Luiza Helena: “Quem não entrar no ESG não tem mais valor no mercado”

Presidente do conselho do Magazine Luiza, a executiva falou à M&C sobre o novo momento do varejo.
Em março do ano passado, pela primeira vez na vida, a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, parou. A chegada da covid-19 e as primeiras medidas de isolamento social, que representaram o fechamento total do comércio do país quase do dia para a noite, causaram medo. “Eu paralisei nos dois primeiros dias”, conta ela, em entrevista exclusiva à plataforma Mercado&Consumo.

Mas, como tem sido característica de Luiza Helena desde jovem, quando começou a trabalhar na empresa criada pela tia de quem herdou o nome, a reação foi rápida. A executiva diz que ficou mais tranquila ao ver as medidas tomadas pelo filho, Frederico Trajano, atual presidente da empresa, e por todo o time. A criação de programas como o “Parceiro Magalu”, plataforma digital de vendas grátis para autônomos, micro e pequenos varejistas, e a participação no movimento “Não Demita!”, pelo as empresas se comprometeram a manter os postos de trabalho, foram algumas das medidas tomadas já naqueles primeiros momentos.

Hoje, Luiza Helena Trajano diz que tem aprendido muitas coisas nesse período. Entre elas, a de que a sigla ESG (Environmental, Social and corporate Governance), que define práticas ambientais, sociais e de governança, deve ser olhada com muita atenção pelo empresariado. “Quem não entrar no ESG não tem mais valor no mercado”, sentencia.

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista que Luiza Helena Trajano concedeu à Mercado&Consumo.

Mercado&Consumo: O Magazine Luiza não parou nos últimos meses. Só neste ano, comprou mais de dez empresas, investiu em áreas das mais diversas, como conteúdo, tecnologia e logística. Além disso, já tinha uma estrutura on-line bem estabelecida, que permitiu que aproveitasse as oportunidades surgidas no e-commerce. Ainda assim, qual tem sido a maior dificuldade para você como executiva e quais têm sido os aprendizados da pandemia?

Luiza Helena Trajano: A primeira dificuldade minha foi que pela primeira vez eu paralisei nos dois primeiros dias. Eu sempre tenho medo, mas eu nunca paralisei. Eu fiquei dois dias sem conseguir entender nada, mas já sabia que a coisa ia ser muito séria. Depois disso, eu reagi muito rapidamente. Senti que a empresa estava bem, tomando as medidas certas.

Quando entramos na pandemia, nós já tínhamos 50% da nossa venda digital e não ficamos “dormindo” sobre esses 50%. O Frederico [Frederico Trajano, filho de Luiza e atual presidente da empresa] e toda a equipe criaram o “Parceiro Magalu” e apareceram 600 mil pessoas para vender para o Magazine Luiza. Eram pessoas que vendiam na rua, na praia, biscoito, picolé, artesanato, e que ficaram sem comida de um dia para o outro. Quando começou a pandemia, eu entrei no “Não Demita!” e o pessoal falava “Luiza, você tá ficando doida em não demitir?” E eu dizia: “Gente, quem pode não demitir – como era o nosso caso na época -, não demita”. O mercado vive da renda e do crédito, a renda só vem através do emprego, e cada vez que desemprega uma pessoa você está tirando do seu próprio mercado. A gente não só não demitiu como admitiu 5 mil pessoas na carteira no ano passado.

Também cuidamos da saúde da nossa equipe, com telemedicina, médicos por região, acompanhamento de cada cidade para saber como é que estava o índice de hospitais. Nós estamos fazendo todos os dias melhor do que a gente fez ontem e cuidando do nosso cliente e da nossa equipe. Nós estamos há 23 anos entre as cinco melhores empresas para se trabalhar no Brasil e comprando várias empresas, sempre com o cuidado de manter o nosso propósito, apesar do nosso tamanho.

Eu também comecei a entender que, apesar de eu ser bem voltada à tecnologia, eu não entendia nada de conexão digital. Comecei a estudar todos os dias e hoje eu dou aula de luz, de postura. Mas não é fácil, me exigiu muito isso. Nós tínhamos um só inimigo, que era o vírus, e ele entrou sem nos pedir licença. Desde o começo, eu me pus numa postura de respeitar o vírus, saber que ele veio para trazer minha impotência, e eu tinha que enfrentar isso. É muito importante a gente entender que esse momento exige muito cuidado com a gente mesmo e muito cuidado com os outros e essa pra mim é hoje a maior dificuldade.

“Eu sempre tenho medo, mas eu nunca paralisei. Eu fiquei dois dias sem conseguir entender nada, mas já sabia que a coisa ia ser muito séria.”

M&C: Como você acha que o empresariado brasileiro atuou e de que forma poderia ter atuado ou pode atuar ainda para ajudar nesse momento que a gente espera que seja de retomada?

Luiza Helena Trajano: As famílias empresárias e os empresários que estão na execução distribuíram R$ 7 bilhões – em UTI, hospitais e maquinário. Mas o mais importante é que nós desenvolvemos a cultura da doação, e o Brasil era muito atrasado nisso. O empresariado brasileiro não só doou, ele assumiu a doação, as famílias. Aumentou muito o nível de consciência dele. Se poderia ter sido mais ou não, não adianta também pensar nisso agora. É como no caso da vacina: não vamos buscar culpados, quem não comprou ou não, agora nós temos é que salvar vidas. Nós, como empresários, somos assim. Erramos, damos uma olhada no erro e partimos para o acerto o mais rápido possível.

M&C: O Grupo Mulheres do Brasil, que você preside, também criou um movimento muito importante para acelerar a vacinação. O Magalu também tem se destacado por ações não só relacionadas à questão da mulher, mas à contratação de negros, enfim, tem abraçado causas. Por que é importante para uma empresa abraçar essas causas?

Luiza Helena Trajano: Se fosse há um ano e meio, eu te responderia bem diferente do que eu estou te respondendo hoje. Diria que “vale a pena, o país é diverso, o país precisa ter diversidade, você precisa resgatar teu propósito, o propósito é que fica”. Eu vou responder bem diferente: depois do ESG, quem não entrar nessas causas não tem mais valor no mercado. Ele chegou no mercado financeiro, agora não é questão de opção mais. Então, quando eu estou com as diretoras de RH, ou com as gerentes de RH, eu falo para elas: a coisa mais importante é saber que a gente mudou de ciclo. Chegou o momento de mulheres, de diversidade, de negros, e a pandemia também acelerou isso. É sobrevivência, minha gente. Não é mais questão de optar. Senão você não fica mais no jogo. A gente tem de trabalhar com a indústria, com o descarte, ver onde podemos ajudar, porque se não pensar a sua empresa vai ficar fora do mercado, ou vai valer 50% a menos do que ela poderia valer. O consumidor não aceita mais, e o mercado investidor vai atrás do que o consumidor quer.

“Depois do ESG, quem não entrar nessas causas não tem mais valor no mercado.”

M&C: Depois de ter paralisado aqueles dois dias, qual é sua expectativa agora? Você consegue traçar um horizonte hoje?

Luiza Helena Trajano: Eu tinha quase certeza, lá para junho, julho agora, que a gente ia ter um final de ano muito legal, que ia aumentar o emprego. Mas com essa “brigaiada” política que nós temos, com uma inflação grande, com juro crescendo, eu hoje estou com um ponto de interrogação na cabeça. Porque vai ter consumo, mas a gente não vai ter o emprego que a gente quer enquanto a gente continuar se pautando por jogo político, que não é legal para ninguém, para nenhum partido. Eu estou clamando à população uma pauta positiva para o Brasil, sem ter um partido ou outro, sem brigar um com o outro, sem buscar culpados. Nesse momento, a gente tem que buscar solução juntos. Se a gente fizer isso, a gente vai ter um dezembro muito bom e a gente terá um ano que vem muito bom. Então, assim, vamos nos unir. Não importa qual partido, não importa se eu votei em um ou em outro, o que importa é esse momento, vamos deixar 2022 para daqui a um ano e meio, vamos cuidar daqui agora. Essa é minha proposta. Não vou sair candidata, não sou candidata, já estou avisando bastante isso, mas tenho um grupo com quase 100 mil mulheres que é um grupo político, suprapartidário, e que vai ter muitos projetos para o Brasil. São mulheres de todos os níveis e que sabem que a gente tem de estar junto para lutar pelo Brasil e ser o maior grupo político suprapartidário.

“Não sou candidata, mas tenho um grupo com quase 100 mil mulheres que é um grupo político, suprapartidário, e que vai ter muitos projetos para o Brasil.”

M&C: Que mensagem final você deixaria para esses brasileiros que estão ansiosos para ver uma retomada?

Luiza Helena Trajano: Primeiro, que o digital é uma realidade e não adianta fugir dele. A loja física não vai acabar, tanto é que nós entramos no Rio de Janeiro, mas ela se toma um outro rumo. Ela passa a ter a multicanalidade. Nossas lojas hoje são mini CDS que entregam o produto que o cliente comprou na internet.

Além disso, vamos trabalhar o Brasil, vamos acreditar, vamos parar de ser pautado por essa “brigaiada”, não vamos ficar dando diagnóstico e opinião no WhatsApp o dia inteiro, vamos fazer acontecer. O Brasil é maravilhoso, tem um consumo ótimo, uma temperatura maravilhosa, uma diversidade econômica maravilhosa, vamos lutar e vamos nos unir pelo Brasil.

Coop faz parceria com startup para incentivar logística reversa

O Brasil está longe de ser exemplo mundial em reciclagem de materiais, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Apenas 3% do lixo que poderia ser reciclado é reaproveitado no país e 8% do que é jogado fora não é sequer coletado. Outro dado assustador é que mesmo o que é recolhido, 40% têm como destino final locais impróprios, como os lixões e em torno de 30 milhões de toneladas por ano vão para locais inadequados, contaminando o meio ambiente de maneira contínua.

Preocupada com as questões ambientais e seguindo o plano de sustentabilidade, que envolve temas de saudabilidade e consumo consciente, a rede de varejo Coop firma parceria com a startup Molécoola como forma de contribuir com a logística reversa. O cooperado ou cliente que aderir à mudança de comportamento também será beneficiado.

A Molécoola opera a logística reversa de embalagens e produtos pós-consumo, incentivando a reciclagem e por meio de um programa de fidelidade ambiental, a startup dá pontos para os consumidores trocarem por produtos e serviços ao levarem seus recicláveis a uma de suas lojas-contêineres. “Quem descartar os seus resíduos de forma correta receberá pontos para troca de produtos no leque de opções da Molécoola ou descontos em produtos do patrocinador da estação de reciclagem”, explica Murilo Venancio da Silva, analista de Responsabilidade Social.

A loja da Coop, instalada na Avenida Industrial, 2001 – Bairro Campestre, em Santo André, será a primeira a receber uma unidade Molécoola em seu estacionamento. Em seguida, será a vez da loja localizada na Rua Carijós, 1843 – Vila Linda, Santo André e a unidade da Rua Joaquim Nabuco, 277 – Centro, São Bernardo do Campo. Para participar do programa de fidelidade e começar a juntar pontos, é necessário fazer o cadastramento no portal www.molecoola.eco/.

A tendência de entregas feitas com veículos sustentáveis

À medida que a pauta ESG e o Pacto Global das Nações Unidas (ONU) avançam, empresas dos mais variados segmentos entram na corrida para zerar as emissões de carbono. Diante deste cenário, as startups que oferecem serviço de entrega sem poluição ganham destaque.

Em tempos de nova economia, de um lado as entregas de aplicativos e e-commerce crescem, do outro — se os veículos não são sustentáveis — aumentam a poluição no mundo.

Para reduzir o impacto ambiental, algumas empresas, como o iFood, recorreram à compra de crédito de carbono. Outras, como a Americanas, estão apostando no uso de veículos sustentáveis na última milha.

O cenário, contudo, cria oportunidade de negócios para as startups. É o caso da Carbono Zero Courier, fundada em 2010 por Rafael e Danilo Mambretti. A empresa oferece serviço de entrega por meio de bicicletas, tuc-tucs e carros elétricos.

COMO FUNCIONA A CARBONO ZERO COURIER
O modelo de negócio é similar ao da Loggi: o cliente solicita a entrega por meio do site ou telefone. Tempo depois, o entregador — seja de bicicleta, furgão elétrico, moto elétrica ou tuc-tucs — retira o item e faz a entrega no endereço de destino.

Durante o pedido é possível identificar a distância entre os pontos (retirada e entrega), rastrear o pedido e visualizar a quantidade de emissão de carbono evitada. É possível notar que a empresa visa unir a tecnologia e a sustentabilidade em apenas um serviço.

As entregas são feitas na Grande São Paulo e Baixada Santista. “Mas o plano é expandir para outras cidades e estados ainda neste ano”, diz em entrevista à StartSe Leonardo Lorentz, sócio-gestor da empresa. Ao todo, são feitos cerca de 150 mil envios entre documentos e produtos.

Desde a fundação da empresa, cerca de 580 toneladas de CO2 foram evitadas.

QUAL É O PÚBLICO-ALVO?
Segundo Leonardo, é pessoa jurídica, como grandes varejistas e transportadoras. Algumas fazem os pedidos de forma avulsa, outras — que têm mais demandas — fecham contrato mensal.

Porém, é interessante notar que a clientela, por conta da pauta ESG e a chegada do Pacto Global das Nações Unidas (ONU), está na corrida para zerar as emissões de carbono. Faz sentido, portanto, usar os serviços da logtech.

Outro ponto de vista que vale observar é o uso por transportadoras tradicionais. Isso acontece porque as marcas das quais são parceiras passaram a exigir o uso de veículos mais sustentáveis e, para otimizar dinheiro e tempo — ao invés de criar a própria frota — subcontratam a Carbono Zero Courier para fazer as entregas.

QUAIS EMPRESAS SÃO CLIENTES?
Do segmento de transportadora, a Carbono Zero Courier tem clientes como DHL e Sequoia. Do lado de empresas, conta com Bayer, B3, Google, Netflix, Pinheiro Neto, entre outras.

ENTREGADOR DA CARBONO ZERO
Diferente das empresas de delivery e transportadoras por aplicativo — em que os profissionais de entrega são colaboradores informais —, “a maioria de nossos entregadores são contratados na modalidade CLT e recebem benefícios como, seguro, uniforme e equipamento de segurança”, diz Lorentz.

Dos 270 entregadores da modalidade bicicleta, cerca de 90 são contratados no regime CLT, os outros são MEI (microempreendedor individual). Já os profissionais que trabalham com a moto elétrica (18), furgões (4) e tuc-tuc (1) são contratados formalmente.

TENDÊNCIA
A prática de entrega com veículos sustentáveis tem sido adotada por uma série de companhias. O Grupo Boticário, por exemplo, disse que até 2025 todas as entregas serão feitas com veículos elétricos.

A Americanas além de ter fechado uma frota de tuc-tucs, investiu em carros elétricos. A varejista Telhanorte também, em breve, terá uma frota neutra de carbono.

POR QUE IMPORTA?
Não é segredo: sustentabilidade se tornou uma regra em todo o mundo. Com o avanço da pauta ESG, do Pacto Global e da pressão dos consumidores, cada vez mais, as empresas vão precisar correr para reduzir as emissões de carbono.

Quem pode ganhar nessa são as startups. Isso porque, diante do prazo curto (para zerar as emissões) e o alto custo, pode ser mais barato para as empresas fecharem parcerias com frotas sustentáveis já consolidadas no mercado ao invés de criarem do zero.

No caso da Carbono Zero Courier, é interessante notar que os empreendedores olharam — em 2010 (ano do nascimento da companhia) — uma tendência que seria acelerada, a da logística de entrega sustentável.

MERCADO PROMISSOR?
Vale destacar também que a medida que o mercado de e-commerce e delivery crescem em ritmo acelerado, provavelmente exigirá mais demanda das entregas benéficas ao meio ambiente.

Já o mercado brasileiro de delivery foi responsável por quase metade do crescimento do delivery na América Latina no ano passado, segundo um levantamento feito pela Statista. O setor está tão aquecido que a expectativa é movimentar US$ 6,3 trilhões globalmente até o final de 2021. O que impacta diretamente no mercado de entregaS.

Boticário traz o Boti Recicla, maior programa de logística reversa em pontos de coleta no segmento de beleza do país

Marca conscientiza sociedade a contribuir na reciclagem de resíduos, transformando a reciclagem em possibilidade para potencializar a educação.
O Boticário apresenta o Planeta de Plástico em realidade aumentada com o objetivo de promover reflexão na sociedade sobre o descarte irresponsável de resíduos. Em 2021, o Boticário sela seu compromisso: embalagens de cosméticos retornadas nas lojas da marca serão transformadas em espaços escolares sustentáveis. Há 44 anos trabalhando com sustentabilidade, a marca mostra a real dimensão da problemática do lixo em um Planeta coberto por plástico e convida as pessoas para fazerem parte da solução estimulando a cocriação de um futuro transformado pela educação.

O Brasil é o 4º país que mais produz plástico no mundo, e apenas 1.28% desses resíduos são reciclados. Esses dados alarmantes revelam um Planeta de Plástico com imagens perturbadoras e, durante a experiência, o usuário desbrava um local inóspito, sem vida e repleto de lixo. As telas digitais – disponíveis na experiência através do mobile e desktop, apontam que os resíduos plásticos que habitam esse planeta ultrapassam a extensão do Rio Tietê, em São Paulo; são suficientes para cobrir toda a Chapada Diamantina, na Bahia; e que, se até 2050 a sociedade não repensar sobre o descarte responsável, o planeta Terra será um deserto com 34 bilhões de toneladas de plástico.

No segundo semestre de 2021, a marca traz o Boti Recicla, maior programa de logística reversa em pontos de coleta no segmento de beleza do país, para mais uma ação de transformação e desenvolve espaços escolares sustentáveis. São 17 escolas públicas pelo país que recebem locais de 30m² compostos, aproximadamente, por 2.2 toneladas de plástico reciclado. A entrega dos espaços é o processo de um ciclo que nunca acaba e que se inicia com o convite para conscientização feito pela marca a partir do Planeta de Plástico.

“O Planeta de Plástico não é apenas uma realidade aumentada, ele já existe – nós só não estamos vendo. Essa versão aponta para a dimensão do problema e se torna uma poderosa ferramenta de conscientização. Com ajuda da sociedade, o Boticário vai tangibilizar impacto positivo, fomentando a educação em escolas pelo Brasil e perpetuando um ciclo de consciência que nunca acaba. Acreditamos em um futuro possível, transformado pela educação”, afirma Renata Gomide, Diretora de Branding e Comunicação do Grupo Boticário.

A jornada de sustentabilidade do Boticário é perene – em 2006, a marca criou o Boti Recicla, maior programa de logística reversa em pontos de coleta no segmento de beleza – são cerca de 4 mil pontos espalhados em 1.750 municípios brasileiros. Em 2020, deu vida a um projeto inédito, transformando resíduos plásticos em uma Pop Up Sustentável no Parque Ibirapuera, e em mais oito lojas sustentáveis espalhadas pelo Brasil – o plano de abertura ainda prevê, aproximadamente, 17 lojas no mesmo formato para 2021. O Boticário acredita que tem um papel importante na conscientização e transformação da sociedade, mas entende que a população e outras marcas precisam caminhar juntas para gerar maior entendimento do problema. A mobilização conjunta é essencial para mudar o futuro do planeta. A transformação de uma embalagem é o começo de um novo futuro.

O Planeta de Plástico, ferramenta que mostra cenários tomados por lixo, alerta, que, se até 2050 a sociedade não repensar sobre o descarte de resíduos, o planeta Terra poderá ser um deserto com 34 bilhões de toneladas de plástico. Ativação iniciou em 26 de agosto e está disponível gratuitamente em https://planetadeplastico.boticario.com.br/.

Americanas lança loja com itens da Amazônia em marketplace social

Plataforma Americanas Social reúne produtos de instituições sociais com todo o lucro revertido para as causas.
A AmazoniAtiva inaugurou na última quinta-feira (2) uma loja na Americanas Social, plataforma de marketplace social da Americanas que reúne produtos de instituições sociais no site e app da marca, com todo o lucro revertido para as causas. A AmazoniAtiva é uma plataforma de produtos e ativos da Amazônia Brasileira e foi idealizada como um dos mecanismos de mercado para reduzir o desmatamento.

Criada em 2019, a AmazoniAtiva foi projetada como parte da estratégia de governança climática para o estado de Rondônia e cresce para se tornar um hub digital de soluções em comercialização, logística, planejamento e gestão da bioeconomia. Atualmente, reúne cerca de 70 parceiros e já beneficia mais de seis mil pessoas nos nove estados que compõem a Amazônia.

Para a estreia na Americanas, foram eleitos sete parceiros: Acre Biojóias; Cacau River; Coomflona; Ekilibre; Saboaria Rondônia; Farofa da Amazônia e Gaia Artesanato. São produtores de cafés, farofas, chocolates, cosméticos, biojóias e artesanatos em madeira certificada. Os protagonistas da AmazoniAtiva são os povos indígenas, quilombolas, extrativistas, pequenos e médios empreendedores, agricultores familiares e lideranças femininas, que representam a diversidade da Amazônia brasileira.

“O propósito da AmazoniAtiva é promover o desenvolvimento da bioeconomia, criando uma conexão entre empreendedores locais, investidores e consumidores. Orientada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a iniciativa valoriza o manejo florestal, a criatividade e a capacidade de produção das comunidades extrativistas”, destaca o diretor de Florestas e Políticas Públicas da BVRio, Beto Mesquita. “Um dos critérios da curadoria é o compromisso do parceiro com um modelo de produção inclusivo e responsável, que promova o respeito à diversidade cultural e à sustentabilidade na região”, conclui Renato Castro, gerente de Design e Madeira da BVRio.

Geração de renda e inclusão
Segundo documento publicado pelo Governo do Amazonas, a bioeconomia se refere a estruturas de mercado pautadas em produtos e processos que partem de quatro princípios norteadores: conservação da biodiversidade; ciência e tecnologia voltadas ao uso sustentável da sociobiodiversidade; diminuição das desigualdades sociais e territoriais; expansão das áreas florestadas biodiversas e sustentáveis. “Valorizar as redes de conhecimento produtivo na região e promovê-las na Americanas dará ainda mais visibilidade para acelerar o fomento da economia dos nove estados da Amazônia Legal”, complementa Beto Mesquita.

Ampliando esta visibilidade de causas e trabalhos de ONGs parcerias, como a AmazôniAtiva, o marketplace social da Americanas dá protagonismo a micro e pequenos empreendedores, promovendo a geração de renda, a inclusão e redução das desigualdades. “O objetivo da Americanas Social é utilizar a nossa robusta plataforma de marketplace e a inteligência em logística para conectar, com qualidade e confiança, produtores de todo o Brasil a um mercado gigante, com uma base ativa de 49 milhões de clientes”, explica Jean Lessa, diretor de marketplace da Americanas S.A..

Na Americanas Social, 100% do lucro é revertido para as instituições. “Estamos incluindo estes artesões e comunidades no mapa do e-commerce, com uma gama de conteúdos, soluções e tecnologias que contribuem para o desenvolvimento dos seus negócios. Com isso, fortalecemos também o nosso propósito de somar o que o mundo tem de bom para melhorar a vida das pessoas”, comenta Jean Lessa.

De olho na agenda ESG, grandes empresas apostam em startups de impacto socioambiental

Cada vez mais alinhadas à agenda ESG, grandes companhias estão apoiando e investindo em startups com ações que geram impacto socioambiental – incorporando, inclusive, muitas iniciativas ao negócio.

Pelo segundo ano, a Aegea Saneamento, a marca Johnnie Walker e a consultoria Grant Thornton apoiam e patrocinam o Selo iImpact, desenvolvido pelo Innovation Latam em parceria com a Fundação Dom Cabral, que reconhece startups que realmente produzem impacto positivo na América Latina.

Ao participar do processo de seleção e avaliação, que está atualmente em andamento, as startups podem se qualificar e mostrar ao mercado o compromisso em promover soluções que corroborem com os 17 ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Além do reconhecimento, elas têm a oportunidade de se conectarem com mentores, empresas e possíveis investidores.

Com uma agenda global pelo impacto socioambiental, a gigante do setor de bebidas Diageo, detentora de Johnnie Walker, tem buscado a inovação em startups que se destacam na área. Por meio de sua marca icônica de whisky, criou no Brasil parcerias com pequenos empreendedores de impacto no lançamento de produtos. Uma das recentes iniciativas anunciadas no país é o uso do copo produzido a partir da fibra da mandioca, que em 90 dias vira adubo, fornecido pela startup Já Fui Mandioca, reconhecida pelo Selo iImpact no ano passado.

“Johnnie Walker assumiu uma série de compromissos ambientais que até 2030 garantirão: 100% da produção do uísque de carbono líquido zero; 100% das destilarias com energia renovável e todas as embalagens recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis. A ideia é tornar a marca mais sustentável em toda sua jornada, do grão ao copo”, diz João Victor Guedes dos Santos, Head de Marketing de Johnnie Walker na Diageo para Paraguai, Uruguai e Brasil. “Para isso, temos buscado soluções inovadoras criadas por startups e, com o apoio ao Selo iImpact, estamos ampliando nossas atuações de impacto positivo para construirmos juntos um futuro melhor para todos”, complementa o executivo.

Globalmente, Johnnie Walker prepara o lançamento de uma garrafa totalmente feita de papel, o que irá representar uma transformação no universo das bebidas premium e dos destilados. Além disso, a Diageo já conta com o programa de logística reversa das embalagens de vidro denominado “Glass is Good”.

O apoio ao Selo o iImpact é uma das formas da Aegea Saneamento, uma das maiores empresas privadas desse segmento no Brasil, intensificar o seu relacionamento com startups de impacto social e a promoção de iniciativas que resultem em soluções inovadoras, beneficiando e transformando a vida das pessoas. A estratégia já trouxe resultados práticos, como o uso da solução de gerenciamento central de eventos da startup TaKadu para reduzir as perdas de água.

Com base em análises de big data e aprendizado de máquina, o serviço baseado em nuvem detecta, analisa e gerencia eventos de rede e incidentes como vazamentos, falhas em ativos, telemetria e problemas de dados, falhas operacionais e muitos outros. Estimativas apontam que o prejuízo causado por esses tipos de problemas no Brasil é R$ 10 bilhões por ano.

Utilizando soluções como a da TaKadu e da Utilis, startup que fornece dados de umidade do solo subterrâneo detectados por satélite, entre outras ações de combate a perdas, a Aegea calcula ter reduzido as perdas de água em 71 milhões de metros cúbicos em apenas quatro anos.

“Nosso objetivo é aumentar ainda mais a participação de startups no negócio, com estruturação de novas iniciativas de inovação aberta. Acreditamos que o Selo iImpact é uma forma de reconhecer startups com ações de impacto socioambiental, fato inerente às nossas premissas em ESG e como também estimular a inovação em diferentes regiões do Brasil.”, afirma Klaus paz, Gerente de Inovação da Aegea.

A empresa de saneamento é uma das criadoras do fundo mundial de inovação da água (WWIF, www.waterinnovationfund.com). Essa organização foi fundada em 2019 com objetivo de unir as maiores empresas de todo o mundo para encontrar, desenvolver e acelerar as tecnologias inovadoras focadas em melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Para a Grant Thornton Brasil, o apoio ao Selo iImpact está em linha com as iniciativas da empresa de auditoria e consultoria na área, que anunciou no ano passado sua adesão aos princípios do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), comprometendo-se a relatar o progresso das medidas adotadas anualmente.

“Os objetivos da ONU vêm ao encontro de muitas ações já adotadas pela empresa junto aos seus clientes e parceiros. Sabemos que para realmente gerar impacto na sociedade não basta autodeclarar a intenção de promover ações na área. Por isso, apoiamos o selo iImpact, que abre oportunidades para startups que comprovam com evidências concretas a sua contribuição social”, afirma Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil.

Prática comprovada por grandes empresas

Ano passado, o Selo iImpact recebeu a inscrição de mais de 500 startups, distribuídas em 22 países. Ao todo, 65 projetos foram reconhecidos pelo impacto gerado a sociedade.

“O Selo iImpact possibilita ganhos a startups, investidores e sociedade. Além de reconhecimento as startups abrem oportunidades para que suas iniciativas de impacto socioambiental sejam colocadas em prática por grandes empresas, ampliando o seu alcance na sociedade”, afirma João Pedro Brasileiro, fundador da plataforma Innovation Latam.

A avaliação é feita a partir da metodologia desenvolvida pelo Prof. Dr. Fabian Salum e sua equipe, da Fundação Dom Cabral, que além de estar alinhada com os compromissos definidos pela ONU, busca a comprovação das evidências da contribuição socioambiental gerada pela startup para com a sociedade que recebe direta ou indiretamente o impacto positivo dessa contribuição.

O primeiro passo para as startups obterem o selo iImpact é preencher um questionário qualificatório no site oficial. Na etapa seguinte, são coletadas as evidências de impacto, que serão julgadas por uma banca composta por executivos de grandes empresas e organizações, que atuam na América Latina e em outros países, além de docentes.

Entre as companhias estão Aegea, IBM, Ambev, Grant Thornton, Amazon, Gerdau, MRV Engenharia, Electrolux, Banco Carefour, Grupo A.Yoshii Engenharia, Editora Globo, Grupo Sequoia, Bradesco, Cubo-Itaú, Dow, Roche, Saque-Pague e outras.

Dentre as organizações internacionais, destacam-se o ICLEI, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, Future Females, Principles for Responsible Investment, ISH Markit for Latin America, dentre outros.

Grupo Boticário fará entregas com veículos elétricos da DHL Supply Chain em SP

DHL Supply Chain, líder global em armazenagem e distribuição, fechou uma parceria com o Grupo Boticário para zerar as emissões das entregas da varejista de beleza em suas lojas na capital paulista.

O projeto faz parte do objetivo do Grupo Boticário de que 100% das entregas sejam feitas por veículos elétricos até 2025 nas capitais. A DHL Supply Chain, por sua vez, tem a meta de zerar suas emissões até 2050. Com a parceria, estima-se que mais de 48 toneladas de gases deixarão de ser emitidas por ano a partir de 2022.

“Já estamos fazendo entregas com nossas vans elétricas e, em breve, também colocaremos caminhões modelo VUC para atender a 40% das lojas localizadas na cidade de São Paulo a partir de agosto”, afirma Gabriela Guimarães, vice-presidente de Retail, E-commerce e Services Logistics da DHL Supply Chain, que complementa que a implantação da nova propulsão nas entregas será realizada em fases.

Neste projeto, que teve início em janeiro de 2021, a DHL Supply Chain transporta os produtos de beleza de um Centro de Distribuição em São Gonçalo dos Campos (BA) para um hub de transportes da DHL na Grande São Paulo. De lá, são realizadas as entregas para as cerca de 280 lojas em quase todos os bairros da cidade de São Paulo.

Para este projeto, a DHL Supply Chain utilizará uma frota dedicada elétrica inicial de 14 veículos. Atualmente, o Grupo Boticário é o maior varejista de beleza e a rede de franquias com maior número de unidades no país. O grupo é dono das marcas O Boticário, Eudora, Quem Disse, Berenice?, BeautyBox, Multi B, Vult, Beleza na Web e O.u.i, que serão transportadas pelos veículos elétricos.

“Estamos muito felizes com esse projeto por vários motivos, mas o que tem nos motivado de verdade é o fato da união de duas empresas com valores muito parecidos. Sustentabilidade, diversidade, excelência e inovação são alguns deles. Além disso, o uso de veículos elétricos traz muitas vantagens, como é o caso da menor geração de ruído, liberação de restrições de circulação e, claro, a não emissão de gases, reduzindo assim a pegada de carbono das organizações”, ressalta Gabriela Guimarães.

“Esse movimento é um passo importante que reforça o trabalho de longa data que realizamos em ESG, especialmente na frente ambiental. Avançamos nesta agenda, mas sabemos que ainda há muito a ser feito para preservação dos recursos naturais”, afirma Fernando Modé, CEO do Grupo Boticário.

“Planos verdes” do Grupo Boticário
A iniciativa faz parte dos planos do Grupo Boticário de ampliar seu impacto positivo para a sociedade até 2030. Em abril, a companhia assumiu 16 compromissos socioambientais reunidos na plataforma “Uma Beleza de Futuro”, que incluem “neutralizar o impacto ambiental de emissões de GEE, água e energia de 100% da operação direta” e “reduzir em 50% o impacto ambiental de emissões de GEE, água e energia dos nossos fornecedores críticos”.

Outro aspecto da parceria é a diversidade. A DHL Supply Chain está com um programa para formar motoristas femininas para realizar estas entregas.

Atualmente, a DHL Supply Chain dispõe de uma frota elétrica de mais de 60 veículos no Brasil, entre vans e um caminhão elétrico, realizando entregas verdes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. A operadora logística utiliza também bicicletas para entregas urbanas de baixo volume e dispõe de um Centro de Distribuição com uma usina solar no teto que gera quase toda a energia que consome.

Nos próximos doze meses, a companhia planeja adquirir cerca de 200 veículos elétricos no Brasil, a fim de expandir ainda mais suas soluções logísticas verdes, hoje mais focadas nos mercados de varejo, moda, eletroeletrônicos e medicamentos.

Americanas expande entrega de encomendas em favelas

Após um teste em abril, a varejista estendeu o projeto para outras quatro dessas comunidades neste mês, incluindo Rocinha e Vila Cruzeiro (RJ), além de Heliópolis e Cidade Júlia (SP).

A Americanas está expandindo a entrega de encomendas em favelas, tentando marcar posição entre um público de milhões de consumidores “subatendidos” e se cacifar na disputa cada vez mais aguerrida do comércio eletrônico no Brasil.

Após um teste em abril, a varejista estendeu o projeto para outras quatro dessas comunidades neste mês, incluindo Rocinha e Vila Cruzeiro (RJ), além de Heliópolis e Cidade Júlia (SP). O modelo consiste na entrega das encomendas pela Americanas nas margens da favela, e um contêiner que serve como centro logístico. A partir daí, a ‘última milha’ é realizada por moradores sob direção da G10 Favelas, grupo de líderes para iniciativas de impacto social e econômico nessas comunidades.

O modelo foi expandido após a Americanas ter colhido desde abril um aumento de cerca de seis vezes do número diário de entregas em Paraisópolis, uma das maiores favelas em São Paulo, dado o maior êxito de entregadores da Favela Brasil Xpress em chegar a moradias em becos e vielas, muitas sem CEP ou numeração.

Segundo o presidente nacional do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, a meta para 2021 é expandir o projeto para 50 favelas, chegando mais adiante às mais de 300 comunidades no país.

Segundo o o gerente de operações da Americanas, André Biselli, a parceria, combinada com projetos de inclusão como bolsas de estudos em logística para moradores das favelas, tem se mostrado um caminho mais efetivo de alcançar clientes ao criar um envolvimento com as comunidades.

Devido aos casos frequentes de assaltos e roubos a caminhões com entregas de encomendas nessas áreas urbanas, normalmente em morros, com ruas estreitas e muitas vezes dominadas pelo crime organizado, grandes varejistas passaram a evitar vendas de certos produtos para entrega em favelas, como eletrônicos.

Segundo Biselli, desde o início do modelo compartilhado de entregas em Paraisópolis, não houve nenhum incidente de segurança envolvendo entregas da Americanas naquela região.

Rodrigues diz que moradores de dezenas de favelas no país têm pedido para também terem pontos de entrega locais e também está conversando com empresas interessadas de outros setores.

“Estamos mostrando que a população da favela não quer ser coitadinha, mas ter o mesmo acesso que os demais”, disse ele.

O presidente da ONG afirmou que o projeto não envolve acordos com líderes de gangues e que ele tem tido êxito por causa da percepção de que beneficia as comunidades.

Além das entregas de encomendas, a parceria prevê que negócios criados por moradores das favelas também tenham seus produtos vendidos no marketplace da Americanas.

Mercado gigante
Com cerca de 6% da população do país, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou cerca de 13 milhões de pessoas, as favelas têm um consumo estimado em cerca de 168 bilhões de reais por ano.

O movimento da Americanas mostra como grandes varejistas do país estão desenvolvendo iniciativas para alcançar esse público, especialmente a partir do ano passado, quando programas de auxílio criados para combater os efeitos da crise provocada pela pandemia da Covid-19, alguns deles por meio de contas digitais, acabaram por acelerar a bancarização de milhões de pessoas no Brasil, incluindo de moradores de regiões menos alcançadas pelo poder público e por serviços financeiros, caso das favelas.

A iniciativa acontece também após a Americanas ter divulgado resultados de vendas do segundo trimestre com crescimento abaixo dos exibidos por rivais do comércio eletrônico no Brasil, como Mercado Livre e Magazine Luiza apesar da implementação de frete grátis e dos incentivos para que os vendedores usem o atendimento.

Logística reversa avança no Brasil e contribui para a preservação ambiental

O consumidor pode ajudar com descarte adequado de materiais como pilhas e baterias, pneus e óleo lubrificante.
Instrumento da Política Nacional de Resíduos Sólidos e frente importante de atuação do Programa Lixão Zero, do Ministério do Meio Ambiente, a logística reversa tem avançado no país. A logística reversa é o procedimento que permite ao consumidor retornar à empresa um produto após seu consumo, de forma que o fabricante possibilite um descarte correto.

Em 2020, o Brasil bateu recorde reciclando 97,4% das latas de alumínio que entraram no mercado, segundo dados do setor. Com o Lixão Zero, o Governo Federal também avançou na logística reversa de baterias de carro, eletroeletrônicos, medicamentos e óleo lubrificante.

O secretário de qualidade ambiental do Ministério do Meio Ambiente, André França, detalhou como esse processo contribui para a preservação do meio ambiente e destacou o papel do cidadão para ajudar na implementação da logística reversa.

O que prevê a logística reversa e o que ela representa para a melhoria da gestão ambiental e da correta destinação dos resíduos sólidos?

A logística reversa é um instrumento muito importante da Política Nacional de Resíduos Sólidos que neste mês de agosto completou 11 anos. A política data de 2010 e um dos instrumentos que precisavam ser efetivamente implementados é a logística reversa que é um sistema que permite o retorno dos produtos e embalagens após o uso pelo consumidor. É o retorno desses materiais para o ciclo produtivo, assim, eles podem ser reutilizados, reciclados ou ter outras formas de destinação final ambientalmente adequados. E tudo isso gerando emprego e renda com sustentabilidade, ao mesmo tempo que também evita o descarte desses materiais em locais inadequados como os lixões e aterros controlados. Então, a logística reversa tem esse propósito.

Como o consumidor pode participar desse processo?

O consumidor participa fazendo descarte adequado desse produto ou dessa embalagem. Alguns exemplos para que o consumidor tenha mais familiaridade, estamos falando aqui das embalagens de forma geral, das pilhas e baterias, dos pneus, também do óleo lubrificante usado ou contaminado, embalagem desse óleo lubrificante usado ou contaminado, as lâmpadas fluorescentes, as latas de alumínio e também os eletroeletrônicos. São exemplos de materiais que devem ser descartados em um dos pontos de entrega voluntária. Tem mais informações sobre isso no nosso site, o www.gov.br/mma. O descarte adequado é o primeiro passo para que esses materiais sejam destinados de forma adequada e retornem para o ciclo produtivo.

É possível estimar quantos produtos podem ser devolvidos pelo consumidor por meio da logística reversa?

Temos números bastante expressivos. Um deles é a lata de alumínio para bebidas que no ano passado bateu recorde. Foram mais de 30 bilhões de latas recicladas no país. Também outros números atualizados bastante expressivos, por exemplo, as embalagens de defensivos agrícolas, foram 45.500 toneladas recolhidas em 2019.

Pilhas e baterias foram 155 toneladas recolhidas e destinadas de forma adequada. O pneu tem duas formas de logística reversa, primeiro a própria reutilização por meio da reforma de pneus, uma atividade importante. Só aí são sete milhões de pneus de transporte de carga reformado, mais de cinco milhões de pneus automotivos, ou seja, mais de 12 milhões de pneus reformados. Além daqueles que são descartados para reciclagem, em 2019 foram aproximadamente 420 mil toneladas.

Um outro dado importante é o do óleo lubrificante usado ou contaminado. Foram quase 490 milhões de litros, em 2019. Um litro de óleo lubrificante usado pode contaminar até um milhão de litros de água. Então veja a importância que é um sistema de logística reversa, que recolhe e envia para reciclagem cerca de 490 milhões de litros em um ano.

Para citar um exemplo recente, que foi aprovado por meio de decreto pelo Presidente Jair Bolsonaro, no ano passado, temos também a logística reversa de medicamentos vencidos. Esse sistema começou em 2020 a ser estruturado e hoje está presente em mais de 1.800 pontos de entrega. O cidadão pode fazer o descarte adequado do seu medicamento vencido que ele vai ter a destinação adequada.

Quais são os desafios para a implementação total da logística reversa?

A logística reversa vem avançando nessa gestão. É prioridade do Ministério do Meio Ambiente, tanto que três novos sistemas foram instituídos. Sobre as baterias automotivas – as baterias de chumbo – foi instituído em agosto de 2019 o instrumento que prevê o recolhimento dessas baterias de chumbo e envio para reciclagem.

Esse sistema foi projetado para abranger 16 milhões de baterias de chumbo por ano, o que permite uma reciclagem de mais de 155 mil toneladas de chumbo. Chumbo esse, que se fosse descartado de forma inadequada, traria contaminação do solo e das águas. Mas a logística reversa permite que esse material seja recolhido e enviado para unidades especializadas, que farão a desmontagem dessa bateria e é utilizado na fabricação de novas baterias. Então, esse é um bom exemplo da logística reversa. Você evita a poluição ao mesmo tempo que gera emprego e renda com a reciclagem, com a reutilização.

Outro sistema criado recentemente foi o de eletroeletrônicos, também sancionado pelo Presidente Jair Bolsonaro em 2020, que projeta a implantação de mais de 5 mil pontos de entrega voluntária, em todo país, para o que cidadão possa fazer o descarte adequado, desde o fone de ouvido até a geladeira, para que esse material siga para unidade desmontagem. Dali, cada tipo de material é enviado para reciclagem ou outra forma de destinação final adequada.

Têm medicamentos que nós já citamos e dois outros sistemas foram aprimorados: a logística reversa de óleo lubrificante usado ou contaminado e também o da logística reversa das latas de alumínio para bebidas, que foi aperfeiçoado.

Temos excelentes exemplos no Brasil de logística reversa. Um deles é a lata de alumínio para bebidas que, no ano passado, alcançou uma marca recorde de mais de 97% das latas recicladas. Isso totaliza um universo de mais de 30 bilhões de latas, de forma que a lata fica fora desse ciclo produtivo por apenas 60 dias, segundo dados do setor. Esse é o tempo de uma lata voltar a ser uma nova lata no âmbito da logística reversa.

Esse resultado nos coloca a frente de países como Japão, Estados Unidos e União Europeia, países da OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico]. Ninguém ganha do Brasil. O Brasil é primeiro lugar disparado no que diz respeito à logística reversa da lata de alumínio e também assume posição de destaque em outros segmentos, como a reciclagem de pneus, a reciclagem de embalagens de defensivos agrícolas, óleo lubrificante usado ou contaminado. Também somos referência para o mundo nesses outros segmentos.

Quais os outros investimentos do governo brasileiro para incentivar esse processo?

Tudo isso está contido no Programa Lixão Zero. Esse programa foi lançado em 2019 e abrange 12 ações estratégicas para aumentar a coleta seletiva, a reciclagem, o aproveitamento dos orgânicos com aquela fração que não é passível de ser reciclado ou reutilizado, o reaproveitamento energético. Alguns resultados importantes do programa, por exemplo, foi o lançamento do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos, o Sinir, que era aguardado desde 2010 e foi lançado em 2019. Hoje temos as informações da gestão de resíduos informatizadas e também a elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Para além disso, o ministério tem desenvolvido editais para apoiar municípios e consórcios para melhorar os seus resultados de coleta, de reciclagem, de valorização dos orgânicos e também do aproveitamento energético sempre que você não tiver a reciclagem disponível no local específico.

Então, são várias as medidas em curso. Já são mais de R$ 180 milhões mobilizados para apoiar municípios, consórcios, mas também permitindo uma maior participação da iniciativa privada como, por exemplo, na logística reversa que vem justamente dar cumprimento à Lei 12.305 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ou seja, possibilitando que esses materiais retornem para o ciclo produtivo e atribuindo responsabilidades aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes.

Mas tudo isso, importante reforçar, só funciona se o cidadão fizer o descarte adequado do lixo, separar os recicláveis. Muita gente pergunta, mas como é que eu vou saber o que é reciclável? No dia a dia começa separando as embalagens que, no geral, têm indicação do que é reciclável. Começa separando o material seco do material orgânico e dali, junto a informações que podem ser obtidas no nosso site, o cidadão vai poder fazer o descarte adequado.

As empresas também são beneficiadas com esse tipo de reciclagem por gerar economia para elas, não é isso?

Exatamente. Muitos desses materiais que voltam para o setor produtivo, o país demanda inclusive importação. É o caso das baterias de chumbo. Então, quando esse material retorna para o setor produtivo, isso também estimula, na medida em que além de apresentar um impacto ambiental positivo, porque preserva também os recursos naturais, evita o descarte inadequado e evita a poluição, isso também representa matéria-prima voltando para o ciclo produtivo.

Se a gente observar bem, o que é o lixo? Nada mais é do que matéria-prima ou energia fora do lugar. Se o descarte for feito de maneira adequada e isso começa com o cidadão, na sua casa, no seu local de trabalho, na rua, evitando jogar lixo no chão, evitando jogar o lixo misturado de qualquer jeito, porque isso depois diminui a efetividade das ações de triagem para reciclagem. Isso já faz uma grande diferença.

E tem uma vertente que combate o lixo no mar. Pode falar sobre isso?

Outro programa relacionado ao Lixão Zero é o nosso plano de combate ao lixo no mar. Sabe qual o item que mais se encontra, em geral, nas ações de limpeza das praias, dos rios e dos mangues? É justamente a bituca de cigarro. A pessoa tende a achar que uma bituca de cigarro não vai causar impacto porque é algo tão pequeno, mas quando a gente faz esses mutirões de limpeza é o item que mais encontramos. Justamente porque todas aquelas pessoas acharam que aquele item pequeno não ia fazer diferença. Mas no final faz muita diferença. Em quantidade é o item que costuma liderar em relação ao que é retirado do meio ambiente.

Então, lembrar que aquele lixo jogado perto do bueiro invariavelmente vai parar nos rios, vai parar no mar, afeta o meio ambiente e, mais do que isso, afeta também a qualidade de vida das pessoas. Então, essa orientação é muito importante. Muita gente pergunta o que eu posso fazer para um meio ambiente melhor e a gente responde: começa separando o seu lixo, separando os recicláveis e evitando o descarte inadequado desses materiais, que muito de positivo já vem a partir daí.

É importante lembrar que 85% da nossa população vive nas cidades e são as cidades que acumulam os principais desafios ambientais. Cada um fazendo a sua parte, não fica pesado para ninguém.

Natura e Avon testam entregas com drones

Empresas buscam melhorar a experiência de entrega para as consultoras e representantes.
Natura e Avon, parte do grupo Natura &Co, iniciam etapa de testes técnicos para a realização de entregas dos produtos das marcas por meio de drones. Com a nova tecnologia, as empresas buscam melhorar a experiência de entrega para as consultoras e representantes. Além disso, dado que a tecnologia de drone não gera emissões de gases de efeito estufa, o projeto contribuirá para alcançar a meta do grupo de atingir zero emissões líquidas de carbono até 2030 para suas quatro marcas: Avon, Natura, The Body Shop e Aesop.

Para o projeto, Natura &Co firmou parceria com a startup brasileira Speedbird Aero, primeira empresa a receber o CAVE (Certificado de Autorização de Voo Experimental) pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), no ano passado.

Natura &Co e Speedbird já começaram os testes técnicos e deram encaminhamento ao processo de autorização da ANAC para a execução do projeto piloto de entrega em condições reais, que será feito em um raio de até 200km já no primeiro trimestre de 2022. A operação buscará realizar as entregas de forma ágil e segura em locais mais afastados ou de difícil acesso. A iniciativa está sendo implementada por Natura &Co por meio do Natura Startups, programa que reforça a atuação da companhia no ecossistema de inovação e empreendedorismo para o desenvolvimento de soluções e serviços disruptivos.

A tecnologia de drone para fazer entregas de produtos de primeira necessidade e de bens de consumo já é uma realidade em diversas partes do mundo, como Ruanda e Gana, onde os drones permitem distribuir doações de sangue. Em países como Finlândia, Islândia, Suíça, China, Japão e Estados Unidos, drones estão sendo utilizados para entregas de varejo, alimentos e medicamentos. Além da redução significativa no tempo de entrega, outra vantagem dessa modalidade é o baixo impacto ambiental, uma das grandes prioridades no modelo de negócio das marcas do grupo Natura &Co.

“Nossa Visão de Sustentabilidade, o Compromisso com a Vida 2030, tem a ambição de tornar Natura &Co um grupo zero emissões líquidas de carbono vinte anos antes do que a meta estabelecida pela ONU. Por isso, é fundamental investirmos em soluções de entrega que não gerem emissões na nossa cadeia logística, como os drones, em linha com a nossa aspiração de sermos o melhor grupo de beleza PARA o mundo”, afirma Leonardo Romano, diretor de Supply Chain e Inovação Logística de Natura &Co. “Buscamos constantemente soluções de vanguarda que aprimorem as experiências das nossas consultoras, representantes e clientes com os produtos das nossas marcas. A logística através dos drones irá habilitar rotas de entrega em tempos muito curtos, com baixo custo e baixo impacto ambiental”, agrega o executivo.

Para Manoel Coelho, CEO e fundador da Speedbird, o projeto com Natura e Avon permitirá testar o modelo de entrega em uma escala mais ampla de operação. “Somos pioneiros no Brasil em obter a certificação da ANAC para testar o modelo em condições reais de operação e na parceria com a Natura &Co será interessante observar que, ainda que feito em maior escala, o drone delivery seguirá sendo uma opção segura e viável”, assegura Coelho.