Na guerra do e-commerce, B2W aposta em venda de supermercado e entrega em meia hora

Para vencer a guerra do e-commerce, B2W (dona da Americanas.com, Shoptime e Submarino) aposta na ampliação das vendas de supermercado e na redução do prazo de entrega. Hoje, as vendas dessa categoria já representam 53% de tudo que é comercializado pela B2W.

“Mercado é uma categoria que cresce 8 vezes ano contra ano e tem ainda muito espaço para avançar. Começamos com presença em 2 Estados, estamos em 8 e o fechamento de parcerias importantes permitirá ampliar a expansão geográfica para 1.500 lojas”, afirma o diretor de Relações com Investidores da B2W, Raoni Lapagesse.

Para impulsionar as vendas dessa e de outras categorias, a companhia aposta na redução do prazo de entrega. No primeiro trimestre, 14% das entregas foram realizadas em até 3 horas.

A meta é encurtar ainda mais esse tempo. Por isso, a B2W comprou a Shipp, que atua com o chamado ultra fast delivery, com entregas em 36 minutos.

Outra frente dessa disputa vai ser travada no marketplace, segmento em que a B2w já conta com 100 mil sellers (lojas de terceiros). Uma das estratégias para dar mais competitividade ao marketplace foi trabalhar com o frete grátis.

Nos últimos dias, a companhia anunciou uma parceria com a plataforma de live commerce OOOOO, que deve acelerar o Americanas ao Vivo. Por meio do live commerce, a empresa dará um novo espaço de venda para os sellers também.

“Em breve, vamos mostrar para o cliente uma nova forma de comprar, associando compra com entretenimento”, disse Márcio Cruz, CEO da B2W.

Por trás dessa estratégia, está a busca pelo aumento da utilização o app e da frequência de compra. Quanto mais as pessoas utilizarem o app, mais relevante ele se torna e mais oportunidades de compra se criam. Hoje, o app tem mais de 22 milhões de clientes ativos.

Vendas da B2W quase dobram no 1º tri, mas prejuízo cresce e vai a R$ 163 mi

A B2W teve forte aumento das vendas no primeiro trimestre, ainda sob impulso do comércio eletrônico na esteira das medidas de isolamento social, mas seu prejuízo cresceu diante de maiores subsídios para fretes grátis.

O grupo de comércio eletrônico anunciou na última quinta-feira (6), que teve prejuízo líquido de R$ 163,6 milhões no primeiro trimestre, perda maior do que os R$ 108 milhões em igual período de 2020.

A companhia, dona dos sites Submarino e Americanas.com, informou ainda que teve alta de 90,4% nas vendas brutas totais (GMV, na sigla em inglês) ano a ano, a R$ 8,68 bilhões.

A empresa, que no mês passado anunciou proposta de combinação de negócios com a Lojas Americanas para criação da companhia a ser listada em bolsa nos Estados Unidos, reportou receita líquida de R$ 2,94 bilhões no trimestre, crescimento de 73,5% em um ano.

Por outro lado, as despesas gerais ajustadas somaram R$ 808 milhões, representando 9,3% das vendas totais, um aumento de 0,5 ponto percentual ano a ano, refletindo investimentos maiores em entrega gratuita. Só as despesas com vendas dispararam 130%.

Assim, o resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$ 129,4 milhões, alta de 1,4% em 12 meses.

No trimestre, o consumo de caixa foi de R$ 897,4 milhões, um aumento de 38,9% em um ano, com a companhia atribuindo essa evolução a fatores sazonais e ao aumento dos estoques.

Receita do Mercado Livre cresce 139% no Brasil

O Mercado Livre mais do que dobrou sua receita no primeiro trimestre, uma vez que as medidas de isolamento para conter uma segunda onda da pandemia da Covid-19 na América Latina mantiveram robusta a demanda pelos serviços on-line do maior portal de comércio eletrônico e serviços financeiros da região.

A companhia relatou na última quarta-feira (5), receita líquida de 1,4 bilhão de dólares no período, aumento ano a ano de 111,4% em dólares e de 158,4% em moeda constante.

O Brasil, que representa 56% do total, teve expansão de 93% em dólar e 139% em reais.

Segundo o presidente de “commerce” do Mercado Livre, Stelleo Tolda, os números refletem entre outros fatores a entrada de dezenas de milhares de novos vendedores no marketplace, que recorreram aos canais on-line para dar sobrevida aos negócios físicos fechados por meses durante a pandemia.

Segundo ele, a partir deste segundo trimestre, o crescimento deve ser menor ano a ano, porque a comparação já será também com períodos de 2020 totalmente afetados pelos efeitos da pandemia.

“Neste primeiro trimestre tivemos um trimestre com pandemia comparado com um sem ela no ano passado”, disse Tolda à Reuters.

O prejuízo líquido no trimestre somou 34 milhões de dólares, ante 21,1 milhões em igual etapa de 2020, com o Mercado Livre mantendo foco na expansão de estrutura logística e tecnológica, enquanto se depara com a concorrência crescente de rivais como a gigante norte-americana Amazon e no Brasil, incluindo Magazine Luiza, Via Varejo e B2W.

O Mercado Livre, que no início do ano anunciou plano de investir 10 bilhões de reais no Brasil, inaugurou no mês passado seu quinto grande centro logístico no país, em Santa Catarina.

A companhia planeja abrir outras três dessas unidades em seu maior mercado latino-americano em 2021, com foco na região Sudeste.

No fim de março, o número de usuários ativos era de 69,8 milhões, avanço de 61,6% em 12 meses, enquanto a de vendedores superou um milhão.

O volume de vendas (GMV, na sigla em inglês) foi de 6,1 bilhões de dólares, crescimento de 77,4% em dólar sobre um ano antes. Em moedas locais, o aumento foi de 114,3%.

O braço de serviços financeiros do grupo, Mercado Pago, teve no período 14,7 bilhões de dólares em pagamentos, alta de 81,8% em dólares e 129,2% em moeda constante. A carteira de crédito atingiu 576 milhões de dólares, mais do que dobrando em um ano.

 

Por que Magalu se espelha nos chineses

Para a varejista brasileira que quer digitalizar o País, Alibaba e Tencent são mais importantes que Amazon e Ebay.

Quando Frederico Trajano, presidente da varejista Magazine Luiza, comprou o AiQFome, a maior plataforma de entrega de comida do interior do país, não estava só de olho no mercado disputado por iFood e Rappi. No horizonte, estavam Jack Ma e Pony Ma, os bilionários que revolucionaram a cena digital chinesa com Alibaba e Tencent.

Na China, as duas gigantes duelam pelo negócio de entregas a domicílio a partir da Ele.me – adquirida pelo Alibaba em 2018, por US$ 9,8 bilhões -, e da Meituan, firma listada na bolsa de Hong Kong que levantou US$ 10 bilhões recentemente numa operação que aumentou a participação da Tencent para quase 20%.2 de 2

A entrega de comida ainda é um negócio custoso, mas Jack Ma e Pony Ma entenderam muito antes dos demais que o nome do jogo digital é trazer tráfego, o que se traduz em mais compras. Essa é a lógica por trás do sucesso dos superaplicativos chineses como o WeChat – estratégia que vem sendo adaptada pela Magazine Luiza.

Não à toa, a inspiração chinesa é cada vez mais citada por Frederico Trajano, num contraste com Amazon e eBay – há seis anos, quando estava construindo o marketplace (o shopping center virtual) da Magalu, era mais comum que Trajano citasse as companhias fundadas por Jeff Bezos e Pierre Omidyar.

Em entrevista ao Pipeline, Trajano explicou porque prefere a visão dos chineses, que dá abrangência aos supperapps, em vez da tendência “category killer” dos americanos, concentrando a atuação em áreas nas quais tenham vantagens competitivas quase insuperáveis.

“Os chineses ajudaram tanto os consumidores quanto os empreendedores a se digitalizar. Jack Ma está mais preocupado com os sellers [varejistas que operam no marketplace] do que Bezos, o que bate mais com o que penso. Quero digitalizar o Brasil, e não o mundo”, diz Trajano.

A força dos sellers para a Magalu pode ser vista nos resultados. Desde 2018, a companhia olha para o GMV – valor total de vendas, incluindo o marketplace -, e não só para a receita líquida. No ano passado, foram R$ 43,5 bilhões. O e-commerce já representa 65,6% das vendas totais.

As incursões em conteúdo, com a compra de Canaltech, Jovem Nerd e Steal the Look, fortalece o negócio de venda de publicidade on-line para os sellers. “A Amazon fatura mais de US$ 10 bi com ads [anúncios]. O Alibaba não cobra take rate [comissão] e toda a receita é em ads”, compara Trajano.

A estratégia da Magalu, que fez 17 aquisições desde o início do ano passado – ingressando não só em delivery de comida, mas reforçando a logística e a oferta de serviços aos sellers, -, também está mais próxima dos chineses por características históricas do varejo no Brasil.

O brasileiro de renda mais baixa, historicamente, precisa de crédito do varejo para consumir. “Renner, C&A, Pernambucanas e Magalu sempre tiveram uma operação financeira”, diz Trajano. Na Magalu, a Luizacred é uma joint venture com o Itaú, de 20 anos.

A particularidade brasileira torna mais natural o investimento de varejistas em serviços financeiros – no mundo digital, ninguém fez isso melhor do que os chineses. “O AliPay, plataforma de pagamentos com carteira digital e crédito, foi uma ferramenta fundamental para o Alibaba. E até hoje isso não é relevante para a Amazon”, observa o consultor Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.

Na Magalu, os serviços financeiros digitais devem crescer. No superapp, a conta digital desenvolvida pelo time de tecnologia da empresa já conta com três milhões de clientes.

A companhia também aguarda o aval do Banco Central para concluir a aquisição da Hub, que vai viabilizar a oferta direta de serviços como o Pix a consumidores e sellers – a fintech conta com mais de 4 milhões de contas ativas e processa mais de R$ 6,5 bilhões em pagamentos por ano.

“Existe uma bela oportunidade para caminhar em fintech”, diz o presidente da Magazine Luiza.

Numa tentativa de se diferenciar da concorrência – uma miríade de companhias também almeja ser um superapp à moda chinesa -, Trajano argumenta que as estratégias levam muitos anos para se consolidar.

Em serviço de entrega de comida, por exemplo, o AiQFome vai primeiro desbravar as cidades fora das capitais – o número de municípios atendidos já é de 700 e deve chegar a 2 mil. “A Magalu demorou várias décadas para entrar na capital”, compara – as lojas físicas só chegaram a São Paulo em 2008.

“Me preocupa quando todo mundo começa a falar [de superapp]. Não pode ser voluntarismo para jogar para o investidor”, disse ele, que visitou a China em 2018 para desenhar o novo ciclo estratégico da Magalu.

Trajano reforça a aposta no longo prazo ao lembrar do modelo escolhido para a companhia. A multicanalidade, integrando os canais físico e digital, levou 15 anos para fazer a fama de varejista de sucesso – a Magalu lançou seu e-commerce em 2000. O modelo foi criado em casa, sem inspirações americanas ou chinesas.

“Os investidores foram por uma década e meia contra minha visão de multicanalidade e agora, como teve sucesso, todo mundo fala”, diz, citando que é o único player de e-commerce que deu lucro – a B2W, que vai entrar na era da multicanalidade com a união com a Lojas Americanas, teve prejuízo de R$ 203 milhões no ano passado. O Mercado Livre reportou prejuízo de US$ 707 mil.

Por muitos anos, a Magazine Luiza não foi a queridinha do mercado – as ações chegaram a valer pouquíssimos centavos até 2015, para só depois engatar uma impressionante disparada. A Magalu, que acaba de completar dez anos desde o IPO, vale R$ 130 bilhões. Em 2021, os papéis caíram quase 20% (muitos investidores realizaram lucro e outros migraram para ativos que podem ganhar com o pós-vacina)

 

 

Mercado Livre entra no ranking dos mais influentes pela revista Time

O Mercado Livre, fundado pelo empresário Marcos Galperín, foi incluído no mais recente ranking das 100 empresas mais influentes do mundo publicado pela revista Time.

A publicação destacou que a empresa argentina tem ampliado continuamente sua rede logística, impulsionando exponencialmente seu negócio de navegação e seu sistema de pagamento digital.

“Quando surgiu a pandemia, que provocou o confinamento de milhões de pessoas em suas casas, as vendas dispararam. Desde outubro, o Mercado Livre conquistou um valor superior a US$ 60 bilhões, o que o torna uma das empresas mais valiosas da América Latina”, informou a revista.

Em seu último relatório financeiro, publicado nos primeiros dias de março deste ano, a gigante do comércio eletrônico revelou que encerrou o quarto trimestre de 2020 com US$ 1,3 bilhão em receita líquida, um aumento de 96,9% em dólares e de 148,5% em moeda constante, ambos em comparação com o mesmo período de 2019.

 

Em nova estratégia, AliExpress oferece descontos de até 99% e entrega em 15 dias

Aprimoramento na oferta de produtos e mudanças na logística possibilitarão o crescimento exponencial da empresa em 2021.

marketplace AliExpress já é conhecido como um dos principais nomes do e-commerce da China e oponente direto da gigante Amazon em escala global. Buscando o crescimento contínuo desde sua fundação em 2010, a empresa voltada para o varejo decidiu investir cada vez mais em inovação, maiores descontos e prazo de entrega reduzidos.

No início de maio, por exemplo, uma nova ferramenta chamada “Pechincha” ficará disponível no site e aplicativo. Ao adentrar no menu principal, os usuários poderão encontrar uma lista de produtos que terão acesso a um link de compartilhamento. Ao divulgar o anúncio entre amigos e parentes, é gerado um desconto para o consumidor.

Sendo assim, quanto mais pessoas clicarem no link, mesmo sem efetivamente ter de comprar o produto, maior será o desconto para quem conseguiu mais acessos pela divulgação. A redução pode chegar a 99% do valor original cobrado.

Em relação aos vendedores, no entanto, não haverá desconto no valor anunciado. Isso porque a diferença entre o valor anunciado e o vendido para os consumidores será abonado pelo próprio AliExpress que, inclusive, já conta com uma verba separada para isso.

“Na China, essa ferramenta trouxe conversão dez vezes melhor do que a das vendas via e-commerce tradicional. O social commerce já ocupa 20% do varejo digital chinês, com crescimento de 58% de um ano para o outro. Quase cinco vezes mais do que o e-commerce tradicional. Nós acreditamos que o crescimento no Brasil também deve seguir um ritmo bastante favorável e investimos nisso”, declara Yan Di, diretor geral de operações do AliExpress para o Brasil, em entrevista à revista voltada para os negócios, EXAME.

Logística para diminuir prazo de entrega

No fim do ano de 2020, o AliExpress deu início ao processo de melhoria no setor de logística, no intuito de trazer mais agilidade na entrega de produtos. Até então, compras realizadas pelo e-commerce da empresa demoravam de 60 a 90 dias para chegar às mãos do consumidor brasileiro. Agora, o prazo está na média de duas semanas (15 dias).

Ao ser questionado sobre os desafios acerca do varejo digital no Brasil, Yan Di diz que a parte de atendimento ao cliente e logística exercem um papel essencial, porém, indo além disso, existe a necessidade de desenvolvimento do ecossistema de vendas pela internet como um todo.

“Todo mundo que compete pelo varejo digital no Brasil está competindo por uma porção muito pequena do mercado. Todas as empresas que atuam dentro disso têm que trabalhar para desenvolver o setor como um todo e, assim, garantirem uma ‘fatia’ maior dentro do que o setor pode representar. Estou no país há vinte anos, vejo muito potencial a ser explorado por aqui”, declara o diretor da empresa.

Desde sua fundação há 11 anos atrás, o AliExpress já possui cerca de 6.800 lojas cadastradas que aguardam ansiosamente o crescimento no volume de vendas até o fim de 2021.

Não entendeu a fusão entre Americanas e B2W? Saiba o que está por trás do arranjo

Não entendeu a fusão entre a Americanas e a B2W (dona da Americanas.com, Submarino e Shoptime)? Especialistas em varejo dizem que a operação cria uma empresa mais preparada e ágil para a disputa de gigantes travada dentro do e-commerce brasileiro.

Diferentemente do Magazine Luiza, que desde o início optou pela integração das lojas físicas com o online, outras redes preferiram separar a operação física da digital, caso da Americanas.

“Havia uma tese, que prevaleceu por muito tempo, de que o e-commerce era tão disruptivo que se as empresas tentassem mantê-lo dentro da mesma estrutura organizacional haveria conflito de interesses e isso iria retardar sua evolução. Por isso, muitas empresas partiram para a criação de outra empresa, não foi só a Americanas com a Americanas.com”, afirma Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da Gouvêa Ecossystem.

Por que as empresas preferiam separar as operações? Porque fazia sentido naquela época. “É importante lembrar que no início, as empresas .com não davam lucro. Então separar o negócio era uma forma de não contaminar a lucrativa operação física da deficitária operação digital”, afirma Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa Ecossystem. “Todo mundo acreditava que era mais interessante ter operações separadas, porque era um mercado tão novo, com expertise tão diferente, uma cultura tão específica, que até o perfil de funcionários era diferente.”

Por que essa visão de negócio mudou? Primeiro, porque o Magazine Luiza mostrou aos concorrentes que era mais lucrativo unir os dois negócios do que mantê-los separados. “As varejistas perceberam então que a melhor estratégia era juntar as fortalezas dos dois modelos: pegar todo o dinamismo, amplitude de sortimento e economia de escala do digital e juntar com os pontos físicos, que permitem uma redução de custo logístico e conexão com o consumidor”, diz Yamashita.

E segundo, porque o e-commerce explodiu na pandemia e as redes que integraram primeiro o negócio físico com o digital ficaram em vantagem. O avanço da omnicanalidade (integração entre físico e digital) mostrou que não fazia sentido manter operações distintas.

“Aconteceu que elas perceberam que a falta de integração dividia atenção, dividia investimento e dividia clientes.  O consumidor não quer saber se vai comprar na internet e retirar na loja, ele quer se relacionar com uma única marca”, afirma Gouvêa. “Daí vem o conceito do omni, que é atender o cliente onde, quando e como ele quiser.”

A estrutura separada atrapalhava? Passou a atrapalhar. “Enquanto outros concorrentes já estavam integrando operações para ter mais racionalização, redução de custos e eficiência, eles [Americanas e B2W] ainda fragmentavam a compra de produtos, relacionamento com consumidor, logística, crédito. O início de integração começou pelo AME, o programa de fidelidade”, diz Gouvêa.

O que elas ganham? Sinergia é só o começo. “A reorganização acionária é fundamental para destravar os grandes obstáculos que a B2W tinha para criar um ecossistema de negócios. A separação societária impunha um nível de governança nos dois negócios que impedia a exploração de muitas sinergias”, afirma Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.

Com a reorganização, várias atividades poderão ser unificadas. “Eles ganham poder para integrar base de clientes, base de produtos, processos operacionais, sistemas. Poderão olhar para todos os ativos de maneira unificada, explorar toda base de lojas para potencializar a logística e o fulfillment (armazenamento de produtos do marketplace). Poderão integrar todos os canais de venda”, diz Serrentino.

Uma operação que melhora a capacidade de entrega e armazenagem de produtos é essencial para quem quer vencer a guerra do e-commerce. Afinal, o que pesa na decisão de compra do consumidor é o preço, prazo de entrega e custo do frete.

“Com essa reorganização acionária, a nova companhia tende a ser mais eficiente, mais produtiva. No final, o consumidor também se beneficia de uma estrutura logística melhor”, afirma Gouvêa.

 

Com e-commerce aquecido, Amazon registra maior lucro dos últimos 3 anos

A Amazon divulgou, na última quinta-feira (29), o seu primeiro balanço de 2021 com os números referentes ao primeiro trimestre e as notícias foram excelentes para os acionistas da empresa. Foi o maior lucro da companhia nos últimos três anos, registrando um lucro líquido de US$ 8,11 bilhões no primeiro trimestre de 2021 e nos 12 meses encerrados em março totalizou um resultado líquido de US$ 26,9 bilhões.

O principal negócio da empresa, o e-commerce, foi impulsionado de maneira sem precedentes neste ano de pandemia, uma vez que um número recorde de pessoas passou a fazer compras on-line.

No primeiro trimestre a Amazon teve um aumento de 44% nas vendas, chegando a US$ 108,5 bilhões. Foi o segundo trimestre consecutivo em que a big tech teve mais de US$ 100 bilhões de faturamento.

Os dados foram muito acima das expectativas dos analistas. Segundo a Refinitiv, a média das estimativas do mercado financeiro era de uma receita líquida de US$ 104,46 bilhões. O lucro por ação esperado era de US$ 9,54, bem abaixo dos US$ 15,79 efetivamente reportados.

As ações da Amazon sobem 3,68% a US$ 3.598 no after-market da Bolsa de Valores de Nova York.

Após mudança na marca, Via prevê atingir 20% do e-commerce em 2025

A Via já é uma das grandes varejistas brasileiras, mas não pretende ficar estagnada. No mesmo dia em que anunciou a mudança de nome (antes era Via Varejo), se posicionando de vez como uma empresa além do varejo, a companhia fez a previsão de aumentar o seu market share no e-commerce nos próximos anos. A expectativa é de atingir ao menos a fatia de 20% do setor até 2025.

Pelos cálculos da empresa, o que possibilitará o ganho de espaço são: mais visitas ao site; ampliação da base de clientes e da taxa de conversão nos sites de e-commerce da Via.

De acordo com matéria da Compre e Confie, a companhia espera que as taxas de vendem cresçam acima do mercado. Esta já foi uma tendência em 2020. No ano passado, a companhia superou o crescimento do mercado on-line em cerca de 2 vezes.

De acordo com a Via, o comércio on-line deve movimentar, só no Brasil, R$ 500 bilhões em 2025. Para alcançar a fatia de 20% deste mercado, a empresa esperar dobrar, em quatro anos, a sua base de clientes, que hoje está próxima de 22 milhões. A empresa calcula que seu Gross Merchandise Volume (GMV) de vendas seja de 2/3 para canais on-line e 1/3 para canais off-line.

“Queremos ser o maior marketplace do país”, disse Helisson Lemos, Chief Digital Officer (CDO) da Via durante a teleconferência Investor Day. A estratégia consiste em ampliar a base de clientes investindo em tecnologia, logística e pagamentos, através de parcerias com startups.

Muito além do varejo: como os analistas avaliam a nova Via (VVAR3)

Uma das principais caras do e-commerce na Bolsa deixou o varejo para trás para alçar voos maiores: a partir da última segunda-feira (26), a Via Varejo se tornou apenas ‘Via’ (VVAR3). A companhia anunciou que pretende seguir uma estratégia mais ampla e se tornar a principal via de compras dos brasileiros, como o próprio nome sugere.

“Os resultados da companhia, apresentados ao mercado em março, mostram que a Via não é mais uma empresa de varejo. Que já está indo além”, afirmou a companhia, em comunicado. “No último ano, a empresa se reinventou, rompeu e unificou as barreiras físicas e digitais das lojas, sites e aplicativos, também se associou a startups que deram ainda mais velocidade ao sistema logístico e tecnológico, rejuvenesceu a marca Casas Bahia e mudou toda a plataforma de marketplace.”

Na sexta-feira (23), outra marca que pertence à Via também anunciou mudanças no posicionamento. A septuagenária Pontofrio virou ‘Ponto’. “Demos um grande salto. A marca ficou mais jovem, moderna e inovadora. E também trouxe mais protagonismo a uma personalidade descontraída, divertida, bem-humorada e focada no digital”, afirma Ilca Sierra, diretora de marketing e marca da Via Varejo.

A alteração de rota da companhia veio atrelado ao anúncio de metas para 2025. A primeira delas é aumentar em duas vezes a base de clientes, de 22 milhões para 44 milhões, além de conseguir uma fatia de 20% do mercado de e-commerce brasileiro.

Preços atrativos, metas agressivas

A reestruturação já era trabalhada há algum tempo e está no preço dos papéis, que chegaram a subir após o anúncio das novidades, mas cederam ao longo da sessão da segunda-feira (26). As ações terminaram o dia em baixa de 2,06%, cotadas a R$ 12,85.

“Esse é um movimento interno que vem desde meados de 2019. Percebemos que a principal bandeira era de focar no digital, uma vez que existia um espaço muito grande refletido no valor de mercado entre a então Via Varejo e sua principal concorrente, Magazine Luiza (MGLU3)”, afirma Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.

A pandemia acelerou esse processo, que teve que direcionar ainda mais esforços para o digital. “A Via Varejo teve que se reinventar. Aliás, o mercado foi se reinventando e agora veio a nova marca. Mas é algo que o mercado já esperava e vinha acompanhando”, afirma Carvalo. “A questão de ir muito além do varejo é poder entrar em outros segmentos, de tecnologia e pagamentos, por exemplo.”

Essa diversificação de segmentos ficou clara no último domingo (25). Em comunicado, a Via anunciou a compra da Celer, empresa de pagamentos, que oferece o serviço de Bank-as-a-Service (BaaS). Por meio dessa tecnologia, é possível que fintechs disponibilizem contas digitais completas aos clientes.

“Precisamos acompanhar de perto essas projeções futuras para 2025”, diz Carvalho. “A nossa visão para a Via é que ela está muito barata, atrativa e mantemos nosso preço-alvo de R$ 29, com recomendação de compra. Entendemos que a transformação da Via aconteceu de forma muito importante.”

O preço-alvo de R$ 29 representa um potencial de valorização de 125% em relação ao preço do fechamento de segunda-feira (26). É importante lembrar que a empresa já acumula um salto de 100% nos últimos 12 meses. Para a Ágora Investimentos, entretanto, as novas metas apresentadas pela Via são bastante agressivas.

“Ele pressupõe um mercado de comércio eletrônico de R$ 500 bilhões em 2025, enquanto nossa previsão está próxima de R$ 350 bilhões. A Via tem como meta R$ 100 bilhões de Gross Merchandise Volume (GMV) de vendas de comércio eletrônico até 2025, contra a nossa estimativa de R$ 40 bilhõe”, afirmam Richard Cathcart e Flavia Meireles, em relatório.

Na visão dos analistas da Ágora, as melhores apostas do setor estão em nichos menores, como a Enjoei (ENJU3) e a Mobly (MBLY3). “Achamos que a orientação é negativa para os outros grandes nomes do comércio eletrônico, Mercadolibre, Magalu e B2W”, dizem Cathcart e Meireles. “Se a Via quiser atingir sua meta de GMV, acreditamos que a concorrência ficará muito mais agressiva.”