Tráfego do Shopify ultrapassa a Amazon pela primeira vez

A Amazon, que tem o histórico imbatível em vendas, talvez tenha que se preocupar com o aumento no tráfego do Shopify; entenda o caso.

As grandes empresas de e-commerce estão num disputa acirrada por acessos. Em recente análise, viu-se que o tráfego do Shopify foi tamanho que chegou a ultrapassar o da Amazon, lembrando que a Amazon sempre se destaca, seja em lucros e arrecadações, bem como em acessos diários. Entretanto, por conta de alguns números, a grande empresa do e-commerce mundial ficou para trás pela primeira vez.

Toda a análise parte do site Similarweb, que comparou o tráfego de ambos os e-commerces e confirmou que, no período que compreende o final de junho até agora, houve uma diferença nos acessos únicos do Shopify em relação à Amazon. Durante este intervalo, o Shopify alcançou 1,16 bilhões de acessos únicos, enquanto que a Amazon, no mesmo período, conseguiu 1,10 bilhões. O mesmo site ainda apontou que o tráfego do Shopify vem crescendo desde maio de 2020, construindo o número de 108,5% de aumento em seus acessos únicos. Neste mesmo período, a Amazon conseguiu expandir seus acessos em quase 10%.

Tráfego do Shopify ultrapassa a Amazon pela primeira vez
“Essa é a primeira vez que estamos vendo a Amazon ter um competidor forte em termos de alcance. Amazon agora tem um concorrente à altura.O Shopify oferece um ambiente mais amigável ao vendedor para distribuir seus produtos. É um crescimento preocupante para a Amazon”, Ed Lavery, diretor de soluções em investimentos da Similarweb.

Apesar de ambas as empresas serem identificadas como e-commerce, isso ainda não as classifica literalmente como concorrentes diretas. O Shopify, por exemplo, não vende coisas diretamente aos seus consumidores ou opera marketplaces, como a Amazon faz atualmente. Mas ambas as empresas de fato competem sobre os mesmos produtos, principalmente quando o Shopify começou a oferecer vários serviços on-line que ajudam a vender estes itens, bem como a tecnologia utilizada em seu site e o recebimento de pagamentos on-line.

Apesar de ter superado em acessos, a Amazon continua líder em vendas

Quando nos referimos ao tamanho próprio, a Amazon ainda assim é maior que o Shopify. A Amazon gerou cerca de US$ 385 bilhões em receita no ano passado, comparado aos US$ 2,9 bilhões, do Shopify. Quanto aos produtos vendidos, a Amazon estima que foram US$ 490 bilhões, mais que quatro vezes o valor do Shopify, que chegou a cerca de US$ 120 bilhões. Apesar das vendas serem expressivamente maiores, ter um número, mesmo que em acessos únicos, pode ser algo pela qual a Amazon precisaria se atentar.

Compras internacionais: o mercado que avança tão rápido quanto o e-commerce no Brasil

O setor de importados no e-commerce teve aumento de 63% no número de acessos em comparação com 2020.

A experiência das compras internacionais mudou. Se antes eram predestinadas a aventureiros, posto que as entregas ocorriam com meses de espera e em um processo não muito seguro, hoje elas já são uma realidade bem popular do e-commerce por aqui, cada vez mais frequentes e expansivas para diversos marketplaces — não mais tão presas a e-commerces chineses, por exemplo.

Com um avanço da digitalização acelerada pela pandemia, as distâncias “se encurtaram”. Bem, não exatamente no mapa, as quilometragens seguem as mesmas, mas virtualmente falando, os processos seguem bem mais rápidos: encomendas que antes levariam cerca de três meses para embarcarem no território brasileiro hoje levam entre 7 e 15 dias. Todo o sistema de entregas está mais do que favorecido ao comércio internacional, uma vez que as redes sociais — especialmente o TikTok — lançaram essas compras como nova tendência.

Essa popularização está tão frequente que já bastante mensurada em dados. Segundo o Relatório Setores do E-commerce no Brasil, realizado pela agência Conversion, o setor de importados teve um crescimento de 63% no número de acessos de 2020 para cá. Em agosto, a categoria registrou incríveis 156 milhões de buscas.

“Em um cenário de restrições orçamentárias, de escassez de produtos e preocupações em relação às compras presenciais, os consumidores mostram maior inclinação a experimentar produtos de marcas importadas, incluindo as asiáticas, que, muitas vezes, apresentam preços bem atraentes aos olhos dos brasileiros”, explica Diego Ivo, CEO da Conversion.

A importância das plataformas asiáticas para o mercado de compras internacionais

É verdade que as plataformas asiáticas de fato foram o grande impulsionador do aumento de busca pelo e-commerce internacional. Sem elas, não apenas a logística seria mais bem encarada por aqui, como também a cultura da compra do exterior. Para se ter ideia da força dessas plataformas no Brasil, o relatório da Conversion mostra que somente a AliExpress e a Shopee somaram, juntas, mais de 67% de todo o tráfego.

E para quer essas entregas aconteçam em um tempo muito mais curto, a parte logística também está bastante avançada. “Estamos ampliando o número de parceiros logísticos que atuam em conjunto com o AliExpress e disponibilizando tecnologias de logística desenvolvidas por nosso grupo para oferecer uma experiência superior em entregas”, explica Yan Di, country manager da AliExpress para o Brasil. “São 5 voos fretados semanais, para que o tempo entre o dia em que você apertou o botão “comprar” em seu app e a data em que o produto chega ao Brasil nunca leve mais que 7 dias”, completa ele.

De acordo com DiegoIvo, a justificativa para tamanha conquista do mercado está altamente relacionada a preços menores, variedade de produtos, tecnologias avançadas, logística eficiente e soluções locais de pagamento. “Sem contar que a China, país que lidera esse tipo de crescimento, é o maior mercado digital do mundo”, destaca. “Na corrida de quem oferece o preço mais baixo, o e-commerce asiático é páreo duro na disputa”, completa.

Uma reestruturação do setor no Brasil

Embora as plataformas asiáticas tenham dado todo esse impulso, outros marketplaces fora da Ásia também ganham muito destaque. De acordo com o relatório, 32,5% de todo o tráfego do setor foi para a Amazon. A big tech hoje já comercializa uma série de produtos internacionais provindos de todo o mundo e tem, entre eles, uma imensa parcela de vendas com frete gratuito para membros da Amazon Prime.

“Nosso foco é tornar as fronteiras imperceptíveis para nossos clientes, proporcionando aos consumidores brasileiros uma experiência positiva de compra internacional com ampla seleção de produtos, maior velocidade de entrega e forma de pagamento facilitada. Com essa modalidade, conseguimos disponibilizar milhares de produtos internacionais com uma redução em mais de 40% no prazo de entrega quando comparado com outras modalidades de envio internacional que tínhamos antes na Amazon.com.br”, explica Tiago Abel, Líder de Operações de Varejo da Amazon Brasil.

A logística da empresa, vale dizer, também mudou dos últimos anos para cá. São 10 centros de distribuição nos principais estados brasileiros, dos quais cinco estão em Cajamar (São Paulo), um em Betim (Minas Gerais), um em Nova Santa Rita (Rio Grande do Sul), um em Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco), um em Santa Maria (Distrito Federal) e um recém-inaugurado em São João do Meriti (Rio de Janeiro).

E, embora ainda não tenham atingido a porcentagem das asiáticas ou de uma das maiores big techs de varejo do mundo, outras lojas de grande importância no varejo brasileiro também têm adentrado o mercado internacional com bastante sucesso. É o caso da Magazine Luiza, Submarino, Mercado Livre e Lojas Americanas, outra gigante por aqui que também tem inovado no setor.

Em 2019, a empresa Lojas Americanas criou o Americanas Mundo, uma operação cross border da Americanas S.A. São mais de 50 milhões de itens importados de diversos países, especialmente China, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Uruguai e alguns países da Europa também. De acordo com a plataforma, nos 18 meses de pandemia houve um boom de vendas dessa categoria.

“No primeiro trimestre que 2021, a categoria de produtos internacionais cresceu mais de 100%, em relação ao mesmo período do ano anterior. Na Black Friday de 2020, por exemplo, o item mais vendido foi da Americanas Mundo, que durante o pico da operação no evento alcançou 50% de participação nas vendas do e-commerce da Americanas”, comenta a empresa à imprensa. “Em maio de 2021, a Americanas S.A. ampliou a operação de entregas internacionais com cinco voos semanais de Hong Kong para Guarulhos. Deste modo, o prazo máximo de entregas caiu de 21 para menos de 11 dias para produtos de diversas categorias”, completa.

A experiência de compra internacional

Embora o mercado já tenha entendido que houve aumento no setor internacional, os motivos que o levam a esse aumento ainda são explorados. A Conversion, além do relatório de e-commerce, também realizou uma pesquisa on-line com 400 brasileiros de todas as classes sociais e regiões do país para entender as principais motivações que levam os brasileiros a comprar produtos internacionais.

Na pesquisa, 80% dos entrevistados consideram o preço como o principal motivo para a compra desses produtos, 46,75% estão atentos ao custo-benefício e 39,50% ao custo do frete. A experiência, portanto, gira em torno desses principais aspectos também.

E a navegação nos aplicativos também faz toda a diferença nesse setor. É algo bastante planejado pela estratégia de user experience (UX): indicar o tempo estimado de entrega em uma interface intuitiva, fluída e agregadora do máximo da experiência possível.

Alinhada à experiência do usuário, com preços e logística cada vez mais concorrentes, o mercado de produtos internacionais cresce dia após dia no Brasil e deve conquistar, assim como o e-commerce conquistou na pandemia, novos consumidores que sequer sonhavam que um dia seriam clientes de compras do exterior.

Prazo de entrega é principal crítica dos consumidores sobre e-commerces chineses

Reclame Aqui realizou pesquisa sobre o assunto entre os dias 23 e 25 de agosto com mais de 24 mil clientes.
O prazo de entrega e as questões relativas ao reembolso são as mais criticadas pelos consumidores que fazem compras em portais de e-commerce da China, segundo pesquisa realiza pelo Instituto Reclame Aqui. O levantamento foi realizado entre os dias 23 e 25 de agosto e contou com a participação de mais de 24 mil consumidores.

“Os marketplaces chineses entraram definitivamente na rotina de compra dos brasileiros”, destaca o CEO do Reclame Aqui, Edu Neves. A pesquisa mostra que 56,5% dos entrevistados já compraram em sites que importam suas mercadorias da China, como AliExpress, Shein e Shopee.

Dentre os milhares de pedidos mensais, os segmentos de eletrônicos e acessórios, de roupas e de produtos de beleza são os que mais concentram encomendas com, respectivamente, 21%, 18% e 11%.

Na análise dos motivos que levam os consumidores a optarem por comprar nas plataformas chinesas, a resposta que lidera a pesquisa é o preço dos produtos, com 54% dos entrevistados pontuando esse fator. “Os preços agressivos tornam as ofertas brasileiras muito mais altas. Isso faz com que o consumidor tope o risco inerente de comprar diretamente da China”, ressalta Neves.

Mais da metade dos consumidores que compraram em sites chineses (55%) destacou que o que mais deveria ser melhorado é o prazo de entrega. Em seguida, aparece o atendimento ao consumidor após a venda, com 26% das respostas.

Para Edu Neves, o desafio do consumidor é conseguir garantir confiança nesse tipo de compra. “Do outro lado, esses marketplaces devem tentar oferecer cada vez mais transparência, velocidade de entrega e qualidade na solução de conflitos.”

Compra em sites brasileiros
Quando questionados sobre compras em e-commerces brasileiros, 82% disseram que possuem o costume de fazer isso. Os motivos que os fazem não comprar em sites chineses são as questões de confiança na plataforma e a distância.

Entre o volume de compras nos pedidos em sites brasileiros, a categoria de eletrônicos (TV, videogame, tablet, notebook) é a que concentra maior volume de pedidos, com 18,6%. Ela é seguida pelos eletrodomésticos de linha branca, com 13,6%, e a compra de calçados, com 12,7%.

Americanas Summit: a importância do marketplace na estratégia de negócio

Ao longo do mês, evento da Americanas S.A. reforça a profissionalização dos mais de 100.000 vendedores no marketplace e visa atrair novos lojistas.

Ao unificar loja física, digital, logística e fintech, Americanas S.A reforça a importância do marketplace, espaço para vendedores de todo o Brasil comercializarem seus produtos nas plataformas digitais da varejista. No 2º trimestre de 2021, por exemplo, houve crescimento de 49,8% no número de vendedores, que atualmente são 104.500.

Neste contexto, a varejista anuncia a mudança do B2W Summit para Americanas Summit, um evento on-line e gratuito entre os dias 15 de outubro e 10 de novembro. “O marketplace é estruturante e fundamental para a estratégia de crescimento da Americanas S.A., que tem o desafio de oferecer tudo, a toda hora e em qualquer lugar, o que só é possível com a parceira de tantos vendedores ao redor do Brasil. Assim, queremos alcançar uma base de 150.000 lojistas conectados na plataforma, objetivo que contribui para a meta da companhia de continuar gerando caixa e mais que dobrar de tamanho até 2023”, afirma Valmir Andrade, diretor de marketplace da Americanas S.A..

Deste modo, o evento é o momento de consolidar as estratégias adotadas ao longo do ano. A intenção é ajudar os lojistas parceiros a expandirem seus negócios e ao discutir sobre o futuro do mercado e as principais tendências, bem como atrair quem está iniciando um negócio ou mesmo um investidor. A edição deste ano terá o tema O Futuro é Agora.

“Desde 2018 reunimos parceiros, investidores e profissionais do mercado em um evento com as principais tendências e discussões do momento. Agora reforçamos esse conteúdo com mais dias de evento, um momento que consolida a estratégia de ajudá-los ao longo do ano em uma relação saudável de parceria. Além disso, não à toa fazemos o Summit antes da Black Friday e Natal, datas mais fortes em vendas para o varejo brasileiro”, diz Andrade.

Para ele, o Americanas Summit reforça a oportunidade de apresentar conteúdos, treinamentos e soluções que ficam disponíveis para eles ao longo do ano. “O marketplace é um canal de empreendedorismo, que acelerou na pandemia quando os lojistas precisaram fechar as portas ou viram o movimento da loja física diminuir. Com a Americanas S.A. eles podem vender entre um a três dias úteis após o cadastro e aprender como se aprimorar no atendimento digital”.

O Americanas Summit

Para a edição de 2021, foram convidados nomes como o professor e historiador Leandro Karnal, a diretora de marketing na América Latina do TikTok e da Bytedance, Kim Farrel, e o CEO da Hashdex, gestora brasileira de criptomoedas, Marcelo Sampaio, entre outras figuras relevantes do cenário nacional.

Na edição anterior, primeira 100% on-line, o evento reuniu mais de 23 mil pessoas e contou com a participação de nomes como Beto Sicupira, Lázaro Ramos, Ronaldo Lemos e Camila Coutinho, além do show de encerramento com Emicida.

O Americanas Summit 2021 acontece com o comando da apresentadora Ana Clara, no dia 15 de outubro, o evento online com nomes nacionais e internacionais abre as programações, com transmissão ao vivo, a partir das 14h.

Além disso, há painéis como ” A revolução monetária: o futuro do dinheiro e o dinheiro do futuro”, com Ame Digital e convidados da área de finanças; “Conexão na Desconexão: como as marcas ativam suas comunidade virtuais”, com Americanas e convidados a frente das tendências das redes sociais; e “O bem como modelo de negócio”, com a frente de logística sustentável e convidados alinhados com a Agenda ESG nos negócios; e mais.

Na semana seguinte, entre os dias 18 e 22 de outubro, começam os talks, que propõem debates entre especialistas da Americanas S.A. e convidados que transformaram seus negócios em cases de sucesso, transmitidos em lives no Youtube de Americanas Summit.

Fechando a programação, as oficinas acontecem de 25 de outubro a 10 de novembro e oferecem aulas práticas facilitadas por parceiros de capacitação. Os encontros serão via Zoom e acomodam 1.200 pessoas.

As inscrições para o Americanas Summit podem ser feitas no próprio site: americanassummit.com. Nos canais digitais, o evento oferece dicas de gestão e notícias sobre negócios e inovação o ano todo.

O marketplace
Atualmente, há 49 milhões de clientes ativos na plataforma, que podem consumir 110,7 milhões de itens, isto é um crescimento de 71% na quantidade de produtos no 2º trimestre de 2020 quando comparado ao mesmo período de 2021.

Além disso, 60% da base de lojistas são micro e pequenas empresas, que se apoiam em diferentes serviços de conteúdo e formação, logística, anúncios, e crédito. Já 34% dos nossos parceiros são MEIs (Microempreendedores individuais).

A partir do serviço de logística, o vendedor pode, por exemplo, se cadastrar para atender o cliente em até três horas após a compra – serviço disponível especialmente nas lojas físicas Americanas. “Esta é uma modalidade interessante principalmente quando há proximidde entre o cliente e o vendedor. Eles estão bastante interessados em aderir ao serviço e contar com a nossa logística”, diz Andrade. Hoje a Americanas S.A. possui 24 centros de distribuição em 12 estados, com previsão de 4 aberturas até o fim do ano, além de mais de 200 hubs em todo o Brasil.

Magalu bate recorde de 100 mil sellers no marketplace em setembro

Cerca de 40% desse total são os chamados Parceiros Magalu, pequenos e médios varejistas que ingressaram na plataforma após o início da pandemia.

O Magalu bateu um novo recorde de sellers em seu marketplace no mês de setembro. São 100 mil vendedores que, juntamente com o Magalu, oferecem produtos de praticamente todas as categorias aos 33 milhões de clientes que, mensalmente, frequentam os canais digitais da companhia.

Cerca de 40% desse total são os chamados Parceiros Magalu, pequenos e médios varejistas de todo o País que ingressaram na plataforma da companhia após o início da pandemia de covid-19.

As mais de 1.400 lojas físicas do Magalu são responsáveis por trazer seis a cada dez novos sellers do marketplace. Em agosto, a companhia lançou o projeto Agência Magalu, por meio do qual os vendedores passam a orientar o comércio local sobre as vantagens da digitalização e se tornaram um elo entre o seller e a plataforma.

As lojas também passaram a funcionar como um ponto de entrada dos produtos vendidos pelos sellers. “Nossas lojas físicas hoje funcionam como agências dos Correios. Após serem deixados pelo seller em uma das lojas da rede, os produtos vendidos digitalmente entram em nossa malha logística”, diz o diretor-executivo de marketplace do Magalu, Leandro Soares. “Nos pontos físicos, o seller também pode tirar dúvidas e acessar serviços. Com isso, queremos que o varejista local veja nossa loja não como uma competidora, mas como aliada para vender para todo o Brasil.”

Empreendedores formais
A marca dos 100 mil sellers tem importância não apenas pela quantidade, mas pela qualidade dos varejistas que compõem o marketplace Magalu. Todos, sem exceção, são empresas ou empreendedores formais, ou seja, representam CNPJs verdadeiros e ativos verificados pela companhia.

“A missão de digitalizar o varejo brasileiro passa, necessariamente, pela formalização do setor, que significa cumprir regras fiscais, sanitárias e de segurança”, afirma Soares. “Isso é bom para o consumidor e para as empresas, que competem em pé de igualdade”, diz Soares.

Para vender pela plataforma do Magalu, os varejistas também têm de aceitar as regras da companhia, que não aceita a venda de produtos sem a emissão de nota fiscal eletrônica e proíbe produtos piratas, falsificados e roubados. Essa política começa na entrada do seller no marketplace e é reforçada com o monitoramento contínuo dos produtos ofertados na plataforma.

Com o Parceiro Magalu, o Magalu Pagamentos, o Magalu Entregas e os PDVs (pontos de vendas), o Magalu leva soluções de tecnologia e serviços para sellers que até então tinham operações 100% analógicas. As recém-lançadas maquininhas de cartão Magalupay permitem pagamento com cartão por aproximação e funcionam sem bobina de papel. A versão Smart do dispositivo permite vender os produtos do marketplace na loja física, com atualização de estoque automática, emissão de cupom fiscal, além da realização dos pagamentos.

Em parceria com a Hub Fintech, o Magalu oferece aos sellers uma conta digital PJ 100% gratuita. Com ela, é possível realizar Pix ilimitados, TEDs, pagamentos de boletos e depósito dos recebíveis. O sistema é totalmente integrado à plataforma da companhia. Os usuários recebem um cartão de crédito que também pode ser usado fora do ecossistema Magalu. Além disso, a empresa também conta com um sistema de crédito para os varejistas do marketplace. Com ele, os sellers podem realizar empréstimos de forma simples, sem necessidade de garantia e com taxas de juros competitivas.

Com o Magalu Ads, os sellers terão mais possibilidades de dar destaque a seus negócios nos canais digitais da companhia. A plataforma abre a possibilidade do seller utilizar o tipo de publicidade mais adequado ao momento e ao produto que pretende promover. De branded content (publieditorial nos portais Canaltech, Steal de Look e Jovem Nerd) a Product Placement, com a Lu, maior influenciadora virtual do Brasil, usando produtos dos sellers em ações de marketing.

Mercado Livre e Kaszek criam SPAC para investir em digital na América Latina

O Mercado Livre e o fundo de capital de risco Kaszek anunciaram a criação de um negócio conjunto para investir em negócios digitais na América Latina.

A companhia, batizada de Meli Kaszek Pioneer, já tem um pedido de registro na Securities and Exchange Comission (SEC) para uma oferta inicial de ações (IPO) de 25 milhões de ações ordinárias Classe A a US$ 10 cada.

Em comunicado, as sócias afirmaram que a nova companhia será listada na Nasdaq sob o ticker “MEKA”. BofA Securities, Goldman Sachs (GS), Allen & Company e JPMorgan devem coordenar a oferta.

O novo negócio é uma SPAC, ou companhia “cheque em branco”, jargão do mercado para companhias não operacionais que são listadas em bolsa com propósito específico de adquirir empresas.

É um modelo que tem crescido rapidamente em Wall Street.

“A companhia pretende levantar capital através do IPO para a aquisição de uma empresa-alvo do ecossistema digital da América Latina”, afirmaram Mercado Livre e Kaszek no comunicado.

GPA lança serviços de entrega para lojistas virtuais com sua malha própria e via Correios

O GPA anunciou nesta sexta (17), o lançamento de uma plataforma de envios para os lojistas de seu marketplace.

O serviço começa com duas opções, uma operada pela malha logística do grupo e outra via Correios. Para o próximo ano, porém, a companhia passará a oferecer a possibilidade de que os lojistas virtuais armazenem produtos nos centros de distribuição do GPA. Depois, no estágio mais avançado do programa, lojas da rede serão transformadas em agências onde os lojistas poderão deixar seus produtos e os clientes poderão retirá-los. Lançado em novembro do ano passado, o marketplace do GPA tem hoje mais de 800 lojistas virtuais.

A princípio, serão dois serviços: o de Entregas e o de Postagem. No primeiro caso, a malha logística do GPA retira a mercadoria no endereço do lojista e entrega para o cliente. No segundo, o vendedor pode usar a tabela de preços da companhia, que é mais barata, para enviar seus produtos pelos Correios. Dependendo do volume do pedido e da localização, o vendedor poderá contar com o serviço de coleta dos Correios ou deverá realizar a postagem na agência mais próxima. Marcelo Arantes, Diretor Executivo de Logística do GPA, diz que isso é possível pois pelo volume de envios da empresa, a estatal concede preços menores do que quando o pequeno lojista posta mercadorias em menor escala.

A expectativa da companhia é de que os serviços diminuam em até 40% o custo do frete para os consumidores e em 25% os prazos de entrega atuais, além de possibilitar um aumento de 40% na capacidade de volume de entregas. Arantes diz que a adesão a essas opções será voluntária, mas a empresa ainda não deixou claro se, ao utilizar os serviços, o lojista terá vantagens na classificação de seus produtos nas buscas dos usuários da plataforma.

No geral, o marketplace do grupo vende produtos complementares aos oferecidos pela rede de lojas do Grupo Pão de Açúcar. Com o novo serviço de entregas via malha logística própria, Arantes afirma que será possível incluir na compra do cliente alguns produtos de lojistas terceiros, quando essa compra for no estilo “programada”, quando a entrega acontece no dia seguinte. Uma vez que o terceiro estágio do programa estiver funcionando e as mercadorias desses terceiros estiverem com o GPA, será possível fazer isso com as entregas mais rápidas, explica o executivo.

O exemplo dado por Arantes sobre complementaridade, porém, levanta questões. “Se eu tenho um salgadinho de determinado sabor e o cliente quer de outro, ele poderá complementar a compra com esse item via seller”, diz. Questionado se o GPA não poderá usar esses dados para vender por si só o que percebe que os clientes estão comprando com frequência nos parceiros, Arantes deixa a questão em aberto. “Essa é uma discussão que pode vir, mas não tivemos esse problema ainda. A maioria do nosso sortimento é complementar e está começando ainda”, diz.

A GPA Log, responsável pelos novos serviços de entregas, conta com mais de 870 lojas no País e 22 centros de distribuição e entrepostos para realizar uma média de aproximadamente 30 mil entregas por dia. Hoje, a frota do Grupo conta com mais de mil caminhões por dia em circulação para abastecer lojas e entregar os pedidos on-line dos consumidores.

Escola de e-commerce dará treinamento gratuito para vendedores que atuam no Mercado Livre

Fundada em 2016, a escola Ecommerce na Prática vai realizar, entre os dias 20 e 23 de setembro, a “Semana Mercado Líder”. Trata-se de uma iniciativa pensada para ajudar empreendedores de todo o país a terem sucesso no site de e-commerce Mercado Livre, que cresceu fortemente na pandemia.

O treinamento terá duração de quatro dias, será dado ao vivo pela internet e é 100% gratuito. A expectativa é capacitar mais de 100 mil vendedores para ganharem a medalha Mercado Líder e, assim, terem mais resultados naquele que é considerado o principal marketplace do país.

A medalha é concedida aos vendedores que preenchem determinados requisitos e alcançam a categoria de “super vendedores”. Ela está atrelada a uma série de benefícios que ajudam a alavancar as vendas no site.

Super vendedor
O treinamento será ministrado pelo CEO e fundador da Ecommerce na Prática, Bruno de Oliveira. A primeira fase vai apresentar um passo a passo focado no Mercado Livre, para que vendedores consigam atingir mais de R$ 12,5 mil em vendas mensais, patamar mínimo necessário para obter a medalha e ser um “super vendedor”.

“Concentrar o início do treinamento no Mercado Livre não é por acaso. Ao longo dos últimos anos, ajudamos milhares de pessoas a vender e essa plataforma tem sido uma grande porta de entrada para os vendedores no mundo on-line”, diz Oliveira.

Segundo ele, com o aumento da taxa de desemprego, muitas pessoas acabaram abrindo novos negócios como alternativa para essa situação, além daqueles que já possuíam comércio on-line e decidiram se profissionalizar para ter mais sucesso nesse caminho.

Programa da Amazon vai permitir que marcas brasileiras sejam adquiridas no exterior

Dos vendedores que estão testando o projeto-piloto, 80% nunca tinham feito vendas internacionais.

Programa de vendas globais da Amazon, o Global Selling está testando um projeto-piloto com vendedores brasileiros para outros países da Europa, Ásia e nos Estados Unidos. “O programa faz com que a venda para o exterior seja cada vez mais fácil para o vendedor brasileiro. Vamos fazer toda essa parte de logística”, diz Daniel Mazini, presidente da Amazon no Brasil, durante o Latam Retail Show, em painel conduzido por Marcos Gouvêa, CEO da Gouvêa Ecosystem, e Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa Ecosystem.

Segundo ele, dos cerca de 100 pequenos vendedores que estão testando o programa no País, 80% nunca tinham vendido internacionalmente. “É um potencial muito grande”, diz.

O programa oferece apoio com soluções de logística para preparar seu estoque; e os orienta a comercializar seus produtos por meio de uma variedade de ofertas e opções de publicidade. O vendedor escolhe uma transportadora que faça envios internacionais. Os valores cobrados para envio internacional variam de acordo com as dimensões e peso da embalagem, prazo de entrega e prazo de entrega e origem (de onde o produto está saindo) e destino (para onde ele vai).

Longo prazo
Mazini destacou que o pensamento de longo prazo no Brasil é de longo prazo. A empresa chegou no País em 2012, com a venda de livros, e lançou seu marketplace em 2017.

No ano passado, a Amazon trouxe seu programa de logística FBA (Fulfilment By Amazon), no qual armazena o estoque de lojas parceiras e fica responsável por empacotar e entregar esses produtos aos clientes. Com isso, os itens à venda no marketplace podem receber o selo Prime para ter frete grátis.

Embora tenha uma logística desafiadora, a Amazon segue investindo nesse setor para fazer entregas cada vez mais rápidas. “A melhor experiência para o cliente é receber o produto automaticamente o mais rápido possível. Esse é o nosso foco”, afirma. A companhia já conta com 10 centros de distribuição no País, dos quais cinco situados em São Paulo.

AliExpress e Shopee avançam no país – e acirram disputa pelo e-commerce brasileiro

Com entrega veloz, jogos, lives e até Jackie Chan, marketplaces asiáticos competem com gigantes como Mercado Livre, Amazon, B2W, Magazine Luiza e Via.

Por anos, investidores, especialistas e empresas brasileiras temeram uma grande investida de companhias asiáticas no e-commerce local. O chinês AliExpress (BABA34) desembarcou em terras brasileiras há dez anos. A singapurense Shopee (S2EA34) chegou há dois anos. Até aqui, no entanto, o avanço delas havia sido lento. Ao que tudo indica, porém, esse cenário começou a mudar.

AliExpress e Shopee vêm ampliando suas atuações no país. Entre as principais novidades das empresas no Brasil estão a redução do prazo de entrega de produtos, a abertura da plataforma para lojistas brasileiros e um investimento pesado em marketing que fez até o ator Jackie Chan falar português.

Ambas tentam atacar um mercado que faturou R$ 87,4 bilhões em 2020, segundo dados da consultoria Webshoppers. Mas, mais do que o passado, elas estão de olho no potencial futuro desse mercado. Para a empresa de pagametos Visa, o volume nacional de transações no e-commerce deve chegar a R$ 171 bilhões até 2023.

Dinheiro para isso parece não faltar: por trás dessas plataformas, estão companhias gigantes. O chinês Alibaba, dono do AliExpress, tem um valor de mercado de US$ 460 bilhões. Já a singapurense Sea, dona da Shopee, está avaliada em US$ 180 bilhões, após ter feito a maior captação de recursos do Sudeste Asiático.

As estratégias para crescer
Com onze anos de atuação local, o Brasil já está entre os cinco maiores mercados do AliExpress, segundo o estudo Beyond Borders 2020. Já a Shopee, apesar de chegar ao país apenas em 2019, já alcançou o marco de app de e-commerce mais baixado no Brasil, segundo o site de monitoramento de downloads App Annie.

Para entender as estratégias que essas companhias estão adotando para crescer por aqui, é importante lembrar suas origens.

O Alibaba começou como espécie de classificados online, em 1999, e foi crescendo junto da popularização da internet na China. Seu braço de comércio eletrônico internacional, o AliExpress, surgiu em 2010 — mesmo ano do desembarque da empresa no Brasil. Como até então era focado no mercado asiático, nos primeiros anos de operações internacionais, o Alibaba teve que entender e adaptar seus serviços para o mercado ocidental.

Já a Shopee faz parte do grupo Sea, que nasceu a partir da empresa de jogos Garena. O negócio foi criado pelos chineses Gang Ye e Forrester Li em 2009. O sucesso da produtora e distribuidora de jogos permitiu que seus fundadores expandissem também para o crescente mercado de e-commerce. A Shopee foi lançada em 2015. Em 2017, as duas marcas foram unidas no grupo Sea. A holding abriu seu capital na Bolsa de Nova York (NYSE) no mesmo ano.

Jaqueline Bartzen, diretora global de engajamento com merchants no Ebanx, aponta que os e-commerces asiáticos seguem um padrão em sua expansão. Primeiro, conquistam seus países de origem. Em segundo lugar, outros países da região. O terceiro passo é atacar mercados emergentes de grande crescimento para além da Ásia – e o Brasil está entre os países mais interessantes.

Por aqui, as empresas entenderam rapidamente a importância de se adaptar ao estilo brasileiro de fazer negócios. Uma das principais particularidades locais está nos métodos de pagamentos. O AliExpress adota boletos desde 2013, e atualmente permite até pagamentos por Pix.

Tanto AliExpress quanto Shopee também estão ampliando seus investimentos no marketing no local. “Essas empresas sempre fizeram um marketing digital agressivo por aqui, focado em aparecer nos buscadores e vender mais. Agora começam a construir uma marca, inclusive no mundo offline”, diz Bartzen, do Ebanx.

A nova onda de digitalização dos brasileiros, forçada pela pandemia permitiu que esses e-commerces asiáticos também emplacassem táticas de comércio eletrônico social (social e-commerce), que fazem sucesso há anos em seus países de origem. Alguns exemplos são a gamificação e o live commerce.

Inspirada na Garena, empresa de jogos que pertence ao mesmo grupo, a Shopee criou jogos que dão moedas virtuais que são transformadas em descontos no marketplace.

Já o AliExpress criou uma plataforma só para vendas por meio de transmissões ao vivo. O AliExpress Live permite ver uma agenda de lives por idioma. As transmissões ao vivo são uma mistura de entretenimento com descontos para quem as acompanha.

Tanto a gamificação quanto o live commerce têm em comum promoverem descontos aos consumidores – uma estratégia que já está computada no modelo de negócio dos e-commerces asiáticos. Enquanto a Amazon tem um evento anual para grandes descontos, o Amazon Prime Day, a Shoppe faz mensalmente seu “Dia Shopee”.

“Os descontos são uma parte do custo de aquisição do cliente, e tanto as plataformas quanto seus vendedores dão preços menores. Geralmente são compras de impulso, inclusive de produtos que os consumidores nunca tinham procurado antes, então a estratégia de desconto se torna adequada para gerar recorrência de compra”, explica Alexandre Machado, diretor da consultoria especializada em varejo Gouvêa Consulting.

Desafios para a nova invasão asiática

Os e-commerces asiáticos estão batalhando contra alguns desafios à sua nova invasão do mercado brasileiro. O primeiro deles é o câmbio: o dólar americano se valorizou em relação ao real brasileiro nos últimos tempos. Em 2020, a moeda teve alta de 29,33% e fechou o ano cotada a R$ 5,189. Na última segunda-feira (13), fechou em R$ 5,224.

“Quando a cotação do dólar atinge um pico, as pessoas seguram seu consumo. Mas vemos que esse comportamento de compra volta para uma curva interessante em apenas alguns meses. As pessoas ainda veem vantagem ao comprar pelo e-commerce asiático”, diz Bartzen.

Para mitigar o efeito do dólar, Shopee e Aliexpress estão investindo na atração de vendedores brasileiros para a sua plataforma. O AliExpress abriu sua plataforma para os brasileiros em agosto, com taxas agressivas de 5% a 8% sobre o valor dos produtos comercializados. Como comparação, a Shopee cobra desde junho deste ano uma comissão de 12%. Antes, a taxa também era de 5%.

Atraindo sellers locais, Shopee e Aliexpress passam a competir mais diretamente com os e-commerces brasileiros. Isso tanto em termos de variedade de produtos quanto em estratégia de negócios. Mercado Livre, Amazon, Americanas S.A. (AMER3, antiga B2W), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) têm hoje milhares de vendedores brasileiros em suas plataformas. Eles engordam as margens de lucro das grandes varejistas, pagando taxas para poder vender em seus sites e utilizar seus serviços de logística.

Vendedores locais também ajudam as empresas asiáticas a ter uma entrega mais veloz. Para reduzir seu prazo de entrega de produtos internacionais para até sete dias, o Aliexpress investiu em uma logística proprietária, com quatro aviões fretados que pousam toda semana no Brasil vindo direto da China. A Cainiao, empresa de logística do Alibaba, identifica diferentes compras do usuário e as reúne em um só pacote, integrando vendedores em diversos países. O processo pode ser acompanhado online pelo usuário, da separação ao embarque dos produtos.

No Brasil, o AliExpress também implementou métodos eletrônicos de checagem de pacotes para acelerar a liberação na alfândega. As entregas em solo nacional são feitas pelos Correios. O AliExpress coloca até cinco dias para essa entrega para as principais regiões metropolitanas do Brasil.

Uma logística robusta tem sido o principal investimento de outras varejistas por aqui. O Mercado Livre, maior empresa do e-commerce brasileiro, por exemplo, tem quase cem centros de distribuição (CDs) espalhados no país.

O desafio da logística reversa ainda é grande para os e-commerces asiáticos, segundo Machado. “Devolver para a Ásia pode ser um martírio, o que é um problema para produtos que precisam de um padrão, como roupas e sapatos”, diz.

Depois de preço e entrega, garantir a satisfação dos consumidores com o produto é o último desafio. O AliExpress tem um programa de garantia de satisfação: se o produto adquirido não é como descrito ou não chegou dentro da data estimada, a empresa garante reembolso dentro de 15 dias após a finalização da disputa.

Já a Shopee tem garantias de acordo com a legislação brasileira: direito de arrependimento até sete dias após o recebimento do item, e reembolso do item em caso de defeitos de funcionamento até 30 dias após o recebimento. Os e-commerces também implementaram a avaliação de vendedores, recomendando comprar com os mais bem ranqueados.

“Quando o Mercado Livre surgiu, oferecia uma experiência bem diferente da vista em e-commerces com estoque próprio, como Americanas ou Magazine Luiza: atuava apenas como viabilizador da compra e venda, sem se responsabilizar pela qualidade do produto. Mas quando começou a garantir essa qualidade e a ter uma logística reversa eficiente, o consumidor ganhou confiança em comprar. Esse mesmo caminho está sendo trilhado pelas asiáticas”, afirma Machado.

Produtos piratas
Mesmo garantindo a satisfação do consumidor, autoridades pressionam essas plataformas contra a venda de produtos falsificados. A rigorosidade ainda é um desafio, mas está em evolução. Na China, as plataformas de comércio eletrônico serão impedidas de realizar determinadas operações online e terão licenças revogadas se não endereçarem graves infrações de direitos de propriedade intelectual por quem vende em suas plataformas. Em seu site, o AliExpress afirma que “listar réplicas não licenciadas e itens sem autorização, como roupas, relógios, bolsas, óculos e outros acessórios falsificados, é estritamente proibido no site”.

A Shopee diz em seu site que “os vendedores devem fazer anúncios apenas de produtos autênticos. A venda de produtos falsificados é estritamente proibida e será excluída”. Porém, o Procon de São Paulo notificou a empresa para que ela se explique sobre a autenticidade e a origem dos produtos oferecidos aos consumidores. Até o dia 17 de setembro, a Shopee deve compartilhar com o órgão documentação atestando a regularidade comercial, fiscal e tributária das empresas parceiras cadastradas na plataforma. Ainda deverá explicar os critérios de verificação, regularidade, autenticidade e segurança utilizados.

“A demora em resolver produtos falsificados e contrabandeados só reforça a percepção de alguns consumidores de que se trata de uma ’25 de Março online’ [rua conhecida pelo comércio informal na cidade de São Paulo]. Tem o seu público, mas isso inviabiliza a venda de itens de maior tíquete”, diz uma fonte especializada em inovação no varejo ouvida pelo Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney.

Quem será o líder do e-commerce brasileiro?
No primeiro semestre deste ano, 42 milhões de brasileiros compraram o equivalente a R$ 53,4 bilhões pelo comércio eletrônico, segundo a pesquisa Webshoppers. O comércio transfronteiriço (cross border trade) representou quase 18% desse faturamento, R$ 9,6 bilhões, no primeiro semestre deste ano.

E enquanto AliExpress e Shopee incluem vendedores locais. Os e-commerces brasileiros também estão de olho no cross border, incluindo vendedores internacionais nas suas frentes de marketplace. A Americanas, da B2W, tem a seção Americanas Mundo. A Via, em parceria com a startup uruguaia NocNoc, inaugurou sua prateleira infinita global de produtos.

“Varejistas tradicionais aderiram ao modelo de marketplace e de ecossistema. Incluíram vendedores de diversas categorias e criam ou fazem parcerias para logística, pagamento e até inteligência artificial. Todas as empresas de e-commerce estão se reestruturando e investindo”, diz Machado.

Por mais que essas empresas estejam convergindo, suas origens são muito diferentes. Para a fonte de mercado especializada em inovação no varejo, as origens de cada e-commerce pautam suas estratégias de desenvolvimento. Nesse ponto, as asiáticas saem na frente.

“Alguns dos e-commerces chineses, como o AliExpress, nasceram como empresas de tecnologia. Não são varejistas que criaram seus braços digitais. Essa falta de amarras com modelos tradicionais dá mais flexibilidade na adoção de novos modelos de negócio, como as de experiências de social commerce“, diz.

Bartzen e Machado afirmam que os principais diferenciais dos e-commerces asiáticos no começo eram preço competitivo e variedade de produtos. Mas a diretora do Ebanx concordou que a nova experiência de compra se tornou um diferencial ainda mais importante – e mais difícil de ser replicado.

Para a fonte de mercado especializada em inovação no varejo, as varejistas brasileiras têm uma essência puramente transacional: foram criadas apenas para compra e venda de produtos, sem outras fontes de receita na concepção do seu negócio. Os players regionais mais avançados na transição de varejo para tecnologia seriam Magazine Luiza e Mercado Livre.

O “Relatório Setores do E-commerce”, publicado pela consultoria Conversion em agosto deste ano, mostrou os 15 maiores e-commerces do país em número de visitas. São eles: Mercado Livre; Americanas; Amazon Brasil; Magazine Luiza; Casas Bahia; AliExpress; Shopee; Netshoes; Extra; Pontofrio; Samsung; Elo7; Dafiti; Amazon; e Q Concursos. Assim, os players asiáticos superaram e-commerces de nicho e até algumas bandeiras dos grandes grupos de varejo, como Extra e Pontofrio.

Em faturamento, o banco Goldman Sachs estima que o Mercado Livre também tenha liderado o e-commerce brasileiro, responsável por uma fatia de 35%. Em segundo lugar está o Magazine Luiza, com 21,2%.

“É difícil falar quem vai ser o vencedor agora. O mercado brasileiro vai ter cada vez mais players internacionais, primeiro entrando cross border e depois localizando meios de pagamento, marketing e vendedores”, diz a fonte especializada em inovação no varejo.

“Vai ganhar a disputa aquela empresa que souber combinar preço competitivo ao serviço de entrega e devolução satisfatórios”, afirma Machado, da Gouvêa Consulting. “Segurança na transação, logística rápida e qualidade do que é entregue são pontos fundamentais e que se refletem nas vendas. Mas a localização também é importante nessa busca pela melhor experiência do usuário”, adiciona Bartzen, do Ebanx.

A XP Investimentos fez uma análise sobre a disputa entre esses e-commerces, publicada em maio deste ano. O relatório foi assinado pelos analistas de varejo Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt.

“Esperamos ver uma competição mais acirrada em 2021, uma vez que as empresas estão vendo a aceleração da digitalização causada pela crise da Covid-19 como uma oportunidade para se consolidarem no mercado. Além dos players nacionais, temos visto também players internacionais dando sinais de um maior interesse em crescer no Brasil”, escreve a empresa de investimentos na análise.

O Mercado Livre ainda seria o maior competidor para as brasileiras Magazine Luiza e Via. “Além de ser o líder do setor, o Mercado Livre possui um ecossistema bastante robusto na frente financeira (Mercado Pago) e logística (Mercado Envios). (…) Além disso, a companhia possui uma maior diversificação de categorias quando comparada à Magalu e Via, mas sendo em sua maior parte composta por estoque de terceiros”.

A redução de prazo de entrega anunciada pelo AliExpress também aumentou o risco de uma maior competição vinda do Alibaba sobre Magazine Luiza e Via. Esse anúncio foi somado a um serviço mais localizado ao consumidor brasileiro, como atendimento em português, parcelamento sem juros, melhor logística reversa local, gamificação e live commerce nacionais e inclusão de marcas brasileiras no e-commerce.

“A companhia ainda tem uma atuação limitada no setor e possui um mix de produtos/categorias que não competem diretamente com a maior parte das vendas dos grandes marketplaces brasileiros. (…) No entanto, alguns consumidores podem migrar a compra para o Alibaba em cenários de um preço mais atrativo, principalmente dada a redução no prazo de entrega”.

Já sobre a Shopee, a XP Investimentos afirma que seu crescimento tem sido impressionante. O tempo médio gasto no aplicativo se destaca frente ao de outros competidores, de 8:10 minutos ante 5:50 minutos. Isso acontece “principalmente por conta da estratégia de gamificação utilizada na companhia para distribuir descontos/cupons”.

“Apesar de acreditarmos que a evolução da empresa mereça ser monitorada de perto, por ora, não enxergamos a Shopee como uma ameaça relevante para os nomes sobre nossa cobertura, pois (i) apresenta um sortimento distinto, focado em produtos com ticket médio menor e majoritariamente sem marca; (ii) o foco agora parece ser em adicionar e treinar sellers pequenos e de nicho; e (iii) a depreciação do real pode reduzir a atratividade do mix de produtos importados. Nesse sentido, vemos o Shopee como uma ameaça para players como Alibaba e Wish, por atuarem com os mesmos tipos de produtos/sellers“, conclui a XP Investimentos.