Consumo pós-pandemia: desafios e expectativas para as pequenas, médias e grandes empresas

Além da digitalização do mercado, cenário de consumo pós-pandemia aponta para a dominação de oligopólios e exige alternativas para a sobrevivência de microempresas.

Tente se lembrar de como era o mundo corporativo antes de 2020 e como ficou após a disseminação da covid-19 no mundo todo. Muita coisa mudou, não é mesmo? Além da migração das atividades presenciais para o home office, houve o aumento do consumo de bens pela internet, a aceleração do processo de digitalização empresarial e, claro, a transformação do perfil do consumidor.

Para falar sobre o consumo pós-pandemia e as perspectivas de mudanças empresariais para os próximos anos, o Conarec 2021 convidou o CEO do Domeneghetti Partners, Daniel Domeneghetti, que trouxe à tona diferentes vertentes acerca do cenário econômico brasileiro.

De acordo com o palestrante, a pandemia foi um divisor de águas com relação a atuação das pequenas, médias e grandes empresas. “Antes da pandemia, nós vivíamos dois fenômenos principais: o primeiro diz respeito à razoável digitalização dos modelos de oferta e o segundo faz referência ao esforço das corporações para entenderem o comportamento do consumidor”, inicia Daniel Domeneghetti, que complementa: “com a pandemia, houve inicialmente uma retração dos negócios e, logo em seguida, veio a corrida para a digitalização dos negócios”.

Digitalização das empresas dispara no cenário pandêmico

Para se ter uma ideia, 76,2% das companhias brasileiras pretendem digitalizar ou já digitalizaram seus serviços desde 2020. A pesquisa, realizada pela Samba Digital e divulgada pela Forbes, contou com o apoio de outras instituições e foi realizada com base em entrevistas de 100 líderes de grandes, médios e pequenos negócios.

A migração para o universo da web já era esperada, tendo em vista que grande parte dos consumidores mudaram seus hábitos de consumo e passaram a realizar compras apenas pela internet após o endurecimento das normas sanitárias.

De acordo com um levantamento feito pela plataforma de opinião, Ebit/Nielsen, 7,3 milhões de pessoas realizaram compras online pela primeira vez no primeiro semestre de 2020.

Novos hábitos de consumo e dominação das gigantes do mercado

Além da mudança radical nos formatos de venda e compra, os empreendedores também tiveram que lidar com as novas expectativas dos consumidores e com os efeitos macroeconômicos.

Sobre o primeiro item, o CEO do Domeneghetti Partners argumenta que as transformações na lógica transacional entre consumidores e empresas podem ser notadas na exigência, por parte do público-alvo, de que as marcas assumam um posicionamento com relação às causas sociais, ambientais e políticas.

No que diz respeito ao segundo ponto, o palestrante aponta que a pandemia provocou o fechamento de um número imenso de microempresas, contribuiu para o aumento da inflação e criou inúmeros obstáculos para o varejo físico, que precisou se reinventar tanto na questão do atendimento ao cliente quanto nas estratégias de humanização.

“Então, se por um lado a pandemia significou aumento de clientes e concentração de riquezas para as grandes organizações, por outro, significou a falência em massa dos pequenos negócios ”, pontua Daniel Domeneghetti.

Segundo a “Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas”, divulgada pelo IBGE, foram fechadas, de forma temporária ou definitiva, 522,7 mil empresas brasileiras apenas na primeira quinzena de junho de 2020, sendo que 99,2% destas eram de pequeno porte.

Além disso, o fechamento destas empresas nacionais menores e a dominação dos conglomerados em todos os setores econômicos, contribui para a monopolização do mercado e para a redução da pluralidade de marcas, produtos e valores defendidos.

“E assim nos deparamos com um mercado cada vez mais digitalizado, um consumidor com mais opções de consumo, mas com menos oferta e uma concentração de poucas marcas, que transmitem suas mensagens e valores embutidos nos produtos”, pontua o convidado pelo Conarec 2021.

Pluralidade é a palavra-chave para uma economia saudável

“Não existe uma economia saudável sem pequena, média e grande empresa, mas a pandemia acabou colaborando para a construção de um modelo piramidal, onde os grandes negócios estão no topo, o meio está absolutamente dizimado e a base é composta pela maioria de empobrecidos, que ficam, por sua vez, a mercê dessa dinâmica”, afirma Daniel Domeneghetti.

Como alternativa para a sobrevivência das pequenas e médias empresas brasileiras, o palestrante discorre sobre a importância da adoção do modelo “win-win” para promover o equilíbrio econômico no país.

“Nós acreditamos que as grandes empresas podem resgatar as cadeias intermediárias e apoiar as marcas locais e nacionais por meio do esquema ‘ganha-ganha. Isso porque a ausência de pluralidade emburrece, atrasa e gera perdas a médio e longo prazo. Além disso, modelos concentrados desfavorecem a melhoria e a evolução dos produtos, já que a satisfação das pessoas é proporcional ao esforço das marcas em atendê-las”, finaliza o empresário.


Jadlog reduz emissões nas operações com frota mais sustentável

Iniciativas sustentáveis em toda a cadeia do e-commerce ganharam mais destaque na pandemia, pois as pessoas, diante das dificuldades do isolamento social, reavaliaram seus hábitos de consumo e os impactos ambientais de suas compras. Por conta disso, houve um crescimento do mercado de segunda mão, maior atenção em relação à reciclabilidade dos produtos e aumento da demanda por entregas mais amigáveis ao meio ambiente, conforme resultado da pesquisa Barômetro 2020 da rede DPDgroup, líder de entregas expressas na Europa e controladora da Jadlog.

Nesta direção, a Jadlog, uma das maiores empresas de transportes de cargas fracionadas do País e a transportadora privada mais utilizada pelo e-commerce, está intensificando o desenvolvimento de iniciativas para reduzir suas emissões nos transportes das encomendas, especialmente em capitais e regiões metropolitanas, com a utilização de veículos que emitem menos C02, como caminhões elétricos e bicombustíveis (movidos a Gás Natural Veicular e diesel), além de utilitários movidos a GNV.

Trata-se de um movimento global da rede DPDgroup no mundo, que também engloba as operações no Brasil, para implementar mais soluções que tragam cada vez menos impactos ambientais nas entregas das encomendas, especialmente nos grandes centros”, explica Bruno Tortorello, CEO da Jadlog, que é controlada da DPD, a líder em entregas expressas da Europa.

Atualmente, são quatro caminhões movidos a bicombustíveis na frota, que estão colaborando para a redução das emissões da Jadlog. Apenas um destes veículos, por exemplo, que está operando no roteiro de São Paulo para Brasília, permite à Jadlog deixar de consumir 120 litros de diesel por viagem de ida e de volta, e de emitir 2.760 kg de CO2 na atmosfera, já que cada litro de diesel poupado corresponde a 23 kg a menos de CO2 no ar.

A Jadlog também está com um projeto piloto de veículos 100% elétricos, iniciado com a utilização de um caminhão, que está em teste em rotas mais curtas, na faixa dos 200 km de distância, devido à autonomia da bateria. A expectativa é que haja redução de pelo menos 2.000 kg de CO2 na atmosfera por mês por caminhão. Outros caminhões elétricos serão inseridos na frota até o final de 2021.

Em relação aos veículos leves, a Jadlog opera com mais de 70 utilitários movidos a GNV em coletas e entregas em grandes centros. Estas iniciativas de compensação já evitaram a emissão de toneladas de CO2 na atmosfera e devem ser ampliadas, com a inclusão de pelo menos 30 novos veículos leves ecologicamente corretos na frota.

Single Day “11.11” – O Festival de 2021 do Aliexpress apresenta uma nova experiência de compra de estilo de vida sustentável e ativações de entretenimento de compras em todo o mundo

AliExpress, um mercado de varejo online global do Grupo Alibaba, deu início oficial ao 2021 11.11 Global Shopping Festival com o tema “Máximo de negócios, diversão máxima”, apresentando uma experiência de compra que promove o desenvolvimento sustentável para consumidores, comerciantes e parceiros em todo o seu ecossistema. Este ano, uma série de atividades emocionantes de shoppertainment acontecerá na França, Espanha, Brasil, Rússia, Polônia e Coréia do Sul, incluindo a primeira edição off-line de Gala 11.11 na França.

“O 11,11 é um dos maiores festivais de compras globais no setor de varejo que ultrapassa as fronteiras do comércio eletrônico internacional”, disse Wang Mingqiang, gerente geral do AliExpress. “O festival deste ano se concentra em encorajar a sustentabilidade e promover produtos com eficiência energética. Também estamos continuando a inovar o espaço de shoppertainment com ativações locais criativas em nossos principais mercados ao redor do mundo, incluindo o evento off-line 11.11 Gala da China à França pela primeira vez momento na história do AliExpress. Com nosso compromisso de inovar continuamente a experiência de compra e contribuir para uma vida melhor para todos, este é um marco importante para o AliExpress e levará 11,11 para o próximo nível. “

O AliExpress promoverá estilos de vida sustentáveis ​​apresentando uma vertical dedicada a exibir produtos de baixo impacto e com baixo consumo de energia, que vão desde eletrônicos que economizam energia, ferramentas que economizam água e eletrodomésticos, que contribuem para um estilo de vida mais ecologicamente correto.

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Uma experiência 11,11 mais sustentável (PRNewsfoto / AliExpress)

Ao promover mais uso de tecnologia e soluções verdes, o AliExpress espera reduzir ainda mais a emissão de carbono por pedido durante o festival 11,11 deste ano. Por meio de sua parceria com a Cainiao, o braço de logística do Alibaba Group, o AliExpress oferecerá remessa combinada para clientes que fizerem mais de um pedido elegível. Outra iniciativa verde que ocorreu este ano é a recém-criada rede de armários de auto-coleta na Espanha , França , Polônia e Rússia. Além de ajudar a reduzir a pegada de carbono, esses armários oferecem uma experiência de compra conveniente para os consumidores, permitindo que eles retirem facilmente seus pedidos do AliExpress em armários automatizados. Esta é uma solução prática que oferece maior flexibilidade e segurança aos compradores.

Comemorando 11.11 com ativações de entretenimento de compras em mercados locais

Personalizar um fenômeno global com contexto localizado sempre foi uma missão fundamental para o AliExpress. Este ano, o AliExpress celebrará o maior festival de compras global com campanhas localizadas de entretenimento para compras na França, Espanha, Brasil, Rússia, Polônia e Coréia do Sul para se conectar ainda mais com os clientes locais.

Na França, o AliExpress sediará sua primeira Gala offline 11.11 que acontecerá na noite desta quinta 11.11 e contará com celebridades francesas conhecidas como Bob Sinclar, Mara, Soso Maness e Vladimir Cauchemar. Com quatro estúdios pop-up no site apresentando diferentes categorias do AliExpress e jogos interativos, os compradores franceses poderão participar da Gala e ter a chance de ganhar prêmios emocionantes, como carros elétricos, vales-presente e passeios pela cidade.

No Brasil, o AliExpress irá colaborar com influenciadores locais para apresentar uma campanha criativa, “The Ordinary Day vs. 11.11”, apresentando histórias de como 11.11 transforma a vida cotidiana dos clientes locais. Haverá um desafio TikTok correspondente para incentivar a participação do usuário. O AliExpress também apresentará promoções especiais do 11.11 por meio de recursos sociais no aplicativo, permitindo aos usuários compartilhar ofertas com amigos e familiares para as melhores ofertas.

Na Espanha, AliExpress vai comemorar o lançamento de uma loja física totalmente nova em Sevilla em 11.11, a 6 ª loja fora de linha de marca-AliExpress na Espanha. Atualmente, existem duas lojas offline em Madrid e três em Barcelona. Todos os seis locais terão promoções especiais 11.11. O AliExpress também terá uma campanha abrangente de canal 11.11, apresentando celebridades locais e influenciadores populares promovendo o evento com exposição nos principais programas de TV nacionais e publicidade offline em locais icônicos em Madrid, Barcelona e várias outras cidades da Espanha.

Desfrutando de frete grátis e entrega mais rápida

No mês passado, o AliExpress anunciou uma série de atualizações logísticas inovadoras. Ele agora oferece uma entrega mais eficiente com um ecossistema de comércio eletrônico transfronteiriço robusto, envolvendo mais armazéns de seleção doméstica na China, centros de triagem automatizados (na China e na Europa ), armazéns no exterior e voos fretados. Essas novas ofertas aceleraram significativamente o tempo de despacho necessário para remessas da China para clientes no exterior, permitindo que os clientes desfrutem de uma entrega mais rápida.

Em parceria com a Cainiao, o AliExpress oferece atualmente entrega em 10 dias úteis para pedidos internacionais selecionados feitos na Espanha e França, 12 dias úteis para o Brasil e cinco dias úteis para a Coreia do Sul.

Para pedidos feitos na Espanha, França, Rússia, Polônia e Reino Unido, o AliExpress oferecerá frete grátis para todos os produtos elegíveis participantes do 11.11. Além disso, o AliExpress apresentará “Garantia de pontualidade” na Espanha e na França antes do 11.11 Global Shopping Festival. Este serviço será aplicável a todos os pedidos enviados dos armazéns de seleção doméstica da China, bem como dos armazéns Cainiao no exterior, sob os quais o AliExpress reembolsará automaticamente um cupom de $1 USD por pedido se os pacotes chegarem atrasados.

Conquistas de quebra de recordes de 2020 11.11

Os consumidores em todo o mundo mergulharam e quebraram 11,11 recordes de vendas em 2020 em comparação com os anos anteriores. Em 2020, o número de comerciantes internacionais fora da China participando do festival no AliExpress aumentou mais de três vezes. O número de listagens de produtos de vendedores estrangeiros aumentou 600%.

Na Espanha e na França , dentro de 30 minutos do início de 2020 11.11, o valor total da transação registrada excedeu o da primeira hora em 2019. O valor total da transação registrada na marca de 12 horas em 2020, ultrapassou o de 48 horas marca em 2019. No Brasil, o AliExpress registrou um aumento excepcional com relação ao ano anterior de mais de 100% no valor da transação.

Sobre AliExpress

Lançado em 2010, o AliExpress (www.aliexpress.com) é um mercado de varejo global que permite que consumidores de todo o mundo comprem diretamente de fabricantes e distribuidores e se dedica a se tornar uma plataforma para comerciantes mundiais venderem localmente e globalmente. O AliExpress opera em vários idiomas, incluindo inglês, russo, espanhol, francês, polonês, coreano, português e italiano.

O marketplace global da AliExpress: a expansão, a logística e o choque cultural no Brasil.

O head de comunicação da AliExpress no Brasil, Felipe Zmoginski, fala do modelo de gestão e ações socioambientais do Grupo: “temos o desafio de diminuir o impacto no transporte internacional de produtos”.

Zmoginski trouxe detalhes sobre as operações da companhia chinesa, uma das maiores do mundo no setor de varejo e-commerce. Na entrevista com Sonia Racy, o executivo fez comparativos com o passado e destacou que atualmente a empresa está mais ágil no sistema de entrega de mercadorias, isso graças a investimentos no setor logístico e visão estratégica. O head também revela que o consumidor brasileiro tem perfil exigente. Na conversa, ainda avalia choques culturais e faz uma importante consideração ao afirmar que, apesar dos eventos problemáticos, a pandemia acelerou a digitalização do consumidor, sendo esse um ponto positivo para o marketplace digital, onde a plataforma chinesa está inserida. Confira a entrevista completa no programa Show Business.


Tanto o Alibaba e o Aliexpress cresceram bem nos últimos 20 anos. Quais vantagens vocês oferecem para consumidores e clientes para alcançar bons resultados?

O Aliexpress é uma das empresas que pertencem ao Alibaba, sendo um grande player de e-commerce, que engloba outras várias empresas de diversos setores. E uma delas está o Aliexpress, que promove uma conexão entre pessoas que desejam vender suas mercadorias para pessoas que querem comprar em qualquer lugar do mundo por preços atrativos.

Qual é a diferença entre o Alibaba e Aliexpress?

O Alibaba é basicamente o endereço onde que as pessoas na China utilizam para fazer compras pelo e-commerce. A forma mais correta de explicar o Aliexpress é que ele permite a venda internacional, onde o comprador faz a aquisição de um produto em uma outra nação. Mas nosso serviço também pode funcionar como atacado. Aqui, inclusive, há muitos brasileiros que seguem essa linha, em função do Aliexpress conectar as pessoas com os fabricantes e distribuidores (diretos do país de origem). Os preços são muito competitivos. Então, muitas pessoas que compram em grande volume, legalmente pelo Aliexpress, revendem as mercadorias em outros marketplaces de e-commerce, ou às vezes, no setor varejista off-line. A logística e o método mais simples estão nos serviços que o Express oferta. Pois, opera cinco voos semanais, conectado a China e o Brasil, Funcionando da seguinte maneira: caso o cliente compre um produto hoje, ele tem a garantia de recebê-lo daqui a sete dias no Brasil, via voos fretados.

E quais são os itens mais comprados pelos brasileiros?

Os campeões de vendas são os itens eletrônicos e não é difícil explicar o motivo. Porque são produtos com custo elevado no Brasil. Por isso é vantajoso adquiri-los pelo AliExpress. Mesmo enquanto pessoa física, você comprar qualquer produto para uso pessoal, isento de taxas, caso custem até U$50. Segundo mais vendido são roupas, depois, aparecem os produtos para mamãe e bebê fazerem o enxoval. Neste último ano, notamos uma mudança muito significativa no perfil do consumidor, vendo que muitos deles passaram a comprar itens para casa, como almofadas e outras mercadorias decorativas; ou do segmento de construção, a fim de fazer reformas. Ambos os casos tiveram um boom enorme em procura durante a pandemia. Provavelmente pelo fato de as pessoas estarem mais em casa. Juntamente a isso, as webcams também tiveram uma explosão de vendas no mercado brasileiro, saltando para 37 mil% a mais no número vendas. Neste caso, a justificativa foi devido ao aumento de aulas e reuniões on-line. Nem todo mundo estava preparado para isso. Observamos que a pandemia da covid-19 mudou comportamentos de compra e aumentou muito a presença do consumidor brasileiro no comércio eletrônico.

Anos atrás, os produtos chineses eram sinônimos de baixa qualidade, o que mudou nos últimos tempos?

Houve sofisticação no modelo de produção da indústria chinesa. Nos anos de 1990, havia um fenômeno copycat, em que se apelidavam pejorativamente de xing ling o que era fabricado naquele país. Depois, vimos a mudança no padrão de qualidade dos produtos, com o surgimento de marcas conceituadas no mercado. É o caso das empresas Xiaomi, Huawei e outras. Há ainda patentes chinesas de 5G, indústria de carros elétricos e não para por aí. Obviamente que teve um tempo para que esse processo melhorasse e para que as pessoas percebessem isso. E, no de correr disso, ocorreu o trabalho de construção de branding. No caso do Aliexpress, hoje somos conhecidos como um marketplace global, pois você não encontra apenas produtos feitos na China. Incluo nesse rol de transformações, os produtos desenvolvidos na Europa, nos EUA, e que estão dentro desse marketplace. Incluindo grandes marcas como Apple, Disney e Samsung que estão presentes nas nossas operações, até muitos dos produtos dessas marcas são fabricadas na China mesmo, porque há um método de eficiência e produtividade melhor.

Então posso comprar algo do Japão, Rússia no Aliexpress, por exemplo? 

Pode sim. A empresa possui, hoje, 212 países cadastrados na rota, tanto para receber ou vender produtos. Concentramos mais números do que os inscritos nas Nações Unidas (risos). Portanto, nem todos os mercados funcionam como exportador, mas é um processo que está acontecendo. E nosso objetivo final é realizarmos esse desejo de criar um grande espaço para comprar qualquer coisa de vários lugares e pessoas ao redor do mundo.

Quanto tempo vocês levam para inserir e distribuir um produto aqui no Brasil, pois convenhamos que é uma logística complexa.

Tempos atrás, nos deparávamos com transporte de mercadorias transborder que era feito por navios, o que demorava cerca de um mês para os produtos chegarem de um país a outro. Visando ganhar tempo, passamos a ter presença em voos fretados, conectando os fornecedores as suas mercadorias.  Por exemplo, neste momento em que conversamos, temos cinco aviões se organizando para  semanalmente estarem à nossa disposição. Operamos cinco voos por semana e estamos em negociação para conseguir mais uma opção de transporte na nossa frota comercial. Diretamente, o cliente que fizer o pedido em nossa plataforma, que em até 7 dias ele vai desembarcar no aeroporto internacional aqui no Brasil. Depois, o pedido passando naturalmente pela alfândega, em seguida vai para trânsito doméstico, por meio de empresas parceiras para a entrega final. Esse processo pode demorar até uns 12 dias, calculo eu.

Como está estruturado modelo de gestão da Aliexpress?

Com o uso de tecnologia de data e inteligência artificial, é possível gerenciar as demandas dos negócios. Temos basicamente o marktplace principal é a mesma tecnologia que atendem vários países. Vendedores de cada uma dessas nações montam suas lojas no site, vamos supor que alguém queira comercializar mobílias.  É possível incluir compradores do meu país ou do exterior no radar de clientes que desejam comprar minha mercadoria. Há ainda um sistema altamente sofisticado de traduções automáticas, que permitem traduzir as descrições em dezenas de idiomas. Isso garante que consumidores leiam a descrição de acordo com a língua de seu país e conheçam mais sobre o item. Quando a compra é feita, existe uma empresa própria para fazer o serviço de logística, chamada de Shop sign out, e que faz toda a operação de recolher na distribuidora ou fabricante e, em seguida, faz a distribuição para os mais de 210 territórios que abrangemos.

Quantos funcionários o Alibaba e o Aliexpress têm no geral?

O grupo Alibaba são 70 mil funcionários, já o Aliexpress não fornece os dados de cada divisão.

Mas nos EUA não exigem maior abertura dos dados para ter ações em bolsa?

São critérios interessantes, porque o Alibaba cumpre os mesmos critérios de transparência e governança corporativa que qualquer outra empresa listada na Nasdaq ou na The New York Stock Exchange. É claro que algumas informações como o número de funcionários são preservadas como forma estratégica diante dos competidores.

Como a imagem do Alibaba está atrelada à imagem do JackMa?

Ele é uma figura muito midiática, entretanto, é importante frisar que ele deixou completamente a companhia, há mais ou menos dois anos, não fazendo parte do boardig de conselheiros. Mas ainda possui 4% de ações do Alibaba. Atualmente, o CEO da empresa é o executivo Daniel Zhang, que desde a saída do Ma, vem tocando os desafios do grupo.

Vocês têm algum pleito junto ao governo brasileiro para fazer suas importações? Há alguma coisa poderia ser feito para melhorar as transações nas operações da empresa?

Nós brasileiros temos a ideia de que há espaço de ineficiência do ponto de vista da gestão pública que poderia ser melhorada. Não é o caso que verificamos no comércio crossborder. Hoje, a entrada e saída de pacotes é totalmente informatizada, os serviços da receita são muito eficientes, algumas liberações de produtos, por exemplo, acontecem enquanto o avião está no ar, prestes a pousar no país. Ainda da aeronave, são levadas informações dos valores e das características das mercadorias.  Não há problemas nesse fluxo. Claro que quando chega em território nacional, há uma análise minuciosa, o produto passa por raio-x…  Mas é algo normal e bastante eficiente. Diria que o nosso principal desafio está relacionado à exigência do consumidor local. Inclusive, em comparação a outros compradores pelo mundo. Porque o brasileiro é considerado o mais exigente, pois almeja mercadoria de mais qualidade. E faz questão de valer seus direitos e, se houver porventura  sinais de avarias, vai desejar a troca do produto sem custos.

E é possível trocar sem custos?

É sim, Sonia. Garantimos essa praticidade. Existem categorias em que o cliente não arca com as taxas de correio para enviar o produto de volta ao país de origem. O novo consumidor brasileiro, que passou a utilizar as plataformas de e-commerce, é bastante exigente no aspecto qualidade. É um desafio permanente oferecer a melhor experiência de compra para agradar esse perfil.

Atualmente, quem é o maior competidor do Aliexpress?

São os comércios off-line, competição para nós e todas as outras empresas que utilizam as plataformas de e-commerce pelo país. Todavia, a disputa nesse setor é muito saudável e tende a beneficiar o conjunto do mercado. Baseando-me em números, o varejo antes da pandemia, 95 %das compras aconteciam em pontos físicos (off-line) e apenas 5% em ambientes on-line. Com a pandemia esse número melhorou bastante, hoje, temos 10% no digital e 90% no off. Mas, se observamos os mercados mais avançados, como por exemplo Reino Unido e Coreia do Sul, nesses países cerca de 30% do varejo já está no canal digital. Na china, a presença é mais elevada, chegando ao patamar de 51%. Ainda há um enorme desafio para alcançarmos a digitalização.

E como pretendem ampliar esse mercado aqui no Brasil?

Um dos nossos métodos foi usar ferramentas de comunicação e de marketing. Acabamos de realizar uma ação com a Ivete Sangalo, em conjunto com o programa Criança Esperança, patrocinamos reality shows da televisão e tivemos outras iniciativas na mídia de massa, esse é um método. Há um ambiente macro, que envolve as pessoas terem meios de pagamento facilmente acessíveis. A oferta de internet de qualidade em residências, fora dos grandes centros urbanos, ainda é um desafio. Observamos essa dificuldade quanto ao acesso quando crianças tiveram problemas para acompanhar as aulas on-line, pois vivem em comunidades ou cidades que ficam longe de regiões privilegiadas.

Por outro lado, pandemia certamente continua sendo uma tragédia para nossa sociedade, mas foi um evento que acelerou o processo de digitalização do consumidor e das empresas, o que acaba beneficiando o e-commerce.

Em termos de gestão socioambiental, como vocês aplicam isso aqui no Brasil?

Um dos desafios que temos é o de diminuir o impacto que há no transporte internacional de produtos. O mundo é globalizado, quase tudo que consumimos é feito em outros países. Uma das tecnologias que implementamos, Aliderect, permitiu por meio de ferramentas de bigdata, identificar os vários pedidos que as pessoas fazem em diferentes marketplaces, juntá-los em um único pacote e mandá-lo como uma única remessa. Isso diminui o número de deslocamentos e viagens. Tanto em termos de custos e menor emissão de poluentes, isso teve um efeito significativo. Outro ponto é a seleção dos vendedores, que devem cumprir critérios desde respeito à legitimidade das marcas, tudo isso agrega às regras estabelecidas pelo conceito de governança, presente no ESG. Essa triagem é feita permanentemente em todos os mercados, por uma equipe ativa, e via avaliação dos comentários dos usuários da plataforma, feita há 10 anos.

Como é feita a diferenciação e controle de um produto poluente ?

Qualquer produto que é vendido no Aliexpress precisa ser autorizado a entrar em cada um dos países. Então, um serviço atuante em 200 países deve se adaptar às 200 legislações. Como no caso da Europa, onde existem restrições com produtos que emitam poluentes. Aqui no Brasil tem uma legislação bastante moderna, mas mais recentemente, houve um relaxamento em algumas medidas. Apesar disso, o país tem leis ambientais consideradas mais atuais. A mercadoria deve ser autorizada antes de ser comercializada, depois, isso passa pelo processo de seleção e avaliação antes de ter essa atualização de operar dentro do marketplace da empresa. Esse é um processo permanente, não quer dizer que após aprovado não terá análise sobre sua comercialização.

Felipe, você passou por treinamentos ou teve vivência na China antes de assumir o cargo?

Tenho uma história com a China que remota minha adolescência. Estou com 40 anos, e lembro-me de quando tinha 12, durante o período governo Collor, meu pai era um pioneiro nas importações. Fazia inglês naquele tempo e meu pai se tornou tradutor, porque eu ajudava a traduzir as conversas com empresários chineses, no intuito de comprar produtos para vender aqui no Brasil. Depois de adulto, fui estudar chinês e vivi na China. Tive oportunidade de trabalhar cinco anos no Baidu, que equivale ao buscador Google, mas lá no país asiático. Em seguida, vinha trabalhando com uma empresa de consultoria, quando finalmente recebi o convite para participar dessa operação do Aliexpress que estava se expandindo no país. No cenário ideal, eu faria um treinamento como todos os contratados, mas devido à pandemia, não conseguimos desembarcar lá. Então, todo o curso foi feito on-line. Mas, em termos pessoais, posso afirmar que a relação que estabeleci com a China foi a melhor coisa que me aconteceu, nos sentidos de pontualidade e foco em resultados, essas foram, com certeza, algumas das contribuições que a cultura chinesa teve na minha formação profissional.

Como ocorreu o processo de adaptação entre culturas tão diferentes? Quem teve a iniciativa de querer se moldar à determinado padrão de comportamento: você ou os chineses?

Responder sua pergunta é fazer um comparativo com o filme American Factory, longa que conta a história de uma fábrica americana de vidros para automóveis, depois comprada por empresários chineses. Passei por esse conflito cultural, assim como existiu na história do filme. No início da minha experiência, há oito anos, estava preocupado com a adaptação às regras ao método de trabalho das pessoas do país asiático. As corporações de lá são muito juvenis, sendo recentes no processo de internacionalização. Muitos dos gestores ainda têm pouca experiência em lidar com o subordinado ou colegas estrangeiros. Mas houve uma mudança. Recentemente, percebo um nível de preparo muito diferente do passado. Hoje, são executivos mais preocupados com as culturas locais, têm jovens que foram fazer vivência no exterior, que retornam para casa com outra visão de mundo. Analiso que temos uma liderança chinesa mais globalizada e mais moderna no nosso ponto de vista. Não quer dizer que de uma hora para outra houve mudança de paradigmas e ausência de choques culturais, porque são questões que continuam existindo. A comunicação ainda é uma dificuldade, no modo geral, o chinês quando pergunta quer saber se há engajamento da equipe, e não promover um debate – algo que nós brasileiros estamos habituados em reuniões corporativas.

Quantos funcionários brasileiros compõe o time do Aliexpress?

A equipe tem um volume grande de brasileiros, chineses e de outras nacionalidades também, como Índia e Turquia, difícil de mensurar um número exato. Posso fazer um acréscimo sobre a pandemia, que em função disso, esses funcionários passaram a trabalhar de maneira remota.

Felipe, diante da sua experiência, é possível fazer uma previsão de como estarão o mundo e a AliExpress daqui a 10 anos?

Dá sim, por meio dos objetivos que traçamos. Temos a meta beneficiar mais de 2 milhões de consumidores, até 2030, para que possam se conectar em qualquer lugar do mundo e encontrar mercadorias com o melhor preço. Além disso, temos o intuito de ajudar a gerar mais de 30 milhões de empregos, ligados às diferentes lojas e atividades conectadas ao e-commerce. Há uma transformação no mercado de trabalho e poder criar lojas on-line para vender serviços que beneficiem várias pessoas ao redor do mundo, é uma tendência inevitável. Esperamos colocar nossa tecnologia a serviço dessa transformação.

Você consegue deixar um panorama de como a pandemia afetou as operações da companhia?  

A pandemia teve efeito positivo sobre as nossas vendas. Por exemplo, há uma data comercial da empresa, que é o 11 de novembro, que, em 2020, registrou faturamento muito maior que o ano anterior (pré-pandemia). Esse período foi complicado, acabou fechando vários varejos, mas também fez com que as pessoas recorressem ao e-commerce. A própria dificuldade econômica obriga que o usuário faça mais pesquisas de preços. E a média dos valores dos nossos produtos, geralmente está 30% mais baixa, então, isso teve um movimento positivo.

Mas eventos como a fala do ex-presidente americano, Donald Trump, que fez acusações de que a China é culpada pelo vírus, afetou o volume de vendas da empresa nos EUA?

Não registramos esse movimento por lá. Talvez tenha havido alguma baixa, se houver análise mais ampla e considerando o comércio off-line, mesmo assim penso que não. Porém, se olharmos a balança comercial dos Estados Unidos e compará-la com a China, apesar de todo o barulho que Trump fez, o déficit americano com os chineses continua igual. Isso se reproduziu no Brasil, quando o governo teve uma retórica mais ‘quente’, mas isso alterou nossa balança e as negociações entre os dois países.


CargoX: com aporte de R$1,1 bi, nasce o unicórnio Grupo Frete.com

A empresa que une CargoX, Fretebras e FretePago passa a valer mais de US$ 1 bilhão com o novo investimento, liderado por SoftBank e Tencent.

Fundada em 2013 pelo empreendedor argentino Federico Vega, a CargoX se une com a Fretebras e a FretePago para formar o Grupo Frete.com. O movimento acontece em conjunto com o recebimento de um aporte de R$ 1,14 bilhão (US$ 220 milhões), liderado pelo fundo japonês SoftBank Latin Fund e pela empresa chinesa de tecnologia Tencent. Com o novo investimento, o Grupo Frete.com rompe a marca de US$ 1 bilhão de avaliação ou R$ 5,7 bilhões, e passa a integrar o seleto grupo de unicórnios brasileiros.

O novo aporte será usado para ampliar a presença da companhia no mercado brasileiro e para expandir a equipe, que deve passar de 1.300 funcionários hoje para 3.500 no ano que vem. Também participam do investimento na empresa o banco BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME), o conglomerado Pattac, as empresas OIKOS e PIPO, o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID Invest), Jeb Bush (ex-governador da Flórida e irmão do ex-presidente americano George W. Bush) e os empreendedores americanos do setor financeiro Henry Kravis e Reid Hoffman.

Segundo dados da própria empresa, o valor transacionado por ano em frete rodoviário é de R$ 100 bilhões. Com a nova organização, a companhia visa eficiência operacional, de acordo com Vega, que agora é CEO do Grupo Frete.com.

“Com frentes para intermediação financeira (FretePago), para encontrar cargas (Fretebras) e para digitalizar as operações (CargoX), seremos mais eficientes. Desde 2019, nosso foco está nas transportadoras. Se elas estiverem mais digitalizadas, haverá um impacto positivo para esse mercado”, diz o Vega, em entrevista para EXAME IN. “Com a pandemia, o caminhoneiro precisou de uma parada digital única onde ele possa não só encontrar cargas para não viajar de caçamba vazia, mas também para encontrar tudo que precisa para operar, como produtos financeiros. Foi isso que construímos.”

Por vezes, a CargoX foi chamada de Uber dos caminhões, uma vez que surgiu com a missão de conectar motoristas a cargas e havia um sistema de avaliação de caminhoneiros e transportadoras. Na nova organização da empresa, a lógica se mantém, mas fica na unidade da Fretebras. Mais de 80 mil empresas anunciam cargas na plataforma digital da startup.

Para lidar com a alta no preço dos combustíveis, a estratégia da startup é continuar a melhorar sua tecnologia de conexão de cargas com caminhoneiros, algo que tirou 20 milhões de toneladas de emissões de poluentes, segundo estimativa da própria companhia.

Novas estradas

A expansão internacional, a partir do segundo semestre, já está nos planos da empresa, que mira em países da América Latina para manter um ritmo forte de crescimento.

Ainda assim, o mercado nacional será prioritário para a empresa, que é o Grupo Frete.com vai expandir seu quadro de funcionários.

“O Brasil é o terceiro maior mercado de transportes do mundo. Sempre acreditei que seria possível criar uma empresa de 100 bilhões de dólares, e é por isso que estou aqui”, diz Vega.

Futuro dos transportes

Para o Grupo Frete.com, novas tecnologias para o futuro do segmento de logística, para além do uso de plataformas digitais que conectam motoristas e empresas, estão ligadas com veículos elétricos e condução autônoma. Mas essas revoluções ainda devem levar alguns anos para acontecer.

“A tecnologia semi-assistida, que ajuda a reduzir a acidentes, já começou a chegar — apesar de que pode demorar um pouco mais para chegar ao Brasil. A tecnologia que existe hoje nos carros da Tesla é um exemplo disso. Em estradas, ela já funciona muito bem, e pode se aplicar aos caminhões, que pegam muitas rodovias”, diz Vega.

Já sobre veículos elétricos, o executivo vê que a tendência está mais ligada a questões de infraestrutura do que de maturidade da tecnologia. “Na medida em que conseguirmos desenvolver postos de recarga, teremos caminhões elétricos. Esse tipo de mudança deve levar ainda cerca de dez anos para começar a ocorrer”, afirma Vega.

Festival de compras do Dia dos Solteiros silenciado em meio à repressão tecnológica da China

O maior dia de compras online da China, conhecido como “Dia dos Solteiros” em 11 de novembro, está assumindo um tom abafado este ano com a repressão dos reguladores à indústria de tecnologia e o presidente Xi Jinping pressiona por “prosperidade comum”.

Dia festival de compras The Singles’ – também conhecido como Duplo 11 – é um evento enorme para China s empresas de comércio eletrônico. No ano passado, os consumidores gastaram US $ 74 bilhões nas plataformas de compras online do Alibaba durante os 11 dias do festival. O rival menor, JD.com, relatou vendas de US $ 40 bilhões durante um período de tempo semelhante.

Alibaba – a maior empresa de comércio eletrônico da China – geralmente dá uma grande festa de gala na noite anterior a 11 de novembro. Galas anteriores apresentaram superstars como Katy Perry e Taylor Swift e até atos acrobáticos do Cirque du Soleil .

Um contador ao vivo chamativo começa a funcionar à meia-noite para registrar em tempo real quanto os consumidores gastaram em plataformas Alibaba como Taobao e Tmall. O festival é visto como um barômetro do consumo no país mais populoso do mundo.

Este ano, o Alibaba diminuiu o entusiasmo. A gala online do Dia dos Solteiros na quinta-feira (11) será transmitida ao vivo devido aos surtos de COVID-19 em partes da China. O Alibaba diz que está se concentrando na sustentabilidade, apoiando instituições de caridade e inclusão – temas que se alinham com os objetivos climáticos de Pequim e os apelos de Xi por “prosperidade comum” que visa reduzir a desigualdade e o consumo excessivo.

“As festividades silenciosas deste ano são uma tempestade perfeita de pressões econômicas, competitivas e regulatórias”, disse Michael Norris, gerente de estratégia de pesquisa da consultoria AgencyChina, com sede em Xangai.

“Em termos de regulamentação, as plataformas de comércio eletrônico estão começando a entender como alinhar extravagâncias de consumo com temas de ‘prosperidade comum’”, disse ele.

No início deste ano, a plataforma de comércio eletrônico Pinduoduo prometeu dar US $ 1,5 bilhão em lucros aos agricultores para aumentar suas receitas, enquanto o Alibaba comprometeu US $ 15,5 bilhões em subsídios para pequenas e médias empresas e apoiando trabalhadores na economia gigante, como motoristas de entrega , de acordo com a agência de notícias local Zhejiang News.

Este ano, o Alibaba também destacou a sustentabilidade, estabelecendo pontos de reciclagem de embalagens e fazendo parceria com marcas para desenvolver embalagens mais ecológicas. Os clientes podem doar uma parte do lucro de suas compras para uma organização de caridade ou projeto de sua escolha.

A mudança para enfatizar a sustentabilidade ocorre depois que o Alibaba foi multado em um valor recorde de US $ 2,8 bilhões por violar as regras antitruste. O governo tem intensificado o escrutínio do setor de tecnologia e adotado medidas para conter as práticas monopolistas que ferem os direitos dos consumidores.

O aperto nas vendas do Dia dos Solteiros deste ano também pode refletir a demanda mais fraca do consumidor e a escassez de alguns produtos devido à escassez de materiais e energia, bem como dificuldades na movimentação de produtos através de canais de envio e entrega confusos.

Jacob Cooke, CEO da WPIC, uma empresa de marketing que ajuda empresas ocidentais a vender online na China, diz que descontos ultraprofundos serão menos comuns do que nas vendas anteriores do Dia dos Solteiros.

“Vamos ver estratégias como presentes de edição limitada sendo mais prevalentes em oposição a comerciantes despejando (itens) com um desconto de 90%…por falta de estoque, falta de abastecimento ”, disse.

Enquanto isso, plataformas de vídeo curtas populares como Kuaishou e Bytedance’s Douyin, que se voltaram para o comércio eletrônico, estão dando às plataformas de comércio eletrônico tradicionais como Alibaba e JD.com uma corrida pelo seu dinheiro.

As transmissões ao vivo nas plataformas de vídeo podem vender diretamente aos compradores por meio de suas transmissões. No ano passado, Douyin registrou 2 bilhões de yuans (US $ 313 milhões) em transações apenas no dia 11 de novembro.

“Em termos de comércio (de vídeo curto), será enorme porque é onde estão todos os olhos”, disse Cooke do WPIC.

O festival do Dia dos Solteiros aumenta pela metade as vendas de apresentadores de transmissão ao vivo como Yang Guang, que vende de tudo, de roupas a eletrodomésticos, em transmissões ao vivo, disse ele.

Mas ele disse que festividades prolongadas e esquemas de descontos complicados podem ser frustrantes para compradores e vendedores.

“Como streamers ao vivo, temos que pensar em estratégias diferentes para torná-los divertidos durante cada stream para manter os clientes interessados”, disse ele.

 

 

 

 

Magazine Luiza vai colocar 51 caminhões elétricos nas ruas até dezembro deste ano

Os primeiros 51 elétricos a rodar no Magazine Luiza foram comprados da montadora chinesa JAC Motors, segundo a varejista.
O Magalu começou a eletrificar sua frota de caminhões. Os primeiros 51 VUCs elétricos a rodar foram comprados da montadora chinesa JAC Motors, segundo a varejista.

Até o fim de outubro, 23 caminhões elétricos já terão la circular pelas ruas de estados como São Paulo, Bahia e Paraíba, e os outros serão entregues até o final do ano.

De acordo com a empresa, os veículos serão usados para abastecer lojas e fazer entregas de produtos de maior porte, como móveis e eletrodomésticos grandes.

Ambev

A Ambev também tem investido em uma frota sustentável. Na quinta (07), a empresa anunciou a compra de 150 veículos elétricos da JAC Motors, que devem ser entregues até o fim de 2021.

No mesmo período, a empresa vai receber outros cem caminhões do modelo e-Delivery, lançado em parceria com a Volkswagen. O contrato com a montadora prevê 1.600 unidades.

Em janeiro, a Ambev também anunciou que a FNM (Fábrica Nacional de Mobilidade) vai produzir mil veículos elétricos para a empresa. A meta é eletrificar metade da frota até 2025.

Tendência rápida

A eletrificações dos transportes ainda é um movimento novo que esbarra em custos, baterias e infraestrutura de carregamento.

O primeiro veículo nacional movido a eletricidade foi lançado em julho pela Volkswagen Caminhões e Ônibus, voltando para o transporte urbano de cargas.

Outras empresas como Ambev, Coca-Cola Femsa, JBS e Grupo Boticário estão entre as primeiras a adotarem o modelo no Brasil.

Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico

Fones de ouvido, pilhas, celulares, eletrodomésticos. Todos esses utensílios, quando deixam de funcionar e não são mais aproveitados, viram lixo eletrônico. O Brasil é o quinto maior gerador desse lixo no mundo. Mesmo assim, muita gente ainda não sabe o que é esse tipo de resíduo e como ele deve ser descartado para evitar danos ao meio ambiente e à saúde humana.

As informações são da pesquisa Resíduos eletrônicos no Brasil – 2021, divulgada na última quinta-feira (7), pela Green Eletron, gestora sem fins lucrativos de logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas. O estudo foi conduzido pela Radar Pesquisas.

A maior parte dos brasileiros (87%) já ouviu falar em lixo eletrônico, mas um terço (33%) acredita que esse lixo está relacionado ao meio digital, como spam, e-mails, fotos ou arquivos. Para outros 42% dos brasileiros lixo eletrônico são aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos quebrados e 3% acreditam que são todos os aparelhos que já viraram lixo, ou seja, apenas os que foram descartados, inclusive aqueles que acabam incorretamente em aterros ou na natureza.

A pesquisa também especificou alguns produtos para saber se as pessoas os reconheciam como lixo eletrônico. Mais de 90% acreditam que celulares, smartphones, tablets, notebooks, pilhas e baterias são lixo eletrônico e estão corretos.

Houve, no entanto, muitas respostas erradas: 51% não acham que lâmpadas comuns, incandescentes e fluorescentes são lixo eletrônico; 34% acreditam que lanternas não são lixo eletrônico; e 37% acreditam que balanças não são lixo eletrônico. Na verdade, todos esses objetos são lixo eletrônico.

O conceito de Resíduo de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE) é todo produto elétrico ou eletrônico que descartado por não ter mais utilidade. Inclui grandes equipamentos como geladeiras, freezers, máquinas de lavar; pequenos equipamentos como torradeiras, batedeiras, aspiradores de pó, ventiladores; equipamentos de informática como computadores e celulares; e pilhas e baterias.

Descarte

O descarte incorreto de lixo eletrônico é considerado um problema, pois os componentes químicos podem ser prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana.

Anualmente, mais de 53 milhões de toneladas de equipamentos eletroeletrônicos e pilhas são descartadas em todo o mundo, segundo o The Global E-waste Monitor 2020. Na outra ponta, o número de dispositivos, no mundo, cresce cerca de 4% por ano. Apenas o Brasil descartou, em 2019, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, sendo que menos de 3% foram reciclados, de acordo com o relatório desenvolvido pela Universidade das Nações Unidas.

A pesquisa mostrou que, no Brasil, 16% descartam com certa frequência algum eletroeletrônico no lixo comum. Esse tipo de descarte não permite a reciclagem das matérias-primas presentes nos aparelhos. Um terço dos entrevistados (33%) nunca ouviu falar em pontos ou locais de descarte correto para lixo eletrônico.

A maioria (87%) disse guardar algum tipo de eletroeletrônico sem utilidade em casa. Mais de 30% fica com eles por mais de um ano.

Ao todo, foram entrevistadas para o estudo 2.075 pessoas de 18 a 65 anos, entre os dias 14 e 24 de maio de 2021. A pesquisa foi feita no Distrito Federal e em 13 estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Pará, Goiás e Mato Grosso do Sul.

O que diz a lei

No Brasil, a destinação correta do lixo eletrônico está prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) e é regulamentada pelo Decreto Federal 10.240/2020. Este dispositivo define metas para os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes sobre a quantidade de pontos de Entrega Voluntária (PEV) que devem ser instalados, o número de cidades atendidas e o percentual de aparelhos eletroeletrônicos a serem coletados e destinados corretamente.

Pelo decreto, as empresas devem, gradualmente, até 2025, instalar PEVs nas 400 maiores cidades do Brasil e coletar e destinar o equivalente em peso a 17% dos produtos colocados no mercado em 2018, ano definido como base. Informação da Agência Brasil.

Logística reversa: lei federal completa 11 anos com avanço dos estados

Em São Paulo e Mato Grosso do Sul infratores perdem direito à renovação de licenças.
A logística reversa de embalagens pós-consumo é um dos principais pontos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, adotada pelo governo federal em 2010. A legislação determina que a responsabilidade de uma empresa por um produto não acaba no momento em que ele é comprado pelo consumidor.

As empresas que fabricam, importam e comercializam qualquer item também são responsáveis pelo que acontece com as embalagens que saem das prateleiras e vão para a casa dos consumidores.

De acordo com a lei, devem garantir a destinação correta das embalagens pós-consumo. O que for reciclável, por exemplo, precisa voltar para a cadeia produtiva. Atualmente, a quantidade mínima exigida por lei é 22% de toda a massa de embalagens comercializadas.

A lei é nacional, mas cabe a estados e municípios regulamentar e fiscalizar a aplicação das regras. E em algumas unidades da federação, as empresas já são obrigadas a apresentar relatórios anuais sobre a logística reversa. A empresa que não apresenta os relatórios anuais de logística reversa de embalagens pós-consumo pode ser responsabilizada por crime ambiental.

Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, por exemplo, o licenciamento ambiental já está vinculado ao documento. A empresa que não apresenta o relatório anual não consegue renovar a licença ambiental e as atividades são paralisadas.

Política Nacional dos Resíduos Sólidos- Efeito ainda é modesto

O Volume de resíduos com destinação adequada aumentou apenas de 56% para 59% em uma década.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), para além de introduzir novos conceitos nas políticas públicas, como “logística reversa”, “responsabilidade compartilhada” ou “acordos setoriais”, é uma conquista da sociedade brasileira. Foi aprovada depois de mais de 20 anos de discussões no Congresso Nacional, na lei 12.305, de 2010. Estipula responsabilidades, prevê a hierarquia no tratamento dos resíduos, estimula a criação mecanismos de financiamento, entre outras contribuições. Porém, sua implementação ainda está longe da ideal.

Foi preciso mais de uma década até a confecção de um plano nacional. A inexistência de metas e programas norteadores dificultava a implementação no âmbito municipal, em que se dá o gerenciamento dos resíduos. Apenas em 2020 o Ministério do Meio Ambiente abriu consulta pública para a finalização do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares). Além de um diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, o documento traz as metas a serem atingidas e os programas que serão desenvolvidos, como: Programa Nacional Lixão Zero, Programa de implementação e ampliação da Logística Reversa e Programa Nacional de Combate ao Lixo no Mar.

Este artigo teve como base nota técnica publicada na 18ª Carta de Conjuntura do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Conjuscs).
Na PNRS, destaca-se como elemento de planejamento e gestão, em conformidade com as práticas internacionais, a confecção dos planos de gestão dos resíduos sólidos. Contudo, em 2017 apenas 55% dos municípios possuíam seus planos integrados de gestão dos resíduos sólidos, principalmente os mais populosos (PLANARES, 2020). Ocorre que, muitas vezes, os pequenos municípios não têm condições técnicas ou financeiras para a elaboração desses documentos. E ainda que o façam, a implantação, que requer infraestrutura, capacitação técnica e recursos, por vezes inexiste ou é insuficiente. Nestes casos, os planos cumprem mais a meta burocrática do que são efetivados.

A ausência de planejamento também se refere ao financiamento insuficiente. A PNRS não fixou fontes de recursos específicas no âmbito federal, o que denota falta de prioridade, e deixou a política dependente do orçamento geral da União. Em 2017, auditoria do Tribunal de Contas da União revelou que, no período de 2007 até 2014, embora tenha sido destinada uma autorização orçamentária na ordem de R$ 268 milhões anuais, a execução orçamentária não tem alcançado mais do que 5%, ou seja, R$ 6,9 milhões por ano em média (TCU, 2017, p. 24). A Confederação Nacional dos Municípios acrescenta a completa ausência de recursos federais desde 2016 investidos na gestão de resíduos, com execução somente aos restos a pagar de anos anteriores ao citado (CNM, 2021, p.4).

Ainda sobre o financiamento, deve-se atentar para o novo marco regulatório do saneamento básico, instituído pela lei 14.026/2020, que fixou a obrigatoriedade da cobrança pelo serviço público de manejo dos resíduos sólidos urbanos. A cobrança pode ser realizada juntamente com o imposto predial e territorial urbano, como já é praticada por muitas prefeituras, ou outros critérios. Se a cobrança pode diminuir o risco de inadimplência do poder público junto às empresas de limpeza urbana, e pode, se bem utilizada, aumentar a responsabilização dos geradores, ainda não representa uma cobrança diferenciada conforme o tipo de resíduo e seu fluxo, da geração à destinação final. É preciso compartilhar, de modo efetivo, com os produtores de bens e serviços, a responsabilidade pelo custeio do manejo dos resíduos.

O efeito da política até aqui é modesto. Entre 2010 e 2019, o percentual de resíduos com destinação adequada aumentou apenas de 56% para 59%. Os lixões, que no prazo original deveriam encerrar suas atividades em 2014, aumentaram a quantidade recebida de resíduos em todas as regiões do país. O mesmo ocorreu com os aterros controlados, também uma destinação final inadequada.

A ordem de prioridades estabelecida pela PNRS (não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos) continua distante. A maior parte dos resíduos (53%) é destinada aos aterros sanitários, última etapa da hierarquia. Outra parte importante (22%) é levada aos aterros controlados, que não constituem destinação ambientalmente adequada.

A PNRS também trata dos resíduos perigosos e obriga a criação de sistemas de logística reversa para as embalagens de agrotóxico, pilhas e baterias, óleos lubrificantes e suas embalagens, lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, e os resíduos eletroeletrônicos.

A questão ambiental tornou-se um valor social agregado à economia
Os sistemas de logística reversa carecem de regulação adequada e investimentos. Dos seis fluxos prioritários contidos na lei, houve avanços onde já havia sistemas anteriormente estabelecidos, caso dos pneumáticos e embalagens de agrotóxicos, contemplados em resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente, inclusive com a definição de metas e prazos. Em eletroeletrônicos, por exemplo, os avanços são modestos. Segundo Schluep et al (2009), o Brasil gerava mais de 98 mil toneladas/ano de resíduos de computadores.

Dados do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos apontam que em 2019 foram coletadas 384,5 toneladas de resíduos eletroeletrônicos, e foram instalados 258 pontos de coleta. Outro acordo recente é aquele de para as embalagens e sobras de medicamentos de uso domiciliar; que deverão ser recolhidos junto às farmácias. Embora a literatura a respeito ainda seja pequena, indica que a iniciativa ainda não alterou suficientemente o comportamento dos consumidores em favor do descarte adequado desses resíduos.

A PNRS reconhece e valoriza o trabalho do catador, base da recuperação dos materiais recicláveis e importante agente ambiental no cenário urbano. No Brasil, em 2010, existiam 398.348 pessoas ocupadas como “Coletores de lixo” – código de subgrupo 961 da CBO Domiciliar do IBGE. É fundamental a profissionalização da catação. As condições de trabalho, saúde e segurança devem ser melhoradas. E, principalmente, o catador deve ser remunerado pelas tarefas que desempenha, a coleta, a triagem, a revenda de materiais. E, portanto, pela contribuição que oferecem como prestadores de serviços ambientais urbanos. Do contrário, a catação continuará restrita aos materiais cujo preços sejam atraentes o suficiente, o que limita a reciclagem e a possibilidade de uma economia mais sustentável.

Outro aspecto é a segregação na fonte geradora, para o que concorre a educação ambiental. Mas que pode ser potencializada com o uso de instrumentos econômicos.

Ricardo Salles sepulta Política Nacional de Resíduos Sólidos ao incentivar incineradores
A ausência desses instrumentos, ou qualquer outro regime de incentivos contribui para os altos índices de rejeitos nas cooperativas e associações de catadores, dada a contaminação dos materiais recicláveis, tornando-os inviáveis para a comercialização. Na outra ponta, não são concedidos incentivos à indústria recicladora, de modo a tornar mais rentável o uso de matérias-primas recuperadas dos resíduos.

A gestão carece de efetiva integração de ações e políticas, a começar pela coordenação dos incentivos dos agentes econômicos. O princípio da gestão compartilhada, por deixar indefinidas as responsabilidades de cada agente, dificulta desde a separação na fonte geradora à logística reversa. Em particular, o acordo setorial para as embalagens, fundamental para os resíduos sólidos urbanos, celebrado em 2015, não produziu efeitos significativos nos índices oficiais de reciclagem. Segundo Demajorovic e Massote (2017, p. 480), a implementação do acordo [setorial] possibilita que fabricantes e usuários de embalagem sejam free-riders [caronas] de estruturas já financiadas pelas autoridades municipais, sem uma contrapartida a esse investimento já realizado.

Finalmente, faltam dados para uma gestão adequada dos resíduos. O Tribunal de Contas da União constatou essa ausência e recomendou a implementação de um sistema de informações. Pois, sem isso, o monitoramento e o controle da política ficam limitados (TCU, 2017). O Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR), plataforma do governo federal, está em fase de consolidação.

Flavio da Silva Freitas é professor de Economia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Pesquisador de pós-doutorado do Programa Cidades Globais, do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Wanda M. Risso Günther é professora titular do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP. Vice-presidente da Comissão de Pós-Graduação e Coordenadora do Programa USP Recicla-FSP/USP.