Onda de recuperação judicial no varejo impacta a economia e o emprego

Americanas, Polishop e SouthRock estão entre as empresas que realizaram demissões em massa.

Mesmo com a melhora nos índices de emprego, salários e na confiança do consumidor, o cenário pós-pandemia ainda impacta negativamente varejista de diferentes segmentos. Com dívidas crescentes, empresas têm recorrido à recuperação judicial para se reestruturar financeiramente.

Dados do Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian apontam que em janeiro deste ano foram comercializados 149 pedido de recuperação judicial no país. Crises em empresas de grande porte afetam a economia de diversas formas, como demissões em massa, o que gera aumento no desemprego.

Érico Olivieri, advogado e especialista em processos do trabalho, avalia que crises como esta contribuem para o aumento de trabalhadores disponíveis, proporcionando às empresas maior poder de negociação de cargos e salários. “Tal situação é prejudicial como um todo, pois salários e benefícios tendem a ficar menores, e a insegurança na manutenção dos empregos pode levar a uma maior carga de ansiedade entre os trabalhadores, prejudicando seu bem-estar no desempenho das funções”, explica.

Há pouco mais de um ano, após a descoberta de uma fraude fiscal e um rombo estimado em R$20 bilhões, a Americanas ainda tenta se recuperar após a aprovação de seu plano de recuperação judicial, que incluiu um aporte de R$ 12 bilhões por parte dos acionistas de referência da empresa. No mesmo ano, varejista iniciou um processo de desligamento em massa de funcionários, alegando reestruturação. Foram demitidos 1.400 trabalhadores em julho, 1.131 entre agosto e setembro, e no final do ano, entre novembro e dezembro de 2023, a empresa desligou 5.526 colaboradores.

Com R$ 53,5 milhões em dívidas e dificuldades na obtenção de crédito com bancos, a M.Officer teve o pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça de São Paulo em dezembro de 2023. Em maio deste ano, foi a vez da varejista Polishop, com uma dívida de R$ 352 milhões. A empresa teve seu crescimento e suas finanças comprometidos pela pandemia de covid-19, que resultou em uma queda de 70% no seu faturamento, levando ao fechamento de diversas lojas da rede e consequentemente à demissão de quase 2 mil funcionários.

Entre os desafios enfrentados pelos trabalhadores prejudicados pelas demissões em massa, Érico Olivieri aponta a recolocação no mercado de trabalho. “Caso o trabalhador não possua habilidades e formação para atuar em outros setores, isso pode prolongar o período de desemprego.”

Recentemente, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) anunciou que entrará com um pedido no Ministério Público do Trabalho (MPT) para que a Zamp, administradora do Burger King e Popeyes no Brasil, e que recentemente comprou as operações do Starbucks no País, seja solidária no pagamento dos direitos trabalhistas dos empregados demitidos da rede de cafeterias.

A aquisição do controle do Starbucks pela Zamp ocorreu no dia 6 de junho, após a antiga operadora, SouthRock, abrir um pedido de recuperação judicial no fim de 2023, deixando centenas de trabalhadores sem receber suas verbas rescisórias.

Olivieri explica que, em casos de crises como esta, os trabalhadores podem contar com o auxílio do sindicato de sua categoria, que possui mecanismos legais para a defesa dos empregos e trabalhadores, podendo até resultar no impedimento da demissão, caso fique configurado que é abusiva.

“A Justiça do Trabalho também pode ser acionada tanto de forma coletiva quanto de forma individual, para que os trabalhadores possam garantir seus direitos. Para acessar o Judiciário no caso de demissões em massa, os trabalhadores podem procurar o Ministério Público do Trabalho, a Procuradoria Regional do Trabalho e ainda se valer da contratação de advogados”, destaca Olivieri.

Impacto na economia e no consumo

Um dos casos mais recente é o da rede de supermercados espanhola Dia, que, no começo de junho, realizou a entrega de toda a operação da marca no Brasil pelo valor simbólico de 100 euros, o equivalente a R$ 568,19.

A empresa iniciou o processo de recuperação judicial no Brasil em março deste ano e anunciou que iria iniciar um processo de liquidação de todos os produtos disponíveis nas 343 lojas que foram fechadas no País. Após um acordo com a MAM Asset Management, do Banco Master, em maio, a rede vendeu a sua operação em território nacional e se comprometeu a realizar um aporte de 39 milhões de euros no desinvestimento total por parte do grupo no País.

Para Eduardo Yamashista, COO da Gouvêa Ecosystem, a rede Dia, o modelo operacional da rede espanhola, com ancoragem em marcas próprias como parte da sua proposta de valor, requer escala e tem margens “muito apertadas na última linha”, é um segmento muito complexo de ser gerenciado e que dá muito pouco espaço para erro.

“As empresas, independentemente do segmento de atuação, precisam estar em constante transformação e ajuste dos seus canais e, principalmente, modelos de negócio”, afirma.

O executivo destaca ainda que, com o orçamento familiar comprometido pelo endividamento e o aumento de preço dos últimos anos, o nível de confiança do brasileiro não está tão elevado, o que compromete o consumo e, consequentemente, o resultado do varejo.

“Este é o grande cenário que temos do consumo e varejo. O ponto que temos visto é que várias empresas estão reestruturando operações, fechando operações deficitárias, fechando lojas, exatamente para passar por este momento em que é necessário ter um foco ainda maior na geração de caixa e na busca por aquelas operações mais rentáveis”, afirma Yamashita.

Má gestão

Especialista em recuperação de empresas e CEO da Excellance, Max Mustrangi aponta a má gestão da contabilidade como um dos fatores que levam à crise financeira.

“Com essa mania de reduzir custos, não tem uma empresa em que a gente trabalha que não terceirize a contabilidade. É uma área importante e, ao terceirizar, você acaba classificando e alocando os dados financeiros, os custos e as despesas de maneira errônea, o que gera relatórios gerenciais com dados incorretos, classificações equivocadas e leituras erradas. Assim, o gestor pode tomar uma decisão que seria correta, mas que está baseada em dados errados, causando um grande erro de gestão”, diz.

Uma crise em uma empresa de grande porte pode afetar toda uma cadeia de fornecedores, desde grandes até os de pequeno porte. O executivo explica que os fornecedores de médio e pequeno porte são “altamente afetados porque têm situações financeiras frágeis” e, dependendo do tamanho do impacto da participação que essa grande empresa tem, “pode levar esses fornecedores à falência”.

Mustrangi também aponta o impacto em outros setores da economia, como o sistema financeiro. “Sempre que uma grande empresa enfrenta uma crise, há provavelmente um problema de pagamento dos financiamentos junto a esse sistema ou antecipações de recebíveis, o que abala o humor e a confiança do sistema financeiro e reduz significativamente a oferta de crédito. Isso torna muito mais difícil conseguir crédito, com condições piores e custos elevados. Poucos conseguem acesso, causando uma asfixia no mercado como um todo.”

Os consumidores também são afetados, já que os preços dos produtos acabam subindo, podendo haver uma menor variedade nas prateleiras, além de afetar a qualidade. “Com menos competição, dependendo do tipo de produto, a empresa pode reduzir a qualidade porque o cliente acaba sendo obrigado a comprar o produto dela por falta de alternativa, permitindo que ela aumente sua margem”, conclui.

Fonte: “Onda de recuperação judicial no varejo impacta a economia e o emprego – Mercado&Consumo (mercadoeconsumo.com.br)

Consumo digital: marketplace é principal meio utilizado no Brasil, afirmam Instituto Locomotiva e PwC

Um levantamento do Instituto Locomotiva e PwC mostrou que 88% dos consumidores brasileiros utilizam tecnologia ou tendências relacionadas ao varejo. Uma delas é o marketplace, expoente do e-commerce nacional e que mobiliza 66% dos usuários a comprarem digitalmente.

Outros destaques relacionados ao consumo digital, segundo o estudo, são a preferência do público pela compra em e-commerce com retirada em lojas físicas (58%) e o atendimento automatizado online (46%).

Além disso, o Instituto Locomotiva e PwC afirmam, com base nos dados recolhidos, que nove em 10 consumidores priorizam marcas com experiência de compra mais agradável, praticidade no recebimento do produto e com ações de sustentabilidade.

“O desempenho surpreendente do varejo faz com que as empresas do ramo busquem entender ainda mais o consumidor. A pesquisa em conjunto com a PwC mostra que os brasileiros compram muito em lojas físicas, apesar de preferirem adquirir determinados produtos pela internet. A experiência de compra agradável e uma atenção especial aos aspectos ESG também estão entre as prioridades”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Entre as opções com menos satisfação e menor utilização dos usuários, temos, respectivamente, o atendimento automatizado e os Guide Shops, espaços para experimentar produtos na loja para comprar depois.

Convergência entre físico e online

A experiência em lojas físicas ainda é levada em consideração pelos brasileiros, mas o e-commerce encontra adeptos em categorias específicas. Na visão dos consumidores no país, segundo o estudo, a loja ideal seria nacional, com variedade na vitrine e atendentes humanos. Já os mais jovens preferem ambientes com inovação, tecnologia, música ambiente e atendentes que refletem seu próprio perfil.

Entre os segmentos com destaque para o e-commerce, o Instituto Locomotiva e PwC apontaram destaque no uso em eletrônicos (22% compram somente em lojas físicas e 33% mais pela internet), e cursos diversos (18% em lojas físicas e 10% pela internet).

Por outro lado, a frequência em lojas físicas é maior em supermercados (44% em lojas físicas e 10% pela internet), material de construção (44% em lojas físicas e 9% pela internet), e higiene e beleza (30% em lojas físicas e 23% pela internet).

Fonte: “Consumo digital: marketplace é principal meio utilizado no Brasil, afirmam Instituto Locomotiva e PwC – E-Commerce Brasil (ecommercebrasil.com.br)

Retail media cresce como oportunidade para varejos brasileiros

Grandes e-commerces e marketplaces são destinos online quase diários para grande parte dos consumidores. Por isso a audiência desses sites – muitas vezes superior à de portais de conteúdo puro – está se tornando aos poucos uma fonte não só de receita, mas de oportunidades com as marcas. É a chamada retail media, que algumas empresas estão explorando com mais dedicação no Brasil.

O tema foi discutido em um painel durante o Conexão Varejo, evento organizado pelo Cubo Itaú e pela vertical de varejo da Associação Catarinense de Tecnologia, a Acate, na última sexta-feira (7).

O grande expoente dessa tendência no país atualmente é o Mercado Livre – 9º site mais acessado do Brasil, com mais de 270 milhões de visitas mensais, segundo o Similarweb. Mario Meirelles é o diretor responsável pelo Mercado Ads no Brasil, divisão do marketplace exclusivamente dedicado ao tema.

Para ele, trata-se não só de monetizar espaço nos canais de e-commerce, mas de “pegar esse público com recorrência e, com base em perfis de consumo, transformar em audiência para as marcas”. A operação do Mercado Livre, aliás, é atualmente dividida em três grandes “cores”. Amarelo para o marketplace, azul para serviços financeiros (o Mercado Pago) e violeta para retail media – o que denota o tamanho da oportunidade.

“Em 2024 estamos com o target de fazer US$ 1 bilhão na região. É um contribuinte de rentabilidade importante para o negócio desde 2021”, disse ele.

A bem da verdade o negócio de mídia existe no ML desde 2009, nascido para explorar buscas patrocinadas e, depois, mídia programática. Mas agora também responde pelas lojas oficiais de marcas e parceiros, entre outras iniciativas. Segundo Meirelles, enquanto nos EUA o retail media representa até 13% do budget dos grandes varejistas online, na China ele supera 40% – e no Brasil sequer chegou aos 6%.

“Claramente é um business que não está nem perto da maturidade [no Brasil]. A gente começou a tratar como tal há dois anos”, contou ele ao público do Conexão Varejo. “Eu diria que chegar a 16% nos próximos cinco anos é [uma meta] alcançável.”

O executivo prometeu, no palco, anúncios de novas parceiras relevantes nos próximos dias com marcas que “até um ano atrás ninguém pensaria”, e que “querem ter acesso a essa audiência”. “Vamos partir agora para um momento de muitas parcerias”, salientou.

Uma dessas parceiras de sucesso do passado foi com a fabricante chinesa de automóveis elétricos GWM, que escolheu o Mercado Livre para se lançar no Brasil apesar de a empresa sequer vender carros. “Mas com a gente você não se preocupa se o produto é falso ou se vai ser entregue.”

Segundo ele, a companha foi “um fenômeno”, e os produtos planejados para serem vendidos durante seis meses de campanha o foram em dois. “Eles tiveram que parar [de vender no Mercado Livre] porque o estoque planejado esgotou. O que o mostra o aproveitamento da audiência.”

RAIA DROGASIL

Outro executivo presente no palco do Cubo Itaú foi Eugênio De Zagottis, membro do conselho administrativo da rede de varejo farmacêutico RD Saúde. A empresa tem mais de 3 mil lojas físicas no País, sob as bandeiras Droga Raia e Drogasil, além de e-commerces. E faz 97% das vendas para clientes identificados pelo programa de fidelidade.

“Temos um longo histórico de visibilidade do cliente, ou seja, informação extremamente rica”, ponderou Eugênio. O executivo disse que esses dados são ainda mais ricos que os detidos por big techs como Google e Meta, por exemplo, já que elas são obrigadas a “inferir quem tem potencial para comprar certo tipo de produto, enquanto a gente sabe o que cada um quer”.

Segundo ele, o grande desafio atual é usar os canais que os consumidores da marca realmente usam. “Quanto mais canais a gente combina com mensagens complementares, a conversão cresce exponencialmente”, ressaltou.

Fonte: https://www.startse.com/artigos/retail-media-cresce-como-oportunidade-para-varejos-brasileiros/”

Abril morno repercute no tráfego do e-commerce, que cai 2,8%, aponta realtório da Conversion.

O mês de abril marcou uma queda com e-commerce. Às vésperas do Dia das Mães, o e-commerce brasileiro voltou a perder tráfego em abril. Com 2,40 bilhões de acessos únicos no mês, o resultado caiu 2,8% na comparação a março.

O setor de marketplaces — que, sozinho, representa quase metade de todo o tráfego do comércio eletrônico brasileiro — praticamente espelhou o desempenho geral, diminuindo em 1,8%. Em números absolutos, teve 1,07 bilhão de acessos no mês.

Isenção de U$ 50 em debate

Em meio ao debate sobre acabar com isenções tributárias de compras feitas no exterior com valores abaixo de US$ 50 (cerca de R$ 250, na cotação de maio), as plataformas do setor de Importados, que seriam as mais afetadas pela mudança, cresceram pelo segundo mês seguido, chegando ao melhor número desde novembro de 2023.

Confira o relatório completo da Conversion, Setores do E-commerce no Brasil com dados do mês de abril, já disponível para download clicando em:  Biblioteca do RadarIC+ .

Por que a dona da Temu destronou o Alibaba como maior e-commerce da China?

Com um misto de preço baixo, frete grátis e compras gamificadas, Pinduoduo cresceu a ritmo acelerado e incomoda grandes concorrentes.

Enquanto a dona do AliExpress tenta se reestruturar em meio a vendas “decepcionantes”, seu principal rival na China, a Pinduoduo (PDD), rouba seu posto de maior e-commerce no país asiático. Com um misto de preço baixo, frete grátis e compras gamificadas, a controladora do aplicativo Temu – prestes a chegar ao Brasil – ultrapassou em tamanho a gigante de tecnologia co-fundada por Jack Ma, em dezembro do ano passado. E agora se consolida à frente do concorrente, à medida em que expande os negócios globalmente e tenta roubar a fatia da Amazon nos EUA.

Na última segunda-feira (27), a PDD era avaliada em US$ 218 bilhões, enquanto sua rival chinesa, o Alibaba, em US$ 196 bilhões – valor de mercado 70% menor que quatro anos atrás. A gigante de tecnologia passa por uma intensa reestruturação para enxugar custos e levantar capital, em meio a vendas que não engrenaram nos últimos anos.

Em receita, a PDD ainda fica atrás do Alibaba (BABA34) e da JD.com (outra gigante do varejo online chinês). Mas este cenário também caminha para mudar.

Entre 2019 a 2023, a dona da Temu viu suas receitas crescerem 69% ao ano – apenas em 2023, avançaram 90%, enquanto as concorrentes subiram a um ritmo bem mais lento, na faixa entre 4% e 5% ao ano. A plataforma teve receita de 88,9 bilhões de yuans (US$ 12,4 bilhões) no quarto trimestre do ano passado, primeiro crescimento de três dígitos desde o primeiro trimestre de 2021.

A Pinduoduo se tornou lucrativa pela primeira vez em 2021, após ter focado em redução de custos com logística e uma aposta maior no mercado de varejistas terceirizados. Em apenas dois anos, seu lucro líquido já havia se multiplicado em oito vezes.

Modelo de negócio

A Pinduoduo foi certeira ao conquistar um nicho mais jovem de consumidores que mistura compras e entretenimento. O modelo de compras em grupo que geravam descontos cresceu rapidamente e se expandiu por cidades menores da China. A plataforma conseguiu reunir no mesmo lugar, as redes sociais, consumidores ávidos por essas vantagens. Com tal estratégia, pegou Alibaba e JD “de calças curtas” e vem surpreendendo também outros players, como Shein e Shopee, em termos de popularidade.

Com crescimento acelerado, a PDD aproveitou para construir também uma plataforma de varejo voltada para o agronegócio, hoje a maior do país asiático. Ela acabou tirando de cena varejistas intermediários, conectando diretamente agricultores chineses a consumidores online.

Outra tacada que funcionou foi a expansão da Temu para o exterior, permitindo que vendedores da China pudessem oferecer seus produtos internacionalmente. Hoje, a plataforma de e-commerce é a que mais cresce nos Estados Unidos e Europa, enquanto se prepara para entrar em novos mercados.

Entre os americanos, já é o segundo aplicativo de compras mais popular, atrás apenas da Amazon. O número de usuários ativos mensais da Temu nos EUA disparou 950% no quatro trimestre de 2023, frente um ano antes, quando suas despesas digitais mais que triplicaram, de acordo com dados da fornecedora de dados Sensor Tower.

“A ampla gama de produtos da Temu é particularmente atraente para os consumidores, combinado com um sistema de compras on-line gamificado experiência que incentiva os clientes a tentar a sorte e passar mais tempo no site ou aplicativo”, avaliou, em fevereiro, o BTG Pactual, em relatório.

A varejista chinesa empreendeu uma campanha publicitária multibilionária na internet nos EUA, patrocinando eventos de grande porte como o Super Bowl, à medida em que busca ganhar a participação de mercado da Amazon no maior mercado consumidor do mundo. Os investimentos em marketing de Temu ultrapasaram US$ 1,5 bilhão em 2023 e devem dobrar em 2024, para US$ 3 bilhões.

Pinduoduo no Brasil

Este mês, a varejista chinesa encaminhou à Receita Federal do Brasil um pedido de certificação no programa Remessa Conforme, que permite importar mercadorias abaixo de US$ 50 sem pagar imposto de importação, tendo incidência de 17% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Já se falava, desde o ano passado, na chegada da Temu ao mercado brasileiro. Sua variedade de produtos, como pets, vestuário, brinquedos, casa e eletrônicos, a coloca como uma player importante para rivalizar com varejistas como Shopee e Amazon.

Marketplaces lidam com altos e baixos no mês de abril

Players e segmentos registraram aumentos e perdas em diversas frentes, e o tráfego do mercado caiu 2,8% em comparação a março.
Abril foi um mês de altos e baixos para o e-commerce brasileiro. Enquanto o volume de acessos às plataformas dos marketplaces via aplicativos subiu 2,3%, o tráfego no setor caiu 2,8% às vésperas do Dia das Mães, conforme apontam dados divulgados pela Conversion no relatório Setores do E-commerce no Brasil.

Líder entre os players do e-commerce nacional, o Mercado Livre cresceu 0,6% durante o período e ultrapassou a casa dos 340 milhões de acessos pela primeira vez em dois meses. A Shopee, terceira maior plataforma do país em termos de acessos, também subiu – e com mais intensidade – em 5,1%, com 182 milhões.

Já a lista de reduções é liderada pela Amazon Brasil, que somou 189 milhões de visitas (queda de 5,8%). OLX (-0,8%) e Magalu (-1,8%), que completam as cinco primeiras marcas mais visitadas, também retraíram.

Neste panorama, a categoria de Presentes e Flores ressecou significativos 11%, enquanto o de Comidas e Bebidas caiu 9,5% em comparação a março. No mesmo intervalo, o segmento Joias e Relógios registrou alta de 5,8% (quase a metade da queda de Presentes e Flores), o maior avanço entre todos os setores avaliados.

Em números absolutos, o resultado de 2024 ficou abaixo do desempenho registrado pelas plataformas em abril do ano passado, quando os acessos somaram 2,44 bilhões de visitas — uma retração de cerca de 1,6%.

Para Diego Ivo, CEO da Conversion, a explicação para a montanha-russa dos números passa pelas características típicas de abril, comumente um mês mais morno para o varejo brasileiro, já que é o último mês sem grandes eventos relacionados ao consumo.

E-commerces chineses dominam 50% das visitas em abril, anuncia Conversion

Em meio ao debate sobre o fim das isenções tributárias para compras internacionais abaixo de US$ 50 (cerca de R$ 256, na cotação de maio), as plataformas de importados, que seriam as mais impactadas por essa mudança, registraram crescimento pelo terceiro mês consecutivo, alcançando o melhor desempenho desde novembro de 2023.

Conforme o Relatório Setores do E-commerce, da Conversion, os importados representam hoje 7% do total de acessos em todas as plataformas online, com visitas provenientes principalmente da web, tanto por desktop quanto por dispositivos móveis.

Em abril, as visitas únicas chegaram a 170,6 milhões, um aumento de 0,9% em relação a março. O último desempenho superior ocorreu em novembro, com 202,5 milhões de acessos, muito impulsionados pela Black Friday.

O setor é dominado por empresas asiáticas, especialmente as chinesas Shein e Aliexpress, que juntas somaram 139 milhões de acessos, representando 82% do total de acessos no segmento de importados. No entanto, o maior crescimento foi registrado por outra empresa chinesa, a Made in China, que teve um aumento de 31,3% nas visitas mensais, entrando para a lista dos dez e-commerces internacionais mais visitados pelos brasileiros, na décima posição.

Com o fenômeno “chu hai (出海)”, que descreve a expansão global das empresas chinesas, os e-commerces chineses atualmente dominam 50% do ranking de importados no relatório. As empresas mais destacadas são: Shein (1º), Aliexpress (2º), Alibaba (5º), Banggood (8º) e Made in China (10º).

Também não se pode esquecer da chegada de outra gigante chinesa: Temu, que acabou de pedir registro para o Remessa Conforme, podendo começar suas atividades no Brasil no segundo semestre do ano.

Para o CEO da Conversion, Diego Ivo, “é importante que as empresas sejam ouvidas na discussão tributária. Apenas negócios habilitados no Programa Remessa Conforme (PRC) possuem a isenção atual, pagando uma taxa de 17% do ICMS.

Os e-commerces estrangeiros, que competem com os brasileiros sem a mesma carga tributária, estão impactando fortemente a indústria e o varejo no país, então creio que seja necessária alguma isonomia de tributos”, comenta.

Centrais sindicais se unem a confederações pelo fim da isenção do imposto de importação

A taxação dos produtos dessas plataformas internacionais foi incluída no projeto de lei que regulamenta o Mover.

As centrais sindicais se uniram às confederações empresariais contra a manutenção da isenção do imposto de importação para produtos até US$ 50 e enviaram uma nota conjunta à Câmara dos Deputados pedindo o fim do benefício.

A taxação dos produtos dessas plataformas internacionais foi incluída no projeto de lei que regulamenta o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), voltado para o setor automotivo, mas enfrenta resistência do PT e de parte do governo Lula, que vê a medida como impopular. A votação da proposta estava prevista para acontecer nesta quarta-feira, 22, mas não foi incluída na pauta.

A nota conjunta cita “a injustificável desigualdade na tributação entre a produção nacional e as importações de até 50 dólares, via plataformas de comércio eletrônico, destrói empregos no Brasil. É impossível que a indústria e o comércio nacionais paguem em média 45% de impostos sobre o consumo (IPI, PIS/Cofins, ICMS e ISS) embutidos nos seus preços e concorram com produtos importados que pagam apenas 17% de ICMS e nada em tributos federais dentro do Remessa Conforme”, diz.

O documento cita ainda estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI), da FSB Holding, que aponta que entre as pessoas com renda familiar de até um salário mínimo, apenas 15% fizeram compras internacionais em sites ou aplicativos. Esse percentual chega a apenas 21% entre as pessoas que recebem entre um e dois salários mínimos. Quando se observa que o percentual chega a 41% entre as pessoas com renda familiar superior a cinco salários mínimos, fica evidente que quem mais se beneficia da vantagem tributária concedida às importações de até US$ 50 são as pessoas mais ricas.

Por outro lado, dados da área técnica da CNI apontam que, ao perder vendas para essas importações menos tributadas, a indústria e o comércio nacionais deixam de empregar 226 mil pessoas. Caso o valor dessas importações aumente, com produtos ainda mais caros, a redução na geração de empregos na economia brasileira pode chegar a 777,1 mil postos de trabalho.

A nota é assinada pelas Confederações Nacionais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), da Indústria (CNI) e da Agricultura (CNA), bem como pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, Força Sindical, Nova Central Sindical de Trabalhadores, Central dos Sindicatos Brasileiros, IndustriALL Global Union, Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços e União Geral dos Trabalhadores.

Entendendo as estratégias de sucesso no Brasil de Mercado Livre, Amazon, Shopee e Magalu

Estratégias de sucesso dos maiores e-commerces do Brasil.

O mercado de e-commerce no Brasil tem se destacado pela inovação e crescimento acelerado, liderado por gigantes como Mercado Livre, Magazine Luiza, Shopee e Amazon, empresas que adotam estratégias avançadas para se manterem no topo e responder às demandas dos consumidores em um ambiente altamente competitivo. Segundo pesquisas, com mais de 30,4 bilhões de acessos nos últimos 12 meses apenas no Brasil, o e-commerce é um setor que só tende a crescer cada vez mais. Isso reforça a importância de aprender com essas gigantes e aplicar algumas de suas estratégias no seu próprio negócio.

Os principais modelos de e-commerce são:

B2C (Business-to-Consumer): Empresas vendem diretamente para consumidores finais. Ex: Amazon.

B2B (Business-to-Business): Transações entre empresas, como fabricantes vendendo para distribuidores.

C2C (Consumer-to-Consumer): Consumidores vendem para outros consumidores em plataformas como MercadoLivre.

Os maiores do Brasil
1. Mercado Livre

Líder no ranking com 29,4% do web traffic share, o Mercado Livre destaca-se pela diversidade de produtos e confiabilidade. Em 2022, a receita líquida global atingiu US$ 2,6 bilhões, com o Brasil representando 56% dessa receita. A empresa investe em inovações para adaptar-se às mudanças no comportamento do consumidor, oferecendo uma experiência de compra eficiente e transparente.

Principais estratégias:

Adaptação às mudanças no comportamento do consumidor: o Mercado Livre investe continuamente em inovações para replicar a experiência de compra física no ambiente digital, introduzindo funcionalidades que tornam sua plataforma única e atrativa​​
Variedade de produtos: oferece uma ampla gama de produtos, desde itens básicos até eletrônicos e produtos de luxo, atendendo a uma vasta gama de necessidades dos consumidores​​.
Experiência de compra transparente e eficiente: foca em proporcionar uma experiência de compra segura e eficiente, o que solidifica a confiança dos consumidores na plataforma​​.
Crescimento durante a Pandemia: aproveitou o aumento da demanda durante a pandemia, aumentando significativamente sua base de usuários e o volume de vendas​​.

2. Amazon Brasil

A Amazon trouxe sua forte marca global ao mercado brasileiro, capturando 22,3% do web traffic share. Sua estratégia inclui o uso de algoritmos para personalizar sugestões de produtos e criar uma experiência única para cada cliente. Com a expansão dos centros de distribuição no Brasil, a Amazon aprimora a logística e aumenta a oferta de produtos, reforçando sua posição no mercado.

Principais estratégias:

Personalização com algoritmos: utiliza algoritmos para rastrear o comportamento dos usuários e oferecer sugestões de produtos com base nas preferências individuais, criando uma experiência de compra personalizada​​.
Urgência e escassez: cria urgência nas compras através de cronômetros de contagem regressiva e indicações de estoque limitado, incentivando a compra imediata​.
Expansão da logística: aumentou o número de centros de distribuição no Brasil, melhorando a logística e a velocidade de entrega​.
Amazon Prime: oferece benefícios do Amazon Prime, como frete grátis e acesso a conteúdo exclusivo, aumentando a fidelidade dos clientes​.

3. Shopee

Conhecida por suas promoções agressivas e preços competitivos, a Shopee investe em marketing digital e logística para conquistar o público brasileiro. A empresa utiliza estratégias de engajamento, como colaborações com influenciadores e campanhas nas redes sociais, para criar uma comunidade em torno da marca. Em 2023, a Shopee registrou um crescimento de 400% nos pedidos no Brasil.

Principais estratégias:

Promoções e preços competitivos: destaca-se por suas promoções agressivas e preços competitivos, atraindo uma grande base de consumidores​.
Marketing digital e logística: investe pesado em marketing digital e logística para garantir uma experiência de compra satisfatória e rápida​​.
Engajamento com influenciadores: colabora com influenciadores para ampliar seu alcance e engajar o público, criando uma comunidade ativa em torno da marca​ (FashionUnited)​.
Live commerce: realiza transmissões ao vivo para promover produtos e interagir diretamente com os consumidores, aumentando as vendas e a visibilidade da marca​.

4. Magazine Luiza

A transformação digital é a principal estratégia do Magazine Luiza, que integra lojas físicas e online para oferecer uma experiência de compra omnichannel. A empresa investe em comunicação direta com os clientes através das redes sociais e utiliza a assistente virtual “Lu” para humanizar a marca. Em 2022, as vendas do e-commerce alcançaram R$ 43 bilhões, refletindo o sucesso dessa abordagem.

Principais estratégias:

Transformação digital: liderou a transformação digital no varejo brasileiro, integrando lojas físicas e online para oferecer uma experiência de compra omnichannel​.
Assistente virtual “Lu”: criou a assistente virtual “Lu”, que humaniza a marca e interage com os clientes nas redes sociais, proporcionando atendimento personalizado​​.
Engajamento nas redes sociais: utiliza redes sociais como Facebook, Instagram e YouTube para comunicar-se diretamente com os clientes, oferecendo análises de produtos e atualizações sobre promoções​.
Investimento em comunicação direta: foca em comunicação direta e personalizada com os clientes, aproveitando tendências de redes sociais para se destacar​.

Tendências e Inovações
Inteligência Artificial

A IA está transformando o e-commerce, permitindo personalização, automação e análise avançada de dados. Ferramentas como chatbots e assistentes virtuais oferecem atendimento eficiente e personalizado, enquanto a IA ajuda a prever a demanda por produtos e identificar padrões de consumo.

Sustentabilidade

Os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto às práticas sustentáveis das empresas. Há uma demanda crescente por transparência nas informações sobre a sustentabilidade dos produtos, influenciando as estratégias de marketing e operações das empresas de e-commerce.

Omnicanalidade

Integrar diferentes canais de venda é essencial para oferecer uma experiência de compra fluida. A omnicanalidade permite que os consumidores comprem onde e como preferirem, seja online ou em lojas físicas, fortalecendo a lealdade à marca.

As estratégias adotadas pelos maiores e-commerces do Brasil demonstram a importância de inovação contínua, personalização da experiência do cliente e eficiência logística. Cada empresa, com suas abordagens únicas, conseguiu não apenas manter-se competitiva, mas também liderar o mercado em um ambiente dinâmico e exigente.

A integração de tecnologia, como inteligência artificial e automação, aliada a uma forte presença digital e engajamento com os consumidores, é fundamental para o sucesso no e-commerce. À medida que o setor continua a evoluir, essas empresas servirão como modelos de adaptação e crescimento, refletindo a capacidade de transformar desafios em oportunidades e de se antecipar às tendências do mercado.

O futuro do e-commerce no Brasil promete ser tão dinâmico quanto seu presente, impulsionado por essas estratégias inovadoras e focadas no cliente.

Temu, da China, já pode operar no Brasil pelo Remessa Conforme

Outros cinco negócios tem aval, um recorde; veja a lista; liberações acontecem após Receita ter flexibilizado regras aos grupos.

A chinesa Temu, do grupo Pinduoduo, terceira maior plataforma de serviços digitais da Ásia, já pode começar a vender produtos no Brasil. A autorização para o funcionamento dentro das regras do programa Remessa Conforme já foi dada, segundo consta em ato declaratório no Diário Oficial da União publicado na segunda-feira (20), e no site da Receita Federal.
Passada a certificação, é preciso ser capaz de fazer a nacionalização antecipada dos produtos comprados, e dessa forma, poder oferecer aos clientes a isenção do imposto de importação de 60%. Sem a entrada no Remessa Conforme, esse imposto teria que ser pago pelos consumidores no ato da compra.
Os sistemas estão em fase de implementação pela Temu, informa a página da Receita. A empresa, porém, terá que cobrar do consumidor o ICMS de 17%, segundo define o Remessa Conforme.
Apenas entre fim de abril e o dia de hoje, o número de certificações liberadas foi o mesmo de todo o ano passado, no intervalo de agosto a dezembro, e parte das certificações foi de empresas estrangeiras.
Nos últimos 30 dias corridos, foram seis liberações, incluindo uma segunda para a Shein – mesmo número do ano passado.
Foram beneficiadas com o sinal verde para operar por aqui a 3cliques, da importadora chinesa Shenzhen Yiminghui, a Tiendamia, da americana Xipron Inc, e no fim de abril, a Shein teve outra certificação liberada, por meio de outra empresa, a Mercury Shein.
Além delas, tiveram sinal verde a brasileira Cronosco, da Cronos Comércio e Importação, a brasileira Fornececlub, da A2 Negócios e a Life One, da Global Four Importação, também local.
Regras menos duras
A entrada de novos grupos no programa acontece ao mesmo tempo em que, discretamente, ocorreram mudanças em artigos de portaria que definem as regras para entrar no Remessa Conforme, definidos pela coordenadoria-geral de administração aduaneira.
Por exemplo, inicialmente, pela portaria de julho de 2023, era necessário que a empresa que buscasse o aval possuísse contrato firmado com os Correios ou empresa de courier. Neste ano, o artigo foi alterado, e com um contrato fechado direta ou indiretamente pelos Correios e pelos couriers, já é dada a liberação.
O Valor apurou que o receio, nesse caso, é que a plataforma estrangeira transfira a responsabilidade de eventuais problemas nas remessas a um terceiro, não ligado diretamente à empresa, segundo advogados que tiveram acesso às portarias. Com isso, reduz o risco de ela perde o sinal verde dado pelo Remessa Conforme.
Também foi autorizado neste ano repassar, indiretamente, os 17% de ICMS cobrados do consumidor, e anteriormente, o repasse era direto, sem risco de intermediários.
Além disso, foi flexibilizada a exigência de monitoramento de vendedores cadastrados nos sites das plataformas, um controle que colocava as plataformas no centro das cobranças de eventuais irregularidades em produtos importados. Pela portaria de julho, era obrigatório o fornecimento de um documento oficial com detalhes da política de admissão e de monitoramento de lojistas no app e site das companhias.
Mas, desde fevereiro, com a nova portaria, passou a ser necessário apenas uma declaração da própria empresa afirmando que possui programa de conformidade tributária e aduaneira, e que ela tem política de admissão de lojistas.
“Isso compromete a conformidade do Programa e prejudica a fiscalização e o controle”, diz o diretor de uma plataforma já autorizada pelo Fisco.
Procurada, a Receita ainda não se manifestou.
Esse movimento ocorre num período em que o Congresso discute a possibilidade de fim da isenção concedida pelo governo no ano passado. Projeto de lei em discussão acaba com o imposto zero, e se isso passar, uma nova alíquota pode ser definida. Mas o debate saiu da pauta da Câmara dos Deputados dias atrás.”