Relatório Neotrust E-commerce 1T23

A Confi Neotrust empresa especialista em dados e inteligência sobre o e-commerce brasileiro, apresentou o relatório de desempenho do primeiro trimestre de 2023.

Com uma base composta por dados transacionais de vendas capturadas em tempo real a Confi Neotrust produz estudos sobre o desempenho do e-commerce, suas projeções, últimas estatísticas e tendências.

Na edição do primeiro trimestre de 2023 o Relatório Desempenho do E-commerce apresenta:

• A tendência do movimento no mercado;
• Os setores que mais ganharam no primeiro trimestre;
• Performance dos diferentes métodos de pagamento no Brasil;
• Os efeitos do Dia do Consumidor no e-commerce brasileiro;
• Projeções e estatísticas;

O estudo completo já está disponível para download na Biblioteca do RadarIC e pode ser acessado em: Relatório Neotrust Desempenho E-commerce 1T23

Pesquisa Dia das Mães 2023: dados e expectativas para e-commerce e lojas físicas

Dia das Mães 2023 deve crescer 3,8% em intenção de compra em relação ao último ano.
Para este Dia das Mães, a Conversion fez uma pesquisa com 400 brasileiros conectados à internet para saber quais são as expectativas do consumidor e entender as tendências de compra.

O Dia das Mães é a segunda data mais importante para o varejo, ficando atrás somente do Natal. É muito cultural para o brasileiro homenagear a mãe nesta data e essa tendência de presentear na ocasião cresce a cada ano, principalmente após a crise causada pela pandemia do Coronavírus. De acordo com a pesquisa realizada pela Conversion, 94% dos consumidores pretendem comprar ou já compraram presentes para o Dia das Mães. Isso mostra um crescimento de 3,8% na intenção de compras em comparação com 2022.

Segundo os resultados da pesquisa, 52,1% dos entrevistados planejam fazer suas compras online, o que indica uma tendência de crescimento nas vendas do setor de e-commerce em relação às lojas físicas.

O objetivo do relatório é entender como os e-commerces podem se preparar em relação às ações dos consumidores digitais.

Para uma análise de eventos sazonais, em alguns momentos usaremos o estudo também feito pela Conversion sobre a Black Friday 2022. Isso permitirá uma melhor compreensão das mudanças nas preferências e comportamentos dos consumidores em diferentes ocasiões ao longo do ano.

Conheça o estudo completo disponível na Biblioteca do RadarIC clicando em: Pesquisa Dia das Mães 2023 – Expectativas para o e-commerce e lojas físicas

Relatório Setores do E-commerce Conversion: Dia da Mulher impulsiona e-commerce brasileiro após quatro meses de baixa

A Conversion apresenta o novo Relatório Setores do E-commerce no Brasil: mensal, gratuito, análises de audiência, setores, canais de tráfego e rankings dos maiores sites de cada categoria.

A primeira data comemorativa de peso do ano – o Dia da Mulher, no começo de março – impactou positivamente o tráfego das plataformas de e-commerce brasileiro.

Depois de uma queda de quase 15% em fevereiro, o número de acessos subiu 8% no mês seguinte, alcançando 2,31 bilhões de visitas únicas, segundo o Relatório Setores do E-commerce da Conversion.

Foi a primeira alta no tráfego do comércio eletrônico do país em quatro meses – puxada principalmente pelos acessos via web (9,2%).

Diego Ivo, CEO da Conversion, acredita que só a ocasião da data sazonal não explica o desempenho de março. Para ele, entra nessa conta o próprio contexto econômico do país e a situação financeira das famílias nessa época do ano.

Confira o relatório completo disponível na Biblioteca do RadarIC: Relatório Setores do E-commerce no Brasil Abril/2023 – Dados referente a Março 2023

Consumo apático se espalha e afeta até varejo resiliente

Juros elevados, inadimplência e fraco volume afetam operações; redes ainda enfrentam questões pontuais de seus próprios negócios.

A apatia que predomina no ambiente de consumo tem afetado não apenas as empresas menos resilientes à períodos de crise de demanda, mas também companhias de “primeira prateleira”, historicamente mais protegidas das crises econômicas.

Juros elevados, que levam a uma desaceleração do ritmo de consumo por um período mais longo que o previsto pelas empresas, e questões pontuais de cada negócio têm contaminado o humor do mercado – e, por tabela, o desempenho no ano de ações de redes líderes como Renner, Assaí e Carrefour (Atacadão). Soma-se a isso o impacto da escassez de crédito, após o escândalo contábil na Americanas, e a taxa de inadimplência das famílias ainda resistente.

Como resumiu ontem o sócio de uma gestora, “o investidor não tem dado mais o benefício da dúvida a quase nenhuma empresa de consumo pelo que se prevê para este semestre, que já está meio perdido para o varejo”, diz.

Como se não bastasse o baque que as redes têm sentido com a escalada nos juros desde o ano passado, que eleva as despesas financeiras, os números dos balanços do primeiro trimestre mostram taxas de crescimento da receita nominal em desaceleração frente a 2022, e retomada de pressões em gastos fixos. As vendas têm subido mais forte em casos de comparações mais fracas com 2022 e no varejo para classe de alta renda.
Ontem (04.05), o site do Valor noticiou a onda de cadeias de capital aberto vendendo ativos, como lojas, depósitos e até a sede (caso do GPA) como forma de reduzir alavancagem, e num cenário de incerteza sobre a retomada.

“Há uma questão neste ano, e que não víamos antes, que é essa ‘gordura’ que o comércio tinha, com a taxa de expansão na receita bem acima do crescimento do volume. Isso vinha ajudando parte do varejo até ano passado”, disse diz Fabio Bentes, economista senior da CNC, a confederação do comércio.

“Essa ‘gordura’ refletia a capacidade de as empresas fazerem os seus repasses de preços ao cliente, algo que diminuiu neste ano com a deterioração contínua no ambiente macro. Há uma inércia no consumo que se arrasta há muito tempo e isso vai contaminando mesmo setores mais protegidos, como alimentos” disse.

Dados da CNC que cruzam receita e volume, utilizando os números da pesquisa de comércio do IBGE, mostram que a receita nominal chegou a subir pouco mais de 15% em março do ano passado – no primeiro bimestre, crescia 14,3%, para um volume que subia 1,5%. Já neste ano, essa receita avançou menos, 13,8%, na média do primeiro bimestre, para um volume que também perdeu o fôlego, e subiu 1,3%. O “gap” entre as taxas nos períodos, ou seja, a “gordura”, como diz a CNC, encolheu.

Esse movimento de repasses aos preços em moda e varejo eletrônco cresceu em 2022 como forma de proteger margem. Bentes reforça que mesmo com o recente desaquecimento da inflação, não há efeito imediato em consumo. Isso porque a renda continua comprometida em patamar elevado – com base em dados do Banco Central, esse nível atingiu recorde de 18 anos da pesquisa neste ano. E certos segmentos, como alimentos, não crescem de forma acelerada quando há melhora em renda. “Ninguém passa a comer mais porque a inflação cai, a renda vai a outras áreas, como serviços.”

O comando do Carrefour citou, nesta semana, a desaceleração da inflação de preços ao consumidor, que afeta a receita nominal em vendas “mesmas lojas” (com mais de um ano), e a competição mais acirrada no atacarejo. Esse segmento vem crescendo de forma mais forte, mas tem sentido, além da “desinflação”, a canibalização maior após aberturas em ritmo acelerado, disse na quarta-feira o CEO do Carrefour, Stéphane Maquaire.

O grupo teve alta de 5,7% nas vendas “mesmas lojas” até março, abaixo do previsto por analistas.
No balanço do primeiro trimestre, o rival Assaí menciona resultados das ações tomadas para o aumento das vendas, mas cita impacto do ambiente macro e da base de comparação forte. Desde janeiro, as ações de Carrefour e Assaí caíram 36,5% e 39,5%, respectivamente, e o Ibovespa recuou quase 4%.

Questões específicas ligadas à cada negócio também tem afetado esses papéis na B3. “No atacarejo, há uma questão de mercado muito ofertado em número de lojas, além da canibalização dos pontos”, disse Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.

Analistas ainda citam desafios de integração de negócios, no caso do Atacadão (comprou a rede Big) e do Assaí (comprou lojas do Extra), que acontecem exatamente nesse período mais difícil, e que elevam despesas operacionais, junto com a alta nas despesas financeiras pelos juros.

Outra varejista, também líder em seu mercado, a Renner sentiu, no primeiro trimestre, uma reação negativa à estratégia da empresa de lançar coleção inverno com preço “cheio”, e reviu seus posicionamento após março, disse ontem o comando do grupo. O mercado já aguardava uma desaceleração após a rede já ter sinalizado a investidores dificuldades no período. Isso afetou a ação nas últimas semanas – no ano, a ON da Renner cai 20%, também acima do recuo do Ibovespa de 4%.

A varejista disse que entrou o primeiro trimestre muito estocada e precisou reduzir esse volume e, ao mesmo tempo, decidiu cancelar a coleção de transição, normalmente criada entre as quatro estações. E ainda preferiu antecipar a coleção inverno de 2023. Essa estratégia já havia sido usada em 2022, mas neste ano não funcionou. A venda de janeiro a março subiu 2,2% (se descontar a Camicado cresceu 3,5%).

Foi feito um repasse de preços que “feriu o consumidor” e a venda desacelerou após março, disse ontem o CEO da Renner, Fabio Faccio, em teleconferência, reforçando que desde abril, há sinais mais positivos dos ajustes feitos.

“O momento está um pouco difícil, o ambiente não nos ajuda muito, e o tempo [clima] e o ambiente ‘macro’ são incontroláveis, mas a empresa tem que ajudar. Podemos não ter feito bem, mas a equipe está unida trabalhando”, disse o presidente do conselho de administração da rede, José Galló, durante evento anual com investidores ontem.

Ainda nesta semana, após a divulgação pela Arezzo de seus números de janeiro a março – mesmo com vendas acima do esperado pelo mercado – mesmo com vendas acima do esperado pelo mercado – as ações da empresa caíram 5,7% no pregão. Número mais fraco em margem bruta, dizem gestores ouvidos, ajudou a afetar o humor dos investidores. A ação da varejista cai 19,7% no ano.

Levantamento feito pelo Valor Data, sobre balanços das empresas no fim de 2022 já indicava esse cenário mais complexo. A receita líquida das varejistas e indústrias de consumo do país, presentes na base no Ibovespa (são 12 companhias), subiu 22,6% de outubro a dezembro, e as despesas operacionais cresceram 25,4%. Já o valor do ebit, indicador que mede o lucro operacional (antes dos efeitos de despesas financeiras) subia apenas 3%. A margem bruta no período encolheu 0,4 ponto, para 25,8%, a e a margem ebit diminuiu 0,9 pontos, para 4,5%.

Brasil se destaca no cenário global com crescimento expressivo do mercado de varejo e e-commerce

O Brasil tem se destacado no cenário global com o crescimento expressivo do mercado de varejo e e-commerce nos últimos anos. Esses setores têm registrado um aumento significativo no país, impulsionados pela maior adesão à tecnologia e pela mudança nos hábitos de consumo da população.

Um dos principais fatores que contribuem para esse crescimento é a crescente adesão das empresas aos marketplaces, como a Amazon, que tem ganhado espaço no mercado brasileiro. A gigante do e-commerce americana desembarcou no Brasil em 2012 e, desde então, tem ampliado sua presença e atuação no país.

Além disso, a adoção de estratégias de marketing, como a oferta de cupons de desconto, tem se mostrado uma prática eficaz para atrair consumidores e fidelizar clientes. Essa é uma tendência que tem sido cada vez mais comum no varejo brasileiro e tem contribuído para o crescimento do setor.

Crescimento do e-commerce
O Brasil tem se destacado no cenário global com o crescimento expressivo do mercado de varejo e e-commerce. De acordo com dados recentes divulgados pela Ebit Nielsen, o faturamento do comércio eletrônico no país cresceu 41% em 2022, totalizando R$ 238 bilhões. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela pandemia, que acelerou a digitalização das empresas e dos consumidores.

Esse crescimento é resultado da maior adesão da população à tecnologia e da mudança nos hábitos de consumo, que têm impulsionado o comércio eletrônico no país. Além disso, a pandemia do novo coronavírus acelerou ainda mais esse processo, levando muitos consumidores a optarem pelas compras online como forma de evitar aglomerações em lojas físicas.

Marketplaces em ascensão
Os marketplaces, plataformas de venda online que reúnem diversos vendedores em um único lugar, também têm se destacado no cenário do e-commerce brasileiro. Grandes empresas, como a Amazon, Magazine Luiza e Mercado Livre, são exemplos de marketplaces que têm ganhado espaço no mercado brasileiro.

Essas plataformas têm se tornado cada vez mais populares entre os consumidores, que buscam praticidade e comodidade na hora de comprar produtos pela internet. Além disso, a adesão dos vendedores a essas plataformas têm permitido que pequenos e médios negócios possam ter uma maior visibilidade e alcance de clientes.

Oferta de cupons de desconto
A oferta de cupons de desconto tem se mostrado uma estratégia eficaz para atrair clientes e fidelizar consumidores no mercado de varejo e e-commerce. Essa prática tem sido cada vez mais comum entre as empresas brasileiras, que utilizam os cupons como forma de incentivar as compras online e de conquistar novos clientes.

Grandes empresas do varejo, como Magazine Luiza e Casas Bahia, são exemplos de empresas que têm adotado essa estratégia em suas operações online. Além disso, existem diversos sites e aplicativos que oferecem cupons de desconto para diversos estabelecimentos comerciais no Brasil, como forma de incentivar o consumo e as vendas.

Aumento no uso de cupons de desconto
Outro fator que impulsiona o mercado de e-commerce e varejo no Brasil é o uso de cupons de desconto. Cada vez mais populares, os cupons de desconto são utilizados por consumidores em busca de economia nas compras. Houve um aumento de aproximadamente 50% no uso de cupons em compras online no Brasil durante a pandemia. Essa tendência é refletida nas empresas, que estão investindo cada vez mais em promoções e descontos para atrair consumidores.

A Amazon Brasil também está presente nessa estratégia, oferecendo cupons da Amazon em seus produtos e serviços. A empresa lançou recentemente uma campanha de cupons, que oferece descontos em categorias como eletrônicos, livros e moda. Essa iniciativa é uma forma de conquistar novos clientes e fidelizar os antigos.

Perspectivas para o futuro
O mercado de varejo e e-commerce no Brasil apresenta um cenário de crescimento contínuo e expressivo, mesmo diante de desafios como a pandemia e a crise econômica. A perspectiva é de que esse setor se mantenha em ascensão nos próximos anos, impulsionado pelo aumento do acesso à internet e do uso de dispositivos móveis, bem como pela crescente demanda por comodidade e praticidade nas compras.

A entrada da Amazon Brasil no mercado de varejo e e-commerce do país representa uma concorrência forte para as empresas já estabelecidas, que precisam se reinventar para se manterem competitivas. Por outro lado, a presença da gigante norte-americana também pode trazer benefícios para os consumidores, que terão acesso a uma maior variedade de produtos e serviços, além de preços mais competitivos.

O uso de tecnologias e ferramentas como os marketplaces e os cupons de desconto são estratégias cada vez mais utilizadas pelas empresas para se destacarem no mercado e conquistarem novos clientes. No entanto, a qualidade do atendimento e a experiência do consumidor também são fatores fundamentais para a fidelização e para o sucesso no mercado de varejo e e-commerce.

Assim, é importante que as empresas estejam sempre atentas às mudanças do mercado e às necessidades dos consumidores, investindo em tecnologia, inovação e melhoria contínua para se manterem competitivas e em constante crescimento.

“Brusinha” barata: estudo compara preços da Shein, Renner e Riachuelo

Relatório do BTG Pactual mostra que roupas de varejistas locais, como Renner, Riachuelo e C&A, são até 400% mais caras do que as da Shein.

A Shein vendeu mais de R$ 7 bilhões em produtos no Brasil no ano passado, o que a alçou à posição de terceira maior varejista de moda no país, atrás apenas da Riachuelo e da Lojas Renner.

A varejista asiática, que era pouco ou nada conhecida por consumidores brasileiros até pouquíssimo tempo atrás, tinha potencial de alcançar a liderença no mercado de moda local ainda neste ano.

Segundo cálculos do banco BTG Pactual, a Shein faturaria algo como R$ 16 bilhões em 2023, mais do que dobrando seu volume de vendas. Mas a decisão do governo federal de aumentar a fiscalização sobre encomendas trazidas do exterior é um obstáculo para o plano.

A maior parte das remessas estrangeiras para o Brasil toma proveito do limite de US$ 50 para compras entre pessoas físicas – embora as remessas de empresas como a Shein tenham origem jurídica.

A promessa do governo é ser mais criterioso nas inspeções, o que deve aumentar o volume de encomendas taxadas pela Receita Federal.

Se confirmada, a nova realidade pode frear as vendas das varejistas no Brasil e deve retirar um importante diferencial competitivo da Shein: o preço.

Um relatório produzido pelo banco BTG Pactual divulgado na última terça-feira (2/5) mostra que as peças vendidas pela Shein (e que hoje vêm da China) são até 400% mais baratas do que as das suas principais concorrentes no Brasil – Lojas Renner, Riachuelo e C&A.

O banco levantou o preço médio de roupas e acessórios vendidos nos sites e lojas de moda e, ao final, estimou o custo de montar um “guarda-roupa” completo de cada marca. Veja comparativo no quadro acima do texto.

A maioria das peças sai mais em conta, se compradas na Shein. A única exceção são as blusas, que saem até 40% mais baratas nas concorrentes locais – as “brusinhas” da Shein, quem diria, são mais caras do que as brasileiras.

No saldo final, montar um guarda-roupa com peças da varejista asiática é mais vantajoso em todos os casos. O cliente da Renner pagaria quase 70% mais para comprar um conjunto de roupas e acessórios similares aos disponíveis na Shein.

Produção nacional
No mês passado, em meio à discussão sobre a tributação de produtos de varejistas estrangeiras, a Shein anunciou um investimento de R$ 750 milhões no Brasil.

O plano da empresa é firmar parcerias com fornecedores locais, para que 80% das vendas sejam de peças produzidas em solo brasileiro.

É possível que, ao nacionalizar sua produção, a Shein perca o diferencial de preço, uma vez que estará atuando sob a mesma estrutura de impostos e custos que suas principais concorrentes.

No relatório, o BTG lembra que o próprio processo de encontrar fornecedores locais e montar uma estrutura de produção em escala já é desafiador para empresas estrangeiras.

Esse foi o principal gargalo para a atuação da Zara no Brasil, por exemplo. Basta lembrar dos casos de trabalho escravo entre fornecedores da empresa, um episódio que maculou a imagem da Zara no país.

Por outro lado, a Shein parece ter algo que as varejistas estrangeiras não têm. Além do preço, seu diferencial competitivo mais forte é a capacidade de ler o gosto do consumidor, a produção rápida e em pequenos lotes e a forte presença nas redes sociais.

Isso, diz o BTG, deve preservar parte da força da Shein entre os consumidores brasileiros, mesmo que o preço das “brusinhas” aumente no médio prazo.

E-commerce brasileiro registra primeira alta nos acessos em quatro meses

Acessos às plataformas de e-commerces saltaram 8% em março, puxados pelo Dia da Mulher; participação de marketplaces asiáticos aumenta.

A primeira data comemorativa de peso do ano – o Dia da Mulher, no começo de março – impactou positivamente o tráfego das plataformas de e-commerce brasileiro. Depois de uma queda de quase 15% em fevereiro, o número de acessos subiu 8% no mês seguinte, alcançando 2,31 bilhões de visitas únicas, segundo o Relatório Setores do E-commerce, da Conversion. Foi a primeira alta no tráfego do comércio eletrônico do país em quatro meses – puxada principalmente pelos acessos via web (9,2%).

Segundo a Conversion, o início do ano é marcado por uma situação financeira complicada das famílias. As dívidas contraídas no fim de 2022, com as compras de Natal, estão sendo liquidadas agora, o que permite que as pessoas possam voltar a consumir bens não essenciais ou mesmo para presentear alguém novamente.

O impacto do Dia da Mulher se vê melhor pelos setores mais acessados em março: o de Presentes e Flores registrou o melhor desempenho, subindo 17%. Além dele, o de Joias e Relógios também cresceu significativamente (13,3%). Ambos estão diretamente ligados a presentes costumeiramente dados na data.

Já o setor mais relevante do e-commerce, o de marketplaces, que engloba desde grandes redes de varejo até pequenos lojistas inseridos no mercado online, cresceu 9% no mês, atingindo 989,5 milhões de visitas – um aumento que também pode ser analisado a partir dos presentes procurados para o 8 de Março.

A melhora no mês foi tão significativa, na verdade, que somente um único setor analisado na pesquisa perdeu acessos: o de produtos para pets, que caiu sutilmente em 1,3%.

E-commerces asiáticos são os mais acessados

Como não poderia deixar de ser, o desempenho positivo de março afetou o tráfego das marcas. O Mercado Livre permanece na ponta, somando quase o dobro de visitas únicas do segundo lugar, a Amazon Brasil. Em março, a plataforma argentina cresceu 8%, chegando a 340 milhões de acessos. A Amazon, por sua vez, cresceu 13,7%, enquanto a Shopee teve uma alta mais tímida, de 4%.

Mas as plataformas asiáticas ganham tráfego mês a mês. Hoje, além da Shopee, a AliExpress já se consolidou na quinta colocação entre as mais visitadas, subindo seus acessos em 14% no mês passado. Com 82,2 milhões de visitas, ela vê a chinesa Shein – que ocupa a sexta posição – se aproximar, com 75,9 milhões.

Esses dados são ainda mais relevantes considerando as últimas discussões acerca da taxação de encomendas internacionais, visto que os e-commerces asiáticos retém grande parte da participação no mercado online brasileiro. Prova disso é que das 10 plataformas mais visitadas do País, um quarto é asiática.

Ainda sobram dúvidas sobre os anúncios da Shein e do governo

Replicar o modelo da plataforma asiática com produção local não é tarefa simples.

Em poucas horas, ainda com o governo sob o desgaste do tema dos impostos em remessas internacionais, um conjunto de ações foram anunciadas na quinta-feira pelo Ministério da Fazenda e pela Shein, relativas à nacionalização nas vendas da plataforma de comércio eletrônico e investimentos. Dessa forma, Fazenda e Shein mudaram a narrativa negativa sobre o tema na semana passada, acalmaram as redes sociais, mas deixam para trás pontos pouco claros, especialmente em relação à lógica econômica do projeto.

Governo e Shein falam em transformar o país em “plataforma de exportação” para América Latina – de um setor golpeado por carga tributária pesada e forte importação chinesa -, com geração de empregos (100 mil indiretos, ou 7% do total do setor produtivo hoje) e investimentos de R$ 750 milhões pela Shein em três anos.

A soma irá para tecnologia e treinamento e é parte de um plano de nacionalização de 85% das vendas da empresa até 2027. O montante anual é inferior ao que redes como Renner ou Riachuelo investiram em tecnologia em 2022.

Para esse projeto de nacionalização, foi fechada parceria com as empresas têxteis Coteminas e Santanense, ambas do grupo fundado por José Alencar (vice-presidente da República de 2003 a 2010, no governo do PT), pai de Josué Gomes, presidente da Coteminas.

Nacionalização esbarra no Custo Brasil, o que pode afetar o modelo da Shein, que tem os preços baixos como atrativo .

Além disso, há um plano de conformidade em discussão entre plataformas estrangeiras e a Receita Federal. Não há muitos detalhes sobre esse debate, mas um ponto refere-se aos marketplaces arcarem com os impostos que são pagos pelo consumidor brasileiro.

Nos últimos dias, executivos, especialistas e pessoas envolvidas nas negociações levantaram desafios e aspectos não esclarecidos sobre esses anúncios. Entre os pontos está o risco que o plano pode representar ao modelo de negócios da Shein no país, e a sua maior fortaleza, os preços competitivos. É algo que ocorre exatamente porque a plataforma importa 100% das mercadorias da China – país que responde por cerca de 60% da produção mundial de artigos têxteis.

Outro aspecto é a decisão de as plataformas recolherem os impostos (em vez do consumidor), e se isso não acabará sendo repassado ao preço final. Investidores ainda levantaram pontos sobre o acordo com a Coteminas.

Um ponto central é se, com a nacionalização, a Shein pode ficar mais “careira” – hipótese criticada duramente por consumidores nas redes sociais a partir da ideia inicial da Fazenda de tributar remessas internacionais de até US$ 50. Essa discussão pegou muito mal e não avançou, por isso o governo tratou de buscar alternativas.

Faltam detalhes sobre como se dará o acerto sobre pagamentos de impostos de importação pelas plataformas.
A ideia de nacionalização tem sido debatida pela Shein há anos, com avanços pontuais no mundo. Hoje, a plataforma com sede em Cingapura vende para mais de 150 países e é 100% abastecida por seis mil fornecedores da China, num sistema ultrainformatizado, extremamente ágil e barato. Foram US$ 22,7 bilhões em vendas no mundo em 2022, segundo a imprensa chinesa (menos que Nike e Zara, mas com crescimento mais rápido).

O Brasil teria, calculam analistas, 7% a 9% disso (até US$ 2 bilhões), perto do faturamento da Renner. O que a Shein ainda não explicou é como reproduzirá seu modelo aqui, para atingir 85% de nacionalização, mesmo usando parte da escala da Coteminas.

Terá que encarar desafios de uma operação têxtil local, que carrega uma carga tributária média de 18% (em alguns itens chega a 40%) e com menores níveis de produtividade que a China – apesar de avanços da indústria local.

Para vender mais aqui, pode ter que dar mais espaço, no site e “app”, a produtos locais – afetados pelos altos custos fiscais e trabalhistas, e esses repasses encarecem a venda. “Há o desenho de um plano que depende de alguns aspectos ainda. E para que isso pare de pé, eles terão que lidar com o Custo Brasil, que é sem dúvida o ‘x’ da questão. A Shein tem um modelo inovador, mas não vai repetir o mesmo sistema de fora por conta dos nossos custos, não há como fazer milagre nisso”, diz Alberto Serrentino, diretor da Varese Retail.

Segundo uma fonte a par dos planos, a Shein não vai produzir no país itens de todas as categorias. “Eles devem se adequar àquilo que o Brasil é mais forte, como fabricação de jeans, e nisso podem ser exportadores de peso para América Latina, gerando escala e preços mais baixos. Moda baseada em tecido sintético não deve ser foco. Eles vão se ajustar para se manter competitivos”, diz a fonte.

Para não perder vendas, a Shein pode ter que considerar ações como aumentar subsídios ao frete e ampliar a oferta de cupons de descontos. São medidas que ampliam vendas, mas afetam margens.

Outra hipótese é trazer mais lojistas brasileiros para sua base de vendedores (dos polos de moda e calçados, por exemplo) eliminando do processo os intermediários, como atacadistas, que tornam o produto final mais caro, diz Eduardo Terra, sócio da BTR Consultoria.

Questionada sobre eventuais ações para compensar o custo Brasil e atingir os 85%, a Shein afirmou que abrirá outro marketplace local para vendedores brasileiros, com variedade maior de produtos (há nove lojistas no projeto piloto hoje). E afirma que os lojistas vão usufruir da experiência da Shein, que será dividida com eles, em marketing e logística, por exemplo.

Sobre o assunto, Marcelo Claure, chefe da Shein na América Latina (ex-Softbank), admitiu que o plano é uma “grande transformação” para a Shein. Disse contar com a capacidade de a empresa reproduzir vantagens competitivas e se adaptar, e acrescentou que já tem contatado parceiros no Brasil para testes de produção. Mas, pelo seu tom, tem consciência que China e Brasil são mundos bem diferentes. Apesar disso, fala que a Shein “não deve falhar” no que se propôs.

Outra dúvida é se a meta de 85% de nacionalização considera os produtos vendidos por lojistas locais, mas que são importados da China. “Se isso entrar como nacionalização vai ser fácil aumentar a taxa hoje, que é mínima. E na prática, ainda é tudo venda de produto chinês, e não brasileiro”, afirma um varejista on-line. A Shein não informa os critérios para as estimativas dessa nacionalização.

Uma outra fonte a par do tema diz que nem toda a nacionalização virá de produtos vendidos no país. “O plano é que 85% das vendas sejam de produção local, então pode ser fabricação vendida para América Latina”, diz.

Também há dúvidas sobre como se dará o acerto sobre pagamentos de impostos de importação pelas plataformas, que bancarão o custo no lugar do consumidor. Esse anúncio também ocorreu na quinta pela Fazenda.

Pelo sistema de pagamento digital de impostos (“digital tax”), em discussão, o tributo sai discriminado como um item a ser pago na hora da compra. Em outros países, há diferentes modelos de “digital tax”. Na Amazon no Brasil, quem paga é o consumidor.

Haddad disse que quem arcará com esse pagamento de imposto é o vendedor – seja o terceiro que tem uma loja on-line ou a plataforma mesmo. E afirmou que os marketplaces concordaram. Segundo ele, a Shein afirmou que não vai repassar isso ao consumidor.

Pode ser algo difícil de garantir, em se tratando de uma empresa privada que define metas de resultado e as revisa constantemente com acionistas e diretoria.

Outro aspecto dos anúncios recentes envolve o acordo entre Coteminas e Shein, e como o governo acabou entrando nesse tema.

A parceria entre Shein e Coteminas vinha sendo discutida há cerca de um mês e meio atrás, segundo uma fonte próxima à empresa brasileira. Na posição de CEO da Coteminas, Josué Gomes ajudou a costurar o contato na quinta-feira (20) entre Shein e Haddad, que levou ao anúncio posterior da plataforma. “A temperatura subiu muito nos últimos dias e era preciso abrir um canal de comunicação [entre Fazenda e Shein]”, diz uma fonte.

Das cerca de 3 mil confecções parceiras da Coteminas, 2 mil serão fornecedoras da marca Shein para atender Brasil e América Latina. A Santanense, do grupo Coteminas, também é parte do acordo.
Um ponto que não está tão claro refere-se ao fato de a Coteminas não produzir moda, o forte da Shein, diz um gestor de fundo sem ação da Coteminas na carteira. A empresa é referência em cama, mesa e banho, e a Santanense, em vestuário profissional. Uma fonte diz que a empresa pode fornecer insumos a Shein, para fabricação local de vestuário, e a Shein pode treinar confecções na produção.

Fato relevante da Coteminas de quinta-feira, que informa a parceria, ainda fala em financiamento para capital de giro da empresa, e um contrato de exportação de produtos para o lar. Na prática, é dinheiro da Shein que entra na Coteminas para dar fôlego para que o projeto saia do papel.

Perguntado sobre pontos ainda em aberto nos projetos com as plataformas, o Ministério da Fazenda se posicionou especificamente sobre o “digital tax”. Disse que é um imposto que já existe, mas que será recolhido antes do envio da mercadoria, sem criação ou majoração de tributo, e com recolhimento eletrônico facilitado. “A medida está em elaboração e será detalhada em breve. Cabe enfatizar que o objetivo principal é garantir a concorrência justa para que o consumidor seja beneficiado no curto, médio e longo prazos”.

Varejistas usam a Inteligência artificial para aumentar as vendas

Com o intuito de reduzir perdas no varejo, empresas de todos os tamanhos têm investido em inteligência artificial para melhorar a gestão dos contratos comerciais e, desta forma, ajudar os empreendedores a conseguir evitar prejuízos. A IA evolui constantemente em relação à experiência do consumidor e todas as pessoas podem ser impactadas por essa melhoria que ainda tem potenciais a serem explorados.

A tecnologia que impulsiona o aprendizado de máquina pode ser capaz de identificar a intenção do consumidor. Atualmente, a Inteligência Artificial é uma realidade para o varejo e indispensável em qualquer operação quando se fala em dados e tecnologia. Através da IA as máquinas passam a ser programadas para analisar e aprender com os dados em escala, prevendo consumo e tendência comportamental, o que maximiza os resultados.

“O pós-pandemia demonstrou que os hábitos e o comportamento dos consumidores mudaram de forma rápida e significativa, evidenciando que os varejistas não precisam mais estar presos aos processos tradicionais. As novas tendências do mercado exigem a digitalização para que as empresas possam aumentar as vendas”, explica Bento Ribeiro, VP da Infradata, da Infracommerce, empresa que combina tecnologia, serviços e infraestrutura para digitalizar os canais de vendas de indústrias e varejos na América Latina.

Benefícios da IA no varejo
A Inteligência Artificial fornece variados benefícios para o varejo e ela pode ser usada para gerenciar estoque e outros tipos de análises comportamentais dos usuários. O uso dessa tecnologia permite que a equipe de varejo possa antecipar a quantidade de venda de cada SKU, mensurar as análises dos gastos de consumidores e prever quando determinado tipo de item deve ser movido para área de venda, além de ajudar a gerenciar inventários com uma série de métodos diferentes.

De acordo com Bento, as principais aplicações da IA incluem a previsão de demanda e otimização de estoques, que são amplamente utilizados para automatizar os processos e a tomada de decisão.

Com ela é possível equilibrar os estoques de ponta a ponta na cadeia de suprimentos e na prática demonstra os dados reais de consumo das lojas, recomendando o abastecimento com base na demanda; entender a mudança de jornada do cliente, usada para orientar a jornada das pessoas em um ambiente virtual; mapear o comportamento do consumidor, através da coleta de dados; ter maior taxa de retenção, onde se associa uma promoção ao carrinho de compras e esse usuário pode visitar; o preço dinâmico, que pode ser aplicado em vários momentos durante a jornada do consumidor; e a ter um serviço personalizado, com o uso de chatbots, os famosos robôs virtuais que conversam com as pessoas e tornam o ambiente proeminente.

“Pequenas, médias e grandes empresas varejistas precisam investir cada vez mais em IA para se tornarem cada vez mais competitivas no mercado”, finaliza.

A contribuição da logística para um omnichannel de verdade

O conceito de omnichannel cada vez mais ganha importância no mundo do varejo, especialmente com o aumento do comércio eletrônico. No entanto, apesar de muitas empresas afirmarem oferecer uma experiência clara e consistente, muitas vezes isso é algo que não se confirma na prática. Diante desse cenário, quais são os acertos que as lojas conquistaram e que não podem deixar de realizar? E qual a contribuição da logística para esse processo?

Para entender isso, é importante primeiro definir o que é omnichannel. O termo se refere a uma abordagem de vendas explorada em todos os canais de venda da empresa, independentemente de onde o cliente faça a compra – seja online, em uma loja física ou por meio de um aplicativo móvel, por exemplo – ele tenha a mesma experiência, incluindo preços, disponibilidade de estoque e atendimento.

Os acertos das varejistas com essa estratégia incluem a integração de seus canais de venda, como a unificação dos estoques físicos e do e-commerce. Isso permite a disponibilidade de um produto em tempo real, independentemente de onde venha a compra. Além disso, é ofertada a opção de retirada presencial para compras online, permitindo o recebimento dos produtos mais rapidamente e a economia nos custos de envio.

Também tem acertado quem busca parceiros com experiência em logística reversa, permitindo que os clientes devolvam produtos comprados online nas lojas físicas, economizando tempo e dinheiro com o envio de devoluções.

No entanto, existem algumas áreas em que muitas empresas ainda precisam melhorar. Por exemplo, a falta de investimento em tecnologia de ponta, como recursos de chatbots para análises de dados para prever a demanda de produtos e sistemas de rastreamento de pedidos em tempo real.

Outra solução de logística para o setor de e-commerce são os modelos fulfillment, que integram setores, processos e operações logísticas para oferecer diferenciadas soluções para os clientes, desde pequenos e médios empreendedores do varejo online. Um desses exemplos é a plataforma Shipping From Anywhere (SFx), desenvolvida pela Sequoia e voltado para esse público, no qual toda a logística é realizada pela malha da empresa, que atende qualquer tamanho de loja sem restrição de volume ou peso por coleta.

“Por meio da plataforma SFx, as encomendas podem ser rastreadas pelos comerciantes e consumidores, que também podem fazer solicitação de coletas, simulação de preço do frete, tratativas operacionais e performance. Isso dá ao varejista o acesso a um sistema integrado e com vantagens similares às de uma marketplace, com rastreamento e prazo, o que facilita a rotina operacional e traz mais otimização e controle do seu próprio negócio.”, explica Bruno Henrique Souza, vice-presidente de operações da Sequoia.

Outra área relevante é o atendimento integrado. Muitas vezes, o ambiente físico é muito diferente da experiência online, o que pode levar a uma desconexão para o consumidor. Por isso, é preciso garantir sinergia entre esses dois canais que vão além da preocupação de manter preços e estoques, para que o cliente sinta que realmente está lidando com a mesma marca.

Em resumo, o omnichannel é uma abordagem essencial para empresas que desejam permanecer competitivas no mundo do varejo. E a “omnicalidade” de verdade passa por comunicação integrada dos canais de venda e investimentos em tecnologia de ponta de forma consistente, além de um parceiro logístico confiável e que ofereça um portifólio completo de serviços, atendendo às diferentes necessidades de cada canal.