De acordo com relatório da Conversion “Setores do E-commerce no Brasil”, o e-commerce brasileiro teve um primeiro semestre com desempenho abaixo do último período do ano passado no quesito tráfego. Entre julho e dezembro de 2022, as plataformas tiveram uma média de 2,43 bilhões de acessos por mês. De janeiro a junho de 2023, no entanto, esse número foi de 2,32 bilhões, uma queda de 4,5%.
Para Diego Ivo, CEO da Conversion, o número é até positivo, considerando que o segundo semestre guarda datas como a Black Friday e Natal, por exemplo. “No ano passado, o melhor desempenho do e-commerce foi em novembro (2,69 bilhões de visitas), marcadamente porque muita gente espera o ano inteiro para comprar na Black Friday”, diz.
Em abril, a mesma pesquisadora apontou que o e-commerce manteve médias mais baixas. Na ocasião, perdeu 5% em relação a março, ficando em 2,23 bilhões de acessos únicos.
Queda inesperada do e-commerce
Contrariando as expectativas, o tráfego do e-commerce em junho retraiu timidamente em 2% na comparação a maio (quando registrou alta de 6%). Em números absolutos, foram 2,31 bilhões de acessos únicos — quarto melhor desempenho do ano.
Em relação a maio/23, o movimento do e-commerce no Brasil em junho/23 teve queda de -2,1% pela diminuição dos acessos via web (-2,1%) e apps (-2,0%)
A expectativa era que as visitas se mantivessem em crescimento depois do Dia das Mães, já que junho é o mês dos Namorados. De fato, alguns setores que mais avançaram têm relação com a data, como Calçados (6,4%), por exemplo.
Por outro lado, setores que costumam ir bem nessa época do ano perderam tráfego em junho, como Joias e Relógios (-9%) e Cosméticos (-5,7%).
Maiores crescimentos e retrações do e-commerce brasileiro entre maio e junho de 2023 segundo a Conversion
Até os marketplaces caíram 3,2% em junho, contribuindo para influenciar o índice geral. Vale lembrar que ele é, sozinho, responsável por cerca de 40% do resultado total.
Alta pode vir em julho
Par a pesquisa, caso o mercado mantenha a tendência do ano passado, espera-se uma alta em julho puxada pelo turismo. Em 2022, esse período teve crescimento de visitantes no setor de viagens de 14%. Por conta disso, trouxe uma alta de 5% do e-commerce como um todo à época.
“Pesquisas indicam que muita gente quer aproveitar as férias para viajar, algo que alguns não puderam fazer nos anos anteriores por causa da pandemia. A busca por passagens aéreas já foi maior em junho no Google, por exemplo”, lembra Ivo.
Quedas sentidas pelas marcas
Mais visitada do país, a plataforma do Mercado Livre perdeu 2% do seu tráfego em junho. Porém, ainda se manteve à frente da lista, com pouco mais de 322 milhões de acessos. Segunda colocada, a Amazon Brasil caiu 5%, ficando na casa dos 178 milhões.
Ranking dos maiores e-commerces do Brasil, com dados de visitas mensais em aplicativos Android e web
Shopee, Magalu e Shein, por sua vez, permaneceram com os mesmos patamares do mês passado. Vale ressaltar que a Amazon Brasil se manteve à frente na métrica do Share of Search, com 49% das pesquisas dentro do setor de marketplaces.
Stanley (42%), Petz (39%) e Loja do Mecânico (35%) completam o quadro.
O processo oferece um raro vislumbre dos modelos de negócios das duas empresas sigilosas – e de suas ferozes práticas competitivas
A varejista online chinesa Temu processou a rival Shein nos Estados Unidos, alegando que ela violou as leis antitruste ao usar ameaças e intimidação para impedir que fabricantes de roupas trabalhassem com a novata em ascensão.
Shein e Temu, de propriedade da PDD Holdings Inc., são duas das potências em ascensão no varejo online, uma ameaça crescente para empresas como H&M e Zara. O processo oferece um raro vislumbre dos modelos de negócios das duas empresas sigilosas – e de suas ferozes práticas competitivas.
A Shein conquistou mais de 75% do mercado de “moda ultrarrápida” dos EUA desde que entrou no mercado em 2017, de acordo com o processo. Depois que Temu entrou nos Estados Unidos em 2022, Shein respondeu forçando os fabricantes de roupas a acordos de fornecimento que excluíam Temu, alegou o processo.
“Shein se envolveu em uma campanha de ameaças, intimidação, falsas alegações de violação e tentativas de impor multas punitivas infundadas e forçou acordos de negociação exclusiva com fabricantes de roupas”, de acordo com a queixa de Temu apresentada em 14 de julho no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Massachusetts.
As alegações vêm depois que Shein processou Temu nos EUA, alegando violação de marca registrada e direitos autorais, bem como “práticas comerciais falsas e enganosas”.
Em uma declaração separada, Temu explicou por que está agindo agora.
“Por muito tempo, exercemos moderação significativa e nos abstivemos de prosseguir com ações legais. No entanto, os crescentes ataques de Shein não nos deixam escolha a não ser tomar medidas legais para defender nossos direitos e os direitos dos comerciantes que fazem negócios em Temu, bem como os direitos dos consumidores a uma ampla variedade de produtos acessíveis”, disse a empresa.
Shein liderou o caminho no pioneirismo da moda ultrarrápida, oferecendo aos consumidores os produtos mais recentes da moda a preços de barganha, com camisas e maiôs a partir de US$ 2. Isso ajudou a empresa a se tornar uma das startups mais bem-sucedidas do mundo, com uma avaliação de US$ 66 bilhões, segundo a empresa de pesquisa de mercado CB Insights.
“Acreditamos que este processo não tem mérito e nos defenderemos vigorosamente”, disse um porta-voz de Shein em comunicado por e-mail.
Temu alegou que Shein se envolve em pelo menos quatro estratégias para sufocar a concorrência, incluindo multas e penalidades aos fornecedores que trabalham com a Temu e forçar os fornecedores a assinar “juramentos de lealdade”. Shein também emite “autorizações de penalidades públicas e impõe multas extrajudiciais a fabricantes desobedientes por fornecer produtos a Temu”.
Temu alegou no processo que, em maio, “a Shein exigiu que todos os aproximadamente 8.338 fabricantes que fornecem ou vendem na Plataforma Shein assinem Acordos de Negociação Exclusiva, que impedem esses fabricantes de oferecer produtos na Plataforma Temu ou fornecer produtos a vendedores na Plataforma Temu”. Os mais de 8.000 fabricantes que fornecem a Shein representam de 70% a 80% do número total de comerciantes capazes de fornecer moda ultrarrápida, disse Temu.
Temu disse que os comerciantes retiraram mais de 10.000 ofertas como resultado das ações de Shein. No processo, a unidade PDD citou exemplos de fabricantes de roupas que cortaram sua presença ou pararam negócios na plataforma, “para apaziguar” Shein.
“A Shein sabe que os fabricantes precisam do volume da Shein e de seu acesso ao mercado dos EUA e, portanto, é capaz de coagir os fabricantes a fazer acordos que os obriguem a não fazer negócios com a Temu”, alegou a empresa.
Grupo de trabalho estuda também estratégias de ampliação da oferta de produtos nas agências como parte da reestruturação da estatal e pretende aumentar a participação do Correios Celular.
Do comércio eletrônico às provas do Exame Nacional do Ensino Médio, de carro ou de barco, a maior empresa de serviço postal do Brasil, os Correios, quer implementar uma reestruturação na nova gestão. Deixando para trás os quatro anos em plano de privatização, a máxima é “ampliar parcerias e receita”, mas como estatal. Para isso, pretende resgatar os serviços de entrega para os grandes marketplaces como Amazon, fortalecer a venda dos chips de telefonia móvel e vender novos produtos nas agências, além de contar com oferta de mais serviços para o próprio governo federal.
Em entrevista ao Tele.Síntese o presidente dos Correios, Fabiano Silva, detalhou como a empresa pretende se posicionar frente ao cenário cada vez mais concorrido no serviço postal e suas variantes, como a nova política de taxar encomendas internacionais e o desafio de desenvolver a capacidade financeira.
Confira abaixo os principais trechos:
Telesíntese: Começando por uma questão recorrente, por que o melhor para os Correios é que ele não seja privatizado?
Fabiano Silva: Os Correios têm uma importância estratégica para o país, em especial porque nós lidamos com um assunto consagrado na nossa Constituição Federal, que é o direito de todas as pessoas se comunicarem. A comunicação é uma garantia que o Estado brasileiro tem que dar para que todas as pessoas, em qualquer parte do país, tenham o direito de comunicação e quem garante isso somos nós. Os Correios é a única empresa que consegue estar presente em todos os municípios do país. Então, nós funcionamos como o integrador nacional e isso, de certa forma, garante o que a gente chama de soberania.
É essencial que a empresa seja pública porque as empresas privadas não cumprem essa função social.
Por exemplo, no Amapá, há uma comunidade que fica em uma ilha que exige 12 horas de barco para alcançá-la. E lá tem uma agência dos Correios para integrar aquela população ao território brasileiro.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o correio que dá prejuízos anuais, mas é uma instituição pública, porque lá também é considerado uma empresa estratégica para o país. Veja… Na maior economia capitalista do mundo, o correio também é público.
Mesmo que a gente não fale mais de privatização. Existe a possibilidade de venda de ativos?
Silva: Temos que fazer uma gestão da empresa que garanta sustentabilidade financeira, mesmo sabendo que nós temos esse ônus grande que é comunicar o Brasil inteiro. Precisamos ser um braço de execução de políticas públicas do governo e isso tem um custo. Por exemplo, nós temos vários imóveis espalhados pelo país. A administração anterior colocou as cartas de imóveis à venda. Nós optamos por vender somente aqueles que, de fato, não há qualquer interesse para a empresa, imóveis onerosos, que não tem fundamento.
Mas também decidimos que não vamos vender os imóveis que são tombados, que são históricos. Por exemplo, temos um imóvel em São Paulo, na Praça dos Correios, que é um prédio lindo. Aquele móvel estava à venda, mas nós não queremos vender, porque tem um valor muito grande para empresa, valor sentimental e estratégico. Então, vamos fazer uma parceria com a Prefeitura de São Paulo, que vai poder utilizar e revitalizar o imóvel, e nós vamos continuar atuando lá também em um determinado espaço. Vai servir também ao poder público e à população.
Nós vamos fazer uma reestruturação da nossa carteira imobiliária. E, em qualquer venda, o valor apurado deverá ser direcionado para aquisição de imóveis que são estratégicos para nós. É uma reciclagem da nossa carteira.
Reciclagem, com novos imóveis…
Silva: Nós precisamos crescer. Aqui em Brasília, nós vamos construir um Centro de Tratamento de Encomendas (CTE). Esse projeto, por exemplo, estava parado aqui há anos. Nós vamos agora licitar, vai ser um imóvel grande, nós vamos construir dentro de novos parâmetros, que garanta a sustentabilidade. No Nordeste, também estamos discutindo a instalação de um centro internacional. O Nordeste corresponde a cerca de 25% da nossa carga. A gente quer instalar um centro para que a encomenda chegue direto lá e que possa desenvolver a região.
Quando a gente fala de reciclagem de ativos, seria só mesmo a questão dos imóveis ou algo mais, algum braço dos Correios?
Silva: Os Correios hoje não tem muito braço. Na verdade, esse é um dos objetivos que nós temos de criar algumas operações que possam agregar valor à empresa. Por exemplo, o Correio francês vende vários produtos dentro da agência. Aqui nós também temos esse projeto.
Qual é a previsão para o centro de tratamento de encomendas em Brasília?
Silva: Para o CTE de Brasília, eu já assinei o início do procedimento de licitação. Também vamos reformar cerca de 400 agências, vamos reformar alguns centros de distribuição também. São investimentos altos. A empresa passou por um longo período de falta de investimento. A administração anterior optou por não investir e hoje a gente sente que isso foi um grande problema, porque se alguns investimentos tivessem sido realizados, estaríamos num outro patamar.
O serviço postal cresceu muito nos últimos anos. Como os Correios podem lidar com o Mercado Livre, entre outros marketplaces?
Silva: Esses marketplaces são nossos clientes. O Mercado Livre é um cliente muito importante que nós temos. Outros também, como o Magazine Luiza, é um cliente muito relevante. A Amazon diminuiu muito a participação, mas estamos investindo em retomar essas empresas como nossos clientes. Então, enxergamos como parceiros.
A participação dos marketplaces foi diminuindo ao longo do tempo e precisamos que essas empresas voltem a trabalhar com os Correios.
E, é claro, essas empresas têm demandas específicas. Na medida em que nós, que somos prestadores de serviço, não formos flexíveis, gerou naturalmente a necessidade dessas empresas desenvolverem suas próprias estruturas. Por isso houve o decréscimo de receita.
Estamos retomando o relacionamento, trabalhando de forma personalizada. O Mercado Livre voltou aqui em uma ótima relação. Estamos construindo soluções que atendam a todas as empresas de modo satisfatório. Enxergamos como parceiros e como clientes, que são.
Quais são as formas de atrair esses parceiros?
Silva: Nós somos prestadores de serviço, e gente precisa ter um serviço que atenda adequadamente essas demandas. Hoje todo mundo busca mais eficiência, qualidade e agilidade. O tempo é um muito importante nessa relação de comércio eletrônico. As empresas procuram isso e a eficiência é um princípio que deve nos nortear.
Nós temos uma lição de casa, que estamos fazendo, de passar confiança para os clientes de que nós seremos, sim, uma empresa que podem confiar e que terá, sim, uma agilidade na entrega das encomendas.
Falando em agilidade, os Correios podem trabalhar com entregadores colaboradores? Como ocorre com outras empresas de serviço postais?
Silva: Nesse setor, aconteceu o que a gente chama de uberização. É comum você ver nos finais de semana chegar na sua casa, de repente, uma pessoa com criança no banco de trás do carro, em uma situação precarizada, para entregar uma encomenda. Nós não somos isso. Somos uma empresa com responsabilidade social. Os funcionários são concursados, têm seus direitos celetistas garantidos, têm proteção social e são extremamente organizados do ponto de vista sindical. É diferente com essas pessoas que estão à margem de um sistema de proteção. Isso é importante que a população, quando vá fazer a compra, saiba que entre as opções [de entrega], aqui tem uma empresa pública e ela está contratando de uma empresa que retribui para ela, porque o povo brasileiro é o dono dos Correios.
Nós temos a função social de estar presente em todos os municípios. Todo município tem uma agência e nós vamos querer colocar internet em todo lugar. Pra que, quando a pessoa chegar lá na ‘praça dos Correios’, em qualquer cidadezinha, possa acessar a internet.
Sobre os pontos de internet, é interessante, em que pé está isso? Haverá parcerias?
Silva: Estamos discutindo. No momento, há o projeto do Ministério das Comunicações. Então, vamos atuar para que isso seja viável. Talvez ainda esse ano a gente tenha novidades muito importantes no setor.
No Legislativo, há projetos de lei que discutem uma atualização da legislação sobre os serviços postais. Embora muito do previsto estivesse tratando de privatização, há alguma oportunidade de aproveitar a tramitação e aprimorar a lei atual?
Silva: O setor pode ter uma regulação que seja mais atualizada. Mas a gente não trabalhou o projeto ainda. É algo que a nossa assessoria parlamentar está começando a trabalhar.
Atualmente, temos um projeto que é super importante, que prioriza as compras do governo para os Correios. Esse projeto é muito importante para a empresa, para gente fazer o serviços junto ao governo federal. Já foi aprovado na Câmara e está no Senado, com parecer favorável da Professora Dorinha Seabra (União-TO) e esperamos que na volta do recesso ele seja aprovado.
A principal crítica a esse projeto de priorização dos Correios é o receio de se deixar de lado critérios os economicidade e qualidade. Qual é sua resposta a esse tipo de questionamento?
Silva: Nós preenchemos todos os requisitos para sermos contratados. Vamos ter o menor preço, a melhor logística e atenderemos ao interesse público. Somos uma empresa relevante para o povo brasileiro, então, é natural que o governo queira também fortalecer a empresa.
Nós não podemos passar por um processo de inanição financeira. [O projeto] não está falando que 100% das compras do governo sejam destinadas aos Correios. É uma priorização dos Correios, pode significar 10%, algo assim. Algo que seja vantajoso para a administração pública, esse é o critério. Nem poderia ser diferente. É olhar para a empresa pública como um player importante.
A administração pública nos escolhe para fazer a distribuição de todos os livros didáticos no país. Essa é a maior operação logística do mundo. Nós entregamos 200 milhões de livros no país inteiro e em qualquer comunidade do país.
O Enem, também, é aplicado em um domingo. A gente tem quatro horas para que essas provas estejam entregues em todos os pontos de prova do país, em margem de erro zero. A gente monta uma central de monitoramento e acompanha pacote a pacote, porque nós temos eficiência. Somos a única empresa que consegue executar esse trabalho.
E o Correios Celular? Como está de operação e quais são os planos futuros?
Silva: Hoje nós temos 500 mil usuários. É um produto importante para gente, mas pouca gente conhece, porque não temos investimentos de divulgação, de publicidade e marketing, nada. Para o ano que vem, nós vamos retomar. Mas em todas as agências dos Correios as pessoas podem adquirir o chip do Correios Celular. Nós temos planos que são pré-pagos, pós-pagos e são planos que são completamente aderentes à população.
Nós somos altamente competitivos com as outras operadoras de celular. Nós temos uma estratégia. Para nós, é muito importante ampliar esse mercado, de repente, levando junto ao governo, que o governo também trabalhe com o Correio Celular. Então esse é um setor que a gente quer de fato priorizar e investir bastante.
Já ganhamos o prêmio do Reclame Aqui como melhor atendimento ao cliente duas vezes. Isso significa que o nosso atendimento, após a aquisição, é o melhor que tem entre as operadoras.
Qual seria a estratégia para o Correio Celular?
Silva: Para o Correio Celular, ainda estamos estudando a melhor estratégia para que a gente amplie. É óbvio que nós queremos ampliar mercado, ampliar receita.
Temos um grupo trabalhando sobre a nova visão que teremos sobre a empresa. Por exemplo, a gente vende Tele Sena, e também vamos passar a vender seguros nas agências [em fase de licitação], ou plano odontológico. O Correios Celular é um nicho importante. O objetivo é fortalecimento e expansão.
Esse grupo que discute a reestruturação do Correios Celular tem um prazo específico para conclusão?
Silva: Tudo que a gente quer fazer é pra esse ano. Essa é uma entrega que estamos correndo, precisamos ampliar parcerias e receitas.
Há orçamento para esse plano de ampliação?
Silva: Contamos com o orçamento de investimento. Não houve investimento nos últimos anos. Houve a troca de computador, troca de carro… manutenção. Seguraram todas as contratações de tecnologias e isso gera uma defasagem tecnológica significativa. Vamos adquirir uma ferramenta de CRM [de armazenagem de informações de clientes para gestão de relacionamento], que é para interação dos nossos clientes. Isso tem um potencial altíssimo para nós.
Outro projeto que ainda está embrionário, mas que está no nosso plano estratégico, é desenvolver uma política de ESG [Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês] que é a responsabilidade ambiental, social e de governança corporativa. Precisamos pensar nisso porque somos uma empresa que emite muito carbono, temos muito carro. Estamos pensando em uma política de substituição da nossa frota, para uma frota sustentável.
Foto: Divulgação
Se nós temos dinheiro para tudo isso? Não sei. Mas nós temos a possibilidade de obter financiamento, de organismos internacionais, que já tem uma discussão em andamento. Financiamento também pelo BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], então, temos que procurar essas entidades.
Sobre receita, como a nova política de taxar comércio eletrônico internacional afeta os Correios e como a empresa se coloca nesse debate?
Silva: Há um receio, sim, claro… É comércio. O comércio eletrônico é muito relevante para nós e o comércio eletrônico internacional passou a ser mais significativo. Hoje é uma receita fundamental para a empresa.
A Receita Federal está correta em querer ter um maior controle sobre as mercadorias que entram, em ter um sistema de tratamento adequado, que saiba o que está entrando, até para que o fluxo de entrada seja mais ágil e possa atender a população. O programa Remessa Conforme é importante para avançar nesse sentido.
Nós temos, naturalmente, algumas demandas ainda que estamos tratando junto com o Ministério da Fazenda e com a Receita Federal. Eu creio que a gente vai ter um bom entendimento.
Estamos em tratativas para que o Programa Remessa Conforme seja de fato regulado da forma que eles pretendem e para que os Correios mantenham a posição que ocupa hoje nesse setor.
Qual é exatamente o receio?
Silva: Depende. Se fosse estabelecida uma alíquota alta, inviabilizaria esse comércio. Imagina se você colocasse 60%? Ninguém mais vai querer comprar, fechando a porta desse comércio. Mas não foi isso que foi feito. A receita, corretamente, manteve um valor de 50 dólares para as empresas que tiverem aderido ao programa de conformidade e estabeleceu uma alíquota de ICMS de 17%.
Os representantes do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) pedem que seja revertida a regra que isenta o imposto de importação de compras no valor de até US$ 50 feitas em sites estrangeiros por pessoas físicas.
O pedido da associação que reúne mais de 60 empresas, como Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3), foi feito em reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, neste sábado (1).
O IDV prevê que as novas regras do governo levarão ao fechamento de lojas e desemprego, por isso, a associação pede isonomia entre as varejistas.
“Não queremos aumento de impostos, mas isonomia. Que o varejo e indústria que atua aqui, com toda a folha de pagamento, tributos estaduais, federais e financeiros deve estar contemplados nessa alíquota”, disse o presidente da associação, Jorge Gonçalves Filho.
O IDV pede que o governo tenha uma alíquota que traga isonomia para a competição no setor varejista até o dia 1 de agosto. Segundo Gonçalves Filho, o ministro Haddad se comprometeu a corrigir a questão.
Isenção para Shein, Shopee e Aliexpress
O ministro da Fazenda assinou na sexta-feira (30) um conjunto de mudanças nas compras no comércio eletrônico internacional em sites como Shein, Shopee e Aliexpress.
Agora, as compras de até US$ 50 (cerca de R$ 240) terão a alíquota de impostos de importação zerada. No entanto, a medida será válida para empresas que ingressarem no plano de conformidade do governo, estando em dia com suas demais obrigações tributárias.
As gigantes internacionais Shein, Shopee e Aliexpress devem aderir ao plano de conformidade do governo. Anteriormente, a regra de isenção de compras de até US$ 50 era válida entre pessoas físicas.
Programa Consultores Americanas Marketplace forma especialistas em e-commerce
Pensando em abrir portas no e-commerce até para aqueles que não vendem online, a Americanas Marketplace trouxe ao mercado uma iniciativa que formaliza novos profissionais e acelera negócios: o programa Consultores Americanas Marketplace.
O programa, que é totalmente gratuito, forma profissionais em todo o Brasil para que eles ajudem na digitalização de diferentes perfis de negócios e multipliquem seu faturamento sendo especialistas em e-commerce.
Durante essa jornada, os participantes aprendem tudo sobre o universo das vendas online, marketing digital e marketplace. Assim, eles entendem exatamente como acelerar negócios no meio digital, e conseguem ajudar lojistas de diferentes tamanhos e segmentos a potencializarem seus negócios vendendo na Americanas.
“O programa Consultores Americanas Marketplace representa uma oportunidade de crescimento, de desenvolvimento e de um propósito em auxiliar o crescimento do varejo digital”, descreveu Flávio Izac, consultor da Americanas Marketplace.
Qualquer pessoa interessada pode participar do programa e se tornar um consultor certificado pela Americanas Marketplace. Com o certificado em mãos, os participantes já podem ser remunerados pelas vendas dos lojistas que entraram na plataforma por indicação deles e receber uma comissão de até 8% durante um ano.
Como consultor, você conta com a possibilidade de trabalhar em qualquer lugar do Brasil e de ganhar dinheiro sendo um especialista em e-commerce e marketplace. Ficou interessado? Acompanhe a Americanas Marketplace nas redes sociais para ficar por dentro de todas as novidades do programa.
O ChatGPT vem dominando os veículos de comunicação nos últimos meses, e, apesar de haver diversas outras inteligências artificiais disponíveis no mercado, a ferramenta da OpenAI continua a se destacar por sua praticidade em formular textos de diferentes formatos e para diferentes plataformas.
Através de uma interface simples e com respostas rápidas, para poder utilizar com todo seu potencial é preciso dar os comandos e insights corretos para a IA criar textos mais únicos e completos.
Apesar de ainda ser necessário todo um trabalho de revisão, a automação proporcionada pelo ChatGPT economiza tempo e agiliza tarefas as quais poderiam consumir horas do dia de quem produz algum tipo de conteúdo.
Ao pensar nisso, a Magis5, startup voltada para melhorar a operação de vendedores de marketplaces através de seu hub de automação, produziu um e-book a respeito de como utilizar a IA mais falada do momento para empreendedores que vendem nesses grandes players.
O que pode ser encontrado no e-book?
O e-book a respeito do ChatGPT para quem vende em marketplaces conta com dicas, instruções, exemplos práticos e ilustrativos, dividindo-se em capítulos que abordam a ferramenta de diferentes maneiras:
Como usar o ChatGPT para estruturar estratégias para seu negócio
Neste capítulo, o conteúdo é direcionado para como o empreendedor pode utilizar a base de informações do ChatGPT para o auxiliar na construção de estratégias, isso ao entender o comportamento de determinado segmento a partir do que é informado pela ferramenta, sendo possível construir personas, quais são as possíveis palavras-chave que eles utilizam em mecanismos de busca e nos próprios marketplaces, entre outras possibilidades.
Criando títulos para seus anúncios nos marketplaces
Criar títulos pode demandar tempo para vendedores que desejam focar seus esforços em estratégias e meios para melhorar sua operação, portanto utilizar o ChatGPT para fazer títulos ou melhorar existentes é uma maneira de automatizar essa tarefa e otimizar o seu tempo.
No conteúdo disponibilizado pela Magis5, há exemplos eficientes de como isso é possível e os cuidados que são necessários ao colocar entradas no chat.
Criando descrições de produtos a partir do ChatGPT
Complementar a criação de títulos, as descrições igualmente consomem tempo, mas possuem menos especificidades e regras, o que faz possível trabalhar com maior criatividade e com mais gatilhos de copywriting.
Em relação a textos criativos, o ChatGPT possui uma grande capacidade de os produzir e com diferentes variedades.
Automação como propulsora de vendas nos marketplaces
O ChatGPT é uma inteligência artificial que, basicamente, automatiza tarefas do dia a dia e simplifica a vida de quem o utiliza.
A partir do e-book ainda é possível conferir dicas extras de alternativas para o utilizar, além de como não o utilizar.
A Magis5, autora do e-book, reforça que a automação é um importante propulsor para empreendedores que desejam melhorar sua operação, já que minimiza erros de estoque, de expedição, entre outros, além de otimizar o tempo, como o ChatGPT faz, auxiliando criadores de conteúdo e ações para marketing.
Para vendedores que estiverem interessados em ler o e-book “ChatGPT: Como usá-lo para aumentar seu desempenho nos marketplaces” completo e conhecer mais sobre a Magis5, basta clicar aqui.
Dias das Mães inaugura período de datas comemorativas com alta de 6% no tráfego do e-commerce.
Como era esperado, o Dia das Mães fez o tráfego do e-commerce voltar a subir em maio, recuperando a margem de queda registrada no mês anterior: a alta foi de 6%, somando 2,36 bilhões de acessos únicos no período – segundo melhor resultado do ano.
O bom desempenho se deve, em parte, ao crescimento de 7,4% em visitas via web, que chegou perto da casa dos 2 bilhões no mês.
Mas o resultado se explica, na verdade, pelas buscas de presentes para as mães. Em maio, o setor que mais teve acessos foi o de cosméticos (22%), cujos produtos estão entre os mais procurados para a data.
Diego Ivo, CEO da Conversion, que já havia previsto o aumento do tráfego a partir de maio, observa que os números reforçam a importância da sazonalidade para o varejo brasileiro como um todo.
Asiáticas mais robustas
As marcas asiáticas têm se consolidado cada vez mais como as mais acessadas do e-commerce brasileiro. Esse processo, que já vem acontecendo há mais de um ano, ficou mais forte a partir deste ano.
Em maio, quatro das dez marcas mais visitadas pelos consumidores do país são da Ásia: Shopee, Shein, AliExpress e Samsung.
A mais bem colocada delas é a Shopee que, com 141 milhões de acessos no mês, ocupa a terceira posição da lista.
Baixe o Relatório Setores do E-commerce de junho 2023 com dados referentes a maio 2023, acessando a Biblioteca do RadarIC em Pesquisas Externas.
Objetivo é que varejistas estrangeiras como Shein e Shoppe passem a arrecadar impostos no Brasil.
Técnicos do Ministério da Fazenda estão finalizando um plano para estabelecer os parâmetros para a atuação de gigantes do varejo online no Brasil, como AliExpress, Shein e Shopee, disse nesta segunda-feira (29) o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Haddad disse que a proposta de regulamentação está quase pronta, mas não revelou qual será a alíquota sobre as varejistas. “Não diria nesta semana, mas nos próximos dias. Está nos ‘finalmentes’. (A alíquota) ainda não está decidida”, afirmou.
Entre as medidas a serem estabelecidas, está a tributação e regulamentação conforme as normas brasileiras de operação no comércio de produtos. Não deverá ser criado um novo imposto, já que a tributação de 60% sobre as remessas internacionais já está em vigor e é normativa da Receita Federal.
O estabelecimento de um plano de conformidade para a atuação das empresas – estabelecidas, em especial, na Ásia – vai ocorrer após o debate firmado em torno da proposta de acabar com o benefício de isenção de impostos para remessas internacionais no valor de até US$ 50.
O benefício é destinado a envios de pessoa física para pessoa física, mas o mecanismo vinha sendo utilizado para burlar a Receita Federal, estimam integrantes da equipe econômica.
Diante da pressão de consumidores, a equipe econômica do governo federal retrocedeu e manteve a regra de isenção para pacote de até US$ 50. Quando o recuo foi anunciado, o ministro da Fazenda disse que a regulamentação se daria já a partir da venda.
Ou seja, as empresas terão de preencher antecipadamente a declaração de venda dos produtos a consumidores do Brasil para fins de recolhimento do tributo.
Dados do Banco Central mostram que a conta paga para as plataformas de comércio digital diminuiu em US$ 237 milhões em abril.
O medo dos impostos parece ter afastado muitos brasileiros das compras internacionais. Em abril, plataformas como Aliexpress, Shein e Shopee venderam 25% menos ao Brasil na comparação com março. Em dinheiro, a fatura do cartão de crédito diminuiu em quase R$ 1,2 bilhão no mês em que a taxação das compras do exterior ocupou parte do noticiário econômico.
Dados do Banco Central divulgados na última sexta-feira (26) mostram que, em abril, as compras internacionais de pequeno valor somaram US$ 700,9 milhões, 25,3% menos que a fatura paga em março. Na comparação com abril do ano anterior, a queda é de 20,1%.
É verdade que, em meio à discussão tributária, as grandes plataformas adotaram algumas medidas como incentivar as compras de vendedores brasileiros, instalados no território nacional, para evitar qualquer dor de cabeça alfandegária.
Mas os dados do BC mostram que, efetivamente, a conta paga a essas plataformas diminuiu em US$ 237 milhões. Convertido para reais, o valor equivale a R$ 1,18 bilhão a menos na fatura do cartão e em pacotes no centro dos Correios em Curitiba.
E, assim, o governo conseguiu – pelo menos temporariamente – reduzir um pouco o ritmo das compras. Tristeza dos vendedores asiáticos, felicidade dos varejistas brasileiros.
Imposto de 60%
É fácil entender o temor de alguns clientes. O imposto de importação para compras internacionais de pequeno valor é de 60%. Ou seja, se um pedido somar R$ 100, o imposto devido será de R$ 60. Muitas vezes, o tributo pode anular a vantagem de preço dos vendedores asiáticos.
Atualmente, o governo brasileiro conversa amigavelmente com as grandes plataformas para alterar o processo de entrada dessas encomendas no Brasil. A Receita Federal quer ter detalhes das compras antes do desembaraço aduaneiro. Para isso, negocia um novo protocolo com as gigantes Aliexpress, Shein e Shopee.
A ideia é ter informações mais detalhadas sobre cada pedido. Atualmente, apenas cerca de 2% dos pacotes que chegam pelos Correios têm a declaração detalhada enviada à Receita Federal.
A União Europeia firmou acordo desse tipo e, em muitos casos, os impostos europeus são pagos pelos clientes na hora da compra, diretamente na plataforma asiática.
Em troca, o Fisco do Brasil promete que compras com imposto pago antecipadamente chegarão mais rápido em casa porque passarão pelo “canal verde” da Receita.
Programa foi desenhado sem novos impostos, mas com consumidor pagando tributo de 60% no ato da compra internacional.
O Ministério da Fazenda e a Receita Federal devem apresentar mudanças no atual sistema de remessas internacionais, de produtos adquiridos por consumidores em sites e aplicativos estrangeiros, após debates e reuniões com o setor nas últimas semanas. Contatos entre o Fisco, varejistas e plataformas foram intensificados desde que o governo anunciou o fechamento do cerco às compras on-line que entram no país sem o devido pagamento de impostos.
A principal alteração será o pagamento antecipado, no ato da compra, dos impostos já determinados em lei. Não há criação de novos tributos. Ainda continua válida a cobrança de imposto de importação de 60% sobre qualquer compra (em remessa postal ou aérea), por pessoas físicas no valor de até US$ 3 mil – o aspecto não foi alvo de discussão. Permanecem isentos envios de produtos, como presentes, sem transação comercial, de até US$ 50.
O Valor teve acesso ao programa de conformidade, elaborado pela Receita Federal, e que pode ser adotado pelas companhias estrangeiras que atuam no país, como Shein, Shopee, AliExpress e Wish. Batizado de “Remessa Conforme”, o modelo ainda será melhor detalhado ao ministro Fernando Haddad após a volta da viagem ao Japão, para eventuais ajustes, mas na visão da Receita está finalizado.
Estrangeiras não serão obrigadas a aderir ao sistema, mas anuência acelera o desembaraço.
As empresas não serão obrigadas a aderir ao “Remessa Conforme”, mas para aquelas que adotarem as regras, a liberação dos produtos será mais rápida, por meio de um “canal verde”. Aquelas que ficarem fora do programa cairão num sistema mais lento de desbloqueio, o “canal vermelho”.
Varejistas locais vêm criticando a decisão do governo de não obrigar as plataformas a aderir às mudanças. Na quinta-feira, espera-se que a Subsecretaria de Administração Aduaneira trate do novo programa em evento sobre o comércio eletrônico, em São Paulo.
O avanço no projeto ocorre semanas após os desentendimentos no governo sobre a forma de ampliar a fiscalização sobre as plataformas. Consumidores reagiram muito mal à ideia de Haddad e da direção da Receita de acabar com a isenção remessas de até US$ 50, e o presidente Lula, receoso do desgaste público, pôs fim à discussão.
Mas isso não impediu que a pressão de empresários brasileiros continuasse, sob a alegação de que há um “camelódromo digital” instalado no país, com sonegação de R$ 20 bilhões a R$ 40 bilhões ao ano. Cerca de 70% a 80% dos produtos importados de plataformas ao Brasil vem da China, e no mundo essa taxa é de 30%.
Pelas mudanças debatidas, o consumidor terá que pagar os impostos relacionados à importação de mercadorias no ato da compra na plataforma, por meio de um documento de arrecadação. Não se trata de criação de uma nova taxa, mas de antecipação no momento da cobrança para limitar a ação de compradores e vendedores que tentam burlar a fiscalização aduaneira manipulando informações das remessas.
Hoje o pagamento pelo consumidor ocorre só após a entrada das remessas internacionais no país, no site dos Correios (em boleto ou cartão de crédito), mas o problema central é que nem sempre a fiscalização dos Correios identifica a necessidade de pagamento do imposto. E Correios e Receita ainda cruzam poucas informações sobre os envios por CPF.
Segundo dados de 2022, apenas 1,9% das 176,3 milhões de remessas internacionais que entraram no país pelos Correios tinham a declaração de remessa ao Fisco para o pagamento dos impostos. Portanto quase 98% passou pelas fronteiras sem declaração, podendo incluir sonegação e entrada de produtos falsificados. Entre operadores privados (Fedex, UBS) compras com declaração atingiram mais de 70% em 2022, isso porque esses transportadores arcam com o pagamento dessa remessa e cobram diretamente do comprador.
Pela lei em vigor, de 1999, a tarifa atual, e que continuará válida, é de 60% sobre valor da compra, frete e seguro na soma de até US$ 3 mil, de empresas para pessoas físicas. Ainda é preciso arcar com o ICMS do Estado cobrando em remessas acima de US$ 500 e com a taxa aduaneira de R$ 150.
“Quem quer fugir do pagamento, usa os Correios, mas com a mudança, fica muito difícil dar um nó no sistema. Ao determinar o pagamento no ato da transação comercial, entre vendedor e comprador, não tem mais como dizer que é uma operação entre pessoas físicas e, logo isenta de imposto”, diz um diretor de uma varejista brasileira.
Segundo a legislação, a isenção cabe apenas se a pessoa física recebe algo de até U$ 50 de outra pessoa física, sem qualquer transação comercial envolvida.
O que ocorre, até hoje, é que há lojistas nos marketplaces que adulteram dados enviados aos Correios, muitas vezes com conhecimento do comprador, relatando serem pessoas físicas e declaram valores abaixo US$ 50. Com a proposta da emissão prévia da nota fiscal e do guia de pagamento, fica mais difícil fraudar a transação.
Pelo já discutido, os marketplaces estrangeiros terão que informar na página da oferta do produto o valor de cada imposto e da taxa postal. Eles que irão fazer os cálculos para o consumidor, identificando cada montante. A Amazon no Brasil já opera dessa forma.
Depois disso, ele recebe do comprador os pagamentos e faz o “split” da transação, ou seja, a separação: a parte do imposto será repassada ao transportador (Correios), que por sua vez repassa o valor à Receita. O site fica com a comissão sobre a venda, e o lojista, com o dinheiro da mercadoria. Já no país, o produto percorre alguns caminhos até ser entregue, a depender da adesão da plataforma ao sistema (veja no quadro acima). Haverá um selo do programa “Remessa Conforme” para os marketplaces que aderirem ao modelo.
Nas últimas duas semanas, a subsecretaria aduaneira da Receita teve reuniões com plataformas asiáticas e com varejistas nacionais para apresentar as ideias e houve entendimento, de ambos os lados, de que o modelo é um avanço. Há divergências, no entanto, sobre a necessidade de fiscalização sobre quem aderir ao selo.
“O problema é que o Haddad não quer obrigar ninguém a nada. Eles entendem que há uma pressão política contra qualquer mudança que torna difícil tornar algo obrigatório agora”, diz uma fonte.
Outro ponto central é que a responsabilização das companhias esbarraria no aspecto da personalidade jurídica no Brasil. “Algumas nem são empresas brasileiras. E não acho que caberia um ‘enforcement’ mais duro agora”, afirma outra pessoa a par das discussões.
A Receita ainda se encontrará com Haddad para alinhar o tema, apurou o Valor, mas caso o texto atual tenha aval do ministro, o formato deve ser anunciado entre esta semana e o começo de junho.
Na semana passada, alguns executivos do comércio on-line ouvidos levantaram hipótese de uma implementação do programa em etapas, e possível adiamento do pagamento antecipado, mas com a manutenção da troca de dados de forma integrada, entre Correios e Receita, outra ação prevista. “Há um receio no setor, mas não nos parece que há a disposição de adiar da Receita. Nas conversas, eles dizem que estão prontos. E os Correios falam que estão se adaptando”, afirma um empresário.
Varejistas querem que isso saia do papel rápido, e plataformas estrangeiras, por sua vez, alegam que há uma pressão setorial forte porque as redes locais querem defender seus mercados da concorrência dos marketplaces asiáticos “mais eficientes, e com mais caixa para investir”, como resumiu ontem um gerente-geral de uma plataforma. “Entendemos que o jogo tem que ser igual, mas entendemos também que, mesmo com 60% de imposto, ainda seremos competitivos com estratégias que ainda vamos lançar”, diz.
O programa pode ser um adendo ou um aditivo da instrução normativa da Receita Federal 2124, publicada no Diário Oficial em dezembro, diz uma pessoa a dar dos trâmites. Uma segunda hipótese é essa normativa ser reeditada com os termos do novo programa. De qualquer forma, o fato é que o “Remessa Conforme” surge ancorado na normativa, o que aumenta seu peso, já que a normativa tem data.
Essa instrução determina que os Correios terão que encaminhar à Receita, dois dias antes da chegada de toda remessa postal, um formulário com 37 dados do comprador (como CPF, valor da compra e descrição completa do conteúdo).
As plataformas asiáticas terão que passar os dados aos Correios e aos transportadores privados, que os enviarão à Receita. A mudança vai permitir à Receita identificar os CPFs que movimentam volumes elevados de compras.
Isso já começaria a funcionar daqui a pouco mais de um mês – e o “Remessa Conforme” viria já nesse ambiente de mudanças.
Procurada para comentar o novo programa, a Receita informa que, quando as regras estiverem validadas internamente, fará a devida divulgação. O Ministério da Fazenda não se manifestou, assim como os Correios.
Nesta semana, há uma agenda em andamento sobre o tema. Está marcada para hoje uma audiência pública, solicitada pelo deputado federal Julio Lopes (PP-RJ) para debater a incidência de impostos no on-line e digitalização. Devem estar presentes representantes da Procomex (Aliança Pró Modernização Logística de Comércio Exterior), o IDV, principal instituto do varejo, e representante do Ministério da Fazenda. Procomex e IDV estiveram nesse debate do novo programa nas últimas semanas.
Além disso, amanhã e quinta-feira, a Procomex realiza, em hotel em São Paulo, seminário sobre segurança e cadeia logística, com presença da chefia da subsecretaria de administração aduaneira, que coordena o “Remessa Conforme”, e outras empresas envolvidas no programa, como a Sinerlog.
Ainda não estão claras, por parte das plataformas, as medidas para adequação do sistema de pagamento e envio de dados.
Procurada, a Shein diz que tem acompanhado de perto a discussão e acredita que o potencial de um país e setor é potencializado por meio de “soluções equânimes de justiça tributária”. Afirma que “vê com bons olhos”, mas entende que é “muito importante o diálogo setorial e com o governo” para uma solução “de fato, eficaz e que busque apoiar o consumidor”.
Na semana passada, o comando da Shein disse que a empresa pagaria eventuais impostos cobrados do consumidor – sem detalhar forma e percentual. As empresas podem arcar com o pagamento se desejarem (por meio de descontos, vouchers), mas há uma busca no setor no mundo por ações de defesa de rentabilidade e revisão de subsídios.
O AliExpress diz que se manterá disponível e colaborativo com o governo “a favor de quem mais importa, o consumidor”. Diz que assim que o documento for recebido, será estudado e analisado para que possa ser implementado. A Shopee não comentou o tema.