Para repensar os impactos que vêm da China na economia, consumo e no varejo

O que acontece na China definitivamente não fica na China.

E isso é razão para que se busque conexão mais próxima e constante com esse país que já é a maior economia do mundo no critério PPP – Paridade de Poder de Compra –, está pisando firme no acelerador do consumo interno e avançando para levar suas práticas e conceitos a outros países e regiões. Em especial para quem atua nos setores de Varejo, Consumo, Tecnologia, Digital, Inteligência Artificial, para não falar no Agro e nos diversos setores industriais e de serviços. Mas sem esquecer questões políticas e institucionais e seus impactos positivos e negativos em outras realidades.

Uma das estratégias globais importantes e recentes da China é a New Silk Road Initiative, programa lançado em 2013, completando dez anos agora, para ampliar o seu poder de influência especialmente em economias emergentes. A finalidade dele seria assegurar mercado para seus produtos e conceitos, ao mesmo tempo em que ampliaria seu protagonismo político nas relações bilaterais com esses países. Os investimentos e empréstimos da China à Argentina são um bom exemplo disso.

Esse movimento se tornou ainda mais importante à medida que o bloqueio tecnológico e comercial norte-americano sobre a China cresceu de importância e envolveu também países mais alinhados econômica e politicamente aos Estados Unidos.

Esse projeto tinha orçamento anunciado de US$ 900 bilhões e era nominado como China’s Belt and Road Initiative (BRI), mas também ficou conhecido como New Silk Road com a ambiciosa visão de ser um instrumento estratégico para expansão e crescimento de exportações com integração logística, alianças de negócios e reposicionamento das relações diplomáticas.

Passada uma década, um balanço simplista mostra que os investimentos foram “overestimados”, assim como os resultados esperados, enquanto os problemas a serem enfrentados foram subestimados.

Tudo isso determina que o programa seja ajustado e já se discuta a Belt and Road Initiative 2.0, com objetivos similares, porém considerando de forma distinta as dívidas não pagas pelos países e empresas e o que foi gerado de corrupção no processo que comprometeu os objetivos e investimentos iniciais.

Na visão mais atual, haverá redução nos investimentos com taxas de juros zeradas pelo Ministério da Economia da China e mais direcionamento por meio de instituições financeiras multilaterais.

Nessa nova versão, é possível que África e América Latina tenham uma redução de foco por conta dos riscos de crédito nos negócios e países dessas regiões, mas é estimado que esse novo ciclo gere recursos adicionais totais da ordem de US$ 100 bilhões. Bem mais realista do que o que foi antes anunciado.

Nesse novo momento, dois elementos devem crescer de importância na alocação de investimentos e envolvem os temas digitais e de sustentabilidade.

Esses fatores estão em linha com o que pudemos observar sendo aplicados na própria China, na expansão do consumo e do mercado interno ao privilegiar Educação, Tecnologia e Digital como fatores críticos na continuidade de seu reposicionamento estratégico e no estímulo ao aumento das exportações. E com uma menor ênfase no setor imobiliário e de construção, algo que caracterizou os períodos anteriores.

Da forma como se possa enxergar e entender a realidade em transformação na China, é importante considerar seus impactos em outras economias, e, no caso do Brasil, pelo fato de aquele ser o maior e mais importante parceiro do País no comércio bilateral.

Mas também porque os esforços de ampliação das exportações e negócios bilaterais envolvendo consumo trazem e trarão ainda mais conexões e é razoável prever seus impactos nos mais diversos setores, do automobilístico à moda, dos alimentos ao material de construção e acabamento, dos eletrônicos aos calçados, sem falar na tecnologia, no digital, no cross border e outros mais.

Tornou-se ainda mais relevante criar proximidade e conhecimento para avaliar impactos no presente e no futuro, considerando todo o redesenho político, econômico e estratégico no reconfigurado cenário global, avaliando seus impactos na nossa realidade envolvendo consumo e varejo. E pode e deve ser motivo para novas visões no mesmo momento que assistimos à retomada da economia norte-americana e aguardamos o ainda imprevisível resultado das eleições presidenciais por lá.

Bem-vindos ao admirável mundo novo. De novo.

Lições do Cotidiano

Era um final de um longo dia em Shanghai e que terminava em um jantar com o grupo do BTG que esteve conosco nesta viagem. Como não podia faltar um pouco de conteúdo, às vésperas do Singles’ Day contávamos com uma apresentação de ex-executivo sênior do Alibaba compartilhando tudo que envolvia os preparativos da empresa para fazer dessa data o maior faturamento em datas promocionais do mundo. Isso num restaurante ao lado do Bund, com sua vista espetacular e única.

Depois do jantar e de mais um longo dia “multifuso” – sintonizado nos horários e atividades locais e ao mesmo tempo também por aqui no Brasil -, uma caminhada ao longo do Bund para relaxar e “resetar” ideias e aprendizados.

Uma hora depois, a busca do táxi e uma complexa negociação “multidiomas” (mandarim, inglês e outras tentativas mais) para a corrida de volta ao hotel que começou em 100 yuans e ficou por 30. Deve haver um programa global de franquias para taxistas tentarem explorar estrangeiros.

Mas, no trajeto de retorno, terminada a difícil negociação, o clima mudou por iniciativa do próprio taxista. Usando o tradutor de seu celular, de forma quase inconsequente enquanto dirigia, quis saber sobre nosso país de origem, hábitos, família e também contava sobre sua própria realidade e expectativas.

Foram 40 minutos de aproximação multicultural digital que mostraram de forma direta e básica a crescente integração do país no mundo mais global, diferente do isolacionismo do passado, trocando informações e se conectando, quebrando barreiras e se aproximando em termos pessoais. O que até sensibilizou e justificou o acréscimo pago de 10 yuans como gorjeta.

O futuro do e-commerce em 2024: tendências de ESG moldando o cenário

O comércio eletrônico, uma revolução na forma como compramos e vendemos produtos e serviços, tem visto um crescimento constante nas últimas décadas. Com o advento da pandemia de Covid-19, essa tendência acelerou de forma impressionante, à medida que o mundo se adaptou à nova normalidade do distanciamento social.

Em um cenário em que o e-commerce se torna cada vez mais onipresente, as tendências de ESG (Ambiental, Social e Governança) desempenham um papel crucial, não apenas moldando o comportamento do consumidor, mas também direcionando o curso das empresas. Neste artigo, vamos explorar em detalhes como o cenário do e-commerce evoluirá até 2024, destacando as tendências de ESG que impulsionarão essa evolução.

Crescimento exponencial do e-commerce: uma análise aprofundada

O e-commerce tem sido um setor de crescimento impressionante ao longo dos anos, com projeções igualmente promissoras para o futuro próximo. A pandemia de Covid-19 não apenas acelerou sua adoção, mas também provocou uma expansão substancial das operações das empresas de comércio eletrônico. Isso incluiu investimentos significativos em tecnologia e infraestrutura para atender à crescente demanda dos consumidores por conveniência e eficiência nas compras online.

1. Acesso global à internet

Até 2024, é esperado que o acesso global à internet continue a se expandir, ampliando o alcance do e-commerce. Novas infraestruturas e tecnologias, como a implementação de redes 5G, proporcionarão uma experiência de compra mais rápida e eficiente, aproximando ainda mais as pessoas do comércio eletrônico.

2. Inovação tecnológica

A inovação tecnológica continuará a ser um dos principais impulsionadores do crescimento do e-commerce. Integrações de realidade virtual e aumentada, assistentes de compras baseados em IA, chatbots e análises avançadas permitirão experiências de compra personalizadas e eficientes.

3. Expansão de ofertas de produtos e serviços

A gama de produtos e serviços disponíveis no e-commerce continuará a crescer, abrangendo desde produtos tradicionais até soluções mais especializadas. Setores como saúde, educação e até mesmo experiências de entretenimento online verão um aumento notável na oferta e na demanda.

Tendências de ESG no e-commerce: um exame detalhado

As tendências de ESG estão cada vez mais no centro das atenções das empresas, com o e-commerce não sendo uma exceção. Entender como essas tendências se manifestam no contexto do setor é essencial para prever o cenário em 2024.

Ambiental (E)

1. Sustentabilidade e eficiência energética
Reduzir o impacto ambiental tornou-se uma prioridade para as empresas de e-commerce. Isso inclui a redução do uso de plástico nas embalagens, a otimização da logística para minimizar emissões de carbono e o investimento em fontes de energia renovável para alimentar os centros de distribuição.

2. Logística verde
A entrega de última milha, uma das partes mais críticas da cadeia de suprimentos do e-commerce, está passando por uma transformação verde. O uso de veículos elétricos e a otimização de rotas estão se tornando a norma, reduzindo significativamente a pegada de carbono do setor.

Social (S)

1. Diversidade e inclusão
Empresas de e-commerce estão comprometidas em promover locais de trabalho mais diversos e inclusivos, refletindo uma força de trabalho que espelha a diversidade de seus clientes. Além disso, as empresas estão cada vez mais atentas a questões como equidade salarial e oportunidades de crescimento para todos os funcionários, independentemente de sua origem.

2. Responsabilidade do produto
A responsabilidade do produto é uma preocupação crescente no e-commerce. Isso inclui garantir a segurança dos produtos vendidos, a procedência ética dos produtos e práticas justas de produção, especialmente na cadeia de suprimentos.

Governança (G)

1. Transparência e ética
A transparência e a ética são fundamentais na governança corporativa. As empresas estão focando em tomar decisões éticas, divulgar informações relevantes e manter práticas de governança responsáveis, o que contribui para a confiança dos investidores e dos consumidores.

2. Compliance legal
O cumprimento de leis e regulamentos é um elemento crítico para a governança eficaz no e-commerce. Empresas devem estar atentas às normas locais, regionais e globais que regulam suas operações.

Impacto previsto das tendências de ESG no e-commerce até 2024

À medida que avançamos em direção a 2024, as tendências de ESG terão um impacto cada vez mais substancial no cenário do e-commerce. Aqui estão algumas previsões mais detalhadas:

1. Maior foco na sustentabilidade

Empresas de e-commerce continuarão a adotar práticas sustentáveis em todas as áreas, desde embalagens ecologicamente corretas até programas de reciclagem e medidas de eficiência energética em suas instalações. Além disso, a tendência de “consumo consciente” incentivará os consumidores a escolher produtos e serviços de empresas comprometidas com a sustentabilidade.

2. Diversidade e inclusão no centro das organizações

A diversidade e a inclusão não serão apenas consideradas como uma responsabilidade social, mas como uma vantagem competitiva. As empresas que adotam políticas de diversidade e inclusão terão uma equipe de funcionários mais criativa e eficaz, o que se traduzirá em melhores produtos e serviços.

3. Transparência e ética na tomada de decisões

A transparência e a ética na tomada de decisões serão valores fundamentais no e-commerce. Isso inclui fornecer informações claras sobre a procedência dos produtos, práticas de produção éticas e políticas de privacidade detalhadas. As empresas que não aderirem a esses princípios enfrentarão desafios significativos de reputação e aceitação pelos consumidores.

4. Tecnologia para o bem e impacto positivo

A tecnologia, especialmente a inteligência artificial e a análise de dados, será usada para rastrear e melhorar o desempenho ambiental e social das empresas. Algoritmos de IA serão aplicados para otimizar a logística, melhorar a personalização de produtos e serviços e prever tendências de mercado.

5. Consumidores como defensores da mudança

Os consumidores se tornarão ainda mais conscientes das questões de ESG e usarão seu poder de compra para apoiar empresas que compartilham seus valores. Isso colocará uma pressão significativa sobre as empresas de e-commerce para se alinharem com as tendências de ESG.

Preparando-se para um futuro sustentável e ético no e-commerce

O cenário do e-commerce em 2024 será caracterizado por um crescimento contínuo, sustentável e impulsionado pela tecnologia, com as tendências de ESG desempenhando um papel central.

Empresas que adotarem práticas sustentáveis, promoverem a diversidade e a inclusão, e demonstrarem transparência e ética em suas operações estarão bem posicionadas para prosperar.

A transição para um futuro mais sustentável e ético no e-commerce não é apenas uma opção, mas uma necessidade para atender às demandas dos consumidores e garantir um sucesso duradouro no mercado global. Assim, o e-commerce em 2024 será um campo não apenas de expansão, mas também de transformação positiva em direção a um mundo mais consciente das questões de ESG.

Créditos de carbono: Uma resposta para a demanda de preservação ambiental

Os créditos permitem a transferência de recursos financeiros de atividades poluentes para projetos que capturam carbono da atmosfera, ou evitam a emissão deles.

Assim como praticamente as demais indústrias, seguindo os preceitos do Acordo de Paris, a descarbonização do setor de transportes passa pela substituição tecnológica, o que representa um desafio enorme para todas as empresas deste setor.

No que tange o segmento rodoviário, apesar de avanços tecnológicos importantes e acelerados estarem acontecendo na cadeia de produção de caminhões, ainda não há sinais de um caminho concreto e escalável para a descarbonização das estradas.

Ganhos de eficiência operacional representam iniciativas importantes, porém limitadas. Isso significa que, por vários anos, operadores logísticos e transportadoras vão seguir relativamente travados para atuarem sobre o problema de maneira efetiva.

Por outro lado, clientes, investidores, bancos, dentre outros stakeholders, têm demandado cada vez mais ações positivas e relevantes no combate às mudanças climáticas. Créditos de carbono são, definitivamente, uma resposta para essa demanda.

Atores e acontecimentos diversos no mercado local e internacional têm trazido sombras de suspeição sobre a validade do crédito de carbono como instrumento de promoção de sustentabilidade. Há motivos legítimos para precauções, porém negar a importância dos créditos de carbono no combate às mudanças climáticas é algo totalmente contra produtivo.

Créditos de carbono permitem a transferência de recursos financeiros de atividades poluentes para projetos que capturam carbono da atmosfera, ou evitam a emissão deles. De maneira bastante simplificada, estamos falando de prevenção ao desmatamento e restauração de áreas degradadas. Cada iniciativa confiável nessas áreas gera benefícios reais.

Há projetos de créditos de carbono questionáveis do ponto de vista de credibilidade? Sim. Esse problema é, fundamentalmente, inerente a um complexo processo de homologação de projetos ainda em fase de amadurecimento. A boa notícia é que há muita gente séria, em todo o mundo, trabalhando para mudar esse enredo.

O problema é muito crítico para empresas descartarem a utilização de créditos de carbono como instrumento de combate às mudanças climáticas, especialmente aquelas que discursam em favor da proteção das florestas, incluindo aqui a Amazônia.

O modelo de desenvolvimento econômico vigente não convive com a preservação da Amazônia sem a existência de créditos de carbono. Precisamos todos ser realistas, coerentes e responsáveis a esse respeito.

Outro ponto frequentemente postulado por críticos sugere que créditos de carbono desestimulam iniciativas de descarbonização. Trata-se de uma hipótese aceitável, mas nada além de uma hipótese. Um estudo recente publicado pela Ecosystem Marketplace indica que empresas que lançam mão de créditos de carbono para compensar voluntariamente suas emissões são mais ativas no processo descarbonização do que empresas que não utilizam tais instrumentos sem suas iniciativas de sustentabilidade.

Ainda que iniciativas voluntárias sejam nobres e importantes, é ingênuo acreditarmos que o problema das mudanças climáticas vai ser resolvido por meio delas. O relatório AR6 Synthesis Report – Climate Change 2023 publicado pelo IPCC traz evidências claras de que isso não vai acontecer.

Sendo assim, com ou sem o uso de créditos de carbono, a solução do problema passa por regulações locais estabelecidas pelos países, especialmente aqueles signatários do Acordo de Paris. É com esse pano de fundo que o senado brasileiro aprovou recentemente o Projeto de Lei 412/2022 que regulamento o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões.

Essa regulação estabelece que empresas com emissões anuais superiores a 10 toneladas de dióxido de carbono equivalente terão de medir e reportar suas emissões para o órgão regulador, enquanto aquelas com emissões anuais superiores a 25 toneladas terão de reduzir suas emissões de acordo com planos setoriais a serem definidos.

O setor de transportes vai ser diretamente impactado por essa regulação e uma estimativa realizada pela startup Verda indica que operadores logísticos e transportadoras com frota superior a 150 caminhões serão impactados. Nesse contexto, o crédito de carbono ganha um papel adicional e passa a ser um instrumento de informação, conhecimento e engajamento.

O setor de transportes no Brasil é uma das pontas frágeis da cadeia de suprimentos. A enorme fragmentação do setor reduz dramaticamente o poder de negociação dos operadores logísticos e transportadoras, o que faz com essas empresas operem sob pressão constante de seus clientes por qualidade, prazo e preço.

O fato de a transição tecnológica representar um gerador de custo incremental combinado a esse ambiente empresarial hostil faz com que o setor de transportes não tenha condições mínimas de se conectar, de maneira relevante, ao contexto da sustentabilidade.

Tenho percebido, em toda conversa com operadores logísticos, que o crédito de carbono muda bastante esse jogo em função da combinação de 3 fatores:

Curiosidade: o tema crédito de carbono é percebido como “atraente” pelo setor de transportes, talvez ainda por um pouco de desconhecimento combinado com o significado da palavra “crédito”, e isso faz com que gestores e executivos se mostrem abertos a conversar sobre ele
Flexibilidade operacional: operadores logísticos têm flexibilidade para compensar parcialmente suas emissões de carbono, o que possibilita uma gestão controlada do custo atrelado a esse processo;
Flexibilidade financeira: operadores logísticos e seus clientes conseguem definir conjuntamente como tratar, de maneira coordenada, o custo relacionado a compensações de emissões por meio de créditos de carbono.
Ao entenderem esse contexto, noto claramente nos operadores logísticos conectados à Verda uma mudança de postura drástica onde a ansiedade é substituída por perspectiva. É como se uma porta se abrisse com a possibilidade de os operadores logísticos fazerem a coisa certa dentro de um contexto de respeito às suas limitações, especialmente econômicas.

Ainda que as formas de expressão sejam muito diferentes, ainda não encontrei um gestor ou executivo do setor de transportes que não se sensibilize com a ideia de fazer a “coisa certa” do ponto de vista ambiental. Por outro lado, temos de aceitar e respeitar que há outras forças importantes que fazem com que a “coisa certa” não possa ser uma prioridade nesse momento.

Também precisamos entender e aceitar que, na maioria das vezes, tais forças são impostas pelos clientes desses operadores logísticos. Isso significa que, em termos práticos, a indústria e o varejo precisam entender e apoiar esse enredo. De nada vai valer os esforços do setor de transportes na compensação das suas pegadas se as empresas contratantes dos serviços não apoiarem esse movimento.

A emissão de carbono pelo setor de transportes resulta, fundamentalmente, de serviços prestados para atender demandas desses segmentos da economia. Não há como desvincular esses segmentos da solução, e para que as coisas caminhem de maneira ordenada, faz-se necessário a coordenação de estratégias e execuções de compensações.

Trata-se de um problema clássico e complexo, porém já resolvido pela Verda por meio da orquestração do que chamamos de “dinâmica do carbono”, conceito que representa a gestão integrada das pegadas e compensações ao longo das cadeias de suprimentos das empresas.

Isso permite que a indústria e o varejo tenham controle pleno da maneira como as suas pegadas geradas por fornecedores de transportes sejam calculadas e compensadas, evitando, inclusive, a dupla contagem. Mais do que isso, permite que a indústria e o varejo cooperem com seus operadores logísticos para que os planos de descarbonização de todos os agentes se conectem e se complementem.

A partir desse contexto, as possibilidades trazidas pelo crédito de carbono, seja do ponto de vista de instrumento, seja do ponto de vista de aprendizagem são poderosas e promissoras. Informação, conhecimento e coordenação vão ser fundamentais para darmos escala a esse processo.

O Programa Rota 2050 desenvolvido pela Verda busca contribuir com esse processo promovendo o fortalecimento dos operadores logísticos, de maneira integrada com seus clientes, para juntos enfrentarem os desafios relacionados ao Acordo de Paris. Vemos esse programa como uma iniciativa estruturante no setor de transportes brasileiro, fazendo com que o Acordo de Paris seja seu maior beneficiário.

Deixo explícita a minha convicção de que o crédito de carbono é um instrumento poderoso e fundamental para a jornada do setor de transportes no combate às mudanças climáticas.

* Rafael Fanchini é Founder & CEO da Verda
‘https://mundologistica.com.br/artigos/creditos-de-carbono-resposta-para-demanda-de-preservacao

Neoindustrialização pode aumentar valor competitivo do Brasil mundo afora

Possibilidades do Brasil em energia limpa foram debatidas no U-Talks, evento organizado por Ultragaz e Mercado&Consumo

A agenda ESG segue em alta pelo Brasil e pelo mundo, alertando o mercado de problemas, muitas vezes conceituais, mas possibilitando também inúmeras oportunidades, principalmente para o futuro. Considerado por muitos como um celeiro natural de energia limpa, o Brasil se encaixa bem neste cenário das oportunidades.

“A transição energética pode trazer ao Brasil a neoindustrialização. Não basta produzir energia limpa. É preciso também utilizar essa energia limpa para produzir produtos limpos”, revelou Adriano Pires, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em entrevista exclusiva com Aiana Freitas, editora-chefe da Mercado&Consumo, no U-Talks, evento que debateu o futuro da indústria e da transição energética na última semana, em São Paulo.

O executivo entende que a utilização da energia limpa pode ser um diferencial competitivo para o Brasil no mercado mundial. “Temos que exportar produtos feitos com energia limpa. E o mundo tem que pagar mais caro por aqueles produtos que são produzidos com essa energia. O aço brasileiro, por exemplo, tem que valer mais do que o aço chinês que é produzido com carvão”, afirmou Adriano Pires.

Confira abaixo o bate-papo completo com Adriano Pires e entenda um pouco mais do momento da transição energética no Brasil.

Brasil deve criar condições para atrair capital
Com cenário econômico favorável, o Brasil precisa criar condições para atrair o financiamento externo para a transição energética. Segundo relatório de investimentos da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o Brasil recebeu US$ 114,8 bilhões de dólares em investimentos internacionais no setor de energias renováveis entre 2015 e 2022.

“O crescimento no Brasil tem surpreendido positivamente e a boa posição relativa do País no quadro internacional poderá contribuir para o financiamento da transição energética”, afirma Zeina Latif, sócia-diretora da Gibraltar Consulting.

Zeina destaca que há muito interesse no Brasil e que o mix de financiamento dependerá da natureza de cada projeto.

“O setor privado é muito heterogêneo. Há segmentos mais sofisticados, com elevados ganhos de produtividade e com escala de produção que permite maior engajamento na transição energética, que é custosa e não necessariamente traz ganhos de eficiência. Terão de liderar esse processo”, diz.

‘https://mercadoeconsumo.com.br/06/11/2023/economia/neoindustrializacao-pode-aumentar-valor-competitivo-do-brasil-mundo-afora/

Fever inicia operação no setor de eletromobilidade para atender logística de última milha

Com veículos de carga 100% elétricos, a empresa tem expectativa de comercializar 18,5 mil unidades nos próximos quatro anos, superando R$ 2 bilhões em faturamento
Por Redação

Fever inicia operação no setor de eletromobilidade para atender logística de última milha

A Fever Mobilidade iniciou operações no setor de eletromobilidade para atender a logística de última milha. Com veículos 100% elétricos, 100% conectados e focados exclusivamente na movimentação de cargas e prestação de serviços de logística, a empresa tem expectativa de comercializar 18,5 mil unidades nos próximos quatro anos, o que levará a superar os R$ 2 bilhões em faturamento.

Em nota, a empresa afirmou que a Fever é resultado de mais de 18 meses de pesquisas e estudos sobre a mobilidade urbana e sustentável ao redor do mundo. Ao todo, foram investidos mais de R$ 5 milhões em pesquisa, desenvolvimento, homologações e documentações para viabilizar a chegada de veículos no país.

“Chegamos para revolucionar o mercado de logística verde no Brasil, sobretudo por escolhermos um nicho específico, o de logística de última milha, ainda inexplorado pelos players de eletromobilidade”, afirmou Nelson Füchter Filho, CEO da Fever Mobilidade.

“Não só pela inovação do negócio ao oferecer soluções de logística com produtos comerciais, 100% elétricos, com baterias e tecnologia de última geração, mas pela rede de apoio e todo o ecossistema criado para favorecer o negócio do cliente”, explicou.

MERCADO E PARCERIAS
Segundo a companhia, dois fabricantes de veículos comerciais elétricos terão a Fever como importadora e distribuidora exclusiva. Serão duas linhas de veículos: “RAPsev”, fabricante chinesa de triciclos elétricos de carga, e a “ALKÈ”, fabricante de caminhões compactos elétricos, com sede em Pádua, na Itália.

Estão lado da Fever também, a Mobilis (engenharia), Intelbras (estações de recarga e rede de assistência técnica com mais de 3500 pontos), Orsitec/Fenícia (contadoria/trading), Movecta (logística portuária), Gabardo (logística terrestre), Solution4Fleet (locação de veículos), Moore (auditoria/consultoria), Vedere (comunicação), entre outras.

A perspectiva até o final do ano é que 250 veículos já estejam operando em empresas, condomínios residenciais, corporações e locadoras. Ao todo, 35 cidades terão lojas completas até o final de 2024, com 12 unidades abertas ainda em 2023. Os concessionários terão veículos para venda e locação, test drives, peças e serviços.
‘https://mundologistica.com.br/noticias/fever-inicia-operacao-setor-eletromobilidade-logistica-ultima-milha

FedEx Express lança ferramenta de medição de carbono das remessas no Brasil

De acordo com a companhia, as informações podem apoiar os clientes nas tomadas de decisões referentes às estratégias de transporte para reduzir emissões.

A FedEx Express lançou uma ferramenta que fornece acesso a informações sobre as emissões de carbono das remessas. No Brasil, a ferramenta FedEx® Sustainability Insights (FSI) está habilitada para todos os serviços internacionais.

A empresa pretende ampliar a funcionalidade da FSI ao incorporar a ela dados do portfólio de serviços domésticos. De acordo com a companhia, as informações podem apoiar os clientes nas tomadas de decisões referentes às estratégias de transporte para reduzir emissões.

O gerador de dados baseado em nuvem usa as informações da rede FedEx, praticamente em tempo real, para estimar as emissões de CO2e1. Os clientes podem visualizar dados históricos de emissões por conta e realizar buscas por número de rastreamento das remessas.

Segundo a companhia, os dados apresentados pela ferramenta incluem métricas como meio de transporte, tipo de serviço, e país ou território para todas as remessas elegíveis da FedEx2.

“Com acesso direto e interativo às estimativas de emissões de carbono, nossos clientes da FedEx no Brasil agora podem ter uma melhor compreensão de seu impacto ambiental dentro de suas cadeias de suprimentos, o que pode auxiliá-los nos relatórios e nos planos estratégicos futuros”, explicou Camila Lima, diretora de Planejamento e Engenharia da FedEx no Brasil.

“Na FedEx, sabemos que os dados são um mecanismo poderoso para desencadear mudanças, e é por isso que estamos entusiasmados em disponibilizar essa ferramenta aos nossos clientes, para que eles possam continuar dando passos significativos em direção à sustentabilidade”, completou a diretora.

SUSTENTABILIDADE

Em nota, a empresa informou que a nova solução complementa as iniciativas para alcançar operações neutras em carbono em todo o mundo até 2040. A empresa está focada em áreas como eletrificação dos veículos de coleta e entrega, instalações, combustíveis e frotas mais eficientes, e investimentos na captura natural de carbono.

‘https://mundologistica.com.br/noticias/fedex-express-lanca-ferramenta-de-medicao-de-carbono

Natura &Co e prefeitura de Cajamar lançam programa de logística reversa em parceria público-privada

O programa visa promover a reciclagem de embalagens por meio da conexão com escolas da rede pública, estruturação da coleta seletiva e apoio aos catadores, e incentivo para que os fornecedores do grupo Natura&Co utilizem os resíduos.

Em parceria público-privada, a fabricante de cosméticos Natura &Co América Latina e a prefeitura de Cajamar, cidade do interior de São Paulo onde está a maior operação fabril da companhia, se unem numa iniciativa de logística reversa de materiais recicláveis. 

O programa, chamado Elo Verde, visa promover a reciclagem de embalagens por meio da conexão com escolas da rede pública, estruturação da coleta seletiva e apoio aos catadores, e incentivo para que os fornecedores do grupo Natura&Co utilizem os resíduos como insumos para a produção de novas embalagens.

“Sempre buscamos melhorar o entorno da operação. A iniciativa em Cajamar envolve vários setores da prefeitura e parceiros para o fortalecimento da logística reversa na região de modo a inspirar ações também em outras localidades do grupo. Sabemos que não fazemos nada sozinhos. Então, quando começamos essa conversa há três meses, o objetivo era gerar um ciclo virtuoso”, diz Ana Costa vice-presidente de Sustentabilidade, Jurídico, Reputação e Comunicação Corporativa da Natura &Co América Latina em entrevista exclusiva à EXAME.

Para Danilo Joan, prefeito de Cajamar, o projeto Elo Verde representa um passo importante para a transformação sustentável da cidade. “O sistema de coleta e troca proposto é simples e eficaz, envolvendo ativamente os munícipes na promoção da reciclagem. Ao participarem desse esforço, eles não apenas contribuirão para a preservação de um ambiente mais limpo, mas também serão recompensados com produtos Avon. Essa iniciativa certamente impulsionará a reciclagem”.

A iniciativa ajuda a Natura &Co América Latina a alcançar a meta pública de usar 100% de materiais reutilizáveis, refiláveis, recicláveis ou compostáveis nas mebalagens até 2030 — atualmente são 82,5%. Em 2022, a empresa também alcançou 10,5% de uso de plástico reciclado pós-consumo, ante 8,5% no ano anterior. A Natura passou de 16% para 20% de uso de plástico reciclado pós-consumo em suas embalagens e o objetivo é chegar a 50% até 2030.

Como o Elo Verde irá funciona

Para dar início ao programa, a Natura &Co América Latina realizou uma doação à Prefeitura de R$ 4,4 milhões em produtos de beleza da marca Avon. E, de acordo com Costa, há a expectativa de que as outras marcas do grupo também entrem no programa conforme o desenvolvimento das práticas.

Os itens serão entregues como incentivo aos cidadãos que descartarem materiais recicláveis nos pontos de coleta instalados, nesta primeira fase, em dez pontos da cidade. O objetivo é, por meio desse estímulo, motivar a reciclagem na comunidade. A Prefeitura ficará responsável pela administração do estoque dos produtos e da elaboração do plano de trabalho junto à companhia.

“A legislação permite o ponto de coleta nas escolas, mas não a troca de produtos. Então, contratamos a ONG Espaço Urbano para nos ajudar a desenhar os melhores pontos de contato para o recebimento dos resíduos, assim como para as atividades de educação ambiental com os alunos da rede pública”, explica Costa.

A ONG também ajuda na organização da dinâmica promocional. “Estamos ajustando a dinâmica que poderá considerar, por exemplo, a troca de um produto a cada cinco selos juntados, um cartão fidelidade ou algo semelhante”. Por conta dos detalhes, e da agenda escolar, o início do programa está previsto para janeiro.

Para Josie Peressinoto Romero, vice-presidente de Operações e Logística de Natura &Co América Latina, a novidade é  uma cooperação que beneficia toda a cadeia. “O Elo Verde nasce da nossa experiência com outras ações em circularidade, como o Natura Elos, que desde 2017 estrutura cadeias de reciclagem de materiais para abastecer nosso processo produtivo. Quando unimos propósito e ação, geramos legado”, diz.

Iniciado há seis anos, o programa de logística reversa da Natura já permitiu que mais de 50 mil toneladas de materiais fossem reincorporadas às embalagens e materiais de apoio – primeiramente da Natura e, em 2022, teve início a ampliação gradual para a Avon. Nesse mesmo ano, o número de cooperativas participantes quase dobrou, passando de 25 para 47, e o número de catadores chegou a 2.039 pessoas.

Parceria público-privada em logística reversa

Costa reforça que o principal diferencial do Elo Verde, além da união entre educação ambiental e geração de renda, é estabelecer, dentro de uma parceria público-privada, uma cadeia de abastecimento ética e sustentável, inteiramente rastreável, homologada de ponta a ponta, e que promove a inclusão produtiva e o trabalho digno dos catadores.

“Estamos muito felizes com essa parceria junto à prefeitura de Cajamar. A nossa proposta de valor é gerar prosperidade e desenvolvimento por meio da cosmética e isso inclui promover o bem-estar social de toda a nossa rede, que inclui as comunidades no entorno de nossas unidades. A assinatura desse acordo é só um começo de um projeto que deixará um impacto positivo não só para Natura e Avon, mas para toda a população de Cajamar”, afirma.

Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2022, apenas 4% de 82 milhões de toneladas de resíduos urbanos produzidos no Brasil foram reciclados. Com o intuito de promover hábitos mais conscientes entre os consumidores e reforçar a importância da reciclagem, a Natura relançou, no ano passado, o programa de logística reversa “Recicle com a Natura”.

O programa já soma mais de 700 pontos de coleta em lojas próprias da marca e franquias “Aqui tem Natura” e permitiu reciclar 50 toneladas de embalagens de cosméticos, que foram reintroduzidas em cadeias de reciclagem ou receberam uma destinação final adequada.

“Amazon Quase Novo” chega ao Brasil com a venda de itens usados

Na última quinta-feira (19), a Amazon Brasil anunciou o lançamento do Amazon Quase Novo, uma nova modalidade de vendas focada em ofertar itens usados, seminovos e reembalados com descontos no seu valor final. O lançamento busca oferecer aos brasileiros produtos de alta qualidade com preços acessíveis, além de promover a proposta da economia circular e diminuição do impacto ambiental.

A seleção de produtos usados tem 14 categorias, como: Brinquedos, Celulares e Smartphones, Computadores e Informática, Cozinha, Eletrônicos, Ferramentas e Materiais de Construção, Livros e Videogames.

O Amazon Quase Novo também é uma forma de promovermos a economia circular no Brasil e oferecermos aos clientes mais opções de compra com qualidade e confiança. Ao darmos uma “segunda vida” aos produtos, estamos ajudando a reduzir o consumo de recursos naturais e a geração de resíduos. Dessa forma, fomentamos uma nova maneira de se pensar o consumo: mais consciente, sustentável e com ótimo custo-benefício. Nosso objetivo é oferecer aos consumidores a mesma experiência de compra de produtos novos”, afirmou Daniel Mazini, presidente da Amazon Brasil.

Condição dos itens
Sobre a avaliação da condição dos produtos na modalidade, a Amazon afirmou que especialistas avaliam para determinar a categoria apropriada da condição dos itens. Nesse exame inclui: inspeção visual, testes de funcionamento e verificações rigorosas buscando garantir que cada produto esteja em condições para uso.

Os clientes podem escolher a condição do produto conforme as categorias indicadas pela Amazon, que também oferece uma breve descrição do seu estado:

● Usado – Como Novo: item em perfeitas condições de funcionamento com seus acessórios essenciais completos, apenas a embalagem pode ter pequenos sinais de desgaste.
● Usado – Muito bom: item pode ter sido pouco usado e ter pequenos sinais de uso ou marcas. Seus acessórios essenciais podem não vir e ele pode ser reembalado ou ter a embalagem danificada.
● Usado – Bom: item teve uso moderado, funciona bem, mas pode apresentar pequenos sinais de uso ou arranhões. Seus acessórios essenciais podem não vir e ele pode ser reembalado ou ter a embalagem danificada.
● Usado – Aceitável: item pode ter sinais mais evidentes de uso como amassados, desgaste nas bordas, mas ainda funciona bem. Seus acessórios essenciais podem não vir e ele pode ser reembalado ou ter a embalagem danificada.

Com novos processos de recebimento e envio desses produtos em seus centros de distribuição, otimizados pela tecnologia aplicada à logística e supply chain, qualquer compra feita no Amazon Quase Novo tem garantia e cobertura pela política de devoluções. Caso o produto apresente algum defeito fora da classificação do seu estado ou o cliente se arrependa da escolha, a Amazon oferece a possibilidade de devolução em até 30 dias, a mesma disponível para produtos novos. Nesse momento, ainda não há como substituir os produtos.

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ESG e transporte de cargas: o setor logístico na rota da sustentabilidade

Não é de hoje que se sabe que o Brasil é um dos líderes mundiais em emissão de gases poluentes. De acordo com uma pesquisa do site britânico Carbon Brief, especializado na cobertura de temas ligados à ciência do clima e a políticas climáticas e energéticas, o país aparece em quarto lugar no ranking global de emissões de gás carbônico, respondendo por 5% do total de emissões de CO2 na atmosfera, entre os anos de 1850 e 2021.

Mais recentemente, um relatório divulgado pelo Observatório do Clima, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e outras entidades parceiras mostrou que as emissões de gases de efeito estufa cresceram 40% no Brasil desde 2010, mesmo ano em que o país decidiu aderir a uma iniciativa de combate a essa prática, por meio da regulamentação da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).

Segundo esse mesmo levantamento, entre os anos de 2010 e 2021, praticamente todos os setores da economia brasileira aumentaram suas emissões de CO2, com uma alta bruta de 31% em resíduos (em especial, lixo e esgoto), 13% em processos industriais e uso de produtos, 17% em energia e 12% na agropecuária.

Tendo em mente esses dados alarmantes, bem como o fato de os impactos da ação humana sobre o meio ambiente se tornarem cada vez mais notórios, fica clara a necessidade de incorporar práticas mais sustentáveis também na cadeia de suprimentos. E isso de forma equilibrada, a fim de que a eficiência e a responsabilidade ambiental estejam alinhadas aos interesses econômicos e operacionais de cada corporação.

Nesse sentido, é bem verdade que, nos últimos anos, o setor logístico brasileiro tem avançado na adoção de soluções e iniciativas sustentáveis, conforme aponta a última edição da pesquisa “Perfil dos Operadores Logísticos”, publicada em 2022 e desenvolvida por meio de uma parceria entre o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) e a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL).

De acordo com o relatório produzido pelas duas instituições, 72% das companhias ouvidas já praticam ações de redução, reuso e reciclagem de resíduos, e 66% adotam práticas voltadas para a redução da emissão de gases poluentes. Além disso, ainda segundo o levantamento, 82% dos operadores logísticos consultados já possuem uma área interna dedicada aos pilares ambiental, social e de governança, reunidos sob a sigla em inglês ESG.

No entanto, a despeito dessa evolução que vem sendo observada junto ao setor no Brasil, ainda há um longo caminho a ser percorrido quando o assunto é sustentabilidade. Afinal, por outro lado, a mesma pesquisa realizada pelo ILOS e pela ABOL também identificou que, entre as empresas de logística respondentes, apenas 19% possuem metas e objetivos bem definidos com relação à pauta ESG, e só 37% praticam ações de compensação da emissão de carbono.

Logo, é preciso que cada vez mais operadores logísticos passem a investir não só no atendimento às expectativas e exigências do mercado a respeito dos riscos ambientais, mas também no planejamento estratégico de ações com implicação social e que garantam a sustentabilidade econômico-financeira da empresa. Para além de simplesmente cumprir com as normas regulatórias vigentes, é preciso que as organizações estejam dispostas a abraçar uma verdadeira transformação no modelo de negócio, adotando novas posturas, capazes tanto de aumentar a integridade administrativa quanto de melhorar os expedientes e de otimizar o processo de tomada de decisão.

Os resultados alcançados por uma operação logística genuinamente comprometida com a agenda sustentável vão para muito além do retorno financeiro ou da garantia de entregas mais ágeis e menos danosas ao ecossistema. Em um setor ainda tão necessitado de referências em boas práticas ESG, a empresa que não apenas faz a sua parte, mas toma para si o compromisso de acelerar o processo de transformação cultural de todo um segmento de mercado passa a servir de exemplo, estimulando fornecedores, colaboradores e até mesmo clientes a repensar práticas e atitudes cotidianas, em prol de um planeta e de uma sociedade mais saudáveis e equilibrados.

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A visão estratégica da Amazon, uma empresa que gosta de propor o futuro

A multifacetada gigante organiza evento em sua cidade-sede, Seattle, em que apresenta seu horizonte de inovação.

Estamos em Seattle, cidade no noroeste dos Estados Unidos, famosa por seu clima inglório, úmido e sempre nublado e também por ser o berço do grunge e de Jimi Hendrix, guitarrista que, como um meteoro, reinventou a história do instrumento na segunda metade dos anos 1960.

Seattle também é conhecida por ser a sede de um punhado de empresas que escreveram histórias ambiciosas do empreendedorismo americano: UPS, de logística; Boeing, de aviação; Microsoft, que ditou as diretrizes da primeira onda de computação pessoal e hoje é uma das protagonistas nas soluções de produtividade; Starbucks, que redefiniu os princípios da interação das pessoas com o café (e aqui, sem juízo de valor); e, claro, a Amazon, a gigante de e-commerce, tecnologia e serviços, que revolucionou nossa relação com o comprar, escrevendo algumas das linhas mais inovadoras e polêmicas do e-commerce desde 1995.

E é justamente em sua sede, nos ambientes chamados “The Spheres”, que a Amazon recebe jornalistas do mundo todo em uma iniciativa denominada #DeliveringtheFuture. Um evento exclusivo, com foco na demonstração e apresentação de inovações que aterrissam a visão de futuro da própria empresa.

Sphere visão de futuro amazon seattle

The Spheres, ambiente de trabalho e reunião da Amazon em sua sede em Seattle

Amazon abraça a sustentabilidade com inovação
É sempre importante buscarmos entender as motivações e objetivos de uma empresa dominante como a Amazon, que modificou a paisagem competitiva nos mercados em que atua. Nos EUA, a Amazon é vista como temor e com admiração. Sua rede de negócios se estende do e-marketplace para exportação, saúde, tecnologia, Inteligência Artificial, Smart Home, logística, retail media e muito mais. A empresa emprega e movimenta um ecossistema trilionário e, ao mesmo tempo, desconstrói negócios tradicionais. Conhecer sua visão de futuro é necessário, urgente e uma fonte de conhecimento relevante para compor estratégias dos mais diversos tipos de negócios.

No ambiente das “Spheres”, com sua ecologia particular, que combina uma notável presença de vegetação nativa de 50 países, a abertura oficial do evento trouxe um painel com Kara Hurst, vice-presidente global de Sustentabilidade, Udit Madan, vice-presidente de Transporte, apresentado por Hope King, senior business reporter na Axios, sobre como as inovações da Amazon ajudam consumidores e comunidades, além do meio-ambiente.

Tudo indica que a Amazon quer reforçar uma imagem de preocupação com sustentabilidade. Kara Hurst é a responsável por criar as experiências mais sustentáveis para os consumidores, e o processo de descarbonização das atividades da empresa. Considerando a complexidade logística dos negócios da companhia e seu nível de interdependência, estamos diante de um conjunto de aprendizados que trará consequências para muitos negócios e empresas no mundo todo. Mas será que isso será percebido pelos consumidores? Em países de renda média como o Brasil, sustentabilidade é um valor percebido. Mas será que é tangível?

Entregas com carbono zero
Kara Hurst e Udit Madan elencaram diversas ações que evocam sustentabilidade de uma forma que realmente afeta positivamente a vida das pessoas. Basicamente, a logística orientada a carbono zero, como o uso de bicicletas elétricas com carrinhos acoplados, que permitem uma distribuição inteligente e sem emissões de poluentes, em uma escala bem apropriada para grandes cidades.

Udit Madan destacou o desenvolvimento dos veículos elétricos, incluindo uma van de entregas totalmente elétrica e repleta de sensores, para tornar o trabalho de delivery mais confortável para os colaboradores, e que inclui toda uma infraestrutura de apoio implantada, com 12 mil veículos e carregadores distribuídos em 100 postos de serviço nos Estados Unidos.

Durante a pandemia, a Amazon “plugou” mais de 450 empresas em seu ecossistema para buscar inovações. Uma das atividades das quais a empresa mais se orgulha é a Climate Pledge Arena, a primeira arena completamente sustentável do mundo. Ela coleta água da chuva para gerar o gelo da quadra de hockey onde o time do Seattle Krakens tem o mando de seus jogos na liga americana, a NHL. Todas as refeições distribuídas são entregues com materiais de apoio sem emissões e frutos de um conceito de economia. circular completo (Consumidor Moderno irá à arena para constata cada detalhe).

E quanto às inovações que vão ao encontro das expectativas dos consumidores? Kara Hurst entende que os clientes estão buscando essas opções de forma proativa. Essa postura motiva muito um trabalho coletivo com os cientistas de dados da empresa e depois em um programa analisando quais podem ser as certificações mais qualificadas e quais são os padrões mais altos em termos de produtos associados a bem-estar, saúde e sustentabilidade. A empresa inicialmente mapeou 20 produtos e agora já tem mais de 800 itens de alta qualidade e padrões que encontram afinidade com consumidores variados.

A cultura Amazon como fator de potencial competitivo
Um dos aprendizados mais valiosos da cultura da Amazon, e que realmente merece atenção de empresas que buscam criar uma cultura de inovação – e de proteção contra o poder imenso da empresa – é realmente entender o que caracteriza os pedidos dos clientes e o que funciona bem na maneira de trabalhar: estamos diante de uma companhia e de uma organização que abomina trabalhar em silos, mas prioriza o trabalho entre equipes, sejam as pessoas que gerenciam a loja aos esquemas de dados de experiência da loja.

Segundo Kara Hurst, “a equipe de operações pode fazer isso como uma espécie de programa e lançar uma inovação numa segunda-feira, após uma demanda ser detectada, e então compreender quais os prazos mais convenientes para cada tipo de consumidor: escolher um ou dois dias por semana ou o fim de semana para fazer as entregas mais rapidamente. e tudo isso levando em consideração quais comunidades desejam uma entrega em um dia específico”.

A Amazon tem condições de saber melhor e mais rapidamente do que governos quais são os gargalos logísticos, as carências e as deficiências de planejamento urbano


As Spheres reúnem mais de 40 mil plantas no QG da Amazon

Em resumo, a visão de futuro da Amazon é claramente direcionada pela massa de dados exponencial coletada dia após dia de consumidores do mundo todo. A empresa tem condições de saber melhor e mais rapidamente do que governos quais são os gargalos logísticos, as carências e as deficiências de planejamento urbano que impedem a adoção mais rápida do modal elétrico, por exemplo.

A Amazon consegue identificar e prever o que é relevante para o consumidor em termos de eficiência energética, alimentação saudável e boa qualidade de serviço de saúde. Consegue mapear movimentos de mudança de comportamento prever tendências de demanda, além de apontar qual atitude sustentável ganhará mais tração proximamente.

A vice-presidente global de Sustentabilidade destaca que a cultura da empresa é uma virtude excepcional. “Considero que o mais legal desse trabalho é também assumir um desafio de aprendizado constante, um exercício de curiosidade intelectual permanente que move as pessoas rumo à busca de soluções, e isso inclui melhorar o planeta e a novos padrões de desenvolvimento”.

A questão a ser enfrentada é: até que ponto não queremos um planeta mais limpo, que faça produtos melhores e que trabalhe de um modo mais inteligente e menos agressivo? Evidente que essas questões são importantíssimas, mas esbarram nas crenças e necessidades de mercados menos maduros. Novamente, considerando um Brasil onde há mais urgência por produtos básicos, por conforto material essencial, a ideia geral de inovação só se sustenta se atender a esses requisitos.

A Amazon mostra estar se movendo no sentido de ser uma empresa mais “limpa” e consciente, mais sintonizada com valores mais universais de qualidade e respeito ao planeta, mas enfrenta os desafios de seu próprio gigantismo e de sua penetração em mercados francamente heterogêneos e complexos.

Cabe refletir até que ponto esse investimento em sustentabilidade não se opõe, ou se complementa, com forças reguladoras que consideram a influência da empresa excessiva? Veremos muitos desdobramentos dessa visão no futuro próximo, porque a Amazon tem capacidades e habilidades únicas de movimentar um ecossistema e potencializar a atitude competitiva de concorrentes nos diferentes mercados em que atua. Novas fronteiras de negócio serão ultrapassadas na busca pelo interesse pelo engajamento do consumidor. A ele cabe o veredicto sobre o acerto das estratégias e das ações. Em última análise, ele está dando aval para que a Amazon invista nessas iniciativas.

* Jacques Meir é diretor de Conhecimento do Grupo Padrão e viajou a Seattle à convite da Amazon
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