Francesa Mirakl, plataforma para vendedores, parceiros e marketplaces, chega ao Brasil com meta de triplicar operação em 2022

A Mirakl — empresa francesa de tecnologia responsável pela infraestrutura de marketplaces como os do Carrefour e do GPA — tem o Brasil como seu maior mercado entre os hubs internacionais da companhia, como Reino Unido, Alemanha, Cingapura e Austrália. A participação do País no negócio, por sua vez, tende a aumentar: a perspectiva da companhia é triplicar os negócios no Brasil em 2022.

“A América Latina é uma região importante para o crescimento da Mirakl, e o Brasil é nosso maior mercado de foco. Com 9 em cada 10 brasileiros dizendo que preferem marketplaces a outros sites de comércio eletrônico, esperamos mais que triplicar nossos negócios no Brasil em 2022, fazendo parcerias com mais varejistas, distribuidores atacadistas e fabricantes à medida que a demanda por marketplaces aumenta no Brasil”, afirmou o presidente e cofundador da Mirakl nos Estados Unidos, Adrien Nussenbaum ao Estadão.

Olist unicórnio: startup de soluções de e-commerce vale mais de US$ 1 bilhão

A Olist, startup paranaense de soluções de e-commerce, levantou US$ 186 milhões (R$ 1 bilhão) em rodada liderada pela Wellington Management, mesmo fundo do Airbnb. Com isso, tornou-se mais um unicórnio — apelido dado a empresas que valem mais de US$ 1 bilhão — surgido no Brasil.

Também participaram da rodada a Softbank e a Goldman Sachs, além das brasileiras Corton Capital e Globo Ventures. Valor Capital e Redpoint Eventures já haviam participado de financiamentos anteriores. A startup cresceu bastante: deve fechar 2021 com um faturamento anual de cerca de R$ 250 milhões, contra os R$ 80 milhões do ano passado, além de ir, em seus cinco anos de atuação, de cinco pessoas na equipe para 500.

A Olist ajuda lojistas de todos os tamanhos, do micro ao grande, a venderem em marketplaces como Mercado Livre, Magazine Luiza e Amazon. A solução tem diversas ferramentas como controle de pedidos, estoque, pagamento, posicionamento em buscas e venda por redes sociais. Outros números de peso da empresa são seus 45 mil clientes lojistas e varejistas, presença em 180 países e mas de 7 milhões de vendas por meio da plataforma Olist Store.

Em outubro, adquiriu duas startups: a Tiny, especializada em gestão empresarial, e a Vnda, também uma plataforma de comércio eletrônico. O movimento ocorreu meses após a Olist obter em abril US$ 23 milhões (R$ 127 milhões nos valores atuais) em rodada de investimentos do tipo série D (para acelerar a empresa).

Também neste ano, adquiriu a PAX (logística) e Clickspace (soluções para social commerce). A Olist tem como próximo passo ganhar tração em outros países, como o México. “Com o novo aporte, pretendemos ir muito além do que fazemos hoje e entregar cada vez mais valor ao nosso cliente”, disse Tiago Dalvi, fundador e CEO da startup, em nota à imprensa.

Regulamentação dos marketplaces pode trazer confiança ao setor

Datas promocionais como Black Friday e Natal se aproximam e, diferentemente do ano passado, quando não se sabia o que esperar, neste ano o cenário pode ser menos incerto. No mínimo, houve um aprendizado com 2020, ano em que o e-commerce cresceu 41% em vendas, impulsionado pelo crescimento de 52% dos marketplaces, que se consolidam cada vez mais como uma alternativa para o varejista tradicional. Os dados são da Ebit/Nielsen.

Quando houve a 1ª regulamentação dos marketplaces pelo Banco Central, em 2018, houve uma resistência natural, afinal, foram demandados custos e adequações importantes. Mas prevaleceu o objetivo de dar segurança a toda uma cadeia, evitando que a falta de responsabilidade de um dos agentes colocasse em risco o dinheiro dos outros. Sem essa adequação, os marketplaces não poderiam fazer, por exemplo, transações via cartão de crédito, o que impactaria profundamente a evolução nas transações.

Hoje, novamente, discute-se uma nova regulamentação dos marketplaces, a fim de assegurar uma corresponsabilidade e transparência nas relações entre agentes envolvidos na cadeia: o varejista online, o seller/lojista e o consumidor/comprador.

O mercado avançou bastante desde 2018. Grandes motores do empreendedorismo, ainda mais em momentos de crise financeira, os marketplaces ganham importância a cada dia e assumem papel protagonista no avanço do e-commerce brasileiro.

“Por isso, é preciso conscientizar os agentes e disseminar informações com transparência para que todos desfrutem das vantagens do comércio online com mais segurança. Esse é um movimento natural que permite a construção virtuosa de seus ecossistemas”, afirma Andrea Rios, diretora da Orcas Omnichannel Experience.

Hoje, os marketplaces no Brasil lutam para se firmar como os principais ecossistemas de compras dos consumidores. E, novamente, enfrentam a falta de consenso para um acordo sobre a corresponsabilidade na venda de produtos falsificados ou ilegais e a transparência no uso de dados de lojistas em benefício de serviços e produtos próprios da plataforma.

Segundo pesquisa da E-bit/Nielsen, 90% dos consumidores afirmam que a experiência com marketplaces é boa ou ótima, e o 1º critério de escolha do marketplace ainda é o preço do produto. Ao mesmo tempo, quando se compara os resultados da pesquisa de 2021 x 2019, o critério para escolha do marketplace que mais cresceu foi justamente a confiança na marca do marketplace.

“Ou seja, o cliente já deposita no varejista online sua confiança. A falta de solução, seja por parte do seller ou do marketplace, nos pontos de fricção durante a jornada de compra pode ser motivo para a quebra de confiança e perda do cliente num mercado cada vez mais competitivo. A gestão do ecossistema como um todo, e por cada agente, precisa ter o cliente no centro, e aqueles que se negarem o farão numa questão de tempo ou poderão ser alijados por ecossistemas concorrentes que já operam centrados no cliente”, completa Andrea.

Estudos indicam uma correlação entre confiança e qualidade da experiência do cliente, bem como com índices de retenção, lealdade de marca e engajamento. A confiança é a grande oportunidade para as empresas, e as que souberem capitalizar terão sucesso nas próximas décadas. Não é uma relação que fica isolada na empresa com o cliente, mas impacta todo o ecossistema, incluindo funcionários, parceiros e demais stakeholders.

Pesquisa da Forrester global já mostra que no Reino Unido e em Cingapura, por exemplo, 20% dos clientes que confiam numa marca confiam também em todas as marcas afiliadas. Dessa forma, É possível dizer que é importante que o marketplace construa o seu ecossistema com parceiros e, juntos, influenciem positivamente nas relações de confiança que irão reverberar em resultados para o negócio.

Black Friday 2021 deve manter nível de crescimento próximo ao do ano passado

Faltando poucos meses para a Black Friday, muitas empresas já estão trabalhando em estratégias de vendas para garantir bons resultados na edição deste ano.

Em 2020, a data movimentou R$ 5,1 bilhões – valor 31% superior em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo levantamento da Neotrust/Compre&Confie.

De acordo com análise da Enext, empresa focada em soluções para negócios digitais, embora a expectativa para 2021 seja de crescimento, o percentual de aumento não deve ultrapassar o ano anterior.

Na Black Friday do ano passado o varejo digital aproveitou-se das restrições de circulação e o menor horário de abertura das lojas físicas. Portanto, o consumo on-line conseguiu surfar bem essa onda.

“Em 2021, o crescimento continuará bastante sólido, uma vez que muitas pessoas que não utilizavam esse canal até o início da pandemia, gostaram da experiência e devem aproveitar os maiores descontos oferecidos pelo comércio eletrônico, mesmo com a reabertura das lojas físicas”, explica.

A análise vai de encontro com o relatório Future Shopper Report 2021, produzido pela Wunderman Thompson em parceria com a Enext.

Divulgado recentemente, o estudo aponta que 55% dos brasileiros pretendem seguir utilizando o varejo digital de forma frequente, mostrando que as compras on-line se tornaram uma tendência que veio para ficar.

Como se preparar para a Black Friday
Especialista alerta que o varejo on-line está cada vez mais competitivo e as estratégias de ativação e aquisição de consumidores estão cada vez mais sofisticadas.
Para Gabriel Lima, as lojas que apostam em estratégias e ações para o varejo on-line terão uma Black Friday bem-sucedida.

“O primeiro passo é traçar e adotar um plano de comunicação de vendas com o público-alvo e dividi-lo em três canais: Mídia Online (para atrair novos consumidores), Mídias em Marketplaces (para se aproveitar do crescimento expressivo dessa vertical) e CRM (para fomentar as vendas entre seus melhores consumidores)”, explica o especialista.

Em relação à mídia on-line, o especialista alerta que o setor está cada vez mais competitivo e as estratégias de ativação e aquisição de consumidores estão cada vez mais sofisticadas.

“É necessário ter cautela com o investimento e não atacar apenas um canal. Em vista ao cenário atual é essencial ter um orçamento mais flexível para acompanhar essas frentes de evolução do negócio”, comenta.

O segundo ponto de atenção para o mercado on-line está na estratégia de vendas por meio dos marketplaces.

Nos últimos anos, o mercado de comércio eletrônico tem sido impulsionado por lojas virtuais que fazem a intermediação da compra entre o consumidor e o vendedor. Este modelo de vendas on-line tem ajudado o mercado de e-commerce a manter os altos índices de crescimento.

Nesta Black Friday, o varejo digital necessita levar em consideração os benefícios existentes dentro deste espaço e investir em seus produtos.

Por fim, é importante implementar o sistema de CRM para fazer abordagens mais eficientes, uma vez que o processo armazena todo o histórico do cliente potencial e proporciona uma comunicação personalizada para o consumidor.

“O segredo está no CRM que segmenta a base de vendas e que resulta em uma estratégia de valor para a marca e para quem consome. Uma dica valiosa é usar o histórico da Black Friday, entender quais os produtos mais buscados e comprados pelos clientes, oferecer condições especiais e avisar as ações promocionais antes e de maneira personalizada para assim conquistar bons resultados”, finaliza Lima.

Para empresas, super apps e marketplaces ditarão tendências do setor bancário

Pesquisa do Banco BS2 analisou a percepção atual sobre os bancos, tendências para o futuro e impactos da pandemia para o setor. Para entrevistados, bancos digitais modernizaram o setor ao trazer agilidade e menos burocracia .

Levantamento do banco digital BS2 revelou que a maioria das PMEs brasileiras creem que super apps, que reúnem múltiplos serviços em uma mesma plataforma, marketplaces e novos canais de e-commerce serão as tendências do setor bancário. Ao todo, foram ouvidas mais de 400 pessoas, líderes de pequenas e médias empresas de todo o país, entre os dias 24 de junho e 13 de julho de 2021.

De acordo com o levantamento, 8 em cada 10 entrevistados (81%) acreditam que haverá um fortalecimento e crescimento dos super apps, enquanto 80% acham que os marketplaces continuarão crescendo mesmo com fim da pandemia. Já para 78%, o sistema bancário será totalmente integrado, enquanto 77% entendem que os bancos que não se modernizarem em processos operacionais e administrativos terão dificuldades em se manterem competitivos.

Com um mercado cada vez mais exigindo inovação e diversificação dos serviços prestados pelas instituições bancárias, as empresas têm migrado suas contas para os bancos digitais. Segundo o levantamento, entre as companhias que utilizam os novos bancos, mais de dois terços (70%) abriram sua conta há três anos ou menos. Enquanto isso, 62% dos entrevistados que só possuem contas nos bancos tradicionais, afirmaram ter interesse em utilizar os serviços das instituições digitais. Esse percentual chega a 71% na região Nordeste.

Sobre os critérios que fariam as empresas mudarem de banco, os empresários e gestores apontaram menores tarifas, agilidade no atendimento, rentabilidade e fácil utilização de aplicativo ou plataforma.

Modernização do sistema bancário

O levantamento também traz um panorama da visão dos executivos sobre o principal fator para a modernização do sistema bancário. Mais de três quartos (79%) dos entrevistados veem relação entre o avanço das inovações bancárias e surgimento dos bancos digitais. Para 76% deles, a agilidade nos processos bancários também teve influência dos novos bancos. Outros 78% acreditam que inovações como o Pix e Open Banking contribuíram para as transformações no setor.

Oito a cada 10 empresas ouvidas apontaram a rapidez na solução de problemas e no atendimento a qualquer hora do dia como as principais influências do modelo digital, assim como a desburocratização do sistema. Quando questionados sobre os principais avanços das instituições financeiras nos últimos cinco anos, as PMEs apontam: a maior velocidade nas transações financeiras (35%); aplicativos mais rápidos e completos (35%) e maior automação dos processos e melhor atendimento nos canais digitais (29%).

Pandemia

O estudo mostra ainda o reflexo da pandemia da Covid-19 para acelerar esse processo de modernização e digitalização, além do comportamento das empresas em relação aos serviços bancários. Quase metade das PMEs ouvidas (47%) afirmam que sua relação com os bancos mudou nesse período. A região Sul é onde a maioria (57%) das companhias viu esse impacto, enquanto nas regiões Centro Oeste e Norte, o número cai para 42%.

Durante o período, a abertura de conta em bancos digitais pela agilidade e facilidade (43%), além do acesso a outros serviços (40%), foram as principais mudanças relatadas pelas empresas. Outro motivo citado para migração entre bancos foi o valor abusivo das tarifas (28%).

Além da mudança de banco, também houve impacto na utilização de produtos e serviços. Um terço dos entrevistados afirma que a empresa realizou um downgrade no plano de serviços (29%), enquanto outros (22%) realizaram a contratação de mais serviços bancários desde março de 2020.

Regras de plataformas de e-commerce afetam lojistas e viram alvo de críticas

Vendedores lidam com dificuldades em se adaptar às regras de relevância no ambiente digital e questionam práticas como a exigência de frete grátis e de uso de serviço próprio de logística.

Empreendedores de todo o Brasil encontraram nas plataformas de comércio eletrônico um meio de iniciar ou manter suas atividades digitalmente enquanto as lojas físicas estavam fechadas na pandemia. Enquanto os chamados marketplaces cresceram em número de vendas e de lojistas virtuais, os vendedores agora lidam com as dificuldades em se adaptar às regras de relevância no ambiente digital e questionam práticas das plataformas que impactam o retorno financeiro sobre os seus negócios, como a exigência de frete grátis e de uso de serviço próprio de logística.

A política de ranqueamento dos anúncios de cada vendedor em plataformas como o Mercado Livre, Magazine Luiza e Lojas Americanas é calculada por algoritmos que levam em conta fatores como as buscas mais recorrentes por clientes. Em geral, quem entrega rápido e não cobra a mais por isso é priorizado. Acontece, porém, que oferecer isso aos clientes sem aderir aos serviços dos próprios shoppings virtuais pode ser inviável, e os vendedores acabam tendo de pagar uma porcentagem maior sobre suas vendas. A escolha passa a ser entre abrir mão de margem de lucro para vender ou praticar preços mais altos, o que acaba impactando os volumes.

A imposição de uso de serviços e práticas adotadas pelas plataformas tem gerado críticas na comunidade de vendedores e foram relatadas à reportagem em entrevistas feitas pelo Estadão/Broadcast com lojistas que usam esses serviços.

Uma comerciante de Curitiba (PR) passou a vender tecidos no Mercado Livre durante a pandemia, depois de perder o emprego. Tornou-se Microempreendedora Individual (MEI) e, com esforço, “ativou o termômetro” do Mercado Livre, ou seja, conseguiu que a plataforma indicasse aos clientes que ela tinha uma boa reputação, depois de vender e entregar dentro do prazo suas 10 primeiras encomendas.

As entregas até então vinham sendo feitas pelos Correios, mas depois de ampliar o volume de vendas, chegando a uma média de duas encomendas por semana, ela recebeu um e-mail que dizia: “Ative seus envios nas agências do Mercado Livre antes de 26 de julho para que seus anúncios não sejam pausados”. Isso aconteceu porque a plataforma exige que os vendedores usem a logística própria do grupo ao atingir um determinado patamar de vendas – a empresa não informa qual é esse volume.

A exigência trouxe um problema burocrático e financeiro para a vendedora. Como no Estado do Paraná o MEI não tem uma inscrição estadual exigida pela plataforma para emissão de nota fiscal por meio do sistema do Mercado Livre, ela teve de mudar a categoria de sua empresa e passar a arcar com os custos mensais de um contador. Depois de fazer todas as mudanças e ter de repassar custos para o preço de seus produtos, suas vendas estão paradas. “Faz 10 dias que não vendo nada”, diz. Desanimada, ela pensa em desistir da plataforma e seguir com seu site próprio e em outros marketplaces.

A Secretaria da Fazenda (Sefaz) do Paraná esclareceu à reportagem que os MEIs são dispensados de inscrição estadual no Paraná. “Eles conseguem emitir Nota Fiscal Avulsa eletrônica, pelo site da Receita Estadual (Receita/PR). Porém, alguns marketplaces disponibilizam plataformas integradas e automatizadas nas vendas realizadas em seu site, como é o caso do Mercado Livre”. O órgão explica que, nesse caso, como o próprio software do marketplace emite a nota fiscal para o vendedor, é necessário que o lojista virtual tenha inscrição no seu estado, o que, hoje, não é possível para os MEIs do Paraná. Por essa razão, a vendedora de Curitiba teve de passar a arcar com os custos de uma microempresa para usar a logística própria do marketplace.

Segundo o Mercado Livre, a imposição de uso de sua logística pelos vendedores que têm vendas recorrentes tem como objetivo garantir a emissão de notas fiscais dos produtos vendidos.

“Não temos barreiras para começar a vender na plataforma entregando pelos Correios. Quando o vendedor já é um profissional, já não é mais um vendedor eventual, ele precisa ter empresa aberta e emitir notas fiscais. Como a gente garante isso? Com ele usando a nossa logística”, afirma Ricardo Lagreca, diretor jurídico do Mercado Livre. “Quando percebemos que ele já é profissional, ele tem de ingressar na nossa logística”.

As queixas de alguns lojistas sobre esse tema foram parar na Justiça, e o Mercado Livre alega que a jurisprudência tem sido favorável à empresa. “O Mercado Livre tem o direito de exigir (a migração para sua logística própria), para garantir uma melhor experiência para o usuário e o recolhimento dos tributos. Acreditamos que estamos fazendo isso dentro do nosso direito”, afirma Lagreca. “O recolhimento de tributos é o grande motivo de resistência para alguns vendedores fazerem essa migração.”

Alcance
O executivo sustenta que a adesão à logística própria, como parte do processo de profissionalização, resulta em mais vendas. Segundo ele, o incremento médio foi de 176% no volume nas mudanças registradas nos últimos seis meses. “Ou seja, mais do que dobra a venda quando ele usa a nossa logística”, afirma.

No Brasil, a penetração da rede logística própria do Mercado Livre encerrou o primeiro trimestre deste ano com 90% do total das entregas, o que, segundo a companhia, permite que 1.800 cidades recebam encomendas em até dois dias.

A contratação desse serviço, porém, tem custos. Lagreca diz que esse valor é compensado pela qualidade das entregas e demais benefícios. De fato, a eficiência da logística é elogiada pelos comerciantes da plataforma, mas a precificação dela esbarra na política de frete grátis da companhia. De modo geral, os lojistas pagam R$ 5 por produto despachado, quando a compra é de até R$ 78. Depois disso, os vendedores são obrigados a bancar o frete grátis garantido ao cliente. Segundo o Mercado Livre, o valor pago pelo lojista é subsidiado pela plataforma.

O benefício de fazer parte desse circuito é conseguir entregar rapidamente, ter o selo de frete grátis e, assim, aparecer mais para o cliente. Os produtos, porém, ficam mais caros. “Um produto que eu poderia vender por R$ 10, eu tenho que vender por aproximadamente R$ 35”, diz uma vendedora de utilidades domésticas da capital paulista. “No meu site, vendo 0,5 metro de tecido por R$ 12,90. No Mercado Livre, vendo por R$ 21,90.”, diz a vendedora de Curitiba (PR).

Há quem questione também a independência de atuação na plataforma. “A política de frete grátis limita a liberdade de precificação do vendedor, principalmente de baixo ticket”, diz um vendedor de livros, instrumentos musicais e caixas de som de Taubaté (SP). Os lojistas ouvidos pediram para não se identificar, já que, mesmo com críticas, ainda contam com a plataforma para seus negócios.

Em fóruns de discussão de vendedores das plataformas as críticas também são comuns. As reclamações e questionamentos alcançam outros marketplaces além do Mercado Livre e vão desde a falta de clareza sobre a cobrança de frete até a utilidade ou não de comprar anúncios para movimentar as vendas.

Competição
O repasse dos custos extras ao preço final diminui a competitividade dos comerciantes menores, já que aqueles que têm capacidade financeira para fazer compras de estoques maiores e ganhar no volume de vendas conseguem praticar preços mais baixos. Além disso, os vendedores descrevem uma “competição desleal” com os produtos da loja própria do Mercado Livre. Eles alegam não conseguir praticar preços tão baixos quanto os oferecidos pela empresa em seu estoque.

O Mercado Livre afirma que “as modalidades de venda direta e de marcas próprias têm um sortimento restrito e foram criadas com o objetivo de suprir a demanda existente por sortimento e preço, preenchendo espaços que hoje estão vazios ou ocupados por e-commerces concorrentes”. A empresa diz ainda que os produtos são precificados de modo a garantir um cenário equilibrado e uma competição saudável dentro da plataforma.

“Outras varejistas conseguem comprar quantidades enormes de determinados produtos com descontos. Nosso vendedor menor não consegue ter essas negociações. A gente entra pontualmente nisso, para trazer clientes para a plataforma. O cliente que vem para cá e fica, compra de outros vendedores”, afirma Lagreca.

Para os vendedores, porém, o oferecimento de produtos mais baratos que os seus pela loja própria da plataforma, em um patamar de preço que eles não conseguem atingir, é visto como um limitador de suas vendas. Ainda mais quando uma parte da precificação envolve taxas de serviços da própria plataforma.

E-commerce na pandemia: marketplaces, nova geografia e mídias alternativas

Sétima edição de pesquisa da PayPal sobre perfil do e-commerce brasileiro pontua mudanças históricas e confirmação de tendências do comércio eletrônico.
O e-commerce vem se tornando cada vez mais um pilar fundamental para o comércio brasileiro. Um ano e meio depois do início da pandemia, é possível ver tanto uma ampliação do digital quanto o aumento da qualidade dos serviços em nossas vidas. Pesquisas confirmam essas impressões do dia a dia. No novo levantamento da pesquisa da PayPal sobre perfil do e-commerce brasileiro, o retrato é de um varejo eletrônico mais disseminado pelo Brasil, com mais ferramentas digitais e mudanças substanciais no modelo dos negócios e abordagem do cliente, que têm acontecido pelo aumento de preços e introdução da LGPD.

Se essas transformações parecem óbvias, pouco decifrável é como a digitalização do e-commerce acontece na prática e por meio de quais elementos técnicos ele se consolida, já que este é um processo de desenvolvimento social que se relaciona com a inclusão digital e financeira da população.

“Democracia financeira é tema de extrema relevância. Os pagamentos digitais são mais eficientes e custam menos. Representam mais dinheiro na mão de quem mais precisa”, observa o head de vendas do PayPal Brasil, Felipe Facchini. Segundo ele, inclusão financeira é prioridade no Brasil, e por isso a própria PayPal hoje oferece facilidades como cartão de débito, soluções de tokenização e soluções antifraude.

Facchini ressalta que o celular tem se mostrado como o único meio de pagamento para toda a população no processo de inclusão digital e financeira, e por isso o varejo tem trazido cada vez mais soluções responsivas, além de integração de carteiras digitais como forma de pagamento e a proliferação de apps para gastos do dia a dia.

“As carteiras digitais ganharam mais força coma pandemia e hoje 60% do e-commerce hoje adota por conta de sua inovação, melhor experiência, compra mais rápida, segurança e integração de diferentes meios de pagamentos. Os apps de everyday spending, que são para as compras de rotina, como supermercado, restaurante, farmácia e mobilidade, foram importantes para os restaurantes durante a pandemia, por exemplo, e por isso a PayPal está no Rappi, Uber, 99, etc.”

Sobre o que vem pela frente, Facchini diz que quem quiser continuar no pós-pandemia vai ter que investir em e-commerce e investir em redes sociais como canal de venda e relacionamento com o consumidor. Mas para concordar que a digitalização porvir do varejo on-line tem foco no relacionamento, cabe esclarecer as prioridades e motivadores do atual momento de transformação digital do e-commerce brasileiro.

Evolução dos sites e marketplaces
Thoran Rodrigues, fundador e CEO da Big Data Corp, que é a parceira da PayPal na pesquisa, observa que hoje há quase 5 milhões de sites ativos no e-commerce brasileiro. Há sete anos, eram 360 mil. “Estamos falando de ter crescido quase quatro vezes mais. E a velocidade de crescimento dos sites de e-commerce é mais rápida do que sites como um todo. Antes correspondiam a 2% dos sites ativos e hoje representa 9,4%.”

Apesar desse crescimento, quando medidos por quantidade, só 6% de todas as lojas contam com e-commerce. Por outro lado, ao se contrastar com a totalidade do varejo, o e-commerce cresce a taxas mais altas. Anualizando, esse crescimento é de 23,6%, enquanto a taxa de crescimento do varejo anualizada é de quase 10% na evolução história da pesquisa – o que mostra que o e-commerce cresce mais que o dobro do varejo normal.

“A quantidade de empresas nos marketplaces e no everyday spending tem crescimento ainda mais acelerado que o e-commerce”, ponta Rodrigues. “Há três anos, não havia o conceito de marketplaces e everyday spending como hoje.”

O pesquisador também aponta que a maioria dos e-commerce é pequena, com menos de 10 mil visitas por mês. “Mas nesse ano vemos um aumento da proporção de médias e grandes. Conforme temos mais gente comprando on-line e comprando pela primeira vez, há um público maior nos sites menores e naturalmente a proporção muda. Além disso, muitas lojas de e-commerce são nichadas, oferecendo entre um e dez produtos diferentes vendidos no site. Elas não têm uma diversidade gigantes de produtos, pois no e-commerce o custo de estruturação da loja não segue o físico. Faz mais sentido ter uma quantidade menor de variedade de produtos no e-commerce”, explica Rodrigues.

Alta de preços
A pesquisa da PayPal mostra que o preço médio do e-commerce aumentou. Segundo Rodrigues, o fato está relacionado ao aumento de lojas nichadas e à situação econômica atual do País. “O preço dos produtos subiu. Pegamos todos os preços de todos os produtos e tiramos uma média. O que vimos foi que o preço médio aumentou. Isso tem a ver tanto com o fato de que temos mais lojas nichadas de produtos com produtos de preço médio mais alto, mas também como inflação e poder aquisitivo.”

Descentralização geográfica
A geografia das sedes de empresas de e-commerce e a presença geográfica de seus serviços têm mudado nos últimos ano. Em 2015, quase 55% do e-commerce nacional estavam em São Paulo. Essa proporção subiu até 2018, com quase 62% no Estado do Sudeste, e agora cai para 51,8%.

“Isso significa que a maior parte da abertura de novas lojas não aconteceu em São Paulo. Isso tem a ver com a mudança no comportamento do consumidor. Historicamente, os consumidores digitais eram do Sudeste e do Sul, que tinham mais acesso a tecnologias. Com a pandemia e fechamento dos estabelecimentos, os consumidores do Brasil todos se viram forçados a fazer essa transformação digital. Então, não se trata de um aumento de quem já comprava, e sim da base que passou a comprar. Isso facilita a abertura de sites em outros Estados. O outro lado dessa equação tem a ver com os estabelecimentos, que deixaram de ir para São Paulo porque os mais conectados estavam lá”, esclarece Rodrigues.

Elementos técnicos
A quantidade e a qualidade das ferramentas tecnológicas usadas pelos sites de e-commerce sugerem o grau de profissionalização do setor, já que gera reflexos na construção da loja virtual e no atendimento aos clientes. Dentre os elementos técnicos estão utilização de plataformas, carteiras virtuais, certificados e responsividade.

“Quando começamos a pesquisa, 44% dos e-commerce usavam uma plataforma fechada. Quando começamos a medir, 60% dos sites eram construídos com algum tipo de plataforma e 40% não usava nenhuma plataforma. Se olharmos hoje, temos mais de 80% construídos com algum tipo de plataforma e 20% no modelo mais personalizado.

Rodrigues observa que não houve grande variação nas plataformas abertas, enquanto plataformas de construção passaram a ser mais implementadas. “Hoje, você consegue abrir sua loja com custo baixo dentro dessas plataformas. Temos uma proliferação de plataformas fechadas, que são muito mais fáceis de contratar. Elas têm mais integrações com RPs para puxar estoque, por exemplo.”

Quanto às carteiras virtuais, mais de 60% dos sites oferecem o meio de pagamento hoje em dia. “Isso passou de 40% desde que começamos a medir para 60% atualmente. Mas tem site grande com uma área de tecnologia que tem uma alternativa própria para pagamento”, ressalta o pesquisador.

Em termos de responsividade, Rodrigues aponta que o Brasil saiu de 15% para mais de 80% das lojas virtuais oferecendo a facilitação de navegação.

Adoção por “inflexões”
Rodrigues aponta que a evolução da transformação digital do e-commerce brasileiro conta com adoções e mudanças que passam por eventos externos. Os varejistas tende a não balançar o barco por conta própria. O certificado SSL, que saltou de cerca de 20% em anos passados e hoje está em 90%, cresceu depois que o Google impôs. “A partir do momento em que as plataformas passaram a adotar responsividade, daí então houve uma taxa de aumento. Quando você olha para as tecnologias que não têm esse empurrão externo, o crescimento é mais modesto”, aponta o especialista.

Outro exemplo de influência externa às tecnologias e infraestrutura adotada pelo e-commerce dado por Rodrigues é o aumento de sites hospedados no Brasil. “Parte disso tem a ver com o aumento do dólar, mas também com a preocupação com o impacto da LGPD, que trouxe muitos sites de volta ao País por conta da questão de dados saindo.”

Mídias sociais
Mais que expor produtos, as redes sociais são um forte canal de relacionamento e de construção da marca junto ao cliente. No último ano, o Facebook tem estabilizado quanto ao uso, enquanto plataformas classificadas por Rodrigues como “alternativas ao e-commerce”, como Youtube, vêm crescendo. O Youtube, aliás, saiu de 20% para mais de 45% em cinco anos.

“A presença do Youtube dentro dos sites de e-commerce mais do que dobrou. O Instagram quase triplicou nesse período, de menos de 10% para quase 30%. O TikTok ainda está em pouco mais de 1%, mas está crescendo, na tendência que se torne algo bastante relevante nos próximos anos. Essas mídias diferentes que não têm finalidade de SAC estão crescendo no hall de ferramentas que os sites têm para engajar o cliente”, aponta Rodrigues.

Quando o entretenimento se transforma em venda: empresas de e-commerce apostam no conteúdo para aumentar o faturamento

Desde os primórdios da internet comercial já se sabe: qualquer empresa, independentemente da área de atuação, também é uma empresa de mídia. Primeiro foram os websites, depois vieram as redes sociais e os aplicativos. Saber apresentar-se no mais importante dos meios de comunicação é essencial para todo e qualquer negócio.

Mas algumas companhias estão levando a ideia muito mais longe. A parte do negócio da Amazon que mais cresce não tem a ver com varejo nem com os serviços de computação na nuvem da AWS: a Amazon está se transformando em uma potência da mídia.

No Brasil, um movimento semelhante está sendo liderado pelo Magalu. A companhia recentemente comprou três hubs de conteúdo – Canaltech, Steal the Look e Jovem Nerd.

Por que a gigante do varejo estaria entrando na área de conteúdo? Porque o Magalu já entendeu que o sucesso de seu negócio cada vez mais passa por comportar-se como uma empresa de mídia.

Um jornal ou uma emissora de TV vendem seus espaços publicitários para sustentar a produção de conteúdo. Para as empresas de comércio eletrônico, o objetivo é um pouco diferente: os anúncios não só trazem novas receitas como também que ajudam a vender mais.

Para descrever a estratégia do Magalu com a aquisição das startups de conteúdo, Leonardo Corrêa, gerente de publicidade da empresa, fala em “monetizar a audiência”.

“Quando a gente começa a adquirir empresas de conteúdo, estamos aumentando o nosso inventário [de espaços publicitários] e temos novas fonte de tráfego. São pessoas que podemos converter em clientes”, afirma Corrêa.

O Magalu ainda é um varejista. Mas a internet mudou e continua mudando o negócio do varejo. A concorrência está a um clique de distância, ou a um toque na tela do celular. Para vender mais, é preciso ter mais audiência. E é aí que entram os portais de conteúdo.

Com a compra recente de três empresas (Canaltech e Jovem Nerd, focados em tecnologia, e Steal the Look, de moda e decoração), a intenção da companhia é criar mais caminhos que levem ao site ou ao app do Magalu.

Corrêa aponta que o site Canaltech recebe 25 milhões de visitantes únicos por mês. Já o canal do YouTube do Jovem Nerd contabiliza mais de 1 bilhão de visualizações desde sua criação.

“Entendemos que a aquisição recente do Jovem Nerd é subapreciada”, diz um relatório recente do Bank of America. “Acreditamos que o site tem um posicionamento único como portal de comunicação para dezenas de milhares de desenvolvedores de software brasileiros.” Os analistas do banco acreditam que o site possa ajudar até mesmo no recrutamento de programadores.

Mas o objetivo primordial não é esse. Os portais também representam uma exposição muito maior para as marcas e vendedores que anunciam no Magalu.

“No segmento de tecnologia, com esses dois novos portais, nosso alcance foi multiplicado por dez vezes”, afirma Corrêa. É uma via de duas mãos: as startups de conteúdo trazem potenciais clientes e ao mesmo tempo ampliam a visibilidade dos anunciantes do Magalu.

A ideia de vender publicidade dentro de sites de comércio eletrônico não é nova. Assim como os supermercados cobram pela localização mais nobre dentro das lojas, há muitos anos as empresas de ecommerce destacam links patrocinados no resultado das suas buscas.

As dúvidas de Bezos
Mas um nome famoso não estava convencido disso: Jeff Bezos. No recém-publicado livro “Amazon Sem Limites”, o jornalista Brad Stone relata que o fundador e agora ex-CEO da Amazon considerava links pagos uma “quebra de confiança” na relação com o consumidor.

“Para Bezos, a santidade da experiência do cliente tinha precedência absoluta sobre quaisquer relações de negócios ou eventuais incrementos no balanço”, escreve Stone.

Foi só com muita insistência de executivos da companhia que Bezos aceitou expandir essa unidade de negócios. Hoje, ela é a que mais cresce dentro da Amazon.

A rubrica de “outros” – que significa essencialmente a venda de publicidade – gerou US$ 6,9 bilhões em receitas para a gigante varejista no primeiro trimestre deste ano. Foi um crescimento de 77% em relação ao mesmo período do ano passado.

Ter visibilidade na Amazon é fundamental. Desde 2018, a maioria dos consumidores americanos começa suas pesquisas por produtos usando o site ou o app da varejista, em detrimento do Google.

Isso significa um mercado enorme para links patrocinados, além da oportunidade de anunciar produtos que nem sequer são vendidos na Amazon, como seguros ou carros.

Com mais de 25 anos de história e um conhecimento profundo de seus clientes, a empresa começa a rivalizar com Google e Facebook – as duas maiores potências da publicidade on-line – na capacidade de apresentar a oferta certa para o cliente certo.

No longo prazo, a estratégia do Magalu é semelhante. Hoje, marcas ou vendedores do marketplace podem comprar anúncios nas propriedades da varejista ou nos sites parceiros.

O Magalu também faz um trabalho parecido com o de uma agência de publicidade, planejando a exposição dos anúncios nessa rede própria e nas do Google e do Facebook.

As possibilidades só estão começando a ser exploradas, diz Corrêa. “Posso fazer uma campanha de casa conectada, unindo tecnologia e decoração, atingindo o público do Steal the Look, por exemplo.”

Lives de compras
A mais nova fronteira da simbiose entre conteúdo e comércio é o que vem sendo chamado de “live commerce”. São lives dedicadas exclusivamente a mostrar e promover produtos em transmissões ao vivo pela internet.

Como muitas das novidades do comércio eletrônico, o “live commerce” surgiu na China. A estimativa é que essa modalidade movimente US$ 60 bilhões neste ano. Um levantamento da consultoria AlixPartners indica que dois terços dos consumidores chineses compram pelo live commerce atualmente.

O marketplace Taobao, do grupo Alibaba, é o líder dessa nova categoria e tem seus próprios influenciadores. Como tudo o que diz respeito ao mercado chinês, os números são estarrecedores.

Viya Huang, a mais popular celebridade do ecommerce, tem mais de 80 milhões de seguidores no Taobao Live. No Dia dos Solteiros de 2019, o equivalente chinês da Black Friday, estima-se que ela tenha vendido cerca de US$ 45 milhões em suas transmissões.

Uma sessão de live commerce é um misto de comercial, review e bate papo. O público pode tirar dúvidas, pedir para que certas funções sejam detalhadas ou que uma peça de roupa seja vestida, por exemplo.

A novidade já começa a aparecer no mercado americano – como a plataforma Amazon Live – e está no radar do Magalu, afirma Corrêa. Ao que tudo indica, vai ficar cada vez mais difícil distinguir onde termina o entretenimento e onde começam as vendas.

Amazon recebe multa recorde de US$ 887 mi na Europa por violação de privacidade

A Amazon foi multada em US$ 886,55 milhões pela União Europeia por violar a GDPR, lei de proteção de dados da região. É a maior multa já determinada pelos reguladores de privacidade do bloco.

A Comissão Nacional de Proteção de Dados de Luxemburgo (CNPD) impôs a multa à companhia em uma decisão de 16 de julho, mas a sanção só foi divulgada na última sexta (30.7), em um relatório financeiro. A multa envolveu práticas de publicidade – não foi revelado, porém, quais diretrizes comerciais a Amazon terá de rever.

A companhia vai recorrer da multa, segundo um porta-voz da gigante do comércio eletrônico. A Amazon disse no processo que não espera que a decisão da CNPD seja definitiva.

“Acreditamos que a decisão da CNPD não tenha mérito e pretendemos nos defender vigorosamente nesta questão. A decisão relativa à forma como mostramos publicidades relevantes aos clientes depende de interpretações subjetivas e não testadas da lei de privacidade europeia. A multa proposta é totalmente desproporcional até mesmo com essa interpretação”, afirmou a Amazon.

Em entrevista à agência de notícias Bloomberg, a empresa informou que a sentença não foi correta. “Não houve violação de dados e nenhum dado de cliente foi exposto a terceiros. Esses fatos são indiscutíveis. Discordamos veementemente da decisão da CNPD”, afirmou um porta-voz.

A GDPR está em vigor há três anos e exige que as empresas busquem o consentimento das pessoas antes de usarem seus dados pessoais sob pena de multas pesadas. A lei prevê multas às empresas de até 4% de receita anual.

O processo foi gerado a partir de uma denúncia do La Quadrature du Net, um grupo francês que atua em causas a favor dos direitos de privacidade. A queixa foi registrada em 2018 e chegou a citar também outras empresas, como Apple, Facebook, Google e Linkedin.

Até então, a maior multa da GDPR havia sido contra o Google, em 2019, no valor de € 50 milhões.

Globalmente, o escrutínio regulatório das gigantes de tecnologia tem aumentado após uma série de escândalos sobre privacidade e desinformação, bem como reclamações de que algumas empresas abusam de seu poder de mercado. As gigantes de tecnologia têm atraído constantemente audiências e processos relativos a assuntos de concorrência e privacidade na Europa.

Ascensão do E-commerce – Vendas Dobram Durante a Pandemia, Diz FGV

Levantamento da FGV aponta a participação dos supermercados nas vendas on-line.

As vendas feitas pela internet da maioria do varejo brasileiro já representam, em média, um quinto do total das transações do setor após quase um ano e meio de pandemia. É o que indica estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o tema, divulgado para o Valor.

O levantamento, que abrange 745 empresas do setor pesquisadas até junho desse ano foi feito a partir de recorte especial da Sondagem do Comércio da FGV.

Na pesquisa, o percentual médio de vendas on-line, no total das transações de empresas do varejo ampliado ficou, em média, em 21,2% em junho de 2021 – sendo que esse percentual era de 9,2% antes da pandemia, de acordo com pesquisas anteriores da fundação sobre o mesmo tema.

As vendas pela internet contempladas no estudo incluem tanto canais on-line quanto o fechamento de negócios via WhatsApp e mostram que a crise causada pela covid-19 acelerou a entrada de varejistas no comércio digital no país, segundo Rodolpho Tobler, economista da fundação responsável pela pesquisa.

Ele não descartou possibilidade de essa fatia, de cerca de um quinto de vendas do varejo agora realizadas em modo virtual, permaneça nessa magnitude, mesmo em cenário pós-pandemia.

Para calcular a média, o estudo da FGV usa conceito de varejo ampliado, que inclui veículos motos e peças; material para construção; hiper e supermercados; tecidos vestuário e calçados; móveis e eletrodomésticos e outros varejistas (como farmácias e livrarias).

Ao detalhar levantamento, Tobler comentou que, antes da pandemia, o varejo no país já mostrava tendência crescente de direcionar vendas para canais on-line. Porém esse processo era feito de forma mais lenta, ponderou o economista.

Um aspecto citado por ele e demonstrado no estudo é a diversidade nos resultados de fatias de vendas realizadas via internet, a depender do segmento.

O especialista comentou que a média, encontrada na ótica do levantamento, é resultado de combinação de parcelas altas e baixas, e também englobam características de demanda dos respectivos segmentos, em meio à pandemia.

Como exemplo, citou material de construção. No estudo, a parcela média de vendas on-line para esse segmento, até junho de 2021, ficou em 26,6%, ou seja, acima da média para varejo ampliado, delimitada na pesquisa.

Tobler lembrou alta de demanda por materiais de construção na pandemia. Com aumento de restrições de circulação social – estratégia para inibir contaminação pela doença -, muitas pessoas ficaram mais em casa e realizaram obras.

Ao mesmo tempo, esse segmento, além de grandes redes conta também com lojas de pequeno porte, que vendem por intermédio do WhatsApp.

Em contrapartida, citou hipermercados e supermercados, cuja parcela ficou abaixo da média, em torno de 15,9% na pesquisa. “É importante lembrar que os supermercados nunca fecharam durante a pandemia”, comentou.

O técnico disse ainda que, no caso desse segmento específico, mesmo com opção de entregas nas compras via internet hoje, a frequência de clientes nas lojas físicas não diminuiu tanto quando em shoppings, por exemplo.

O impacto das vendas on-line nos negócios do comércio, em meio à covid-19, foi tão forte que acabou por afetar humor do varejista, no período, acrescentou o especialista. No mesmo estudo, o pesquisador calculou o Índice de Confiança do Comercio (Icom) para empresas do varejo ampliado, com vendas on-line acima da média para o setor. Esse indicador s e posicionou 4,8 pontos acima do Icom observado entre empresas do varejo ampliado com vendas pela internet abaixo da média, entre janeiro de 2020 e junho de 2021. O Icom é o indicador-síntese de resultados da Sondagem do Comércio.

“Em agosto do ano passado, as empresas com vendas on-line acima da média chegaram a ter Icom de 15,9 pontos acima [da média do indicador de confiança para varejistas com transações on-line abaixo da média]”, declarou.

Entretanto comentou que, ao se observar agora, na margem, diminuiu diferença de pontuação entre essas duas séries, de Icom para empresas com vendas acima da média; e abaixo da média, pela internet. Em junho de 2021, a confiança de empresas com vendas on-line abaixo da média ficou em 119,8 pontos, ante 109,8 pontos entre comerciantes com transações pela internet acima da média.

Para Tobler, isso indica que o comércio varejista que não conseguiu se adaptar, para vender de forma virtual, prevê em breve retorno à “quase normalidade” dos negócios.

O pesquisador lembrou recente avanço da vacinação no país, com recuos nos números de óbitos e de casos da doença, ante começo do ano. Com melhora de cenário sanitário, por consequência, o comércio com presença física pode ter maior reação até término de 2021, ponderou.