Uma abordagem integrada para alcançar a sustentabilidade na cadeia de suprimentos

A busca por uma abordagem mais sustentável nas operações empresariais tem ganhado cada vez mais destaque, e uma área que merece especial atenção é a cadeia de suprimentos. Não sem razão: segundo um estudo recente da Accenture, o setor é responsável por gerar cerca de 60% das emissões globais de carbono. A boa notícia é que, tanto do lado corporativo, quanto do consumidor, essa é uma pauta prioritária.

Uma pesquisa realizada pela EY sobre as abordagens da cadeia de suprimento sustentável em 525 grandes empresas na Argentina, Brasil, Canadá, México e EUA, descobriu que oito em cada dez executivos da cadeia de suprimentos estão aumentando seus esforços em direção a operações sustentáveis.

Importância das práticas de sustentabilidade
O aumento da relevância do papel do Chief Sustainability Officer, ou diretor de ESG, nas empresas, é mais um indício dessa virada de chave. Um artigo recente da Harvard Business Review comparou a evolução do papel do CSO. Enquanto em 2018 o cargo era carregado de inconsistências e falta de acesso ao poder, hoje esses profissionais ganharam mais autoridade e estão mais envolvidos nas reuniões com investidores.

Do outro lado, os consumidores esperam mais empenho da parte das empresas. Uma pesquisa lançada em 2023 pela Manhattan Associates, em parceria com o Google Cloud e a Zebra Technologies, mostrou a preocupação dos clientes com a seguinte questão: segundo o estudo Unified Commerce Benchmark, apenas 20% dos compradores estão satisfeitos com as práticas de sustentabilidade de seus varejistas preferidos.

Isso mostra que a preocupação com a pauta da sustentabilidade da cadeia de suprimentos não é apenas uma tendência, mas uma necessidade imperativa em um mundo em que questões ambientais e sociais são centrais para consumidores, reguladores e investidores. Neste contexto, a união entre sustentabilidade e tecnologia surge como uma aliança estratégica capaz de impulsionar o progresso e transformar a forma como as empresas conduzem suas operações.

Tecnologias em prol do meio ambiente
Com uma tecnologia de gestão de armazém de última geração é possível, por exemplo:

– minimizar viagens de reabastecimento;

– fazer simulações de cubagem em estágio inicial para planejar necessidades de transporte mais precisas;

– realizar a separação simultânea de pedidos de varejo, atacado e comércio eletrônico para reduzir os caminhos de separação com diferentes locais de entrega, etc.

Esses são apenas alguns dos benefícios de um software pensado para minimizar o desperdício e os impactos ambientais associados.

Outras práticas para a sustentabilidade da cadeia de suprimentos
Além de investir em uma tecnologia que contribua para alcançar metas de sustentabilidade, outras práticas também ajudam nessa missão:

Defina objetivos
Estabeleça metas alinhadas com seus valores e estratégia de negócio. Elas devem ser mensuráveis, com o progresso monitorado e relatado regularmente.

Avalie fornecedores e parceiros
Entidades terceirizadas são uma extensão da sua organização. Avalie os fornecedores com base em suas práticas de sustentabilidade, incluindo impacto ambiental, práticas trabalhistas e direitos humanos.

Implemente práticas sustentáveis
Integre processos em toda a cadeia de suprimentos que reduzam o desperdício e as emissões, promovam a energia renovável e garantam que os trabalhadores sejam tratados de forma justa.

Envolva as partes interessadas
Você deve se conectar com as principais partes interessadas – clientes, colaboradores, fornecedores e comunidades – para entender suas preocupações de sustentabilidade e incorporar suas demandas em suas iniciativas.

Mensure e relate o progresso
Avalie e relate regularmente seu desempenho de sustentabilidade, incluindo o progresso em direção às metas definidas por sua organização.

Em resumo, a sustentabilidade da cadeia de suprimentos não é apenas uma questão ética, mas um impulsionador estratégico para o sucesso empresarial. A sinergia entre diferentes práticas, aliadas à tecnologia de última geração, pode transformar a maneira como as empresas operam, contribuindo para um futuro mais verde e próspero para todos.

O desafio agora é adotar essa abordagem integrada e liderar a mudança rumo a uma cadeia de suprimentos verdadeiramente sustentável.

‘https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/uma-abordagem-integrada-para-alcancar-a-sustentabilidade-na-cadeia-de-suprimentos

IA no comércio virtual: veja 11 tendências para o próximo ano

O mercado global de comércio eletrônico impulsionado por IA deve movimentar US$16,8 bilhões até 2030. Confira as tendências da área.

Até 2030, o mercado global de comércio eletrônico impulsionado pela inteligência artificial (IA) deve movimentar US$16,8 bilhões, de acordo com a Gartner, empresa americana de pesquisa e consultoria.

À medida que o mundo testemunha o aumento de conteúdo personalizado impulsionado pela IA, sobretudo no caso da generativa, pesquisas indicam que o valor da adoção dessa tecnologia na indústria do varejo está prestes a alcançar a cifra de US$ 36.462,5 milhões até 2030, coincidindo com a projeção das vendas do comércio eletrônico, que devem crescer para para US$ 7,3 trilhões até 2025.

Daniel Pisano, fundador da Vurdere, afirma que, conforme o comércio eletrônico se consolida como um componente do varejo, é imperativo que os negócios explorem estratégias inovadoras e se mantenham à frente das expectativas do consumidor. Nesse cenário, ele destaca 11 atitudes para entrar com o pé direito em 2024.

Tendências do comércio eletrônico para 2024:
1 – Regulamentação da IA

A transparência, com enfoque na aplicabilidade dos algoritmos, evitará decisões obscuras, trará privacidade e segurança na proteção de dados e respeito à privacidade dos usuários. Na primeira semana de dezembro, representantes da União Europeia alcançaram um consenso histórico nas primeiras regras abrangentes de inteligência artificial do mundo. Esse acordo estabelece as bases para a supervisão legal da tecnologia de IA, que promete transformar a vida cotidiana e tem despertado preocupações sobre possíveis perigos existenciais para a humanidade.

Durante as negociações, membros do Parlamento Europeu e representantes dos 27 países da UE conseguiram superar divergências significativas em questões controversas, como a IA generativa e o uso de reconhecimento facial para vigilância policial. O resultado foi a assinatura de um acordo político preliminar para o Ato de Inteligência Artificial. O Comissário Europeu Thierry Breton expressou a realização do acordo em uma mensagem no Twitter, destacando que a UE se tornou o primeiro continente a estabelecer diretrizes claras para o uso da IA.

2 – Personalização aprimorada

Investir em tecnologias de personalização alimentadas por IA para oferecer uma experiência de compra única, antecipando as necessidades e preferências individuais dos clientes. O perfil do consumidor vem mudando radicalmente na última década, tornando-os mais exigentes em relação às ofertas direcionadas ao seu contexto de vida e uma maior facilidade na compra. Além disso, o ambiente de compra mais social e participativo com pessoas que compartilham os mesmos interesses é uma tendência na personalização de conteúdo gerado pelo usuário.

3 – Integração omnichannel

Desenvolver estratégias omnichannel robustas, garantindo uma experiência integrada entre os canais online e offline, proporcionando conveniência ao cliente em todos os pontos de contato. Não seria interessante para a reputação do varejista que, ao pesquisar um produto na loja física, o cliente tivesse acesso às avaliações que seus conhecidos fizeram para aquele produto e ajudá-lo no momento da compra? Sim, já é possível uma maior integração da jornada de compra online e offline trazendo esse senso de comunidade e social commerce.

4 – Segurança e confiança

Reforçar medidas de segurança online para garantir a confiança do cliente, incluindo protocolos de pagamento seguros, políticas claras de privacidade e práticas antifraude eficazes. Essa dica é eterna!

5 – Experiências do usuário (CX) aprimoradas:

Explorar e estudar tendências e comportamentos que facilitem uma compra fluida e sem stress. A usabilidade das soluções e processo de cada pessoa são diversos, entender o comportamento desses perfis de compradores é fundamental para oferecer soluções que se encaixam à necessidade de assistência na compra, a suporte, logística, formas de pagamentos, entre outros. O varejo precisa entender a fundo seu consumidor e criar ferramentas que proporcionem fluidez para aumentar seu faturamento.

6 – Sustentabilidade e responsabilidade social

Integrar práticas sustentáveis em todas as operações, demonstrando compromisso com a responsabilidade social e atendendo às crescentes expectativas dos consumidores por negócios ecologicamente conscientes.

7 – Agilidade na logística

Aprimorar as operações logísticas, priorizando a rapidez na entrega e oferecendo opções flexíveis de frete para atender às demandas de consumidores cada vez mais exigentes. Além disso, reduzir o retorno dos produtos gerados pela insatisfação de compra. Nas tendências de personalização aprimorada, vemos soluções que trabalham em conjunto para minimizar esses custos, como soluções de provador virtual, realidade aumentada para dimensionamento do produto no espaço e soluções de social commerce para trazer primeiro o conteúdo de pessoas que compartilham os mesmos gostos e contextos.

8 – Análise preditiva:

Uso de análise preditiva para antecipar as preferências do cliente, prever tendências de compra e otimizar estratégias de estoque e precificação.

9 – Pagamentos com tecnologia sem contato

A demanda pelo uso de métodos de pagamento sem contato e carteiras digitais, com integração de tecnologias como NFC (Near Field Communication) e pagamentos biométricos, é crescente. O varejo precisa estar preparado para absorver novas tecnologias que garantam mais fluidez e menos fricção nos meios de pagamento.

10 – Uso de blockchain para transparência na cadeia de suprimentos

Implementação para registros distribuídos, garantindo transparência e imutabilidade. Com a rastreabilidade aprimorada impactará na Redução de Fraudes trazendo maior segurança e confiabilidade nas transações, minimizando riscos. A falta de entendimento sobre a tecnologia blockchain é uma barreira que as empresas fornecedoras de soluções precisam traduzir em benefícios para clientes no long tail.

Uma aplicação fundamental na segurança de dados é a possibilidade de proteger seus dados sensíveis que podem ser compartilhados e facilidades de pagamentos onde os pedágios para pequenos empreendedores sejam muito menores.

11- Uso de realidade virtual para experiências imersivas de compra

A criação de ambientes virtuais para compras imersivas incrementa a visualização e a interação de produtos em ambientes simulados antes da compra. A experiência realista reduz incerteza, aumentando a confiança do consumidor.

“Ao reconhecer não apenas a ascensão do comércio eletrônico, mas também a sua transformação contínua, os negócios estarão melhor posicionados para prosperarem em um ambiente digital dinâmico, respondendo de maneira eficaz às expectativas do consumidor e à evolução constante do mercado”.
Daniel Pisano
‘https://olhardigital.com.br/2023/12/28/pro/ia-no-comercio-virtual-veja-11-tendencias-para-o-proximo-ano/

Descomplicando o ESG

A sigla ESG significa em inglês Environmental, Social and Governance, o que em português se traduz como ASG – Ambiental, Social e Governança. Cada letra desta sigla representa um pilar a ser seguido no ambiente corporativo sobre o qual trataremos mais adiante.

As empresas, até o surgimento do ESG, eram movidas principalmente pelo lucro, faturamento e crescimento. Estes eram os pilares que determinavam as suas decisões. Esse conceito foi revolucionado em 2004, após uma provocação de Kofi Annan, ex-secretário da ONU em uma convenção para CEOs do mercado financeiro, que fez a seguinte indagação: “Como é possível integrar os fatores ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais?”

A partir dessa provocação, as empresas de todos os tamanhos e setores do mundo começaram a definir bases do chamado investimento sustentável. Desde então, o termo ESG foi adicionado ao dicionário corporativo e as pautas de meio ambiente e sustentabilidade passaram a ter mais relevância nos negócios, incluindo também as questões de cunho social e governança.

É evidente nos dias de hoje a necessidade de as empresas abraçarem essa transformação para integrarem a sustentabilidade nas suas tomadas de decisões, devendo traçar novos planos de ação, superar desafios e acompanhar resultados medindo seus avanços, sob pena de perderem valor, relevância e reputação no mercado, além de investimentos pela falta de implementação das boas práticas ESG.

O que é ESG?
ESG ou ASG diz respeito a um conjunto de diretrizes, de boas práticas e estratégias a serem seguidas pelas empresas para que tenham um desenvolvimento com impactos positivos no meio ambiente, que sejam mais justas, conscientes e inclusivas no aspecto social e que, na tomada de decisões, sejam mais transparentes e responsáveis.

É certo que o tema tomou grande proporção e ganha força ano a ano no mundo dos negócios, sendo prioritário para nove de cada dez CEOs de empresas. Isso demonstra que, independentemente do tamanho ou segmento da empresa, em um futuro próximo aquelas que não aderirem ao ESG acabarão ficando para trás.

O ESG domina hoje as maiores conferências de negócios e meio ambiente do mundo, se tornou pauta cada vez mais obrigatória, de forma que as empresas que fecharem os olhos para esta transformação acabarão por serem devoradas por ela.

As letras que compõem a sigla ESG representam, cada uma, um pilar que demonstra os desafios a serem enfrentados no mundo dos negócios.

No pilar presente na letra “E”, que significa Environmental ou Ambiental, os maiores desafios hoje são as mudanças climáticas, o uso de recursos hídricos, gestão de resíduos, aumento da poluição e a preservação da biodiversidade.

No caso do pilar “S”, que significa Social, já podemos enfatizar como maiores desafios a diversidade e inclusão, a responsabilidade com clientes, a preocupação com a saúde e segurança de todos os colaboradores da empresa e a rastreabilidade da cadeia de fornecedores.

No último pilar, na letra “G”, que significa Governança, destacamos como desafios a necessidade de implementação de valores e cultura da organização com ampla divulgação e de forma transparente, regras de compliance, decisões responsáveis com transparência e ética, planejamento de longo prazo, gestão de risco e, principalmente, relacionamento com todos os stakeholders – o que, traduzindo para o português, podemos colocar como “parte interessada”.

Crise climática
Hoje é cristalino no mundo dos negócios que as empresas precisam implementar urgentemente as diretrizes ESG, e essa urgência parte primeiramente da consciência da crise climática, pois, sem recursos naturais, não sobrevivem negócios, não há vida.

É fato que tratar de sustentabilidade interfere diretamente na saúde financeira e na longevidade dos negócios, sendo certo que as empresas que ainda não se adequaram às diretrizes ESG tendem a perder não só reputação no mercado, mas também investimentos. É posição consolidada que as práticas ESG proporcionam retornos financeiros. Na bolsa de valores do Brasil, há, inclusive, um Índice de Sustentabilidade Empresarial.

Outro ponto de extrema relevância são os consumidores, que estão cada vez mais envolvidos e observando o que as empresas estão fazendo para se adequarem às diretrizes ESG e cada vez mais atentos a ações de fachada que, na prática, não ajudam a minimizar quaisquer impactos. Um estudo feito pela Bain & Company mostrou que propósito e sustentabilidade são dois dos critérios mais decisivos para os consumidores no ato da compra. Os consumidores hoje estão dispostos a pagar mais por produtos que sejam de fato sustentáveis.

Ainda podemos destacar que colaboradores e talentos também estão atentos e consideram um grande diferencial no aceite de proposta de novo emprego o fato de a empresa ter implementado e atuar com base nas diretrizes ESG.

As diretrizes ESG tendem a impulsionar a inovação e fortalecer a cultura da empresa. Além disso, ajudam na atração e retenção de talentos, garantem a responsabilidade nos processos e chamam a atenção de consumidores e novos investidores.

Bons exemplos
Podemos destacar empresas como Natura &Co, Apple, JBS, Itaú e Ambev, que são alguns exemplos de empresas que estão se dedicando continuamente às práticas ESG. Podemos, ainda, citar a iniciativa do Google, que lançou uma plataforma de dados para medir a percepção ESG do consumidor. Ela deve contribuir muito com as empresas na sua tomada de decisões com base em informações consolidadas e dados exclusivos.

Na prática, a implementação das diretrizes ESG serve para todas as empresas de todos os segmentos e tamanhos. Quando bem aplicadas nos negócios e de forma consistente, essas diretrizes geram valor e estabilidade para a empresa, Aos olhos dos stakeholders, são bem vistas as ações de comprometimento com as questões ambientais, sociais e de governança e, por consequência, estes tendem a promover e defender a marca, deixando evidente que resultados financeiros e ESG andam juntos.

Importante que, como primeiro passo, a empresa saiba que não necessariamente deverá implementar toda e qualquer diretriz ESG, mas sim as que se enquadram ao tamanho e segmento do seu negócio. Para isso, importante fazer o que chamamos de “matriz de materialidade” para definir qual pilar é prioritário em relação aos outros para sua empresa, pois sempre terá uma questão que demanda mais atenção, estratégia e ação, seja por um período, seja por toda a existência da empresa.

Materialidade significa a identificação e priorização dos aspectos de sustentabilidade que são mais relevantes para uma empresa específica, considerando seu tamanho, segmento, contexto operacional e stakeholders. É mais do que um conceito, é o que permite o alcance de uma sustentabilidade empresarial de sucesso.

A matriz de materialidade é a ferramenta que propicia identificar as questões mais materiais do seu negócio. Ao elaborar a matriz, será possível verificar as questões mais materiais do seu negócio e mais relevantes, e ainda entender como cada um dos seus stakeholders se envolve e é impactado por essas questões. Com a matriz de materialidade, é possível classificar os temas mais importantes e os riscos apontados e oportunidades associados a eles.

A partir da elaboração da matriz de materialidade é que será possível, com base nos riscos e oportunidades identificados, traçar os planos de ação que serão capazes de aumentar impactos positivos e mitigar os negativos.

20 anos
Considerando todos os pontos aqui abordados, resta evidente que são inúmeras as vantagens da implementação das diretrizes ESG, não só para o meio ambiente, mas também para sua empresa. É certo que isso mantém a longevidade do negócio e o coloca na frente dos seus concorrentes – se tornando referência no segmento em que atua -, garante a fidelidade dos seus stakeholders e retornos financeiros positivos alcançados pela implementação dessas boas práticas, agregando valor, relevância e propósito ao seu negócio.

No ano de 2024, o tema ESG fará 20 anos. Então coloque nas metas do próximo ano comemorar fazendo parte das empresas que adotam e implementam essas diretrizes.

Valéria Toriyama e Ana Paula Caseiro Camargo são advogadas do Caseiro e Camargo Advocacia Estratégica.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
‘https://mercadoeconsumo.com.br/28/12/2023/artigos/descomplicando-o-esg/

O impacto positivo da logística reversa no negócio e na sustentabilidade

Entender como a operação deve ser aprimorada para gerar menos resíduos e materiais que têm o aterro sanitário como destinação final é compromisso ambiental inadiável e se conecta com a saúde financeira das corporações.

As empresas que ainda não entenderam a dimensão do impacto das suas operações no meio ambiente estão, no mínimo, desatualizadas no debate sobre sustentabilidade. Saber o quanto o desenvolvimento dos produtos e serviços consome de matéria-prima e água ou geram de emissões de carbono e resíduos, atualmente, é tão importante quanto compreender como ele mobiliza a cadeia produtiva, o mercado e os consumidores finais.

Não é de hoje que sustentabilidade deixou de ser tema complementar. Entender como a operação deve ser aprimorada para gerar menos resíduos e materiais que têm o aterro sanitário como destinação final é compromisso ambiental inadiável, que também se conecta com a saúde financeira das corporações.

Mapear e atuar sobre os recursos que podem retornar para a empresa para serem reaproveitados ou recondicionados e quais podem ser reciclados e voltar para a cadeia produtiva também são sinônimo de economia.

É por isso que a logística reversa ocupa um espaço cada vez maior na pauta dos executivos das grandes companhias. Pensar em soluções que retornem insumos para a esteira de produção, reduzindo a necessidade de compra de matéria-prima e, ainda, garantindo o reuso é uma estratégia potente para empresas de qualquer setor.

Para alguns segmentos, como o de Bebidas, aliás, isso já é parte vital do negócio. O alto custo envolvido na produção do alumínio incentiva a reutilização do material pelas empresas do setor, o que explica a elevada taxa de reciclagem da lata de alumínio no país: 98%, de acordo com a Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio). Assim que foi estabelecida, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305, de 2010), determinou que diversos setores implementassem sistemas de logística reversa de produtos e embalagens pós-consumo com o objetivo de priorizar e estimular um novo ciclo de aproveitamento de insumos.

Aqui na Vivo, muito antes desse marco legal, a logística reversa de eletrônicos já ocupava espaço importante como contribuição para a economia circular, e isso tem se expandido de maneira significativa. Atualmente, somos responsáveis por reciclar mais de 15 mil toneladas por ano, falando apenas de materiais de infraestrutura, como cabos, aparelhos, materiais metálicos, plástico, entre outros, que voltaram para a Vivo por meio das equipes técnicas e pelo trabalho longevo e contínuo de campanhas voltadas ao cliente final. Esse volume representa o equivalente ao peso de 10 mil a 15 mil veículos de médio porte reciclados por ano.

Para se ter uma ideia, só entre janeiro e setembro de 2023, foram recuperados 850 mil aparelhos do serviço de fibra, como modens de banda larga e decodificadores de TV coletados junto aos clientes, evitando o descarte na natureza e novas demandas por recursos naturais.

Os aparelhos que não podem ser recuperados são direcionados para o Vivo Recicle e se tornam matéria-prima para a indústria. Para ampliar o alcance do programa de reciclagem, também utilizamos a inteligência artificial para contatar os clientes e oferecer opções para a coleta dos equipamentos ou devolução em loja – para aparelhos Vivo ou qualquer tipo que tiver, inclusive de outras operadoras. Mais recentemente, incluímos os Correios como opção de devolução, fornecendo gratuitamente um e-ticket para postagem.

A logística reversa da Vivo conta, ainda, com o suporte da plataforma de blockchain que controla e rastreia toda a cadeia de supply chain, da fabricação de equipamentos que transmitem a tecnologia da Vivo até a entrega na casa do cliente, o que ajuda a dar visibilidade para a área de logística reversa sobre o volume de aparelhos que poderá ser retirado e retrabalhado no futuro.

O momento atual é muito oportuno para o avanço da logística reversa no setor de tecnologia e eletrônicos. E a pressão por mudanças nas operações das empresas, independentemente do segmento, estimula o surgimento de pesquisas e de novos parceiros com soluções técnicas capazes de tratar mais tipos de materiais, segregar os componentes e dar uma reciclagem adequada para cada tipo.

Essa logística tem se profissionalizado, evoluído e hoje, é mais viável para qualquer empresa estruturar sua logística reversa utilizando tecnologias como o blockchain. Mas ainda há um longo caminho a ser trilhado. Mesmo bem consolidado, sabemos que o sistema de logística reversa ainda pode acomodar muitas inovações, endereçadas pela atuação sustentável das empresas e acompanhando a evolução na compreensão sobre esse reaproveitamento de recursos. Na Vivo, estamos atentos e abertos à essa evolução.

Até porque o tema avança para outras searas além da área operacional. Os consumidores estão de olho na movimentação das marcas por mudanças que impactem positivamente o planeta, e dispostos a orientar suas escolhas de consumo de modo a apoiar, boicotar as marcas usando a régua do impacto ambiental do produto ou serviço ofertado. Pesquisa da Bain & Company com consumidores mostrou que mais de 70% deles, por exemplo, estão dispostos a pagar um valor mais alto (de 10% a 25%) pela sustentabilidade, mesmo entre níveis de renda mais baixos.

Assim, além de apoiar a estratégia de sustentabilidade e de garantir financeiramente o negócio, a implementação de sistema de logística reversa conecta-se também à reputação das empresas. Quem prioriza o investimento em estudo técnico e operacional nessa área já sabe disso. E o seu negócio, em que etapa está nessa jornada?

* Caio Guimarães é diretor de Patrimônio, Compras e Logística da Vivo.

* Leandro Stumpf é diretor de Logística da Vivo.
‘https://mundologistica.com.br/artigos/o-impacto-positivo-da-logistica-reversa-no-negocio

A COP e a transição energética no transporte

No Brasil, está tramitando no Congresso Nacional a regulação do mercado de carbono; é importante perceber que esse é um passivo que vai chegar para todos, de fora para dentro.

Tive o privilégio de ser convidado para representar a Bravo na COP28, maior e principal evento do mundo para debater e buscar soluções para a crise climática global. O convite aconteceu por meio da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) para dividir o palco em um painel e falar sobre transição energética no transporte.

Foi uma oportunidade incrível ver tanta diversidade de povos e pessoas envolvidas na questão climática, olhando pelo planeta. Por outro lado, também trouxe algumas inquietações: a mudança climática já chegou e a transição energética está apenas começando.

O apelo feito ao final da COP28 por quase 200 países a favor de uma transição energética que permita abandonar progressivamente o uso dos combustíveis fósseis, foi um aceno importante. Não me arrisco a discutir se ainda há tempo de contermos o avanço da temperatura ou não, até porque não sou especialista em clima, mas é importante perceber que precisamos transformar as intenções em ações e o verbo agir precisa ser conjugado na primeira pessoa, é hora de ser protagonista e não seguidor.

E vale questionarmos: quanto a mudança climática pode afetar os nossos negócios? Muito. Estamos falando de secas, inundações, catástrofes, interrupção no fornecimento de energia, restrições na logística e mudanças de hábitos de consumo. Aqui no Brasil está tramitando no Congresso Nacional a regulação do mercado de carbono e é importante perceber que este é um passivo que vai chegar para todos, de fora para dentro.

Tudo indica que a partir de determinados limites de emissão, teremos responsabilidades no mercado regulado para reportar, reduzir e compensar. Importante termos consciência de que mudanças virão e nos prepararmos para elas — como pessoas e como empresas. É recomendável revermos nossas matrizes de riscos e agirmos antes que seja tarde para assegurar a longevidade dos nossos negócios.

Lembrando que risco e oportunidade caminham juntos. Muitos compromissos de redução de emissões de GEE (gases de efeito estufa) foram assumidos pelos mais diversos setores e as empresas de logística que se prepararem para atender as demandas de baixo carbono, encontrarão um mercado cada vez mais ansioso por novas soluções.

Não existe bala de prata, nem solução pronta que possa resolver a questão das emissões de GEE no transporte de uma forma geral. Qualquer solução tem prós e contras e precisa ser planejada em cada contexto. O caminhão elétrico, por exemplo, é uma solução com emissão zero, se a origem da geração da energia for de fonte renovável, mas que apresenta restrições de autonomia, sendo indicada para rotas curtas e mobilidade urbana. Já o biodiesel misturado ao diesel fóssil é tema de discussão sobre qual o percentual de mistura é adequado.

Os testes do B100 100% de biodiesel foram iniciados sob autorização da ANP. O biometano, já famoso nas discussões, tem grande potencial de crescimento e promete ser uma boa alternativa, mas deve encontrar soluções para a falta de infraestrutura de abastecimento. O HVO é o sonho de todo o transportador, pois é “drop in”, é abastecer e sair rodando nos veículos Euro 5 e Euro 6, mas tem alto custo e falta escalabilidade.

O hidrogênio verde surgiu como a grande promessa a longo prazo, mas tem a tecnologia de produção do veículo e combustível em desenvolvimento. Por fim, o diesel fóssil continuará a ser a matriz dominante nos próximos anos e deve ser utilizado de forma mais eficiente por meio de veículos com menor consumo e programas para redução de consumo e emissões.

Aqui na Bravo estabelecemos uma estratégia de combate às mudanças climáticas baseada em três pilares: malha logística, multimodalidade e transição energética. Com isso, buscamos soluções inovadoras, às vezes encontrando mais perguntas que respostas, mas no final trazendo de forma pioneira soluções de baixo carbono para os nossos clientes.

Mas temos a consciência de que estamos em uma jornada de aprendizado e desafios, já que temos um negócio com características específicas e rotas de longo percurso, o que dificulta abastecimento dos veículos com combustíveis renováveis, não disponíveis na cadeia de abastecimento tradicional.

Quando falamos em redução das emissões, não podemos resumir a transição energética ao transporte rodoviário — que corresponde a cerca de 11,8% das emissões no Brasil —, mas a cada um de nós, as ações de todos como uma comunidade. Olhando do ponto de vista pessoal, o quanto cada um de nós está contribuindo para o todo? Estamos dispostos a fazer mudanças? Que combustível utilizamos nos nossos veículos, quais os nossos hábitos de consumo, reciclamos nossos resíduos?

Mesmo sem perceber estamos nos adaptando a mudança climática, já enfrentamos as tempestades com cautela, nos preparamos melhor para enfrentar as altas temperaturas, levamos o clima mais seriamente ao planejar nossas viagens e por aí vai.

Olhando o cenário como um todo, é possível imaginar um trade-off de custo entre a transição energética e o impacto das mudanças climáticas. Se não começarmos a agir agora, talvez tenhamos uma conta muito maior a pagar no futuro. A jornada é longa, mas em 2030, o primeiro marco dos compromissos de redução de GEE do Pacto de Paris está logo aí. Então, mãos à obra!

* Marcos Azevedo é head de Sustentabilidade da Bravo Serviços Logísticos.

‘https://mundologistica.com.br/artigos/a-cop-e-a-transicao-energetica-no-transporte

FedEx investe em motos elétricas para frota brasileira

Segundo a empresa, os novos veículos são direcionados ao transporte de pequenos pacotes em localidades com tráfego intenso, para garantir mais agilidade à operação.

A FedEx Express anunciou o investimento em 15 motos elétricas para frota do Brasil, passo em direção à meta global de ter operações neutras em carbono até 2040. Os novos veículos são direcionados ao transporte de pequenos pacotes em localidades com tráfego intenso, para garantir mais agilidade à operação.

Segundo a companhia, eles se juntam às 10 vans elétricas que compõem a frota brasileira de emissão zero da FedEx no país, nove delas inseridas neste ano. A Em parelelo, a FedEx Brasil está substituindo veículos mais antigos e menos eficientes movidos a combustão por novos veículos zero km, visando reduzir as emissões.

A frota da FedEx no Brasil tem, atualmente, uma idade média de 7,4 anos. Até o final do ano fiscal de 2024 (maio/2024), a empresa espera que essa idade média seja reduzida para 6,7 anos, uma das mais baixas do mercado nacional.

Os novos ativos possuem motor Euro 6, conjunto de normas que regulamentam a emissão de poluentes de motores a diesel. Eles também seguem o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) L7, que tem como objetivo reduzir os poluentes gerados por veículos leves.

‘https://mundologistica.com.br/noticias/fedex-invest-em-motos-eletricas-para-frota-brasileira

ESG na logística: realidade ou desafio distante?

Dado o impacto das atividades de transporte – e também sua importância econômica – esse esforço precisa ser otimizado, sobretudo no sentido do ganho de maturidade estratégica das empresas, para que mais exemplos de sucesso surjam no mercado e os pilares de governança se tornem diretrizes.

Quando consideramos que a temática ESG se tornou uma das pautas mais discutidas no ambiente de negócios contemporâneo, esse fato, por si só, é digno de reconhecimento, afinal de contas, é a partir de um debate mais amplo e maduro que diferentes setores do mercado serão alcançados e poderão se mobilizar em prol de mudanças que beneficiam toda a sociedade.

Um exemplo desse alcance pode ser observado na logística, setor que, nos últimos anos, viu um aumento progressivo dos investimentos e do interesse de operadores em relação aos pilares de governança social, ambiental e corporativa.

Sobre esse ponto, é válido destacar uma pesquisa da ILOS de 2022 na qual 81% dos entrevistados indicaram que sua empresa contava com uma área específica de sustentabilidade. Nesse mesmo sentido, a consultoria Allied Market Research apontou que, só no ano passado, o segmento de logística verde movimentou US$ 1,3 trilhões dentro de uma tendência que deve se expandir, em média, 8,3% até 2032.

Isso não significa afirmar, no entanto, que não existam desafios para a construção de uma “cultura ESG” na logística – e eles abarcam os três eixos do conceito.

Da disparidade de gênero a responsabilidade do setor de transportes e dos operadores acerca da emissão de gases de efeito estufa – especialmente quando consideramos o modal rodoviário, mas não só ele –; o compromisso do segmento se coloca como crucial para que o país possa, dentre outros pontos, cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas).

A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA LOGÍSTICA

Em relação aos desafios, uma primeira questão que merece ser analisada se refere a supracitada emissão de gases de CO2. De acordo com um levantamento da Deloitte, com diferentes segmentos econômicos, o setor de distribuição e transportes é responsável por cerca de 16% das emissões globais (atrás apenas dos segmentos industrial, com 24%, e de construção, 18%).

Desse montante, a maioria das emissões vem do transporte rodoviário – principal modal logístico do Brasil, o que denota a urgência no compromisso das empresas acerca das políticas de governança ambiental.

O lado positivo dessa discussão, como vimos na pesquisa da ILOS, diz respeito ao avanço na criação de áreas de sustentabilidade nas empresas. No entanto, para que esse esforço se traduza em resultados, há uma necessidade da aplicação de dados, indicadores e metas (fato que não foi observado em 51% das organizações consultadas no levantamento).

Sem tais métricas, a definição e validação das estratégias de sustentabilidade correm o risco de não se tornarem prioridades dos operadores, uma vez que a mensuração de suas ações tende a ser imprecisa e não se desdobrar em objetivos práticos.

Globalmente, existem progressos também nesse sentido: o mesmo estudo da Deloitte, divulgado em 2021, identificou em uma amostra de sua pesquisa que 63% das empresas divulgaram ao menos um relatório ESG dentro do período do levantamento. É válido salientar ainda que os reports de sustentabilidade tem um valor importante dentro de uma economia que observa a consolidação dos fundos verdes no mercado de capitais.

“O setor de distribuição e transportes é responsável por cerca de 16% das emissões globais (atrás apenas dos segmentos industrial, com 24%, e de construção, 18%). Há, no entanto, um esforço para o alinhamento aos propósitos ESG nas empresas: 81% das empresas consultadas em uma pesquisa recente afirmaram contar com uma área de sustentabilidade.”

INCLUSÃO E DIVERSIDADE

Sobre o pilar social do ESG na logística, temos também um cenário que apresenta dois polos distintos: temos, por um lado, um genuíno esforço das empresas no tocante, por exemplo, a contratação mais diversas em diferentes níveis organizacionais (na pesquisa da ILOS, esse foi o principal direcionamento estratégico – em conjunto com a segurança do trabalho – dos operadores com ações de ESG implementadas em seus negócios).

Dentro desse contexto, em 2021, a Gupy identificou um aumento significativo de 229% no número de vagas ocupadas por mulheres na logística. Em contrapartida, a discrepância ainda é alta, uma vez que mais de 71% dos postos de trabalho do setor – também segundo a Gupy – é ocupado por homens.

Para mudar esse cenário, é fundamental, além da criação de áreas de ESG e do uso de tecnologias e métricas que possam apoiar lideranças em processos de governança social, que o mercado estude exemplos de sucesso do mercado que podem, por sua vez, oferecer um norte para ações mais efetivas.

Um case interessante nesse sentido é o da Pepsico.

ESG X LOGÍSTICA

Como é possível observar, a temática ESG não só alcançou a logística: há avanços consideráveis em tempos mais recentes que colocam o setor como protagonista desse debate. Por sua vez, dado o impacto das atividades de transporte – e também sua importância econômica – esse esforço precisa ser otimizado, sobretudo no sentido do ganho de maturidade estratégica das empresas, para que mais exemplos de sucesso surjam no mercado e os pilares de governança se tornem diretrizes para o futuro.

ESTRADAS DO FUTURO

Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde).

Para contribuir com a transformação desse cenário, a MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.

‘https://mundologistica.com.br/noticias/esg-na-logistica-realidade-ou-desafio-distante

DHL apresenta Política de Transporte Verde visando padrão global de sustentabilidade

Companhia fará a transição de 2 mil veículos para alternativas mais ecológicas, como hidrogênio, biogás, eletricidade e óleo vegetal tratado com hidrogênio.

Os serviços de transporte são um dos principais fatores que contribuem para a pegada de emissões da empresa e a política fornece orientações sobre a alternativa mais ecológica, levando em consideração fatores como disponibilidade, infraestruturas e custos por mercado/País.

“Nosso objetivo ambicioso é ter 30% de unidades e combustíveis sustentáveis na nossa frota própria até ao final de 2026, aproveitando o potencial das alternativas de combustíveis verdes através da nossa pioneira Política de Transportes Verdes”, revela Oscar de Bok, CEO da DHL Supply Chain.

Como medida inicial, a DHL fará a transição de cerca de 2 mil dos seus veículos de motores de combustão convencional no mundo para alternativas mais ecológicas, como hidrogênio, biogás, eletricidade ou óleo vegetal tratado com hidrogênio. Nos próximos três anos, a DHL comprometeu-se com um investimento adicional global de 200 milhões de euros em alternativas aos combustíveis fósseis.
Essa iniciativa promete reduzir quase 300 mil toneladas de emissões de CO2, representando um passo decisivo em direção à sustentabilidade ambiental e à redução das emissões de carbono da empresa. Estas reduções equivalem a compensar as emissões de CO2 produzidas por 2.200 caminhões que percorrem, cada um, 500 quilômetros por dia ao longo de um ano. Para começar, esta nova política abrange investimentos em 17 países com as maiores pegadas de emissões, abrangendo o Brasil.

“Juntos, esses países são responsáveis por 94% das emissões da nossa frota própria no setor de transportes. Não estamos apenas estabelecendo um novo padrão na indústria, mas também reforçando nosso compromisso inabalável com as gerações futuras”, enfatiza Oscar de Bok. “Além disso, ao convidar nossos clientes a se juntarem a nós nesta jornada transformadora e apoiar ativamente o transporte rodoviário verde, oferecemos a eles uma ferramenta poderosa para tornar suas cadeias de suprimentos ainda mais verdes”, finaliza o executivo.

Na América Latina, a DHL anunciou recentemente um investimento de 500 milhões de euros em um plano de cinco anos que inclui projetos de descarbonização da frota regional através de alternativas mais verdes, entre outras iniciativas. Atualmente na região existem mais de 160 veículos operando com alternativas ecológicas, movidos por eletricidade, gás ou com sistema híbrido, sendo 85 deles no Brasil.

‘https://mercadoeconsumo.com.br/15/12/2023/destaque-do-dia/dhl-apresenta-politica-de-transporte-verde-visando-padrao-global-de-sustentabilidade/

Sustentabilidade e e-commerce no Brasil

Embora o termo ‘ecologicamente correto’ não seja novo, sua relevância tem crescido ao longo dos anos e ganhado espaço significativo nos debates que permeiam diversas esferas da sociedade, desde políticas governamentais até estratégias de varejo e sustentabilidade nos negócios.

É inegável que estamos testemunhando um aumento exponencial no consumo e na produção de bens e materiais. No entanto, o debate atual não gira em torno simplesmente da redução da produção ou da desaceleração do consumo, mas sim da implementação de políticas que fomentem um consumo consciente e promovam o desenvolvimento sustentável.

Urgência na mudança de padrões de consumo

Quando direcionamos nosso foco para as importações, o comércio eletrônico e o varejo nacional, deparamo-nos com números alarmantes que instigam uma urgência por mudanças nos padrões de consumo e na cadeia de abastecimento de produtos. Conforme um estudo divulgado em 2022 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, as embalagens plásticas utilizadas para o envio de produtos adquiridos pela internet totalizaram cerca de 100 mil toneladas de resíduos plásticos. Estima-se que apenas um quarto desse resíduo tenha sido efetivamente reciclado.

De acordo com dados fornecidos pelo Mercado Livre, aproximadamente dois bilhões de compras foram realizadas na plataforma em 2022 e, destas, cerca de 90% demandaram entregas residenciais, utilizando veículos movidos por combustíveis fósseis. O mesmo estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro indica que 1% das emissões totais de gases poluentes em 2022 derivaram do transporte e da entrega de compras efetuadas por meio do comércio eletrônico.

E-commerce: crescimento desenfreado x políticas sustentáveis

Esses dados levantam um questionamento crucial sobre o e-commerce: até quando o meio ambiente suportará o crescimento desse setor sem a implementação de mudanças e políticas sustentáveis? Realmente necessitamos de tanto plástico nas embalagens de envio? As entregas precisam ser tão imediatas, a ponto de não permitirem um planejamento mais eficiente, como a consolidação de cargas e a otimização do consumo de combustível?

No próximo ano, a pressão por iniciativas sustentáveis aumentará consideravelmente, forçando empresas já estabelecidas a reavaliarem suas políticas de aquisição, venda, entrega e descarte. O discurso ambiental estará cada vez mais presente na mente do consumidor, que tenderá a optar por empresas que abracem a bandeira da sustentabilidade.

Uma pesquisa conduzida pela Union+Webster em 2019 revelou que a maioria dos brasileiros prefere adquirir produtos de empresas que adotam práticas sustentáveis. Surpreendentemente, 70% dos entrevistados afirmaram não se importar em pagar um pouco mais por produtos que possuam essa característica.

Sustentabilidade em grandes empresas

Grandes empresas estão atentas a essa tendência e estão assumindo publicamente o compromisso com a questão climática. Um exemplo notável é a Apple, que, em 2020, ao lançar o iPhone 12, optou por não incluir o carregador na embalagem, argumentando que era dispensável para usuários que já possuíam o dispositivo em casa. Nesse mesmo ano, a marca experimentou um crescimento de 3% nas vendas, evidenciando o impacto positivo das políticas de reuso e do discurso sustentável.

Essa tendência também se reflete em outros setores, como o da moda, no qual marcas estão investindo em algodão ecológico, adotando práticas de descarte consciente de peças e incentivando compras mais conscientes. Embora seja um processo gradual, o compromisso com causas sociais e ambientais é uma realidade que merece atenção de todos. Além de ser estrategicamente lucrativo, esse compromisso serve como ponto de partida para uma série de mudanças significativas.

Com certeza, a compreensão do tema é crucial para quem vende produtos online. As transformações não estão restritas apenas às plataformas de e-commerce. Como evidenciam as pesquisas, os consumidores estão cada vez mais inclinados a escolher produtos e anúncios que tenham algum comprometimento com a sustentabilidade. Isso requer uma grande dose de inovação por parte dos empresários do ramo, que precisarão se reinventar para adequar seus produtos aos novos padrões de consumo. Estar atento às mudanças sociais é fundamental para se manter relevante nesse contexto.

Amazon anuncia investimento no Pará

O empresário Jeff Bezos, fundador da marca Amazon, anunciou investimento de R$ 80,2 milhões para o Pará. O anúncio foi feito pelos representantes da Bezos Earth Fund, fundo filantrópico de Bezos, na última sexta-feira (1), na reunião da COP28, em Dubai.

Recentemente, a marca foi cobrada pelo governador do Amazonas, Wilson Lima, por usar o nome Amazon e não investir no estado. Apesar da cobrança do governador, a fundação de Bezos disse que vai investir US$ 16,3 milhões (dólares), cerca de R$ 80,2 milhões (reais), direcionados para o estado do Pará, que faz parte da Amazônia brasileira, para o combate do desmatamento.

Assim, a empresa comunicou que busca apoiar os “planos inovadores do estado do Pará, no Brasil, para alcançar o desmatamento ilegal zero nos próximos três anos, criando o maior sistema de rastreabilidade animal do mundo”.

No total, a Bezos Earth Fund destinou US$ 57 milhões (de dólares) para projetos ligados ao futuro da alimentação e do meio ambiente e, além disso, outros US$ 850 milhões serão investidos até 2030 para apoiar a implementação da agenda global sobre sistemas alimentares e clima.

A instituição de Bezos disse: “Juntamente com a The Nature Conservancy, IMAFLORA, Earth Innovation Institute, Aliança da Terra e outros parceiros, podemos rastrear carne, lacticínios e couro para eliminar a desflorestação das cadeias de valor e trazer incentivos florestais positivos para criadores de gado e pecuaristas”.

‘https://bacananews.com.br/amazon-anuncia-investimento-no-para/