Via Varejo quer ser também uma empresa de tudo. E está tirando até o Varejo do nome

A exemplo de outros rivais, como Amazon e Magazine Luiza, a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Pontofrio, quer se posicionar com uma empresa que vai além do varejo. Para isso, está adotando nova identidade visual e comprando empresas de outros segmentos.

Em junho de 2019, Roberto Fulcherberguer assumiu o comando da Via Varejo, marcando a volta da família Klein ao comando do negócio. No caminho para recuperar a empresa, uma premissa era clara: resgatar os princípios do “chão de loja” e da “barriga no balcão”, há tempos deixados de lado no dia a dia do grupo.

Prestes a completar dois anos do início dessa jornada de reestruturação, a empresa está deixando claro ao mercado, porém, que as atividades básicas do setor já não definem a sua operação. E essa indicação foi reforçada com três anúncios feitos em menos de uma semana.

O último deles foi divulgado em comunicado ao mercado na manhã da última segunda-feira, 26 de abril. O grupo anunciou que passará a adotar a marca Via, com a assinatura Imagine Caminhos, realçadas por novas cores e uma nova tipografia.

“Para ir além do varejo, a Via mudou sua marca. Tirou o varejo do nome, mudou suas cores, seu logo, num posicionamento que traduz a grande transformação pela qual a companhia passou e simboliza os caminhos amplos que seguirá no futuro”, afirmou a empresa, no comunicado.

Antes, na sexta-feira, 23 de abril, a Via Varejo já havia divulgado a mudança da marca do Pontofrio, uma de suas bandeiras, ao lado da Casas Bahia, para apenas Ponto:>. A nova identidade visual foi acompanhada de uma repaginação em todas as lojas da marca em questão.

“Demos um grande salto, a marca ficou mais jovem, mais moderna e inovadora. E também trouxe mais protagonismo a uma personalidade irreverente, bem-humorada e focada no digital”, afirmou Ilca Sierra, diretora de marketing e marca da Via Varejo, em comunicado sobre a mudança de marca.

O terceiro anúncio nessa direção também foi realizado nessa segunda-feira. O grupo comunicou a aquisição da Celer, fintech que nasceu como uma plataforma de pagamentos e que hoje também tem um portfólio no segmento de banking as a service.

Segundo informou a companhia, a Celer tem aproximadamente 200 fintechs em sua carteira que, por sua vez, oferecem contas digitais, entre outras soluções, a mais de 24 mil estabelecimentos.

Com o acordo, a Via planeja ampliar os serviços financeiros ofertados aos sellers do seu marketplace, a maior prioridade da empresa para 2021. O pacote inclui adquirência e gateway para vendas físicas e on-line; uma plataforma de antecipação e recebíveis e, em especial, a ampliação da conta digital banQi, da própria varejista.

Corporate venture capital

Essa é a quarta aquisição do grupo desde 2020. A relação dá uma dimensão dos caminhos que estão sendo abertos pela companhia e envolve ainda a Airfox, empresa com a qual o grupo desenvolveu o banQi; a Asap Log, de logística; e a i9XP, desenvolvedora de softwares para o segmento de comércio eletrônico.

Além desses acordos, a varejista anunciou, em novembro, a compra de uma fatia de 16,6% do hub de inovação Distrito. Essa relação também está no centro de outra novidade divulgada hoje pelo grupo, que complementa o Via Next, programa de inovação aberta elaborado pela parceria e lançado há um mês.

Trata-se de um Corporate Venture Capital. O Distrito ficará responsável pela criação e a gestão do veículo em questão, que nasce com R$ 200 milhões destinados a investimentos em startups nos próximos cinco anos. Essa cifra poderá ser ampliada com eventuais aportes do Distrito, que terá a opção de investir ao lado da Via nessas startups.

“Nosso objetivo é sermos rápidos e pragmáticos. Não queremos perder o nosso tempo nem o das nossas futuras investidas”, disse Helisson Lemos, vice-presidente de inovação digital e recursos humanos da Via, ao NeoFeed.

Sócio do Distrito, Gustavo Gierun, acrescentou, também na linha do ritmo que será ditado com a iniciativa. “A pandemia criou novos hábitos de consumo e todo o varejo está tendo que se adaptar”, afirmou. “É um jogo de velocidade e esse modelo de corporate venture capital acelera esse processo. ”

A tese formulada pela Via e a Distrito terá, principalmente, no radar, startups em estágio inicial ou que estão começando a ganhar tração. Em linha com o posicionamento reforçado hoje pela varejista, além das retailtechs e de modelos que compreendam toda a jornada do consumidor, o veículo vai focar novatas de logística, finanças e marketing.

De olho, particularmente, em fatias minoritárias, os cheques irão variar entre R$ 500 mil e R$ 500 milhões. “Mas essa faixa não é algo rígido. Existe uma flexibilidade dentro dessa tese inicial”, observou Gierun. “E muitos desses investimentos serão feitos em conjunto com outros fundos do mercado. ”

Diante da movimentação cada vez mais intensa no mercado no campo das aquisições e investimentos em startups, a Via aposta na oferta de toda a sua estrutura e operação como um diferencial para atrair e escalar essas novatas.

“Não estamos dizendo que somos os melhores, mas somos diferentes”, disse Lemos. “Na comparação com outros varejistas, há ativos que só nós temos, como a nossa logística. ”

A movimentação da Via acontece em meio a uma disputa com outros varejistas que estão expandindo seus tentáculos. A Amazon, que reforçou sua operação brasileira, atua em diversas áreas, que vão do varejo tradicional até serviços de computação em nuvem, com a AWS.

O Magazine Luiza também está expandido seu leque de atuação, comprando companhias de conteúdo, como Canaltech e Jovem Nerd, até aplicativos de delivery, como o AiQFome, o ToNoLucro e a plataforma GranChef. Em entrevista ao NeoFeed, Frederico Trajano, CEO da Magalu, disse que a empresa vai competir com Rappi e iFood e até com o Google.

Os anúncios da última segunda-feira(26), foram acompanhados pela divulgação de metas e projeções do grupo para o período que se estende até 2025. A empresa projeta, por exemplo, ampliar sua base de 22 milhões de clientes ativos para 44 milhões. E estima alcançar uma fatia de, no mínimo, 20% do mercado total de e-commerce no período.

Já em relação ao volume bruto de mercadorias (GMV), a projeção é de que dois terços venham de canais digitais. No intervalo, a projeção é aumentar em 20 vezes o volume total de pagamentos (TPV), especificamente no segmento de soluções financeiras e de crédito, que foi de R$ 440 milhões nos 12 meses encerrados em março de 2021.

O grupo também prevê que o banQi alcance o break even até o fim de 2022. Ainda nessa área, a projeção é ampliar em cerca de sete vezes o valor da carteira de crédito concedido nas lojas físicas e canais digitais da operação.

As ações da empresa, avaliada em R$ 20,3 bilhões, acumulam uma queda de 18,8% em 2021, levando-se em conta o preço de fechamento do pregão da sexta-feira, 23 de abril.

A vez do marketplace: Via quer liderar segmento dominado por Mercado Livre e Magalu

A Via (novo nome da Via Varejo), dona da Casas Bahia e Pontofrio, anunciou na última segunda-feira (26), planos de construir o maior marketplace do país. Com isso, a Via tenta triunfar em um segmento que hoje é dominado por Mercado Livre, Americanas e Magazine Luiza.

Hellison Lemos, CDO da Via, disse que o crescimento das vendas on-line da companhia passa por três pilares: oferecer mais sortimentos, ampliar o número de categorias e estimular a frequência de consumo.

“Capturamos 10 mil sellers só em março, mais que todo o volume de 2020. Hoje, estamos com 26 mil sellers e a expectativa é ter de 70 a 90 mil até o fim do ano”, disse Lemos no Investor Day da Via, evento realizado com analistas de mercado.

Outra estratégia é reduzir a comissão cobrada do seller. Até o final do ano, a Via vai isentar as vendas mensais de até R$ 50 mil da comissão do marketplace.

“Se precisarmos ser mais agressivos e dar mais tempo de isenção, isso vai afetar muito pouco da nossa rentabilidade”, disse Roberto Fulcherberguer, CEO da Via.

Com isso, a Via mostra que está de olho no seller da concorrência. Lemos diz que o seller não tem fidelidade à plataforma. “No final do dia, o que interessa para ele é vender”, afirma Lemos.

Hoje, a briga pela disputa da venda on-line passa pelo prazo de entrega. Por isso, a maioria dos marketplaces estimula que o seller utilize o serviço de fulfillment (armazenar seus produtos no centro de distribuição da marca) para reduzir o tempo de entrega.

O problema, segundo a Via, é que usar o fulfillment representa custo para o vendedor, já que ele fica com a mercadoria parada em depósitos de várias marcas. A Via diz que o seller poderá usar seus centros de distribuição como hub logístico.

Em outra frente, a Via oferecerá uma conta bancária PJ para o seller receber pelas vendas efetuadas no marketplace. Quem optar por essa conta, terá acesso a outros produtos, como maquininhas de cartão e linhas de crédito.

Frete grátis, variedade e mais conteúdo: as apostas do Mercado Livre para retomar posto de empresa mais valiosa da América Latina

Empresa prioriza ganho de mercado em detrimento de margens maiores: vice-presidente contou o segredo do sucesso e especialistas apontam desafios.

O boom do e-commerce visto em 2020 impulsionou o varejo brasileiro. Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Americanas (LAME4), B2W (BTOW3), donas das Americanas.com, Shoptime, e Submarino, e Via Varejo (VVAR3), dona das Casas Bahia e Pontofrio, apresentaram resultados positivos mesmo em meio à crise.

E não foi diferente com o Mercado Livre (MELI34): no último trimestre, a empresa viu sua receita crescer 97%, e nos últimos 12 meses até ontem, os BDRs da empresa argentina (certificados de ações de companhias estrangeiras negociados na Bolsa brasileira) apresentaram uma valorização de 240%. No mesmo período, o Ibovespa teve valorização de 53%.

Também em 2020, o Mercado Livre chegou a ser a empresa mais valiosa da América Latina, quando atingiu US$ 60,6 bilhões de valor de mercado em agosto, segundo um levantamento feito pela Economatica. A empresa perdeu a posição para a mineradora Vale, que hoje está avaliada em US$ 86,3 bilhões.

Diante de um cenário tão competitivo no Brasil, o Mercado Livre vem anunciando novos serviços e aplicando estratégias para tentar abocanhar mais pedaços do mercado. Em março, a empresa anunciou que vai investir R$ 10 bilhões no Brasil, seu maior mercado, em 2021. Além disso, deve contratar cerca de 7 mil novos funcionários diretos neste ano.

Somado a isso, na primeira semana de abril, a empresa anunciou frete grátis para os produtos entregues pela sua própria malha logística que custem mais de R$ 79 para todos os clientes. Mas quais são os próximos passos da empresa? Quais as estratégias para continuar crescendo no segundo ano marcado pela pandemia?

O InfoMoney conversou com Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, para destrinchar os planos da empresa: com foco em logística, variedade de produtos, parcerias e conteúdo, o Mercado Livre que ampliar sua presença no país, e, quem sabe, retomar o posto de empresa mais valiosa da América Latina. Confira abaixo os principais trechos.

  1. Investimento em logística

O faturamento do e-commerce cresceu 41% em 2020, com mais de 194 milhões de pedidos feitos por consumidores brasileiros no ano. Diante desse boom, as varejistas tiveram que se organizar e administrar uma infraestrutura logística de forma eficiente para atender os clientes, que cada vez mais querem receber seus produtos mais rápido.

No Mercado Livre, em 2017 apenas 5% do volume total de vendas passava pela logística própria da empresa. No último trimestre de 2020, cerca de 80% das vendas já foram entregues nesse formato próprio.

“Após o fechamento do primeiro trimestre deste ano, cerca de 90% das vendas já são entregues completamente por nós. É uma vantagem importante e traz resultados significativos: conseguimos garantir prazos de entrega mais curtos e o cliente aprova esse tipo de benefício”, avalia Yunes.

  • Infraestrutura

A empresa conta com dois formatos de centros de distribuição: o chamado fulfillment cross docking. 

“No caso do primeiro, o lojista que vende no mercado livre tem uma parceria com a empresa e cuida apenas do produto, enquanto toda a parte de entrega desde pegar no vendedor, manter em estoque até levar no cliente fica por conta do Mercado Livre. O produto fica estocado no fulfillment antes mesmo da venda acontecer”, explica Yunes.

Atualmente, 90% das compras realizadas no Mercado Livre, que acontecem via fulfillment, são entregues em até 48 horas e 75% delas em até 24 horas, incluindo sábados e domingos, conforme explicou o executivo.

Já os centros de cross docking não mantêm o produto estocado, eles são apenas uma base de apoio.

“Nesse caso, o produto está com o vendedor, que além de ter o produto realiza parte da logística. A equipe do Mercado Livre vai até o centro de distribuição desse vendedor, pega o produto, leva paro cross docking e ordena para a entrega. Essa opção é um pouco mais lenta”, acrescenta Yunes.

O Mercado Livre hoje possui cinco centros de distribuição no formato de fulfillment em funcionamento: dois em Cajamar (SP), um em Louveira (SP), um em Lauro de Freitas (BA), e um em Governador Celso Ramos (SC). Além desse, Yunes explicou que há mais dois previstos para abrir esse ano, um terceiro em Cajamar, e um novo em Extrema (MG).

Além dos CDs, a empresa conta com 16 centros de cross dockings, uma frota aérea de 4 aviões para a operação no Brasil, além da malha rodoviária, cujo tamanho não foi revelado.

  • Diferencial? 

Alexandre Machado, sócio-diretor da GS&Consult, consultoria que atua desde 1989 com serviços para o varejo, explica que a infraestrutura que a empresa construiu é muito sólida. “A logística seria o principal ponto de gargalo dessa operação, que é completamente on-line e que vendeu muito em 2020. Mas a empresa entendeu a importância desse segmento no negócio e vem investindo forte”, explica.

Segundo ele, entre a concorrência, a logística do Mercado Livre não é exatamente um diferencial, já que concorrentes como Magazine Luiza e Amazon, por exemplo, também contam com uma infraestrutura logística bem completa.

Por isso, para se diferenciar a empresa precisará, continuar desenvolvendo uma boa malha logística, mas também apostar em outras frentes.

  1. Variedade de produtos

Se a logística não será suficiente para fazer o Mercado Livre ganhar mais espaço, sua variedade de produtos pode ser uma avenida nessa direção. Hoje, há mais de 300 milhões de produtos anunciados na plataforma da empresa e cerca de 12 milhões de vendedores.

“Vendemos praticamente de tudo o que não é perecível, praticamente todas as categorias de consumo”, disse Yunes.

Segundo ele, o Mercado Livre será o canal que vai disponibilizar qualquer produto para o cliente e essa facilidade pode ser um diferencial. “No mundo físico, você pegaria o carro e iria até a loja física, mas também poderia encontrar várias lojas físicas dentro de um shopping. Nós somos o shopping do mundo virtual”, explica.

  • Supermercados 

Um avanço nessa diversificação é a categoria supermercado, cujo aumento de buscas no primeiro trimestre em 2020 foi de 300% na comparação com o trimestre do ano anterior.

“Com a pandemia e o isolamento social, mais pessoas consumiram produtos de supermercados sem sair de casa. Foi um dos destaques no ano passado, mas nesse primeiro trimestre essa categoria também continua crescendo”, diz Yunes.

Segundo ele, uma combinação de fatores deve impulsionar essa categoria: esse ano ainda será atípico com a pandemia, o que pode continuar gerando novas compras; e não é toda a base de clientes do Mercado Livre que compra da categoria supermercado.

“Temos cerca de 61 milhões de clientes, o potencial de crescimento é grande. E seguimos aumentando a variedade na plataforma: P&G, Ambev, Coca-Cola, Pepsi, Nestlé, Nespresso, entre outras. As marcas que a pessoas encontra no mercado, vai encontrar também no Mercado Livre”, afirma Yunes.

Essa diversificação de produto fica ainda mais tangível ao levar para o segmento da saúde. Durante a live do Por Dentro dos Resultados, projeto do InfoMoney, o CEO do Mercado Livre já afirmou que assim que a empresa tiver o Aval da Anvisa, entrará também no segmentos de farmácia.

“Nós queremos ser a empresa que o cliente vai encontrar de tudo e ainda receber no menor prazo possível”, afirma Yunes.

  1. Parcerias com grandes marcas

Essa estratégia de oferecer todas as opções de produtos passa agora por uma fase em que o Mercado Livre está buscando trazer grandes empresas – como as citadas de supermercado — mas também de diversos segmentos.

“Vamos avançar cada vez mais em sortimento com empresas e marcas de reputação. Já temos a Samsung, Motorola, L’oreal, por exemplo, mas queremos trazer mais marcas como Adidas, Nike, entre outras”, explica o executivo da empresa.

Na prática, com essa parceria o cliente pode ter acesso à loja oficial da marca ou revendedores oficiais.

“A fortaleza dessas parcerias é a nossa audiência: temos 61 milhões de brasileiros acessando o shopping Mercado Livre. Essa audiência tem muito valor, é uma vitrine gigantesca. E a marca não tem que escolher entre estar no Mercado Livre e ter seu site próprio, mas estar com a gente é ganhar ainda mais exposição. Nós damos espaço para a marca estar no mesmo lugar do cliente”, avalia Yunes.

  1. Redução do frete

Benefícios de frete não são exatamente uma grande novidade, mas Yunes acredita que o foco na experiência do cliente ainda é a pedra no sapato de muitas empresas e também pode ser um diferencial em um ambiente tão competitivo como o varejo no Brasil.

De fato, uma pesquisa da Ebit/Nielsen & Bexs Banco mostra que o frete grátis é um dos pontos mais importantes para os clientes: 43% das transações não tiveram custo de envio para o consumidor em 2020.

Machado pontua que esse tipo de benefício bastante amplo, só é possível graças à estrutura logística.

“Essa proposta de valor é importante: o consumidor no e-commerce tem como atributo de decisão de compra o preço. Mesmo quando o frete é grátis, o custo está embutido no preço, naturalmente, mas quando a empresa entrega o frete grátis e um prazo rápido de entrega, muitas vezes no dia seguinte, por exemplo, não necessariamente o preço vai ser o mais importante. Resolver o problema de conveniência é muito positivo”, avalia.

  1. Mais conteúdo para os clientes

Com o frete grátis para todos os clientes, uma das principais vantagens que os clientes com altas pontuações no Mercado Pontos, perdem um atrativo.

Na prática, quanto mais o cliente compra na plataforma, mais avança de nível. O nível seis é o que oferece a maior quantidade de benefícios, entre eles: descontos nos pagamentos com código QR, 45% OFF nos fretes de compras abaixo de R$ 79, devoluções grátis, entre outros.

Yunes admite que, de fato, a novidade vai tirar um dos benefícios dos clientes “vips”, mas explica que a empresa vai apostar em outro segmento para fidelizá-los: benefícios em conteúdos por assinatura.

“Nós já fechamos parcerias com o Disney+, com o streaming de música Deezer, com a HBO com descontos para os clientes conforme seus respectivos níveis. O nível 6 oferece 45% de desconto nessas assinaturas, se a pessoa fechar pelo Mercado Livre. Não faltarão iniciativas nesse sentido”, diz.

Desafios pela frente

Com o sucesso em 2020 e presença em 18 países hoje, sendo o Brasil o responsável por cerca de 54% das vendas totais, o Mercado Livre ainda tem alguns desafios a serem superados, de acordo com os especialistas ouvido pelo InfoMoney.

Machado explica que um dos pontos a ser trabalhado é a percepção do cliente em relação à empresa.

“Hoje o Mercado Livre pela expertise na diversificação é conhecido pela plataforma que ‘tem de tudo’, você acha qualquer coisa lá. Mas esse é um critério para o consumidor: se precisa de um produto em que a marca é considerada importante, como uma televisão ou geladeira, por exemplo, o cliente não vai no Mercado Livre, busca varejistas tradicionais, como o Magalu, Casas Bahia, que já têm credibilidade advinda do varejo físico. É um ponto a ser trabalhado. As parcerias com grandes marcas é uma tentativa de melhorar essa percepção, mas é um processo que leva tempo”, explica.

Porém, a construção da credibilidade frente ao consumidor leva tempo.

“Você consolidar uma marca como crível no mercado é algo demorado. O Mercado Livre vem desenvolvendo esse processo e está evoluindo. O próprio nome já traz a sensação de qualquer um compra e vende qualquer produto. Isso somado ao formato on-line ainda gera algumas inseguranças e a empresa deve trabalhar cada vez mais essa questão”, afirma Alex Antonio Ferraresi, especialista em marketing estratégico da Escola de Negócios da PUC-PR.

Outro tópico muito relevante é a experiência do cliente diante de um mercado que oferece tantas opções. Yunes lembra que a empresa vai investir forte em tecnologia entre outras coisas para melhorar a jornada do cliente dentro da plataforma no site e no app do Mercado Livre. “Precisamos cada vez mais ser uma plataforma intuitiva, simples de usar, que oferece informações claras. Estamos trabalhando em melhorias nesse aspecto”, diz.

A empresa está com cerca de 7 mil vagas abertas para contratações neste ano, e Yunes afirmou que outro desafio será manter a cultura da empresa com a empresa crescendo em ritmo acelerado. “Precisamos preservar os valores trazendo muita gente nova, é um trabalho constante de integração e organização. Começamos o ano passado com 2.450 funcionários e terminamos com 5 mil. E esse ano, vamos quase triplicar a quantidade”, afirma.

Duas áreas estão com o maior número de vagas abertas: logística e tecnologia. “Dos R$ 10 bilhões que vamos investir no país neste ano, grande parte vai para esses dois segmentos, que acreditamos serem os caminhos que vão nos ajudar a crescer ainda mais”, explicou Yunes.

 

Totvs fecha parceria para integrar plataforma em marketplace do Magazine Luiza

Clientes poderão fazer venda direta com reduções em taxas e prazos de entrega.

A Totvs e o Magazine Luiza anunciaram na última sexta-feira, 23, uma parceria em que a empresa de tecnologia irá integrar sua plataforma ao marketplace da varejista, possibilitando aos seus clientes venda direta com reduções em taxas e prazos de entrega.

Uma das principais vantagens do acordo é que, com a integração, os vendedores poderão utilizar as lojas físicas do Magazine Luiza como uma opção de entrega ou retirada dos produtos, garantindo uma entrega mais agilizada. Além das mais de 1.300 lojas, os consumidores também poderão receber suas compras em casa, com custo de frete e prazo de entrega diferenciados.

“A pandemia acelerou muito o movimento para o ‘omnichannel’ dos consumidores e a valorização da experiência de consumo. Essa integração possibilita que nossos clientes tenham o Magalu como mais um canal de venda, proporcionando diversos benefícios como geração maior de fluxo de clientes on-line e off-line, com uma logística diferenciada e agregando valor a determinada venda,” afirma Elói Assis, diretor de Varejo e Distribuição da Totvs, em nota.

A parceria será feita na plataforma Totvs Omni by Moddo, com o processo de cadastro das mercadorias passando a ser totalmente integrado e automatizado entre os sistemas do comerciante e o marketplace da Magalu.

O serviço, que não é uma exclusividade para clientes de sistemas da Totvs, possibilita aos clientes acelerarem suas vendas, integrando dados entre os diferentes sistemas utilizados por varejistas e até mesmo distribuidores e indústrias que busquem vender direto ao consumidor.

Qual o Perfil do E-commerce? Pesquisa da Koncili Aponta Principais Nichos

Uma pesquisa realizada pela Koncili, plataforma de conciliação de repasses dos marketplaces, em parceria com a E-commerce Brasil, traçou o perfil da gestão do comércio eletrônico no Brasil.

Os principais nichos de atuação dos sellers são: moda e acessórios (22%), móveis e decoração (15,3%), informática (15,3%) e eletrodomésticos e eletrônicos (10,2%).

Já os marketplaces mais utilizados pelos lojistas são: Mercado Livre (71,2%), B2W Marketplace – Americanas.com, Submarino e Shoptime (55,9%), Magazine Luiza (49,2%), Amazon (47,5%) e Via Varejo (39%). Em relação aos meios de pagamento oferecidos, os predominantes são: cartão de crédito (78%) e boleto bancário (16,9%).

Como o Mercado Livre quer se manter líder do e-commerce nacional

Mercado Livre vai investir R$ 10 bi com um simples objetivo: fidelizar consumidores e vendedores.

Maior companhia de e-commerce do Brasil vê demanda crescer em 2020 por conta da pandemia, mas entende que há espaço para mais.

Assim como muitos de nós, Stelleo Tolda, presidente de commerce do Mercado Livre para a América Latina, viu sua rotina mudar radicalmente durante a pandemia.

Ele também foi obrigado a trabalhar de casa, depois que as autoridades sanitárias recomendaram que as pessoas evitassem de sair, a não ser para questões essenciais. E para ter uma estrutura mínima, também teve que turbinar seu home-office, comprando teclado, mouse e uma segunda tela.

Mas diferente da maioria, ele teve que comandar, de sua residência, uma companhia presente em 18 países da América Latina e que foi intensamente testada no ano passado, experimentando uma aceleração significativa da demanda por seus serviços.

Como sabemos, a pandemia transformou profundamente a economia no ano passado, em especial o segmento em que Tolda atua. Enquanto a maioria dos setores da economia sofreu, o e-commerce floresceu no período, uma vez que as pessoas não podiam mais recorrer ao varejo físico para adquirir qualquer coisa, de comida e álcool em gel, até brinquedos e materiais de escritório.

As compras pela internet aceleraram significativamente no ano passado. Até então, o brasileiro era pouco habituado ao varejo eletrônico – o e-commerce tinha uma penetração relativamente baixa no varejo nacional, respondendo por cerca de 6% do total de vendas. O número também era baixo nos outros países da América Latina.

A impossibilidade de ir ao mercado ou shopping center, porém, fez as pessoas migrarem à internet. E para atender o aumento e o surgimento de novas demandas, Tolda viu a necessidade de acelerar planos e investimentos do Mercado Livre no Brasil para dar conta do recado.

“A gente cumpriu o plano de investimento do ano, de R$ 4 bilhões, no Brasil, mas o que a gente fez foi antecipar alguns lançamentos, como a categoria de supermercados, e também a nossa maré logística, que envolve, além de centros de distribuição, postos avançados, que ficam mais perto dos consumidores”, disse ele em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro.

Poderia ter dado errado. Não faltam histórias de empresas que enfrentaram dificuldades quando tiveram que antecipar o cronograma de investimentos. Mas para o Mercado Livre deu certo.

A companhia conseguiu consolidar sua posição de maior nome do e-commerce do Brasil, com a operação tupiniquim ganhando destaque nos resultados consolidados – ela respondeu por 54% da receita líquida total no quarto trimestre, somando US$ 720,5 milhões, um crescimento de 68% em dólar e 120% em real, na comparação com o mesmo período de 2019.

O bom momento também pode ser sentido nos recibos de ações negociados na B3 (MELI34), que valorizaram mais de 215% no ano passado – as ações da empresa são listadas na Nasdaq desde 2007 e em 2020 elas avançaram 179,5%.

A adoção do e-commerce pode ter sido acelerada pela pandemia, mas as pessoas já estavam experimentando fazer compras pela internet, por aplicativos, nos últimos anos. É um caminho sem volta. A primeira fase, a de aceitação, já passou. Agora vem um novo momento, que pode ser chamado de seleção natural do setor, em que será definido quem vai triunfar, quem vai fracassar e quem vai virar referência do varejo eletrônico no Brasil.

Tolda está atento a isso e sabe o que precisa fazer para vencer essa batalha. E a estratégia passa por uma única palavra: fidelização.

Pandemia aceleradora

Lançado em 1999, na Argentina, e presente no Brasil há 21 anos, o Mercado Livre acompanhou o surgimento do e-commerce nacional, primeiro no formato de negociações em leilões on-line, evoluindo posteriormente para um site em que as pessoas poderiam vender produtos novos ou usados, com forte inspiração na americana eBay.

De lá para cá, foi expandindo suas operações e ganhando tamanho, mas sempre tendo que lidar com a baixa penetração da modalidade, provocada por uma série de motivos – baixos índices de acesso à internet, bancarização e questões com a logística.

“A gente via uma penetração relativamente baixa do e-commerce no varejo brasileiro, da ordem de 6% antes da pandemia. Depois de tanto tempo, ter só 6%, na nossa opinião, era um indicativo de que apenas uma parcela da população realmente tinha acessado o e-commerce”

A pandemia, embora indesejada, acabou sendo um catalisador para o segmento avançar. Primeiramente servindo de canal para compra de bens essenciais para lidar com os efeitos do novo coronavírus, como máscaras e álcool em gel.

Diante das restrições à circulação, e com muita gente com medo de sair, o e-commerce viu um crescimento muito forte de um segmento que o próprio Mercado Livre tinha pouca atuação, a venda de alimentos. “O Mercado Livre acelerou os planos (em alimentação). A gente tinha planos de lançar essa categoria no Brasil, já havíamos lançado antes da pandemia no México, mas a pandemia nos fez acelerar os planos”, disse Tolda.

Vendo que comprar pela internet não era tão complicado assim – pelo contrário, até mais cômodo – e percebendo que a pandemia não iria passar tão cedo, as pessoas passaram a buscar outros produtos. Com a casa virando sala de aula, escritório e lugar de entretenimento, aumentou a demanda por produtos destas categorias. E tivemos ainda as famigeradas obras, com todo mundo encontrando algo para reparar, reformar ou decorar.

O resultado de tudo isso, segundo presidente de commerce do Mercado Livre, foi um desempenho muito acima do que era esperado para 2020, uma alta de 60% do volume de vendas total, considerando as vendas próprias e de terceiros. “A gente tinha uma ideia de que, sim, iríamos crescer, mas talvez mais perto de 30% a 40%, então a gente teve um ganho, uma aceleração do crescimento, por conta dessa demanda maior”, disse.

Para Tolda, o que ocorreu em 2020 foi uma mudança de paradigma, mesmo que infelizmente impulsionada pela pandemia. Ele acredita que daqui para frente o e-commerce brasileiro deve ultrapassar a barreira dos 6%, respondendo por mais 10% de tudo que é vendido no varejo e com espaço para crescer ainda mais esse número.

“A gente ainda percebe que uma parcela da população não comprou on-line ainda, e entendo que é uma questão de tempo. E mais do que a gente fazer publicidade para atrair novos consumidores, coisa que a gente faz, o boca-a-boca, a experiência positiva dos que compraram, é o que tem atraído novos entrantes”, disse.

E é justamente este movimento orgânico que o Mercado Livre quer fortalecer, ao entender que para vencer num mercado cada dia mais concorrido é preciso oferecer o melhor serviço, a melhor experiência. Não apenas para o consumidor, mas para os vendedores também.

Fidelização, palavra de ordem

Tolda explicou que existe no segmento de e-commerce uma questão chamada efeito de rede. Trata-se de um ciclo virtuoso. Basicamente, ele pressupõe que o site que tem mais vendedores e mais produtos consequentemente atrai mais compradores. E o marketplace que tem mais produtos, tem mais liquidez, mais consumidores e acaba atraindo mais vendedores.

Manter esse efeito funcionando é o que faz um e-commerce crescer, fidelizando consumidores e vendedores à plataforma. “É ele que faz os marketplaces em países mais desenvolvidos, como na China, nos EUA, terem um líder claro”, disse.

Para garantir que essa roda continue girando, é preciso investir constantemente na melhoria dos serviços. Recentemente, o Mercado Livre anunciou que vai aportar R$ 10 bilhões apenas no Brasil em 2021, dobrando o número de funcionários dos atuais 5 mil para mais de 10 mil.

A maior parte dos recursos (Tolda não precisou quanto) irá para itens de logística, um velho gargalo nacional e que representa um ponto sensível para consumidores e vendedores. Os planos incluem dobrar o número de centros de distribuição, para oito, e ampliar a quantidade de postos avançados, para onde a companhia leva o produto para fazer a chamada “última milha”, o trecho final da entrega das mercadorias ao cliente, etapa crucial e sensível do processo de logística.

“Temos investido na questão do transporte, em parceria com muitas transportadoras, mas a gente também tem investido em veículos próprios, inclusive elétricos, aviões, como a gente anunciou no ano passado, tudo com o objetivo de melhorar nosso nível de serviços na entrega”

Dentro dos investimentos em logística, o Mercado Livre também deve se concentrar no serviço de armazenagem de produtos de seus vendedores, ficando responsável por todo o processo de manuseio, preparação das encomendas e a entrega, uma estratégia a mais de fidelização.

Mas os recursos não vão ficar concentrados apenas na parte de logística, segundo Tolda. A ideia é também expandir o segmento de supermercados, que teve boa receptividade no ano passado, e aumentar a quantidade de produtos próprios, não concorrendo com os vendedores do marketplace, mas complementando a oferta, garantindo que o consumidor encontre tudo aquilo que procura no Mercado Livre.

“A gente quer suprir melhor os nossos consumidores e entende que, em alguns casos, falta oferta de determinado modelo, de determinado produto, porque os nossos vendedores não têm acesso a isso. Em outros casos é uma questão de profundidade de oferta. Nossos vendedores podem até ter acesso a determinada marca, modelo, mas não em quantidade suficiente que a gente tem, principalmente em datas comemorativas, momentos de maior consumo”, afirmou.

E uma terceira parte dos R$ 10 bilhões vai para fortalecer um segmento que pouco foi comentado aqui, o financeiro. O Mercado Pago também é outra maneira de trazer mais gente para a plataforma, seja clientes, ao oferecer carteira digital com rendimento superior ao da poupança, seja para vendedores, com linhas de crédito e meios de pagamento.

De tão complementar que ele é para o segmento de varejo, as chances de uma cisão do Mercado Pago são praticamente zero, segundo Tolda. “Entendemos que mercado pago é um dos pilares do nosso negócio de e-commerce, com um colaborando muito com o outro”, afirmou.

Magazine Luiza vence disputa com Mercado Livre e Cade libera compra da Hub

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou na última quarta-feira (14) a compra da Hub Prepaid pelo Magazine Luiza, sem restrições, apesar de objeções apresentadas pelo rival Mercado Livre.

A Hub presta serviços de conta digital e cartão pré-pago diretamente para os clientes e tornou-se nos últimos meses peça importante da estratégia do Magazine Luiza em desenvolver um ecossistema on-line para impulsionar seus negócios no comércio eletrônico.

O negócio foi anunciado em dezembro do ano passado por R$ 290 milhões.

“Não há, do ponto de vista concorrencial, quaisquer fundamentos sólidos capazes de obstar o presente ato de concentração”, afirmou a conselheira Paula Azevedo, relatora do caso no Cade.

Também na última quarta (14), o Magalu anunciou a compra da plataforma multimídia Jovem Nerd, voltada para o público nerd e geek do país, para integrar o conteúdo da empresa ao aplicativo da rede de varejo.

As ações do Magazine Luiza exibiam queda de 0,5% às 15h41 de quarta-feira, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 0,9%.

O que está por trás da compra do site Jovem Nerd pelo Magalu

O que você precisa saber

  • O Magazine Luiza está adquirindo produtores de conteúdo com o objetivo de aumentar o número de clientes da empresa, trazer especialistas em conteúdo e aumentar o valor agregado do aplicativo da empresa.
  • A aquisição da plataforma Jovem Nerd foi anunciada na última quarta (14). Outras empresas que já foram compradas são o Steal the Look e o Canaltech.
  • “Temos que decidir o tempo todo se construímos dentro de casa ou se encontramos parceiros que tenham alinhamento com o Magalu do ponto de vista de valores e tem um feat de negócios”, afirma Eduardo Benjamin Galanternick, vice-presidente de negócios do Magalu.

O Magazine Luiza anunciou na última quarta-feira (14) a aquisição do site Jovem Nerd, especializado em cultura pop. A aquisição não é a primeira incursão da empresa na área de conteúdo. Em março, o Magalu anunciou a compra do Steal the Look, plataforma de conteúdo especializado em moda, beleza, cultura e comportamento. No ano passado, comprou o Canaltech, que fala sobre tecnologia.

Por que o Magalu está investindo em produtores de conteúdo? Existem duas estratégias por trás dessas aquisições. A primeira é que a varejista quer aumentar o tráfego para seu app, estimular o consumo e captar novos clientes dentro dos canais dos produtores de conteúdo.

“Um ponto importante da estratégia é que de um lado você aumenta a audiência do Magalu e, junto com ela, traz especialistas em conteúdo. A gente entende que o Steal the Look, por exemplo, é um veículo para se conectar a uma audiência de moda relevante e que pode passar conteúdos apoiados na venda de produtos dentro da nossa plataforma. A mesma coisa vale para o CanalTech e para o Jovem Nerd”, afirma Eduardo Benjamin Galanternick, vice-presidente de negócios do Magalu.

A segunda é que a empresa quer fortalecer seu app e assim torná-lo um superapp. “Vemos como uma estratégia trazer conteúdo para dentro do aplicativo para fazer com que ele se torne mais relevante. O conteúdo vai gerar para aquele cliente mais motivos para continuar com ele instalado”, afirma Galanternick.

Para a companhia, as aquisições vão possibilitar uma conexão entre anunciantes e uma audiência qualificada, além da produção de conteúdos premium que podem ser feitos pelas empresas adquiridas.

Como fica a produção de conteúdo das empresas adquiridas? Os sites e aplicativos das empresas produtoras de conteúdo vão continuar funcionando normalmente e o aplicativo do Magalu vai ser mais um canal de divulgação. Galanternick garante que todos os veículos têm independência editorial, ou seja, podem falar sobre os temas que quiserem sem interferência da empresa.

“A nossa proposta é manter a liberdade criativa e editorial e potencializar o tempo dos produtores de conteúdo, enquanto o Magazine Luiza vai fazer muito mais parte de uma estrutura de suporte, assumindo as questões burocráticas e conectando a nossa base de sellers”, afirma.

Quais as características das empresas adquiridas pelo Magalu? As principais delas são produção de conteúdo de qualidade, valores e cultura que combinem com o Magalu e possuírem um bom alcance e conexão com a audiência para quem falam.

Quais as próximas aquisições? Ainda não há nomes para divulgação, mas Galanternick diz que existe um interesse por empresas relacionadas às categorias estratégicas do Magalu, que são de bens duráveis, bens de consumo, vestuário, incluindo moda e esportes, beleza e livros.

“As empresas que nós entendermos que fazem sentido, que a aquisição vai ser boa para o Magalu, para as partes interessadas e que possuem uma conexão forte com a audiência, são potenciais negócios”, afirma Galanternick.

Hoje, a empresa tem 1.237 lojas físicas em 18 Estados do país. Além dos produtos do Magalu, o site conta com cinco marcas online: Netshoes, Zattini, Shoestock, Época Cosméticos e Estante Virtual, além de milhares de vendedores no marketplace. O aplicativo da empresa tem 30 milhões de usuários ativos.

Como o Magalu se enxerga hoje? Como um ecossistema que possui várias plataformas envolvidas.

“Hoje, nós somos uma plataforma que tem várias comunidades envolvidas. Temos nossos clientes, nossos sellers (vendedores), nossos parceiros de logística. Para cada frente que trabalhamos, temos que desenvolver funcionalidades para atender às necessidades de negócios. Temos que decidir o tempo todo se construímos dentro de casa ou se encontramos parceiros que tenham alinhamento com o Magalu do ponto de vista de valores e tem um feat de negócios”, afirma Galanternick.

A Lu, assistente virtual da empresa, pode entrar nas produções de conteúdo? Galanternick não descartou a possibilidade. “Em relação a Lu com o Jovem Nerd, começamos uma página em branco agora, temos muita coisa para escrever. Vamos conectar os times, o nosso que cuida da Lu com tanto carinho, e ver como conseguimos fazer mais essa conexão”, afirma.

Via Varejo prorroga campanha de comissão zero para novos lojistas do marketplace

Empresas terão acesso também a condições diferenciadas de frete.

A Via Varejo anuncia a prorrogação da campanha de isenção de taxa de comissão até 31 de maio de 2021 para cadastrados entre 1º de fevereiro e 30 de abril. Os novos lojistas cadastrados também terão acesso a condições diferenciadas de frete, com adesão ao Envvias (solução logística da Via Varejo) e mais de 20 mil vendedores da Casas Bahia ajudando a vender os produtos, tanto nas lojas, quanto no WhatsApp.

A condição de isenção do pagamento de comissão é válida para novos lojistas cadastrados e aprovados durante o período de 1º de fevereiro e 30 de abril e exclusivamente para vendas realizadas e aprovadas no período de 1º de março e 31 de maio.

O benefício é limitado ao valor mensal de até R$ 50 mil. Superado o valor limite mensal de vendas, será aplicada sobre o excedente a comissão ajustada no momento do cadastro. Lojistas que já tenham se cadastrado no marketplace da Via Varejo anteriormente não serão elegíveis.

De acordo com a empresa, são necessários três minutos para a realização do cadastro na plataforma diretamente no site. O lojista deve clicar em “Cadastrar minha loja” e, após a aprovação do cadastro e realização das configurações, a loja estará ativa em toda a rede Via Varejo, que inclui Casas Bahia, Ponto Frio e Extra.com.br, bastando que ele tenha CNPJ ativo, incluindo MEI, e Inscrição Estadual.

Plataforma logística própria

Em fevereiro, a Via Varejo lançou uma plataforma própria de serviços logísticos, a Envvias. O objetivo, segundo a empresa, é oferecer novas opções para clientes e lojistas parceiros no transporte de itens leves e pesados.

A Envvias oferece serviços de postagem, coleta, fulfillment e entrega em poucas horas. Ela é suportada pela ASAP Log, braço logístico com foco em last mile da Via Varejo. Entre os benefícios, de acordo com a companhia, estão a redução do custo do frete, melhores prazos, exibição de produtos como “entregue por” Casas Bahia, Ponto Frio ou Extra.com.br, mais assertividade no acompanhamento e rastreamento do pedido e garantia de ressarcimento (em caso de roubos, extravios e avarias).

“Neste momento, estamos conectando o nosso maior ativo ao seller. A partir da gestão logística realizada por nós, o lojista direciona seus esforços para as vendas e o consumidor ganha mais conforto e segurança ao realizar sua compra on-line de itens vendidos que serão entregues pela logística da Via Varejo. Esse processo impacta diretamente na expansão das nossas plataformas de marketplace por meio da oferta de serviços e soluções para diferentes tamanhos de lojistas, principalmente os pequenos e médios”, disse o vice-presidente administrativo da empresa, Sérgio Leme.

Mercado Livre registra 22,6 milhões de novos compradores na América Latina

O Mercado Ads, unidade de negócio dedicada à publicidade do Mercado Livre, lançou o estudo Tendências do e-commerce: Aprendizados em um ano mais digital. O relatório apresenta um panorama de 2020, com foco na aceleração digital e nas mudanças nos hábitos dos consumidores e sobre como as tendências de consumo já são observadas no e-commerce.

Aceleração digital

2020 foi o ano em que os consumidores realmente mergulharam no universo digital. Neste período, o Mercado Livre se consolidou como o líder no e-commerce na América Latina. No Brasil, a plataforma também cresceu.

A companhia registrou um total de 22,6 milhões de novos compradores na América Latina, volume 47% maior do ocorrido em 2019. A intensidade de buscas por minuto também cresceu substancialmente. Foram registradas, em 60 segundos, 5.585 procuras por acessórios para veículos; 4.741 por calçados, roupas e bolsas; e 4.240 na categoria de casa, móveis e decoração. O ciclo de compras também foi reduzido em 13 dias. 649 milhões de itens foram entregues em toda a região.

“Em 2020, o e-commerce tornou-se a primeira opção de busca para milhões de consumidores. Ainda de acordo com o estudo, o comércio eletrônico foi a plataforma mais procurada para pesquisar por diferentes produtos. Em 2018, por exemplo, 53% buscavam diretamente em e-commerces. Já em 2020, esse número cresceu para 70%”, conta Fernando Yunes, líder do Mercado Livre no Brasil.

Além disso, no Brasil, a cada 10 consumidores digitais, dois compraram pela primeira vez na internet, um manteve seus pedidos on-line e seis aumentaram suas aquisições. Grande parte dos acessos — oito em cada 10 — são realizados por dispositivos móveis.

Mudanças de hábitos

Um dos grandes destaques de 2020 foi a seção de calçados, roupas e bolsas. 17% dos novos compradores ingressaram na plataforma por esta categoria, seguida por acessórios para veículos (12%) e produtos de casa, móveis e decoração (11%).

“Identificamos que, após a realização da primeira compra, 60% dos novos consumidores brasileiros voltaram à plataforma e fizeram novas aquisições. Ou seja, para muitos, fazer pedidos on-line tornou-se um hábito e não mais apenas uma situação pontual”, explica Yunes.

O estudo também notou que os consumidores digitais estão mais dispostos a conhecer diferentes seções. “Os consumidores incluíram em torno de outras três categorias em seus carrinhos, diversificando cada vez mais os seus pedidos”, complementa o executivo.

Além disso, foi observado que todos os perfis de consumidores aumentaram a assiduidade de seus pedidos. Os leais, que compram mais do que a média, realizavam suas aquisições a cada 17 dias, em 2019. Em 2020, o intervalo foi de apenas 13 dias. Enquanto os frequentes, que pedem produtos regularmente, estão adquirindo novos itens a cada 39 dias, contra um período de 77 dias, em 2019. Já os esporádicos, que encomendam em casos pontuais, estão comprando a cada 63 dias, diferente de 2019, quando realizavam pedidos em um período de 274 dias.

Novas escolhas

Em 2020, o Mercado Livre identificou diversas mudanças de hábitos entre os seus consumidores. “Tudo o que vivenciamos no ano passado, gerou modificações em nosso comportamento e, consequentemente, em nosso consumo. Com isso, foi possível enxergar que algumas tendências foram observadas no e-commerce, motivando o aumento de pedidos e procura por diferentes categorias”, comenta o líder do Mercado Livre no Brasil.

Trabalho e estudos em casa

O item que foi líder no ranking de buscas, em julho e agosto de 2020, foi o notebook, movimento impulsionado pelo novo estilo de trabalho e estudo em casa. A categoria notebook e acessórios registrou crescimento de 224% em número de pedidos, em comparação a 2019.

Já a seção de materiais escolares, despontou e se destacou com grande crescimento. O volume de pedidos aumentou 308%, em relação a 2019.

Entretenimento

Itens de diversão e lazer também ganharam força em 2020, aumentando o volume de pedidos, em relação a 2019.

  • Bonecos e bonecas (+176%);
  • Carrinhos (+ 139%);
  • Jogos de tabuleiros, quebra-cabeças e cartas (+ 75%).

Além disso, o que segue em expansão é a atração dos consumidores por produtos gamers. Em 2020, o termo mais buscado na plataforma do Mercado Livre foi ‘PC Gamer’.

Lar doce lar

Casa e decoração foi a categoria número um em visitas e continuou conquistando a atenção dos consumidores em 2020. “Com o isolamento social e a necessidade de permanecer em seus lares, muitos usuários demonstraram interesse em itens de casa, móveis e decoração”, conta Yunes. “Também se destacou a categoria de ferramentas, que cresceu 101% no volume de pedidos”, reitera o executivo.

Analisando os pedidos de casa, móveis e decoração foi possível observar que, em 2020, as categorias que tiveram o maior aumento na quantidade de compras foram:

  • Itens de decoração e mesa (+223%);
  • Utilidades domésticas (+ 139%);
  • Jardim e exteriores (+ 127%);
  • Iluminação (+ 84%).

Compras de supermercado

A procura por itens de supermercado on-line cresceu e se sobressaiu. Novembro de 2020 foi o mês que registrou o maior volume de visitas ao Super Mercado Livre. “Nossa categoria de Supermercado está com o sortimento bastante completo e temos crescido com taxas muito altas”, completa Yunes.

Busca por conforto

A moda em 2020 passou por algumas alterações, afinal trabalhar e estudar em casa pede roupas mais confortáveis e despojadas, segundo o levantamento. Como isso, as blusas e casacos, como moletons, viraram os queridinhos dos usuários do Mercado Livre. Conhecida também como Moda Comfy, ela foi a escolha de muitos neste período de isolamento social. Tornando o item a terceira maior fonte de novos compradores e a sétima maior categoria da seção de moda.

Bem-estar

Outro favorito dos usuários foram os produtos de autocuidado. O relatório apontou um importante crescimento de pedidos nas categorias de beleza e cuidados pessoais, comparando compras de 2019 as de 2020.

  • Itens de cuidados com a pele (+115%);
  • Itens de cuidados com o cabelo (+ 86%);
  • Maquiagem (+ 78%): a categoria se destaca entre os novos consumidores.

Seguindo a tendência de bem estar, esportes e fitness também ganharam espaço. O termo bicicleta está entre os 10 mais buscados em todo o site e a categoria de esportes indoor/outdoor duplicou de volume em pedidos.

“Para 2021, as perspectivas são as melhores. Esperamos que a cada 10 compradores digitais, oito mantenham ou aumentem seu consumo on-line. E estamos cada vez mais preparados para o crescimento da demanda. Somente este ano, a companhia investirá R$ 10 bilhões no Brasil dando sequência ao plano de expansão da sua malha logística, da conta Mercado Pago e da força competitiva de seu marketplace no país”, finaliza Yunes.

Para conferir o estudo completo, acesse o endereço https://drive.google.com/file/d/1iF8yODuBw7MYI6HGFDL8KO-FQ–FxMJ0/view