Festival de compras do Dia dos Solteiros silenciado em meio à repressão tecnológica da China

O maior dia de compras online da China, conhecido como “Dia dos Solteiros” em 11 de novembro, está assumindo um tom abafado este ano com a repressão dos reguladores à indústria de tecnologia e o presidente Xi Jinping pressiona por “prosperidade comum”.

Dia festival de compras The Singles’ – também conhecido como Duplo 11 – é um evento enorme para China s empresas de comércio eletrônico. No ano passado, os consumidores gastaram US $ 74 bilhões nas plataformas de compras online do Alibaba durante os 11 dias do festival. O rival menor, JD.com, relatou vendas de US $ 40 bilhões durante um período de tempo semelhante.

Alibaba – a maior empresa de comércio eletrônico da China – geralmente dá uma grande festa de gala na noite anterior a 11 de novembro. Galas anteriores apresentaram superstars como Katy Perry e Taylor Swift e até atos acrobáticos do Cirque du Soleil .

Um contador ao vivo chamativo começa a funcionar à meia-noite para registrar em tempo real quanto os consumidores gastaram em plataformas Alibaba como Taobao e Tmall. O festival é visto como um barômetro do consumo no país mais populoso do mundo.

Este ano, o Alibaba diminuiu o entusiasmo. A gala online do Dia dos Solteiros na quinta-feira (11) será transmitida ao vivo devido aos surtos de COVID-19 em partes da China. O Alibaba diz que está se concentrando na sustentabilidade, apoiando instituições de caridade e inclusão – temas que se alinham com os objetivos climáticos de Pequim e os apelos de Xi por “prosperidade comum” que visa reduzir a desigualdade e o consumo excessivo.

“As festividades silenciosas deste ano são uma tempestade perfeita de pressões econômicas, competitivas e regulatórias”, disse Michael Norris, gerente de estratégia de pesquisa da consultoria AgencyChina, com sede em Xangai.

“Em termos de regulamentação, as plataformas de comércio eletrônico estão começando a entender como alinhar extravagâncias de consumo com temas de ‘prosperidade comum’”, disse ele.

No início deste ano, a plataforma de comércio eletrônico Pinduoduo prometeu dar US $ 1,5 bilhão em lucros aos agricultores para aumentar suas receitas, enquanto o Alibaba comprometeu US $ 15,5 bilhões em subsídios para pequenas e médias empresas e apoiando trabalhadores na economia gigante, como motoristas de entrega , de acordo com a agência de notícias local Zhejiang News.

Este ano, o Alibaba também destacou a sustentabilidade, estabelecendo pontos de reciclagem de embalagens e fazendo parceria com marcas para desenvolver embalagens mais ecológicas. Os clientes podem doar uma parte do lucro de suas compras para uma organização de caridade ou projeto de sua escolha.

A mudança para enfatizar a sustentabilidade ocorre depois que o Alibaba foi multado em um valor recorde de US $ 2,8 bilhões por violar as regras antitruste. O governo tem intensificado o escrutínio do setor de tecnologia e adotado medidas para conter as práticas monopolistas que ferem os direitos dos consumidores.

O aperto nas vendas do Dia dos Solteiros deste ano também pode refletir a demanda mais fraca do consumidor e a escassez de alguns produtos devido à escassez de materiais e energia, bem como dificuldades na movimentação de produtos através de canais de envio e entrega confusos.

Jacob Cooke, CEO da WPIC, uma empresa de marketing que ajuda empresas ocidentais a vender online na China, diz que descontos ultraprofundos serão menos comuns do que nas vendas anteriores do Dia dos Solteiros.

“Vamos ver estratégias como presentes de edição limitada sendo mais prevalentes em oposição a comerciantes despejando (itens) com um desconto de 90%…por falta de estoque, falta de abastecimento ”, disse.

Enquanto isso, plataformas de vídeo curtas populares como Kuaishou e Bytedance’s Douyin, que se voltaram para o comércio eletrônico, estão dando às plataformas de comércio eletrônico tradicionais como Alibaba e JD.com uma corrida pelo seu dinheiro.

As transmissões ao vivo nas plataformas de vídeo podem vender diretamente aos compradores por meio de suas transmissões. No ano passado, Douyin registrou 2 bilhões de yuans (US $ 313 milhões) em transações apenas no dia 11 de novembro.

“Em termos de comércio (de vídeo curto), será enorme porque é onde estão todos os olhos”, disse Cooke do WPIC.

O festival do Dia dos Solteiros aumenta pela metade as vendas de apresentadores de transmissão ao vivo como Yang Guang, que vende de tudo, de roupas a eletrodomésticos, em transmissões ao vivo, disse ele.

Mas ele disse que festividades prolongadas e esquemas de descontos complicados podem ser frustrantes para compradores e vendedores.

“Como streamers ao vivo, temos que pensar em estratégias diferentes para torná-los divertidos durante cada stream para manter os clientes interessados”, disse ele.

 

 

 

 

Magazine Luiza vai colocar 51 caminhões elétricos nas ruas até dezembro deste ano

Os primeiros 51 elétricos a rodar no Magazine Luiza foram comprados da montadora chinesa JAC Motors, segundo a varejista.
O Magalu começou a eletrificar sua frota de caminhões. Os primeiros 51 VUCs elétricos a rodar foram comprados da montadora chinesa JAC Motors, segundo a varejista.

Até o fim de outubro, 23 caminhões elétricos já terão la circular pelas ruas de estados como São Paulo, Bahia e Paraíba, e os outros serão entregues até o final do ano.

De acordo com a empresa, os veículos serão usados para abastecer lojas e fazer entregas de produtos de maior porte, como móveis e eletrodomésticos grandes.

Ambev

A Ambev também tem investido em uma frota sustentável. Na quinta (07), a empresa anunciou a compra de 150 veículos elétricos da JAC Motors, que devem ser entregues até o fim de 2021.

No mesmo período, a empresa vai receber outros cem caminhões do modelo e-Delivery, lançado em parceria com a Volkswagen. O contrato com a montadora prevê 1.600 unidades.

Em janeiro, a Ambev também anunciou que a FNM (Fábrica Nacional de Mobilidade) vai produzir mil veículos elétricos para a empresa. A meta é eletrificar metade da frota até 2025.

Tendência rápida

A eletrificações dos transportes ainda é um movimento novo que esbarra em custos, baterias e infraestrutura de carregamento.

O primeiro veículo nacional movido a eletricidade foi lançado em julho pela Volkswagen Caminhões e Ônibus, voltando para o transporte urbano de cargas.

Outras empresas como Ambev, Coca-Cola Femsa, JBS e Grupo Boticário estão entre as primeiras a adotarem o modelo no Brasil.

Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico

Fones de ouvido, pilhas, celulares, eletrodomésticos. Todos esses utensílios, quando deixam de funcionar e não são mais aproveitados, viram lixo eletrônico. O Brasil é o quinto maior gerador desse lixo no mundo. Mesmo assim, muita gente ainda não sabe o que é esse tipo de resíduo e como ele deve ser descartado para evitar danos ao meio ambiente e à saúde humana.

As informações são da pesquisa Resíduos eletrônicos no Brasil – 2021, divulgada na última quinta-feira (7), pela Green Eletron, gestora sem fins lucrativos de logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas. O estudo foi conduzido pela Radar Pesquisas.

A maior parte dos brasileiros (87%) já ouviu falar em lixo eletrônico, mas um terço (33%) acredita que esse lixo está relacionado ao meio digital, como spam, e-mails, fotos ou arquivos. Para outros 42% dos brasileiros lixo eletrônico são aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos quebrados e 3% acreditam que são todos os aparelhos que já viraram lixo, ou seja, apenas os que foram descartados, inclusive aqueles que acabam incorretamente em aterros ou na natureza.

A pesquisa também especificou alguns produtos para saber se as pessoas os reconheciam como lixo eletrônico. Mais de 90% acreditam que celulares, smartphones, tablets, notebooks, pilhas e baterias são lixo eletrônico e estão corretos.

Houve, no entanto, muitas respostas erradas: 51% não acham que lâmpadas comuns, incandescentes e fluorescentes são lixo eletrônico; 34% acreditam que lanternas não são lixo eletrônico; e 37% acreditam que balanças não são lixo eletrônico. Na verdade, todos esses objetos são lixo eletrônico.

O conceito de Resíduo de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE) é todo produto elétrico ou eletrônico que descartado por não ter mais utilidade. Inclui grandes equipamentos como geladeiras, freezers, máquinas de lavar; pequenos equipamentos como torradeiras, batedeiras, aspiradores de pó, ventiladores; equipamentos de informática como computadores e celulares; e pilhas e baterias.

Descarte

O descarte incorreto de lixo eletrônico é considerado um problema, pois os componentes químicos podem ser prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana.

Anualmente, mais de 53 milhões de toneladas de equipamentos eletroeletrônicos e pilhas são descartadas em todo o mundo, segundo o The Global E-waste Monitor 2020. Na outra ponta, o número de dispositivos, no mundo, cresce cerca de 4% por ano. Apenas o Brasil descartou, em 2019, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, sendo que menos de 3% foram reciclados, de acordo com o relatório desenvolvido pela Universidade das Nações Unidas.

A pesquisa mostrou que, no Brasil, 16% descartam com certa frequência algum eletroeletrônico no lixo comum. Esse tipo de descarte não permite a reciclagem das matérias-primas presentes nos aparelhos. Um terço dos entrevistados (33%) nunca ouviu falar em pontos ou locais de descarte correto para lixo eletrônico.

A maioria (87%) disse guardar algum tipo de eletroeletrônico sem utilidade em casa. Mais de 30% fica com eles por mais de um ano.

Ao todo, foram entrevistadas para o estudo 2.075 pessoas de 18 a 65 anos, entre os dias 14 e 24 de maio de 2021. A pesquisa foi feita no Distrito Federal e em 13 estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Pará, Goiás e Mato Grosso do Sul.

O que diz a lei

No Brasil, a destinação correta do lixo eletrônico está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) e é regulamentada pelo Decreto Federal 10.240/2020. Este dispositivo define metas para os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes sobre a quantidade de pontos de Entrega Voluntária (PEV) que devem ser instalados, o número de cidades atendidas e o percentual de aparelhos eletroeletrônicos a serem coletados e destinados corretamente.

Pelo decreto, as empresas devem, gradualmente, até 2025, instalar PEVs nas 400 maiores cidades do Brasil e coletar e destinar o equivalente em peso a 17% dos produtos colocados no mercado em 2018, ano definido como base. Informação da Agência Brasil.

Logística reversa: lei federal completa 11 anos com avanço dos estados

Em São Paulo e Mato Grosso do Sul infratores perdem direito à renovação de licenças.
A logística reversa de embalagens pós-consumo é um dos principais pontos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, adotada pelo governo federal em 2010. A legislação determina que a responsabilidade de uma empresa por um produto não acaba no momento em que ele é comprado pelo consumidor.

As empresas que fabricam, importam e comercializam qualquer item também são responsáveis pelo que acontece com as embalagens que saem das prateleiras e vão para a casa dos consumidores.

De acordo com a lei, devem garantir a destinação correta das embalagens pós-consumo. O que for reciclável, por exemplo, precisa voltar para a cadeia produtiva. Atualmente, a quantidade mínima exigida por lei é 22% de toda a massa de embalagens comercializadas.

A lei é nacional, mas cabe a estados e municípios regulamentar e fiscalizar a aplicação das regras. E em algumas unidades da federação, as empresas já são obrigadas a apresentar relatórios anuais sobre a logística reversa. A empresa que não apresenta os relatórios anuais de logística reversa de embalagens pós-consumo pode ser responsabilizada por crime ambiental.

Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, por exemplo, o licenciamento ambiental já está vinculado ao documento. A empresa que não apresenta o relatório anual não consegue renovar a licença ambiental e as atividades são paralisadas.

Política Nacional dos Resíduos Sólidos- Efeito ainda é modesto

O Volume de resíduos com destinação adequada aumentou apenas de 56% para 59% em uma década.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), para além de introduzir novos conceitos nas políticas públicas, como “logística reversa”, “responsabilidade compartilhada” ou “acordos setoriais”, é uma conquista da sociedade brasileira. Foi aprovada depois de mais de 20 anos de discussões no Congresso Nacional, na lei 12.305, de 2010. Estipula responsabilidades, prevê a hierarquia no tratamento dos resíduos, estimula a criação mecanismos de financiamento, entre outras contribuições. Porém, sua implementação ainda está longe da ideal.

Foi preciso mais de uma década até a confecção de um plano nacional. A inexistência de metas e programas norteadores dificultava a implementação no âmbito municipal, em que se dá o gerenciamento dos resíduos. Apenas em 2020 o Ministério do Meio Ambiente abriu consulta pública para a finalização do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares). Além de um diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, o documento traz as metas a serem atingidas e os programas que serão desenvolvidos, como: Programa Nacional Lixão Zero, Programa de implementação e ampliação da Logística Reversa e Programa Nacional de Combate ao Lixo no Mar.

Este artigo teve como base nota técnica publicada na 18ª Carta de Conjuntura do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Conjuscs).
Na PNRS, destaca-se como elemento de planejamento e gestão, em conformidade com as práticas internacionais, a confecção dos planos de gestão dos resíduos sólidos. Contudo, em 2017 apenas 55% dos municípios possuíam seus planos integrados de gestão dos resíduos sólidos, principalmente os mais populosos (PLANARES, 2020). Ocorre que, muitas vezes, os pequenos municípios não têm condições técnicas ou financeiras para a elaboração desses documentos. E ainda que o façam, a implantação, que requer infraestrutura, capacitação técnica e recursos, por vezes inexiste ou é insuficiente. Nestes casos, os planos cumprem mais a meta burocrática do que são efetivados.

A ausência de planejamento também se refere ao financiamento insuficiente. A PNRS não fixou fontes de recursos específicas no âmbito federal, o que denota falta de prioridade, e deixou a política dependente do orçamento geral da União. Em 2017, auditoria do Tribunal de Contas da União revelou que, no período de 2007 até 2014, embora tenha sido destinada uma autorização orçamentária na ordem de R$ 268 milhões anuais, a execução orçamentária não tem alcançado mais do que 5%, ou seja, R$ 6,9 milhões por ano em média (TCU, 2017, p. 24). A Confederação Nacional dos Municípios acrescenta a completa ausência de recursos federais desde 2016 investidos na gestão de resíduos, com execução somente aos restos a pagar de anos anteriores ao citado (CNM, 2021, p.4).

Ainda sobre o financiamento, deve-se atentar para o novo marco regulatório do saneamento básico, instituído pela lei 14.026/2020, que fixou a obrigatoriedade da cobrança pelo serviço público de manejo dos resíduos sólidos urbanos. A cobrança pode ser realizada juntamente com o imposto predial e territorial urbano, como já é praticada por muitas prefeituras, ou outros critérios. Se a cobrança pode diminuir o risco de inadimplência do poder público junto às empresas de limpeza urbana, e pode, se bem utilizada, aumentar a responsabilização dos geradores, ainda não representa uma cobrança diferenciada conforme o tipo de resíduo e seu fluxo, da geração à destinação final. É preciso compartilhar, de modo efetivo, com os produtores de bens e serviços, a responsabilidade pelo custeio do manejo dos resíduos.

O efeito da política até aqui é modesto. Entre 2010 e 2019, o percentual de resíduos com destinação adequada aumentou apenas de 56% para 59%. Os lixões, que no prazo original deveriam encerrar suas atividades em 2014, aumentaram a quantidade recebida de resíduos em todas as regiões do país. O mesmo ocorreu com os aterros controlados, também uma destinação final inadequada.

A ordem de prioridades estabelecida pela PNRS (não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos) continua distante. A maior parte dos resíduos (53%) é destinada aos aterros sanitários, última etapa da hierarquia. Outra parte importante (22%) é levada aos aterros controlados, que não constituem destinação ambientalmente adequada.

A PNRS também trata dos resíduos perigosos e obriga a criação de sistemas de logística reversa para as embalagens de agrotóxico, pilhas e baterias, óleos lubrificantes e suas embalagens, lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, e os resíduos eletroeletrônicos.

A questão ambiental tornou-se um valor social agregado à economia
Os sistemas de logística reversa carecem de regulação adequada e investimentos. Dos seis fluxos prioritários contidos na lei, houve avanços onde já havia sistemas anteriormente estabelecidos, caso dos pneumáticos e embalagens de agrotóxicos, contemplados em resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente, inclusive com a definição de metas e prazos. Em eletroeletrônicos, por exemplo, os avanços são modestos. Segundo Schluep et al (2009), o Brasil gerava mais de 98 mil toneladas/ano de resíduos de computadores.

Dados do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos apontam que em 2019 foram coletadas 384,5 toneladas de resíduos eletroeletrônicos, e foram instalados 258 pontos de coleta. Outro acordo recente é aquele de para as embalagens e sobras de medicamentos de uso domiciliar; que deverão ser recolhidos junto às farmácias. Embora a literatura a respeito ainda seja pequena, indica que a iniciativa ainda não alterou suficientemente o comportamento dos consumidores em favor do descarte adequado desses resíduos.

A PNRS reconhece e valoriza o trabalho do catador, base da recuperação dos materiais recicláveis e importante agente ambiental no cenário urbano. No Brasil, em 2010, existiam 398.348 pessoas ocupadas como “Coletores de lixo” – código de subgrupo 961 da CBO Domiciliar do IBGE. É fundamental a profissionalização da catação. As condições de trabalho, saúde e segurança devem ser melhoradas. E, principalmente, o catador deve ser remunerado pelas tarefas que desempenha, a coleta, a triagem, a revenda de materiais. E, portanto, pela contribuição que oferecem como prestadores de serviços ambientais urbanos. Do contrário, a catação continuará restrita aos materiais cujo preços sejam atraentes o suficiente, o que limita a reciclagem e a possibilidade de uma economia mais sustentável.

Outro aspecto é a segregação na fonte geradora, para o que concorre a educação ambiental. Mas que pode ser potencializada com o uso de instrumentos econômicos.

Ricardo Salles sepulta Política Nacional de Resíduos Sólidos ao incentivar incineradores
A ausência desses instrumentos, ou qualquer outro regime de incentivos contribui para os altos índices de rejeitos nas cooperativas e associações de catadores, dada a contaminação dos materiais recicláveis, tornando-os inviáveis para a comercialização. Na outra ponta, não são concedidos incentivos à indústria recicladora, de modo a tornar mais rentável o uso de matérias-primas recuperadas dos resíduos.

A gestão carece de efetiva integração de ações e políticas, a começar pela coordenação dos incentivos dos agentes econômicos. O princípio da gestão compartilhada, por deixar indefinidas as responsabilidades de cada agente, dificulta desde a separação na fonte geradora à logística reversa. Em particular, o acordo setorial para as embalagens, fundamental para os resíduos sólidos urbanos, celebrado em 2015, não produziu efeitos significativos nos índices oficiais de reciclagem. Segundo Demajorovic e Massote (2017, p. 480), a implementação do acordo [setorial] possibilita que fabricantes e usuários de embalagem sejam free-riders [caronas] de estruturas já financiadas pelas autoridades municipais, sem uma contrapartida a esse investimento já realizado.

Finalmente, faltam dados para uma gestão adequada dos resíduos. O Tribunal de Contas da União constatou essa ausência e recomendou a implementação de um sistema de informações. Pois, sem isso, o monitoramento e o controle da política ficam limitados (TCU, 2017). O Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR), plataforma do governo federal, está em fase de consolidação.

Flavio da Silva Freitas é professor de Economia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Pesquisador de pós-doutorado do Programa Cidades Globais, do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Wanda M. Risso Günther é professora titular do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP. Vice-presidente da Comissão de Pós-Graduação e Coordenadora do Programa USP Recicla-FSP/USP.

Para o CEO da Kangu, a palavra do e-commerce é “democratização”

Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, Marcelo Guarnieri abordou questões como a aquisição feita pelo Mercado Livre, o equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade e a expectativa de que a Kangu continue crescendo.

O uso da internet para compras e vendas já é algo que faz parte da vida dos brasileiros há alguns anos, mas isso se acentuou por conta da pandemia de Covid-19. De acordo com uma pesquisa realizada pela Neotrust, o e-commerce teve alta de 57,4% no primeiro trimestre de 2021, em comparação ao mesmo período do ano passado – no período, foram 78,5 milhões de compras on-line. O levantamento também apontou que o número de lojas virtuais cresceu 40% em 2020.

Quase que ironicamente, esse cenário faz despontar grandes players, que chegam para viabilizar as operações de pequenos empresários. Um desses players é a Kangu, uma empresa que surgiu em 2018 com a proposta de realizar envios, devoluções e retiradas de itens prezando por eficiência e sustentabilidade. Por meio dos Pontos Kangu, é possível conectar vendedores de e-commerce, clientes, empresas de transporte e estabelecimentos de bairro.

Depois de três anos de atividade, a nuance mais evidente na essência da Kangu é a democratização do e-commerce. O desempenho bem-sucedido é notável: atualmente, a empresa está presente em mais de 700 cidades brasileiras, com aproximadamente 2,5 mil pontos de coleta, e já registra operações consolidadas em países como México e Colômbia.

Em entrevista exclusiva à MundoLogística, o CEO da Kangu, Marcelo Guarnieri, abordou questões que fazem parte da agenda da empresa. Mas seja falando sobre a aquisição feita pelo Mercado Livre ou a respeito do equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade, o que fica claro na visão de Guarnieri é a expectativa de que a Kangu continue crescendo – tal como tem sido desde sempre.

MUNDOLOGÍSTICA: O crescimento do e-commerce é algo notável nos últimos anos, mas se intensificou no ano passado por causa da pandemia de Covid-19. A Kangu enfrentou desafios para se adaptar em meio a essa mudança acelerada ou isso acabou acelerando os negócios da empresa?

MARCELO GUARNIERI: Nós somos uma empresa nova, que está no mercado há três anos. Quando começamos, a gente via que existia uma carência muito grande de soluções para atender pequenos vendedores no e-commerce. Então, vendo isso, nós já estávamos muito preparados, pois já tínhamos uma expectativa de que a nossa solução fosse bem recebida. Sabíamos que, se entrássemos no trilho correto, teríamos uma grande possibilidade de crescer. Seja por sorte ou outro fator, isso nos ajudou muito diante do que aconteceu na pandemia. Essa “entrada no trilho” veio antes do que pensávamos e em uma velocidade muito maior do que achávamos que ia acontecer. Mas, como nós tínhamos a consciência de que precisávamos de um modelo de negócio que pudesse ser instalado com agilidade, a gente prezou por essa preparação e isso “casou” com o momento em que o marcado, de fato, explodiu, tanto na questão do e-commerce quanto no surgimento de pequenos e médios empreendedores. Nós crescemos cinco anos em um. Em março do ano passado, tínhamos vinte colaboradores na empresa. Hoje, temos quase 400. Estamos presentes em mais de 700 cidades brasileiras, além de termos iniciado operações no México e na Colômbia… Tudo isso alinhado com a visão de que precisávamos oferecer um negócio capaz de escalar de forma ágil.

Ao mesmo tempo em que existe uma demanda por agilidade e inovação, existe também uma preocupação crescente em relação à sustentabilidade e à preservação ambiental. Como essas pautas estão presentes na estratégia e nos guidelines da Kangu?

A Logística é muito agressiva com a cidade, não só do ponto de vista de emissão de carbono, mas também em relação ao impacto no trânsito, na distribuição de renda, na poluição sonora… Há vários aspectos que fazem parte dessa questão de sustentabilidade. Quando pensamos a Kangu, uma das coisas que era fundamental no nosso planejamento era criar um modelo por meio do qual fosse possível fazer entregas de forma mais sustentável por natureza. Ou seja, com práticas que causassem menos impacto nas cidades. O modelo da Kangu é baseado em estabelecimentos de bairro, o que ajuda a fomentar a economia local e contribui com a geração de empregos em diversos níveis. Então, o primeiro traço de sustentabilidade é o acesso a mais renda local. Além disso, do ponto de vista de trânsito e circulação, o nosso modelo também gera menos impacto no bairro. Como os estabelecimentos são próximos das casas das pessoas, isso evita grandes deslocamentos e trânsito intenso. Na cidade de São Paulo, por exemplo, há mais de 700 pontos de coleta da Kangu, o que corresponde a uma média de um ponto a cada 700 metros. Muitas vezes, é possível fazer a operação a pé e isso também ajuda, inclusive, a reduzir a emissão de carbono na comunidade.

No fim de agosto, foi anunciada a compra da Kangu pelo Mercado Livre, uma companhia que está com uma estratégia robusta de expansão de malha logística, bem como de adoção de tecnologia para otimizar a operação. Como foi esse approach do Mercado Livre? Vocês já imaginavam uma possível venda da empresa?

O Mercado Livre era um grande cliente da Kangu e um ponto interessante na relação entre as duas empresas é que nós sempre tivemos um DNA muito parecido, tanto no propósito quanto na maneira de fazer as coisas. Há duas características em comum: a primeira é a intenção de democratizar o e-commerce, o Mercado Livre dando espaço para novos vendedores e a Kangu viabilizando o transporte das mercadorias, e a segunda é o aspecto tecnológico, pois nós prezamos muito por criar soluções que estejam voltadas para a tecnologia. Isso fez com que o relacionamento cliente-fornecedor fosse muito próximo e a parceria foi crescendo até que culminou em uma proposta do Mercado Livre para fazer a aquisição da Kangu. Para nós, um aspecto muito importante dessa transação é que a Kangu vai continuar operando da mesma forma, oferecendo serviços para todo o mercado. Serão as mesmas estratégicas e os mesmos focos, mas com o apoio de uma marca sólida para colaborar, trocar experiências e acelerar esse negócio.

O que o mercado pode esperar dessa união?

O mercado pode esperar que a gente continue crescendo forte. Do mesmo jeito que crescemos, desde o ano passado, de 500 pontos para mais de 2,5 mil somente no Brasil, a gente vai continuar expandindo. Temos um plano de chegar, só no Brasil, a 3,5 mil pontos de coleta até a Black Friday [neste ano, a Black Friday está agendada para o dia 26 de novembro], uma expansão de 50%. O Brasil é um país enorme e nós queremos atender em todos os lugares.

Estamos nos aproximando de novembro, que é marcado pela Black Friday – ou seja, esse é o momento em que o setor de logística “arregaça as mangas” para garantir que um dos maiores atos comerciais do ano seja bem-sucedido. De que maneira a Kangu, agora juntamente ao Mercado Livre, está se preparando para a Black Friday?

Já estamos na fase final de preparação. Tudo que a gente vem construindo durante o ano é uma forma de se preparar para a Black Friday, alinhando as operações para ter a capacidade de oferecer a mesma qualidade de serviço de sempre no dia de pico da Black Friday. Do mesmo jeito que nós conseguimos cumprir isso no ano passado, a gente espera poder realizar isso neste ano, agora com um porte muito maior.

Sustentabilidade e consumo: as escolhas e decisões segundo a McKinsey

A busca por consumo sustentável, em sua maioria, se volta para mulheres, geração Z e pessoas com rendas mais altas

Os consumidores estão realmente mais atentos à sustentabilidade ou apenas dizendo que estão? O que as empresas estão fazendo para garantir que seus negócios sejam sustentáveis e lucrativos? Uma reunião de insights baseados em pesquisas da McKinsey & Company sobre sustentabilidade no setor de consumo tenta responder a essas e outras questões para a Bússola.

Cada vez mais discutida no cotidiano da sociedade e no mundo dos negócios, a sustentabilidade tem se tornado importante para todas as pontas, incluindo consumidores, reguladores e empresas. Mas nem sempre as pessoas estão dispostas a pagar por produtos e serviços sustentáveis, deixando uma lacuna atitude-comportamento: o que as pessoas dizem que estão dispostas a fazer difere do que realmente fazem na prática.

O impacto da pandemia
A pesquisa Sentimento do Consumidor, conduzida pela McKinsey em mais de 27 países em fevereiro de 2021, aponta que a importância da sustentabilidade, meio ambiente, ESG, segurança, produtos naturais, abastecimento local, abastecimento ético, é realmente reforçada no setor de varejo e consumo com a chegada da covid-19.
“Vemos que a disposição de pagar mais por produtos sustentáveis está aumentando em todas as geografias. Estruturalmente, vemos também uma maior regulamentação ambiental. Por exemplo, mais de 70 países implementaram legislação para os plásticos”, declara o sócio da McKinsey, Ricardo Skibelski.
Durante a pandemia, muitos executivos e diretores de sustentabilidade questionaram “Este é o fim da tendência de sustentabilidade? A higiene, a segurança do produto e a disponibilidade do produto agora são as principais prioridades para o varejo e, em particular, para os supermercados? Isso acaba com o tema da sustentabilidade? A resposta clara é não”, afirma Skibelski.
A vontade do consumidor de mudar para produtos sustentáveis é muito forte na pesquisa, e esse será o principal impulsionador da mudança, mas é claro que também vemos que existem aspectos regulatórios agora em vigor e em alta aceleração. Por exemplo, 65% do PIB global está atualmente sob um compromisso líquido-zero de 2050, isso significa que 65% da economia mundial segue comprometida em se tornar neutra em carbono, o que muda completamente o cenário de negócios.
“Estamos bastante confiantes de que a tendência não veio apenas para ficar, mas mudará fundamentalmente a forma como pensamos sobre o consumo”, diz o sócio.
Os defensores da sustentabilidade se voltam para as mulheres, geração Z e pessoas com rendas mais altas. Mas, também é uma tendência confirmada em contextos sociodemográficos.

Gerações e compromisso
A importância da sustentabilidade está aumentando entre grupos demográficos e grupos de compradores. A McKinsey levantou a questão: é mais importante para os compradores de supermercados do que para os compradores com descontos?
“A verdade é que está se tornando uma questão mais importante em todos os setores. Vimos que a carne e o peixe são algumas das principais categorias em que grupos de compradores de alta renda desejam fazer escolhas sustentáveis. Existem outros fatores em que você pode ver as diferenças. Por exemplo, a geração mais jovem se concentra um pouco mais na sustentabilidade ao comprar lanches”, diz Ricardo.
O que importa aos consumidores costuma ser um assunto amplo. Não é somente sobre mudança climática, mas envolve também aspectos sociais, bem como a forma como as empresas fazem negócios.
No entanto, há uma complicação, que é a falta de uma definição de “produtos sustentáveis”. Isso torna difícil envolver os consumidores. Os rótulos ecológicos e sustentáveis que existem atualmente são mais de 463, em 199 países e 25 setores. Isso indica que se trata de um cenário complexo e não muito prático.
“Temos muitos desafios no que diz respeito à rotulagem. Para os princípios de local, orgânico, redução de resíduos, e assim por diante, não há rotulagem padronizada global, e é por isso que vemos essas grandes diferenças. Isso pode levar ao ceticismo. Também foi perguntado aos consumidores o que eles acham que é uma representação justa de como os produtos, alimentícios e não alimentícios, foram produzidos, e o resultado foi ceticismo, com perguntas como: O produto é realmente cultivado localmente? É de origem sustentável? Não é GMO? É orgânico? É reciclado ou reciclável? Ele realmente usa embalagem mínima?”, afirma o sócio.

O caso de negócios para a sustentabilidade
Há ainda o CEO que acredita que sustentabilidade e lucratividade são um tanto incompatíveis, para esse ponto a McKinsey afirma que é justo perguntar sobre o retorno do investimento e os exemplos de negócios por trás de diferentes alavancas e atividades. Mas o tema geral é que a sustentabilidade e a melhoria do desempenho da empresa andam de mãos dadas. O sócio Skibelski aponta três fatos para tornar isso mais tangível.
“O primeiro é que os produtos sustentáveis foram um motor de crescimento no passado; o segundo, em todas as categorias de consumidores, aqueles comercializados como sustentáveis têm crescido de cinco a seis vezes mais rápido do que a média do mercado. Além disso, os produtos sustentáveis têm um alto preço premium. Os consumidores dizem que estão dispostos a pagar um pouco ou até muito mais se souberem que esses produtos foram adquiridos e produzidos de forma sustentável. Terceiro — e este é um dos aspectos mais interessantes para mim é a oportunidade que vem com a sustentabilidade na construção de novos negócios ou construção de negócios verdes”, diz.
Para o sócio, especialista em B2C no escritório de São Paulo, o mercado baseado em plantas muitas vezes é agressivo no marketing da neutralidade de carbono de seus produtos — e isso realmente ressoou entre os consumidores. As empresas estão ancorando seu marketing e sua mensagem em torno dessa proposta de valor. Mas também notaram empresas na indústria de carne adotando a tendência de proteína alternativa e diversificando seu portfólio, oferecendo soluções prontas para cozinhar feitas de proteína alternativa.
A McKinsey ainda realizou algumas análises sobre os “vencedores” em sustentabilidade, ou seja, as empresas que conseguem extrair valor da sustentabilidade. E um dos principais desafios é realmente monetizar os esforços que estão sendo feitos nas diferentes etapas da cadeia de valor.
“Esse problema de monetização é o que vemos em todas as empresas e em todos os setores. Normalmente, os vencedores têm ambições muito grandes, começando do topo — os CEOs. O que é interessante é que eles estão gastando menos tempo com KPIs ou relatórios e mais treinando seu pessoal para entender o que significa sustentabilidade. E eles estão se concentrando um pouco mais no que e como e não no porquê”, declara Ricardo.

Próximas etapas para CEOs
Um desafio para os executivos C-level é que alguns têm historicamente tratado as iniciativas de sustentabilidade como gestão de risco ou prevenção de riscos, enquanto as marcas mais novas têm a sustentabilidade em seu núcleo, como parte de sua proposta de valor. As empresas estabelecidas precisam se tornar orientadas para a sustentabilidade de modo mais profundo. Mas como exatamente eles deveriam fazer isso? Qual é o conselho para o CEO de uma rede de supermercados ou o CEO de um fabricante de CPG (bens de consumo embalados) que deseja priorizar a sustentabilidade?
Para responder às questões acima, Ricardo aponta ainda os seguintes passos.
“Primeiro, avalie onde você está. Comece com uma avaliação de materialidade. Em segundo lugar, escolha as poucas áreas de foco em que você fará uma grande diferença. E então envolva sua base de clientes. Trabalhe com seus fornecedores. Essencialmente, repense seu modelo de negócios, começando com sourcing e logística”.
Segundo o sócio, empresas de bens de consumo e varejistas têm a capacidade de atender às expectativas crescentes de seus consumidores enquanto fazem parceria com outros participantes da cadeia de valor. Alguns players são extremamente integrados. Por exemplo, um dono da mercearia que possui produtos de marca própria tem a capacidade de impactar a cadeia de valor a partir do campo. Grande parte do impacto virá da colaboração com clientes e fornecedores para encontrar soluções sistêmicas e escaláveis.

Pandemia fez ‘last mile delivery’ alcançar em 12 meses o esperado para 2030

Levantamento da DHL e do Conselho das Américas mostra que o e-commerce expandiu demanda, e a tecnologia ajudou a atendê-la.

A evolução crescente do e-commerce na América Latina vem contribuindo para sustentabilidade das cadeias de suprimentos, revela pesquisa da DHL. Produzido com a coordenação da organização internacional Conselho das Américas, o estudo apontam que a expectativa de crescimento da demanda para o “last mile delivery” – trecho final de uma entrega – era de 78% até 2030 antes da pandemia. Com a crise sanitária, porém, alcançou essa expectativa em apenas 12 meses.

Esse avanço acentuado do e-commerce acaba por expor os desafios de infraestrutura da região, que apresenta uma taxa de urbanização de 80%. O levantamento, contudo, mostra que a adoção de tecnologias, como big data, análise preditiva e inteligência artificial e o uso da robótica, vem revolucionando as operações que envolvem o e-commerce a fim de aumentar eficiência sustentável em seis áreas. São elas: soluções para last mile, embalagem, economia circular e logística reversa, agenciamento de carga, armazenagem e supply chain.

Dentre as inovações, o mapeamento destaca o uso de bicicletas e de veículos elétricos; a integração de algoritmos para a redefinição do design de embalagens com o objetivo de utilizar materiais sustentáveis ou reciclados junto com a otimização do espaço; software de gestão de inventário, bem como edifícios inteligentes que economizam até 45% de energia em um período de cinco anos.

De acordo com Javier Bilbao, CEO da DHL Supply Chain América Latina, a empresa vem incorporando novas soluções e práticas sustentáveis para contribuir com a transformação do e-commerce. Como exemplo, ele cita o uso de mais de 200 veículos híbridos e elétricos na América Latina, que contribuem para a redução da geração de CO2, bem como as operações de armazéns com certificação LEED, tanto no Brasil como no México, por meio dos quais é possível garantir eficiência tanto de recursos e de energia.

Já Mirele Mautschke, CEO da DHL Express, ressalta o investimento em soluções last mile. “Até agosto receberemos 10 bikes e 5 scooters elétricas, estimulando o EcoDelivery, parte da estratégia da DHL em diminuir as emissões de carbono. Planejamos introduzir 10 veículos elétricos em 2022 e outros 35 em 2023 e esse é só o início da nossa jornada sustentável”. Além dos carros elétricos, a organização pretende introduzir dois caminhões elétricos de entregas este ano.

De acordo com o MIT Real State Innovation Lab, as compras on-line geram 36% menos emissões do que as compras realizadas em uma loja física. Diante disso, o estudo da DHL destaca a necessidade de colaboração entre empresas, os investidores ESG, os governos e as agências de colaboração internacional a fim de atender às necessidades e às preocupações dos consumidores.

Este ano, o Grupo Deutsche Post DHL anunciou seu novo plano de sustentabilidade com ações para zerar as emissões líquidas relacionadas ao transporte até 2050. A meta da companhia é investir 7 bilhões de euros em soluções verdes, expandindo sua frota de veículos elétricos para 80.000 em todo o mundo e aumentando o uso de combustíveis sustentáveis em seu transporte de longa distância até 2030.

Brasil avança cinco posições e alcança 57º lugar no Índice Global de Inovação

Apesar da melhora na classificação em relação ao ano passado, país tem retrocesso em comparação a 2011, quando ocupou o 47º lugar.

O Brasil subiu cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI) em relação ao ano passado e chegou ao 57º lugar entre 132 países. Apesar do avanço, o país apresenta uma classificação baixa e está 10 colocações abaixo da recebida em 2011, quando atingiu a melhor marca, a 47ª posição. No topo, aparece a Suíça, seguida por Suécia e Estados Unidos.

O ranking foi divulgado nesta segunda-feira (20) pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI – WIPO), em parceria com o Instituto Portulans, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação da Indústria Indiana (CII), a Ecopetro e a Assembleia de Exportadores Turcos (TIM), com o apoio do Conselho Consultivo do IGI e de sua Rede Acadêmica.

Dentre os 18 vizinhos da América Latina e Caribe avaliados, o Brasil aparece em 4º lugar, atrás do Chile (53º), do México (55º) e da Costa Rica (56º). Em relação aos BRICS, o Brasil ficou em penúltimo, à frente apenas da África do Sul, que está em 61º lugar. A China é a 12º colocada, a Rússia está no 45º lugar e a Índia, no 46º.

Parceira na produção e divulgação do IGI desde 2017, a CNI avalia a classificação brasileira como “incompatível” com o fato de o país ter sido considerado a 12ª maior economia do mundo no ano passado. A entidade também confronta a posição com a realidade do setor empresarial nacional, uma vez que o país é 13º lugar entre 45 países no ranking internacional para o desempenho da produção da indústria, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

“O crescimento sustentável e a superação da crise agravada pela pandemia de Covid-19 passam pela via da inovação. Uma estratégia nacional ambiciosa, que priorize o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação para o fortalecimento da indústria, tornará a economia mais dinâmica, promovendo maior equidade e bem-estar social”, analisou Robson Andrade, presidente da CNI.

O executivo lembrou que a pandemia aumentou a importância que ciência, tecnologia e inovação (CT&I), por exemplo no desenvolvimento e produção de vacinas. Diante disso, defendeu que os investimentos na área são imprescindíveis para que o país avance e sua indústria seja competitiva.

Colocação brasileira
O Índice Global de Inovação é calculado com base na média dos cinco pilares do subíndice insumos de inovação (instituições, capital humano e pesquisa, infraestrutura, sofisticação de mercado e sofisticação empresarial) e dos dois pilares do subíndice produtos de inovação (produtos de conhecimento e tecnologia e produtos criativos), distribuídos em 81 indicadores.

De acordo com a CNI, alguns fatores que permitiram que o país melhorasse a posição em relação ao ano passado. Um deles é retração do PIB, que dá uma falsa percepção de avanço, pois a medida é usada em alguns indicadores. A inserção de novos indicadores no ranking e a boa atuação empresarial também contribuíram. O uso de dados de outros anos e o plano de combate ao backlog de pedidos de patentes também colaboraram.

O país, contudo, apresenta o melhor desempenho em insumos de inovação do que em resultados de inovação, ocupando o 56º lugar (59º em 2020) e 59º (64º em 2020), respectivamente. Na avaliação da CNI, ainda é necessário avançar nas políticas de incentivo à inovação, que vêm sofrendo com cortes de financiamento público.

Os dados também apontam que as principais lacunas do país estão relacionadas a formação bruta de capital, facilidade para abrir uma empresa, facilidade para obtenção de crédito e taxa tarifária aplicada.

Já os maiores avanços ocorreram nos indicadores de crescimento da produtividade no trabalho (58 posições) e de castos totais com software (46 posições). Como o primeiro é baseado na média dos três últimos anos em relação ao PIB, a alta se deve à queda do PIB, apesar da redução de empregados, criando uma falsa impressão de maior produtividade. O segundo, cuja referência é 2020, é atribuído ao aumento de investimentos em software durante a pandemia e sua relação com o percentual do PIB.

Os 10 primeiros colocados do IGI:
1 – Suíça

2 – Suécia

3 – Estados Unidos

4 – Reino Unido

5 – Coreia do Sul

6 – Holanda

7 – Finlândia

8 – Cingapura

9 – Dinamarca

10 – Alemanha

Posição dos países dos BRICS:
12 – China

45 – Rússia

46 – Índia

57 – Brasil

61 – África do Sul

Aumenta o número de empresas que investem em certificação da logística reversa

Política Nacional de Resíduos Sólidos instituiu como meta a reciclagem de pelo menos 22% das embalagens.

Empresa que atua na certificação da logística reversa de embalagens pós-consumo, a eu reciclo tem conseguido fazer com que seus clientes adotem estratégias de compensação ambiental pelo uso de seus sistemas de acondicionamento. Com isso, recebem o selo “eureciclo“, que pode ser estampado em suas embalagens para comunicar aos consumidores seu compromisso com a reciclagem. O processo de certificação é auditado pela Ernst & Young.

“Com isso, podemos tornar o processo escalável, além de garantir transparência e segurança”, explica Thiago Carvalho Pinto, CEO da empresa.

Para ele, existe uma enorme dificuldade de realizar a logística reversa e a reciclagem dos resíduos sólidos em um País tão grande quanto o Brasil. “Afinal, uma embalagem comercializada no sul do País pode ser descartada, por exemplo, no norte. Quando a marca se compromete com essa causa e investe na cadeia de reciclagem, conseguimos garantir que uma quantidade equivalente foi efetivamente reciclada na região certa”, diz.

Meta de reciclagem
O especialista lembra que a Política Nacional de Resíduos Sólidos já instituiu como meta a reciclagem de pelo menos 22% das embalagens colocadas no mercado. “Cerca de 20% dos nossos clientes fazem a compensação ambiental de mais embalagens do que exigido por lei. Isso mostra uma tendência no setor”, complementa.

Segundo ele, o valor investido pelas empresas que aderem ao sistema de certificação vira renda adicional aos profissionais do setor, dando uma remuneração mais justa pelo serviço ambiental prestado.

A homologação de operadores parceiros também é um dos pontos fortes na operação da empresa. A ideia é promover a formalização e o desenvolvimento do setor, tornando-o apto a receber investimentos provenientes de empresas que buscam adequar-se à legislação vigente.