Além do impacto no frete, escalada do combustível pode limitar expansão de setores

Diante da escalada contínua dos preços do combustível no mercado internacional, o diesel vai seguir pressionando as empresas de logística, em especial transportadoras e motoristas autônomos, que estão sem capacidade de repasse integral — e imediato — das altas do petróleo. O problema deve afetar o frete e até limitar o crescimento de setores demandantes.

Segundo levantamento do Instituto Ilos, especializado em logística, no ano passado o diesel representou aproximadamente 30% dos custos do transporte rodoviário de carga no Brasil. Para 2022, a estimativa é que esse número atinja em média 36%, recorde da última década. “Muitas vezes, a empresa transportadora consegue repassar parcialmente a alta de custo, mas com atraso. As negociações, que costumavam ser feitas uma vez ao ano, passaram a ser mensais, rotineiras”, afirma o sócio-diretor Maurício Lima.

Em setores como o agronegócio, por exemplo, cujo perfil do frete é de longas distâncias, o diesel chega a representar até 55% do custo do transporte rodoviário. Nas empresas de última milha (“last mile”) do varejo, essa fatia costuma girar em torno de 10% (em distâncias curtas) até 30% (nas mais longas), segundo a Ilos.

“No agro, temos algumas culturas que já estão se deparando com problemas no transporte. A construção civil, que também segue em expansão, já começa a ter problemas. O crescimento da produção desses setores pode enfrentar desafios de logística”, diz Lima.

Na avaliação do diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, o aumento do diesel na bomba não significa necessariamente um gatilho no contrato para reajuste do frete. De acordo com o especialista, os transportadores são os maiores afetados no contexto atual, principalmente motoristas autônomos, que não podem parar de rodar.

“É difícil mensurar o impacto que esses aumentos causam, muitas vezes não há retorno sobre o frete. Vai chegar um momento em que será impraticável para o caminhoneiro autônomo sair de casa. Quantos têm capital de giro e linhas de crédito? Endividamento tem limite”, opina.

Nas negociações sobre frete com os clientes, principalmente grandes embarcadores, o autônomo deve ser o primeiro a perder. “O próximo são os transportadores, que já estão há algum tempo sem reajustar. O problema é que essa situação vai começar a chegar em quem contrata o frete. Já há dificuldades de se fazer orçamento”, observa Lima. “Quem contrata o frete é mais forte que o transportador, mas há uma preocupação em não quebrar essas empresas”, acrescenta.

Quintella ressalta que o risco de desabastecimento de diesel no país é mais um agravante para o setor de logística. “O mundo todo está sofrendo hoje com a alta dos combustíveis. O Brasil ainda é muito dependente das importações e, em caso de escassez, os preços vão subir mais ainda, e no final das contas é sempre o consumidor que vai pagar mais.”

Custo Brasil
Segundo o diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, a escalada recente do petróleo só evidencia o grave problema de falta de investimentos em infraestrutura que o Brasil enfrenta há décadas.

“Nossa infraestrutura não é condizente com a pujança da nossa economia, sem isso não há crescimento. Poderíamos ser muito mais competitivos no setor de grãos, por exemplo, se não dependêssemos tanto do transporte rodoviário”, afirma.

Para o especialista, é preciso um investimento massivo na integração dos modais. “Caminhão é fundamental no País, mas não pode fazer o papel das ferrovias e hidrovias. Isso impacta o crescimento econômico, resultando em um custo logístico altíssimo. O produto vai chegar mais caro na ponta.”

Em sua visão, não há uma solução de curto e médio prazo para esse problema, e os investimentos não devem se restringir à iniciativa privada. “Infraestrutura não se constrói em apenas um mandato, depende de planejamento de longo prazo. Os governos têm que ser responsáveis pela infraestrutura, a iniciativa privada é complementar, até porque as empresas só vão investir no que for de seu interesse”, diz Quintella.

O sócio do Ilos destaca que o aumento da taxa de juros impacta os investimentos em eficiência logística, o que agrava o problema para o futuro. Segundo Lima, com os transportadores investindo menos em capacidade, haverá um desequilíbrio entre oferta e demanda e as empresas vão buscar quem paga o maior frete. “O cenário é de grandes incertezas.”

Dia dos namorados trouxe faturamento de R$ 6,5 bilhões este ano, aponta estudo

Entender o comportamento do consumidor faz parte de toda estratégia de vendas – ou pelo menos deveria – afinal, ele é crucial para que o ciclo de compra aconteça e de preferência, com recorrência. E já que começamos nesse assunto, o relatório de Dia dos Namorados, sobre o pós-evento, feito pela All in em parceria com Clearsale, Delivery Direto, Lett, Neotrust, Octadesk, Tray Corp e Vindi apontou que a recompra foi de 2.4% em 2022, o que significa que apenas uma pequena parcela de pessoas voltaram às mesmas lojas para comprar presentes e, consequentemente, muitas marcas ainda precisam melhorar a etapa de fidelização.

Para isso, precisamos ficar de olho no que afastaria os consumidores, que é o caso de possíveis frustrações. O estudo aponta que o segmento de limpeza tem a maior taxa de produtos anunciados diferente do valor estipulado pela indústria, sendo 85,2% o preço mais alto. Alimentos também foi uma categoria que teve maior ruptura no estoque, ou seja, com cerca de 38,8% dos produtos indisponíveis para compra.

Engajamento
Vamos falar de coisas boas, né! As visitas tiveram grandes picos por todo o mês que antecede o evento, sendo os finais de semana os dias em que as visitas caíam e o mesmo se repete para os cadastros, o que mostra que os apaixonados estavam realmente focados em achar o presente ideal, sem pressa.

No caso de dispositivos, ao compararmos a representação neste ano e no anterior, vimos que o Desktop recuperou consideravelmente seu uso em 2022, inclusive sendo mais relevante que mobile. A hipótese é de que, com o retorno do trabalho presencial, muitas pessoas têm utilizado seu computador por mais tempo e deixam o celular para o final de semana, onde podem carregar por todo lugar.

Essa é uma parte do estudo muito válida para entender onde seu consumidor está e qual o melhor momento e dispositivo para enviar comunicações sobre as ofertas e novidades da marca, seja por e-mail, push web ou de aplicativos, SMS e onde quer que seu cliente esteja.

Vendas e faturamento
Assim como no caso de visitas e cadastros, as vendas também tiveram seus picos durante a semana e dá para ver que os consumidores não deixaram mesmo para comprar de última hora, afinal o dia 07 de junho foi o último pico alto das vendas. Inclusive, o faturamento chegou a R$6,5 bilhões de reais esse ano, sendo as mulheres as representantes de 51,3% desse montante.

Quando olhamos as categorias que mais faturaram, temos telefonia repetindo o primeiro lugar no quesito valor e Moda e acessórios com maior representatividade em pedidos. E se teve faturamento, quais são as novidades sobre o meio de pagamento? O método à vista ainda ganha o coração de muita gente e o parcelamento de 2 a 3 vezes perdeu um pouco sua relevância, reflexo da preferência dos consumidores em pagar em 1x no cartão ou no boleto.

Mas onde tem dinheiro, tem tentativa de fraude e o segmento de eletrônicos é o destaque – não positivamente – pois aparece sempre no TOP 5 tentativas de fraude, tanto por valor quanto por quantidade de pedido, seja esse ano ou em 2021.

Experiência
E como começamos o texto falando do que pode fazer o consumidor nos amar ou ir embora, a experiência é o que traduz tudo isso e uma forma de exemplificar isso é o foco no atendimento antes, durante e depois, que tem sido preferencial para os clientes que aconteça por WhatsApp. Agora é olhar para sua persona e perceber onde ela está e qual a melhor maneira de se comunicar.

Não podíamos deixar de falar também de delivery, que é algo que traz a experiência para dentro de casa, tanto de uma venda, quanto de um sabor espetacular de uma comidinha – ou melhor dizendo – de uma deliciosa pizza, que foi a mais pedida no Dia dos Namorados deste ano. E por aí, como está a estratégia para melhorar as etapas de navegação, cadastros, engajamento, compra e fidelização do seu cliente perante a marca?

Acesse o relatório de Dia dos Namorados para entender ainda mais sobre o comportamento do consumidor e ter uma ótima forma de se guiar para melhorar as estratégias e resultados, acesse o conteúdo.

E-commerce brasileiro cresce 3,52% nas vendas de maio em relação a abril

As vendas realizadas pela internet seguem com evolução positiva no Brasil. No mês de maio, em comparação com abril, a expansão foi de 3,52%. Usando a mesma base comparativa, o faturamento do setor também cresceu: 6,78%. Os dados são do índice MCC-ENET, desenvolvido pela Neotrust | Movimento Compre & Confie, em parceria com o Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net).

“Após uma queda nos números do comércio eletrônico em abril, o mês de maio representa o retorno gradativo dos hábitos de consumo e das compras online, impulsionado especialmente pelo Dia das Mães”, afirma Leonardo Palhares, presidente da camara-e.net.

Vendas online
Já na comparação das vendas por e-commerce, entre os meses de maio (2022 e 2021), a alta foi de 4,99%. No acumulado no ano, segue em ascensão: 8,65%.

Na composição regional, usando os meses de comparação entre maio e abril, a configuração ficou da seguinte forma:

Sudeste (5%);
Sul (3,23%);
Nordeste (0,99%);
Centro-Oeste (0,63%);
e Norte (-6,25%).
Já no acumulado no ano, o desempenho das regiões foi:

Norte (26,55%);
Nordeste (16,66%);
Centro-Oeste (13,35%);
Sul (10,48%);
e Sudeste (5,30%).
Faturamento
Em contrapartida, na métrica de faturamento, comparando maio de 2022 com o mesmo mês do ano passado, teve uma pequena queda de (-1,06%). Mas, o acumulado no ano, segue em crescimento: 4,69%.

Ao comparar os dados de faturamento por região, entre os meses de maio e abril, o desempenho foi:

Nordeste (7,89%);
Sudeste (7%);
Sul (6,64%);
Centro-Oeste (3,87%);
e Norte (3,40%).
Já no acumulado no ano, os resultados foram:

Norte (9,84%);
Nordeste (9,27%);
Sul (8,90%);
Centro-Oeste (4,76%);
e Sudeste (2,07%).
Participação do e-commerce no comércio varejista
Em abril de 2022, o e-commerce representou 11,4% do comércio varejista restrito (exceto veículos, peças e materiais de construção). No acumulado dos últimos 12 meses, nota-se que a participação do e-commerce no comércio varejista corresponde a 12,3%. Vale destacar que esse indicador foi feito a partir da última Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, divulgada no dia 10 de junho.

Categorias
Em abril de 2022, a composição de compras realizadas pela internet, por segmento, ficou da seguinte forma:

equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (41,7%);
móveis e eletrodomésticos (29,4%); e tecidos, vestuário e calçados (10,7%).
Na sequência, ficaram:

artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,3%);
outros artigos de usos pessoal e doméstico (5,4%);
hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,9%);
e, por último, livros, jornais, revistas e papelaria (1,6%).
Esse indicador também utiliza a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE como base.

Consumidores online
Outra métrica avaliada pelo MCC-ENET revela que, no primeiro trimestre de 2022 (janeiro a março), 17,5% dos internautas brasileiros realizaram ao menos uma compra online.

Programa Brasil Mais quer aumentar digitalização de pequenos negócios

As micro e pequenas empresas terão à disposição ferramentas para se digitalizar e ajuda para desenvolver projetos de tecnologia 4.0. A Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia lançou na segunda-feira (27) duas modalidades do Programa Brasil Mais, que pretende melhorar a competitividade das empresas brasileiras.

Chamada de Transformação Digital, a primeira modalidade consiste na adoção de ferramentas plug and play (com reconhecimento e instalação automática pelo computador) de baixo custo por um pequeno negócio para resolver problemas previamente diagnosticados decorrentes da falta de digitalização. O processo terá acompanhamento técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A segunda nova modalidade, Smart Factory, é destinada às indústrias de micro, pequeno e médio porte. O processo prevê a seleção de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Os projetos deverão seguir a tecnologia 4.0, que prevê a melhoria de processos industriais e o aumento de produtividade decorrente da modernização.

Além do Senai, o Smart Factory terá o apoio do Ministério da Economia, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ampliação
Com a ampliação, o Programa Brasil Mais passa a contar com três modalidades de atendimento. Até agora, o programa era estruturado no Brasil Mais Produtividade, que tem 90 mil empresas atendidas ou em atendimento desde que foi lançado, no primeiro semestre de 2020.

O Brasil Mais Produtividade é dividido em dois eixos: um com apoio do Sebrae e outro com apoio do Senai. O eixo do Sebrae prevê consultorias de inovação e de melhorias de práticas gerenciais, para aumentar o faturamento e reduzir custo de micro e pequenas empresas. O pequeno negócio não paga nada.

O eixo do Senai é voltado para a aplicação de princípios de manufatura enxuta a indústrias de até 499 funcionários. Os atendimentos são feitos pela entidade a um custo de R$2,4 milhões para a empresa.

Brasil retorna ao grupo das 10 maiores economias do mundo

Em ranking elaborado a partir das estimativas do FMI para este ano, PIB brasileiro cresce 14% em dólares e ultrapassa Rússia, Coreia e Austrália

Impulsionada pela valorização recente do real, a economia foi alçada de volta ao clube das dez maiores economias do mundo, clube que não frequentava desde 2019. O ranking foi elaborado pela agência de classificação de risco Austin Rating, a partir das estimativas para a atividade econômica dos diversos países feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro projetado pelo Fundo para este ano ficou em US$ 1,833 trilhão, 14% maior que o indicado ainda por dados preliminares para o PIB de 2021, também denominado em dólares. O bastante para ultrapassar por pouco mais de US$ 4 bilhões o PIB da Rússia, a 11ª colocada no ranking.

Além da Rússia, o Brasil ultrapassou também Coreia e Austrália, que este ano ocuparão a 12ª e a 13ª posições, respectivamente. A economia brasileira alçara o patamar das dez maiores do mundo em 2006, após ter caído desse grupo cinco anos antes. No ano passado, o PIB brasileiro ficou na pior colocação desde 2004, quando também havia sido o 13º colocado.

No ranking elaborado sobre as estimativas do FMI para este ano, a China, que em 1995 ficava logo atrás do Brasil, na nona posição, se consolida no segundo lugar. O PIB chinês projetado para este ano já beira os US$ 20 trilhões, mais de dez vezes superior ao brasileiro. Até 2027, conforme as projeções do Fundo, encostará nos Estados Unidos, primeiro colocado do ranking, que então já terá um PIB superior a US$ 30 bilhões.

Mercado Livre e Shopee são as principais plataformas de compras nas favelas do Brasil

Entrega é uma das principais barreiras para a expansão desse mercado nas comunidades.

Mercado Livre e Shopee são as principais plataformas de compras nas 15 maiores favelas do Brasil. Com um potencial de compra de R$ 9,9 bilhões, os moradores das 15 maiores comunidades do Brasil aderiram as compras online e 38% fazem compras por este canal. Desenvolvida pelo Outdoor Social Inteligência, a Pesquisa Persona Favela mapeou os itens mais comprados entre eletroeletrônicos e carros e motocicletas, as plataformas de compras e a forma de entrega mais utilizada nas favelas.

Foram entrevistados 462 moradores das 15 maiores comunidades dos municípios de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Belém.

Segundo a pesquisa, as plataformas mais utilizadas para fazer compras são Mercado Livre (49%), Shopee (37%), Ifood (31%), Americanas (25%) e Magazine Luiza (20%).

“Mercado Livre e Shopee se destacam pela cultura de startup, visão global, e por enxergarem a favela sem preconceito. O modelo de marketplace que vende de tudo, desde um sapato a um eletroeletrônico, também reafirma esse olhar para a favela como potência e que lá a audiência para ser alcançada”, afirma Emilia Rabello, CEO da holding Outdoor Social.

Apesar de 82% dos entrevistados que realizam compras pela internet receberem o produto na porta de casa, Emília destaca que essa é ainda é uma barreira muito grande para a expansão das compras online.

Para viabilizar a entrega porta a porta, as empresas devem olhar para dentro das favelas, gerar empregabilidade e renda para os moradores, para que eles realizem as entregas. Como exemplo, Emília cita os projetos Favela Brasil Xpress e o NaPorta, que viabilizam as entregas dentro das comunidades cadastradas, empregando os entregadores locais.

“O consumo online está em expansão, mas ainda existe um oceano azul muito grande para ser navegado. A expansão desse mercado depende dos investimentos da indústria e dos grandes varejistas. É preciso um olhar especial para esse público. Falar diretamente com os moradores dessas comunidades”, diz.

China: como gigantes do e-commerce retratam o momento econômico

O Alibaba já foi o garoto-propaganda para investir na China moderna. Agora, o mercado de comércio eletrônico que impulsionou seu crescimento está desacelerando, enquanto novos players corroem a participação de mercado do Alibaba.

Isso se reflete no desempenho das ações desde um aparente fundo no sentimento dos principais nomes chineses da internet em meados de março. As ações da Pinduoduo mais que dobraram desde então, enquanto as ações da Meituan subiram 80% e as ações da JD subiram mais de 50% em Hong Kong. Kuaishou aumentou quase 47%.

As ações do Alibaba subiram cerca de 42% em Hong Kong e 33% em Nova York. A Tencent subiu apenas cerca de 25%. Mas, com exceção de Kuaishou e Pinduoduo, os estoques ainda estão em baixa no ano até agora.

“Nossas principais escolhas no setor continuam sendo JD, Meituan, Pinduoduo e Kuaishou”, disseram Robin Zhu, analista da Bernstein, e uma equipe em um relatório nesta semana. “O interesse no Alibaba persistiu, principalmente de investidores estrangeiros, enquanto o feedback sobre a Tencent se tornou muito negativo.”

Bernstein espera que as tendências regulatórias e de consumo favoreçam as ações nas categorias “reais” – comércio eletrônico, entrega de alimentos e serviços locais – em detrimento das “virtuais” – jogos, mídia e entretenimento.

China: e-commerce em desaceleração
No fim de semana, o festival de compras 618 liderado pelo JD.com viu o volume total de transações aumentar em 10,3%, para 379,3 bilhões de yuans (US$ 56,61 bilhões). Essa é uma nova alta em valor – mas o crescimento mais lento já registrado, segundo a Reuters.

Comerciantes que conversaram com Nomura disseram que os bloqueios da Covid interromperam a produção de vestuário, enquanto a demanda do consumidor era geralmente baixa, de acordo com um relatório de domingo. As vendas de produtos de alta qualidade se saíram melhor do que as do mercado de massa, disse o relatório, citando um comerciante.

O Alibaba, cujo principal festival de compras é em novembro, disse apenas que viu crescimento no valor bruto das mercadorias em relação ao ano passado, sem divulgar números. O GMV mede o valor total das vendas durante um determinado período de tempo.

“O crescimento do varejo online provavelmente será mais lento este ano do que em 2020 e 2021, e seu ganho na taxa de penetração pode ser mais fraco do que a média de 2,6 [pontos percentuais] durante 2015-2021”, disse a Fitch em um relatório na semana passada.

“Isso se deve a uma base maior, integração mais profunda de canais online e offline… e confiança mais fraca do consumidor em relação às preocupações de uma economia em desaceleração e aumento do desemprego”, disse a empresa. A Fitch espera que as vendas online de alimentos e utensílios domésticos tenham um desempenho melhor do que as de vestuário.

Em maio, as vendas no varejo online de mercadorias aumentaram mais de 14% em relação ao ano anterior, mas as vendas gerais no varejo caíram 6,7% durante esse período. A Fitch espera que as vendas no varejo da China cresçam apenas um dígito baixo este ano, contra 12,5% em 2021. 27,7% em 2020.

Novos players
No mercado de compras online da China, novas empresas surgiram como rivais do Alibaba. Isso inclui as plataformas de vídeo curto e transmissão ao vivo Kuaishou e Douyin, a versão chinesa do TikTok também de propriedade da ByteDance.

No GMV das cinco principais plataformas de comércio eletrônico, a participação de mercado do Alibaba caiu 6% no primeiro trimestre em relação ao quarto, de acordo com a análise de Bernstein publicada no início deste mês.

JD, Pinduoduo, Douyin e Kuaishou cresceram participação de mercado durante esse período, disse o relatório. A participação de GMV da Douyin aumentou mais, em 38%, embora sua participação de mercado combinada com a Kuaishou seja apenas cerca de 12% entre as cinco empresas.

Em um sinal de como a Kuaishou emergiu como seu próprio player de comércio eletrônico, o aplicativo em março cortou links para outros sites de compras online.

“Sua recente decisão de cortar links externos para Taobao e JD [do Alibaba] mostra que os tempos mudaram”, disse Ashley Dudarenok, fundador da consultoria de marketing chinesa ChoZan, na época da notícia. “Taobao não é mais o único campo de batalha principal para o comércio eletrônico.”

No trimestre encerrado em 31 de março, a Kuaishou relatou GMV em sua plataforma de 175,1 bilhões de yuans, um aumento de quase 48% em relação ao ano anterior.

No mês passado, Douyin, da ByteDance, afirmou que seu GMV de comércio eletrônico mais que triplicou no ano passado, sem especificar quando esse ano terminou. Douyin baniu links para plataformas externas de comércio eletrônico em 2020.

Enquanto Douyin supera Kuaishou em número de usuários, o que é diferente para os investidores que desejam jogar a tendência de e-commerce de vídeos curtos é que Kuaishou está listada publicamente.

Mesmo na chamada anterior do JPMorgan em março para rebaixar 28 ações chinesas de internet “não investíveis”, os analistas mantiveram seu único “excesso de peso” em Kuaishou com base no “foco mais nítido da administração na melhoria da margem, maior margem bruta, maior base de usuários e menor risco de concorrência”.

Usuários como o livestreamer de cosméticos Zhao Mengche geralmente descrevem Kuaishou como tendo uma “comunidade”, na qual ele disse que o aplicativo está tentando integrar mais marcas e imitar uma praça de mercado de vilarejo – online. Zhao tem mais de 20 milhões de seguidores em Kuaishou.

Durante o festival de compras 6.18 deste ano, o aplicativo de mídia social Xiaohongshu, focado em moda, afirmou que mais comerciantes disponibilizaram seus produtos diretamente no aplicativo e disseram que os usuários também poderiam comprar produtos importados do JD.com através do Xiaohongshu.

Anúncios
Olhando para o futuro, as empresas estavam mais inclinadas no primeiro trimestre a gastar em publicidade mais próxima de onde os consumidores poderiam fazer uma compra, em vez de apenas aumentar a conscientização, de acordo com Bernstein. Eles estimaram um crescimento de 65,8% nos anúncios de comércio eletrônico Kuaishou no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, com Pinduoduo, JD e Meituan também apresentando crescimento de dois dígitos.

No entanto, a receita nas 25 principais plataformas de publicidade monitoradas pela Bernstein cresceu 7,4% ano a ano no primeiro trimestre, abaixo do crescimento de 10,8% no trimestre anterior.

E para ByteDance – a maior plataforma de publicidade na China no primeiro trimestre ao lado do Alibaba – Bernstein estimou que os anúncios domésticos cresceram apenas 15% nos primeiros três meses do ano, apesar das vendas de transmissão ao vivo GMV provavelmente quase triplicarem, disseram os analistas.

Eles esperam que o negócio de anúncios domésticos da ByteDance diminua para um dígito, ou mesmo contraia, no segundo trimestre.

Dia dos Namorados: PMEs aumentam em 17% o faturamento com vendas online

O e-commerce teve um papel de destaque nas vendas para o Dia dos Namorados deste ano, especialmente para os pequenos e médios negócios. O faturamento das PMEs online nesta edição cresceu 17% em comparação a 2021, atingindo um total de R$ 161,5 milhões — no ano anterior, o faturamento alcançou R$ 137,4 milhões. O levantamento foi realizado pela Nuvemshop.

Entre o final de maio e início de junho, foram vendidos mais de 2,6 milhões de produtos com um ticket médio de R$ 248,80. Já no mesmo período, em 2021, 2,5 milhões de produtos foram adquiridos com o ticket médio de R$ 221,00. Os resultados indicam um aumento de 12% no valor médio gasto em cada compra online.

“Os resultados do último Dia dos Namorados comprovaram que, atualmente, o empreendedor aproveita todas as datas comemorativas anuais para aumentar suas vendas de forma estratégica, e não apenas as mais tradicionais, como Black Friday. Mesmo com os desafios econômicos, os resultados das PMEs nesta data indicam que as vendas online seguem aquecidas e que os empreendedores estão apostando no e-commerce para ampliar o alcance e as vendas dos negócios”, afirma Luiz Natal, gerente de Desenvolvimento de Plataforma da Nuvemshop.

Os segmentos que lideraram as vendas durante a data comemorativa foram: Moda, Acessórios e Saúde & Beleza. Dentre os estados brasileiros, São Paulo (R$ 80,6 milhões), Minas Gerais (R$ 16,7 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 9,8 milhões) se sobressaíram nas vendas no Dia dos Namorados deste ano. O estado do Ceará (R$ 8,8 milhões) e o de Santa Catarina (R$ 8,5 milhões) compõem o top 5 de maior faturamento das PMEs.

O levantamento revela que o cartão de crédito (52,9%) se destacou como a principal escolha de meio de pagamento entre os compradores durante o período. Além dele, o Pix (20%) teve destaque e registra um significativo aumento de popularidade, visto que no Dia dos Namorados de 2021 foi a forma de pagamento de apenas 5% dos pedidos realizados.

Na análise, foram consideradas as vendas realizadas na semana do Dia dos Namorados e nas duas anteriores, de 2021 e 2022, com base nos mais de 100 mil lojistas da Nuvemshop.

“Minas Gerais é o estado do Sudeste que o e-commerce mais cresceu em 2021”, diz Marcelo Osanai da NielsenIQ EBIT

O comportamento de consumo acelerado devido ao isolamento social e fechamento das lojas físicas nos últimos anos impulsionou o e-commerce em todo o Brasil. Para os profissionais do setor, essa informação não é exatamente uma novidade, mas o relatório Webshoppers 45 elaborado pela NielsenIQ|Ebit, comprova: as vendas no digital cresceram 27%, com faturamento de R$ 182,7 bilhões na comparação com 2020.

A pesquisa também aponta que entre as regiões que mais contribuíram para o GMV no País, o Sudeste é a que se destaca, pois representa 58% do crescimento do e-commerce. Até aí, nada de novo também. No entanto, talvez o mercado não saiba que, quando se observa a variação do faturamento, Minas Gerais foi o estado de maior importância.

“Minas Gerais é o estado do sudeste que o e-commerce mais cresceu em 2021. Cresceu acima da média do Sudeste, aumentando 27% na variação nominal de GMV, com um faturamento de 17,8 bilhões”, afirma Marcelo Osanai, Gerente Comercial da NielsenIQ EBIT, durante a Conferência E-Commerce Brasil – Encontro de Líderes, realizada nesta quarta-feira, 9, em Belo Horizonte.

Em sua palestra, Osanai mostrou que os outros estados tiveram uma variação nominal menor: São Paulo com 21% de aumento no faturamento e Rio de Janeiro e Espírito Santo com 15%.

A variação mais significativa no faturamento de Minas Gerais em 2021 ante 2020 pode ser explicada pelo número de pedidos (38,8 milhões), que também subiu  22% em relação a 2020. São Paulo vem em seguida, com crescimento de 15%, logo depois está o Rio de Janeiro, 9%, e Espírito Santo, sem variação.

Categorias

Em um olhar mais atento, Osanai também mostrou que 19% do crescimento de Minas Gerais vem da categoria de Eletrodomésticos, acompanhando a estimativa nacional. No entanto, ele chama atenção para categorias menos populares.

“Destaquei os crescimento de GMV em altos níveis nominais as categorias de Alimentos e Bebidas (63%), Construção e Ferramentas (48%) e Automóveis (45%). Isso mostra que temos oportunidade de crescimento através das principais categorias de consumo, entretanto, o que está impulsionando o crescimento de Minas são categorias nem tão tradicionais assim”.

Frete grátis e forma de pagamento

Muito parecido com a tendência nacional, o frete grátis é bastante relevante para os mineiros, com crescimento de 14 pontos percentuais versus 2020, com representatividade de 47%.

O cartão de crédito continua sendo o meio de pagamento mais utilizado no estado, sendo 67% das transações no último ano. Em segundo lugar vem o boleto bancário (23%) e a curiosidade é que, diferente da adesão vista em outros lugares do Brasil, o Pix não é tão forte em Minas (3%). “Um fato curioso é que o Pix no e-commerce não foi usado muito por aqui, enquanto nacionalmente essa ferramenta tem crescido nos últimos tempos”, finaliza.

Vendas do varejo crescem 6,9% em maio, segundo ICVA

As vendas no varejo em maio de 2022 cresceram 6,9%, descontada a inflação, em comparação com igual mês de 2021. Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista, o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) apresentou alta de 23,9%.

A expansão das vendas está relacionada à base comparativa de maio do ano passado, período atingido por restrições ao funcionamento do comércio graças à Covid-19. O mesmo fenômeno foi registrado nos meses anteriores, segundo o índice.

Segundo a Cielo, efeitos de calendário, no entanto, prejudicaram o índice este ano. Houve uma terça-feira a mais, dia de movimento menor no comércio, e um sábado a menos, dia em que as vendas costumam ser mais fortes, em comparação com o mesmo mês de 2021. Eliminando estes efeitos, em termos nominais, o varejo apresentou crescimento de 24,2%. Na visão deflacionada, o aumento no volume de vendas foi de 7,1% sem os efeitos de troca de dias.

Na opinião de Diego Adorno, gerente de produtos de dados da Cielo, o varejo continua em recuperação.  “O mês de maio é o sétimo seguido de alta nas vendas, mas é possível observar uma desaceleração em relação ao mês anterior. Isso acontece porque o comércio em maio do ano passado, objeto da comparação, sofreu menos com restrições do que o mês de abril de 2021. Excluindo a inflação, o varejo ainda não voltou ao patamar observado antes da pandemia”, afirma.

Inflação

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, apontou alta de 11,73% no acumulado dos últimos 12 meses, com alta de 0,47% no mês de maio, desacelerando em relação ao índice registrado no mês anterior. O grupo que mais impactou o índice foi o de Transportes, com alta de 1,34%.

Setores

Descontada a inflação e com o ajuste de calendário, todos os macrossetores apresentaram alta em relação a maio de 2021.

O destaque no macrossetor de Bens Duráveis e Semiduráveis foi o segmento de vestuário, segundo o índice.

No macrossetor de Bens Não Duráveis, um dos segmentos que mais colaboraram para o aumento do faturamento foi Postos de Gasolina.

Já o macrossetor de Serviços, Turismo e Transporte foi o segmento com maior crescimento.

Regiões

De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, todas as regiões apresentaram crescimento em relação a maio do ano passado. A região Sudeste registrou alta de 8,3%, seguida da região Norte (+7,5%), Sul (+7,2%), Nordeste (+4,5%) e Centro-Oeste (+4,4%).

Segundo o ICVA nominal com ajuste de calendário na comparação com maio de 2021, as vendas na região Sudeste cresceram 27,1%, seguida da região Sul (+21,4%), Nordeste (+20,9%), Norte (+19,5%) e Centro-Oeste (+19,2%).