dar celeridade na entrega de importações no Brasil em função da integração tecnológica entre o serviço postal, as autoridades aduaneiras, operadores logísticos internacionais e marketplaces. O objetivo é melhorar a experiência de compra no e-commerce internacional para os brasileiros.

O serviço utiliza a troca digital de informações, para que o processo de desembaraço aduaneiro ocorra de forma mais rápida e todos os dados sobre os pacotes sejam transmitidos diretamente aos órgãos fiscalizadores, tornando o processo menos burocrático, desde o envio da carga no país de origem até a entrega ao importador brasileiro.

Neste sistema, os custos do suporte ao desembaraço aduaneiro estão inclusos no preço do frete, sem necessidade do pagamento do Despacho Postal pelo destinatário no Brasil, o que acelera o prazo de entrega. Mais de 39 milhões de encomendas já foram enviadas pelo Correios Packet.

Mesmo com reabertura do comércio, e-commerce tem alta de 1,58% em outubro no Brasil

Os principais sites brasileiros de comercialização de produtos e serviços receberam 1,69 bilhões de acessos em outubro de 2021, um aumento de 1,58% em relação a setembro. Os dados fazem parte do Relatório Setores do E-commerce, elaborado pela Conversion. Segundo a empresa, os dados refutam a tese de que o crescimento do varejo virtual seria afetado pela retomada gradual do comércio presencial no Brasil.

De acordo com o relatório, cada brasileiro acessou em média cerca de 8 vezes os sites de e-commerce no mês. Cada acesso, por sua vez, pode ter a visualização de muitas páginas. Os canais preferidos para chegar às lojas são “direto” (quando ele digita o endereço da loja e representa 43,3% dos acessos), busca orgânica do Google (28,1%) e busca paga (19,3%). Tráfego de redes sociais representam apenas 3,1%.

“Esse crescimento no mês de outubro indica que o e-commerce não representa uma mera alternativa ao varejo físico, mas sim uma mudança mais profunda de comportamento do consumidor”, explica Diego Ivo, CEO da Conversion.

Setores que mais cresceram e que mais caíram

A movimentação do e-commerce em outubro reforça a tese do estudo com a retomada verificada do turismo online, que registrou alta de 9,36% no período. Seguindo a mesma tendência positiva, cresceram os setores de Pet (7,47%), Moda & Acessórios (4,06%), Cosméticos (3,42%), Ferramentas & Acessórios (3,03%) e Farmácia & Saúde (2,04%).

Quando analisados os setores que retraíram, o estudo não encontrou, entretanto, nenhum que tivesse queda tão expressiva. Em ordem de maiores quedas, estão os seguintes setores: Educação, Livros & Papelaria (-2,89%), Presentes & Flores (-2,38%), Casa & Móveis (-2,25%), Itens Automotivos (-1,37%) e Calçados (-0,82%).

Ranking dos 10 maiores e-commerces do Brasil

O Relatório Setores do E-commerce no Brasil também apresenta, mensalmente, o ranking dos principais e-commerces do país. Esse ranking está dividido em um geral e outro para cada uma das 18 categorias. No geral, a lista é composta de: Mercado Livre (30%), Americanas.com (14%), Magazine Luiza (13%), Amazon Brasil (11%) e Casas Bahia (9%). O percentual se refere apenas aos 10 principais sites.

Share of Search e as marcas com maior participação de mercado

A métrica do Share of Search (https://www.conversion.com.br/blog/share-of-search/) é a parcela de busca de uma marca dentro da categoria de consumo em que ela atua. No estudo, foi analisado o Share of Search de todos os principais setores do e-commerce brasileiro.

Pelo relatório, nota-se que muitos setores são dominados por um ou dois players. Exemplo disso é o mercado de pet, que concentra 79% entre Petz (44%) e Cobasi (35%), ou o de joias e relógios, que tem 66% do share em Vivara (34%) e Pandora (32%). Porém, o líder absoluto é a LojadoMecânico, maior e-commerce de ferramentas & acessórios.

Black Friday 2021 no Brasil

Em paralelo ao relatório, a Conversion também entrevistou cerca de 400 brasileiros conectados à internet, justamente para saber quais são as expectativas do consumidor para a Black Friday 2021, que ocorre na sexta-feira (26).

Quando perguntados se fizeram alguma compra na Black Friday do ano passado, 76,5% dos entrevistados afirmaram que sim. No entanto, ao responderem se pretendem comprar este ano, este número sobe para 87,75%. Isso representa um aumento de 14,7% na intenção de compra.

Este ano, celulares, eletrônicos & eletrodomésticos, moda & acessórios lideram a intenção de compra. Para baixar o nosso estudo completo sobre a Black Friday.

Para conferir o relatório completo, acesse a página da Conversion.

A estratégia de crescimento da Amazon faz sentido?

Entenda o que faz a empresa ser um dos maiores players de diversos segmentos do mercado.

Varejo, streaming, games, saúde, tecnologia, mídia e até estúdio cinematográfico: a Amazon (AMZO34) está em todos esses negócios. Por isso, analisar sua estratégia não é fácil.

Além de ser dona do leitor de livros Kindle, do alto-falante sem fio Echo com comando de voz pela Alexa, e da central multimídia Fire TV, em 2021 a Amazon oficializou o lançamento de sua própria Smart TV e que estará integrada com a funcionalidade da Alexa, o que resultará em dura concorrência a gigantes do setor como Samsung, LG e Sony.

Além disso, ela concorre com empresas de tecnologia como IBM (IBMB34) e Microsoft (MSFT34) – e aqui um parêntese: o mercado financeiro sugeriu, por anos, que a Amazon estava errada ao investir na Amazon Web Service, a AWS, plataforma de nuvem que oferece mais de 200 serviços de tecnologia e centrais de processamento de dados.

No entanto, Jeff Bezzos não deu ouvidos. Ele percebeu que estava oferecendo melhores tecnologias para as lojas independentes da sua plataforma – sellers – que, no fim do dia, poderiam entregar uma melhor experiência ao cliente, criando também uma nova fonte de receita para a Amazon.

Atualmente, a AWS contribui com a maior parte dos lucros da Amazon. Só no primeiro semestre de 2021, representou uma fatia de mais de 50% dos rendimentos.

A Amazon ainda oferece uma plataforma de streaming concorrente da Netflix (NFLX34), HBO, Globoplay e canais televisivos na TV aberta e fechada. Também produz seus próprios filmes, premiados no Oscar e no Emy.

E não para por aí: em maio de 2021, a Amazon anunciou a compra do MGM, um dos mais prestigiados estúdios de Hollywood, por quase US$ 9 bilhões, tornando-se dona de um acervo com milhares de produções clássicas. Ela ainda poderá usar a estrutura do estúdio para diluir seus custos de produção dos conteúdos próprios da sua plataforma.

Vale destacar que seu competidor nessa área, a Netflix, apesar de ter reportado lucro, ainda tem queimado muito caixa por causa dos altos custos de produção de conteúdo próprio.

Em meio a tudo isso, a Amazon tem quebrado o conhecimento tradicional sobre estratégia, tem também desafiado as perspectivas de alguns analistas do mercado financeiro.

Desde quando abriu capital, em 1997, reportou prejuízo por oito anos e muitos investidores questionavam o seu modelo de negócios. No início de 2000, em meio à bolha da internet, sua ação despencou e ela quase quebrou. Mesmo assim, nesse período, Jeff Bezos praticamente dobrou o número de clientes e lançou o marketplace, a plataforma da Amazon para outros sellers venderem seus produtos.

Essa estratégia permitiu otimizar custos de estoque e ter novas fontes de receita de comissões que, aliadas com o AWS em 2006, ajudaram a empresa a aumentar suas margens. Em 2021, a Amazon teve lucro líquido de US$ 7,8 bilhões, isso só no segundo trimestre. Em seguida, no terceiro trimestre do ano, ela apresentou lucro de US$ 3,2 bilhões, fluxo de caixa livre positivo e aumento de vendas.

Princípios tradicionais de estratégia apontam que a vantagem competitiva pode ser obtida ao focar naquilo que a empresa sabe fazer bem, replicando seu negócio para crescer em novos mercados e produtos relacionados. No entanto, o exemplo da Amazon mostra uma outra lógica e a sinergia de todas essas estratégias é uma só: o cliente.

A Amazon vendia livros online e o cliente precisava de um dispositivo para ler, então, fez o Kindle. Depois, o cliente passou a assistir aos conteúdos que ela também faz em seus estúdios ou oferece no Amazon Music. Então, criou a Alexa, o Fire TV e sua própria Smart TV.

Na parte logística, como precisa entregar os produtos o mais rápido possível ao cliente, fundou a Amazon Air em 2016 e já tem uma frota de aviões para agilizar as remessas, reduzindo a dependência de transportadoras terceirizadas. Já os sellers precisam de tecnologia para vender online e melhorar a experiência do cliente, por isso, criou a AWS.

Tudo está conectado e, aos poucos, a Amazon vai dominando todas as atividades da chamada cadeia de valor dos clientes, um princípio moderno de estratégia.

Ela entrou até mesmo no setor da saúde, quando comprou, em 2018, a Pillpack, farmácia online que entrega medicamentos em domicílio nos Estados Unidos. Como quem precisa de medicamento também precisa de consulta, passou a oferecer telemedicina pelo Amazon Care.

A empresa comercializa ainda kits de testes que são enviados às casas das pessoas. Para atuar em mais uma frente, a Amazon tem trabalhado junto com médicos e hospitais para que sua tecnologia e dispositivos de assistente de voz sejam também assistentes dos médicos, ouvindo o paciente na consulta para gerar registros e ajudar a oferecer opções de tratamentos.

A cada inovação como essa, ela conhece mais sobre o comportamento do consumidor. Isso levará a Amazon a estar passos à frente dos seus concorrentes para atualizar a experiência do cliente para o futuro e, quem sabe, destravar ainda mais seu valor de mercado.

Por isso, é preciso estar de olho na estratégia das empresas que estão investindo para analisar quem está preparado para coexistir, ou competir, com a Amazon.

*Leandro Guissoni é Ph.D., professor de estratégia no Brasil e Estados Unidos, empresário, palestrante e autor de livros, artigos e casos de empresas por Harvard. Assessora grandes empresas em inovação digital e analytics.