Análise: Shopee sai da Índia, mas isso não torna o Brasil a ‘bola da vez’

Não é difícil imaginar que, após a decisão da Shopee de deixar o mercado indiano, como anunciado hoje pela companhia, o Brasil poderia ser visto como foco central dos investimentos da Sea Limited entre os mercados emergentes. Especialistas hoje correram para analisar este como um dos principais impactos da decisão anunciada.

É fato que a aceleração no Brasil passou a ser citada pelo comando da Sea em teleconferências recentes, e o grupo já deixou claro que quer crescer mais rápido por aqui.

Mas o que é lógico não é necessariamente o caminho adequado em determinado momento, ou tem fundamento considerando o cenário global das empresas — especialmente num negócio complexo como os “megamarketplaces” (plataformas globais de venda de itens de terceiros).

A Sea Limited passa por uma fase de maiores pressões do mercado, que busca sinais de mais racionalidade no negócio. E investir numa operação on-line no Brasil agora (e terá que ser por um bom tempo) é queimar dinheiro, como já ocorreu em outros negócios por aqui (não custa lembrar que Amazon e Aliexpress, há bem mais tempo no Brasil, não seriam lucrativas até hoje).

Analistas estrangeiros da Sea e investidores vêm levantando a questão do aumento da queima de caixa no grupo e o risco para resultados mais fracos na operação de “games” da Sea (a Garena é a operação da empresa nessa área, dona do “Free Fire”). O alerta começou a tocar neste mês, depois que o cofundador e CEO da Sea, Forrest Li, citou “ventos contrários” em seus negócios de jogos, e necessidade de equilibrar os números com a operação da Shopee e da SeaMoney (divisão de serviços financeiros).

Desde o início de março, quando a empresa publicou seus números do quarto trimestre, e após a sinalização do CEO, a ação da empresa caiu 21% — é um terço da queda acumulada desde outubro (em seis meses, o recuo é de 62%).

Em recente relatório, a equipe do Goldman Sachs chegou a chamar atenção para essa fase mais dura na Sea, e o impacto na Shopee no Brasil. Dizem que o capital ficando mais caro no mundo e a reação dos papéis na bolsa americana Nyse podem levar a gestão a ter que mostrar maior disciplina na alocação de capital. E aí, em relação a Brasil, há algumas formas de se ver esse posicionamento.

A perda da Shopee no Brasil por pedido (em termos de resultado antes de juros, impostos, amortização e depreciação) está na faixa de R$ 10 (e no mundo a média é de R$ 2,25), então gastar mais por aqui implica em aumento de despesas, margens comprimidas e desembolsos maiores — apesar de isso se traduzir em ganho de mercado. “A maioria olha Shopee como se fosse um negócio isolado, mas ele sempre foi sustentado pelo Free Fire, só que o negócio de ‘game’ foi banido em algumas regiões e a concorrência apertou em outros mercados. A vida deles ficou mais difícil”, diz um competidor direto da Shopee no país, dias depois da teleconferência do quarto trimestre.

É fato que a Shopee já reviu condições comerciais junto a seus lojistas no país, aumentando as taxas de comissão no ano passado (era de um dígito em 2020, mas já está num patamar dentro da média de mercado, na faixa de 18% por venda), num sinal de que os gastos precisam ser melhor divididos com seus parceiros.

Ainda entra nessa conta a série de reações organizadas, de concorrentes, contra marketplaces estrangeiros no país. Esse cerco vem crescendo e há executivos do setor que acreditam em maiores ações de fiscalização de governos estaduais e municipais às plataformas internacionais.

O Valor noticiou na semana passada que pode ser elaborada uma medida provisória que deve endurecer a legislação tributária no on-line, após empresários brasileiros terem reforçado críticas à certos marketplaces junto à ministérios e autarquias, em relação à importação de itens falsificados ou sem devido pagamento de impostos.

Isso, naturalmente, gera ruído maior para as marcas, e tem que entrar no desenho do plano de expansão dos marketplaces estrangeiros, no mínimo, como aspecto concorrencial. É sabido que mercados fechados ou de legislações menos abertas às plataformas não são preferência dessas empresas — mesmo que sejam países com milhões de consumidores ávidos por produtos que custam alguns dólares.

Apesar desse ambiente com novas tensões, grande parte dos analistas setoriais no Brasil não espera que a Shopee vá acenar com menor vigor por aqui — talvez adote uma estratégia mais racional por determinado período. As projeções animadoras de analistas de expansão da Shopee no país acabam sustentando a lógica de alguns consultores que esperam que a Sea volte boa parte de seu arsenal de investimentos para cá, mesmo com mercado mais atento aos números do grupo.

 

TikTok lança integração com WhatsApp Bussines e plataformas de e-commerce

Pensando nas pequenas e micro empresas, o TikTok lançou a possibilidade de utilizar o método PIX como forma de pagamentos de anúncios.

O TikTok, plataforma de vídeos curtos, ganhou espaço ao longo de 2020 e 2021 entre as redes sociais prediletas dos mais jovens. Esse movimento de fez com que a plataforma se tornasse parte fundamental da estratégia de marketing de empresas pelo mundo. Desde o lançamento do Tiktok Ads Manager no Brasil, as empresas conseguiram ampliar ainda mais seu engajamento e conectar de forma única com mais de 1 bilhão de usuários.

Agora, pela primeira vez, os lojistas poderão realizar a integração entre TikTok Ads e plataformas de e-commerce, como Kyte, Loja Integrada, PrestaShop, Shopify e VTEX, para auxiliar as vendas online através de aplicativo.  As integrações com Kyte e VTEX já estarão disponíveis em abril.

Por meio da integração as marcas que utilizam a plataforma podem ter seus produtos integrados para criar campanhas de anúncios com objetivos de tráfego, retenção e vendas. Todas as ações capturadas dentro das lojas virtuais são capturadas de forma segura pelo pixel do TikTok, que é inserido e pode ser configurado de forma automática, auxiliando a aumentar o desempenho da campanha. Além disso, todas as atualizações nos produtos são replicadas no TikTok automaticamente.

Pensando nas pequenas e micro empresas, o TikTok lançou a possibilidade de utilizar o método PIX como forma de pagamentos de anúncios, assim garantindo a agilidade na transação. Além do PIX, também estão disponíveis os pagamentos via cartão ou boleto.

A Head de Soluções Globais  para Negócios do TikTok na América Latina, Gabriela Comazzetto, reforçou a importância que a rede social passou a ter nas estratégias de marketing das marcas. “Cada vez mais ampliamos as possibilidades de atuação das empresas, que poderão criar mais um canal de exposição e oportunidade de vendas, ampliando sua presença na plataforma e se conectando de maneira ainda mais significativa com a comunidade TikTok”, completa Gabriela.

WhatsApp

Além dos novos anúncios de integração com plataformas de e-commerce, a rede social de vídeos também anunciou o direcionamento de usuários interessados no produto para uma conversa privada no aplicativo de mensagens WhatsApp Business. Entretanto, neste caso, os anúncios deverão ser segmentados para usuários acima dos 18 anos

Relatório Setores do E-commerce da Conversion, agência de Search Engine Optimization (SEO)

Em fevereiro, e-commerce tem queda de 14%, mas supera expectativas.

Conhecida como uma época de baixas para o comércio, o segundo mês do ano registrou queda de 14% no e-commerce nacional; no último ano, o decréscimo de fevereiro foi maior (-16%).

Em fevereiro, o e-commerce brasileiro retraiu 14% com relação ao mês anterior. A queda, que já era esperada, foi menor que a queda do mesmo período no ano passado. Em fevereiro de 2021,  o comércio eletrônico nacional registrou 1,49 bilhão de visitas e uma queda de mais de 16% no MoM.

Este ano, os acessos dos e-commerces brasileiros  chegaram a 1,51 bilhão e, ainda que nenhum setor tenha registrado crescimento, alguns players tiveram uma ascensão significativa, como é o caso da loja madeiramadeira, que subiu 5 posições no ranking geral dos 30 maiores sites do país, saltando em pelo menos um milhão de acessos no comparativo mensal.

O setor de Farmácia & Saúde, provavelmente impulsionado pela melhora geral no cenário pandêmico, sofreu a retração mais intensa, caindo 26% no MoM. A Droga Raia, maior representante do setor, caiu 4 posições no ranking nacional, chegando a 13ª posição.

Os dados são do Relatório Setores do E-commerce, da Conversion, agência de Search Engine Optimization (SEO), que aponta que em fevereiro os 10 principais e-commerces brasileiros receberam um total de quase 700 milhões de  acessos. Baixe agora e confira o ranking de maiores sites de cada categoria.

Magazine Luiza aposta em modalidade de compras em grupo com desconto

O Magazine Luiza anunciou na última quarta-feira, 23, o lançamento de uma nova modalidade de compras com descontos mais agressivos para produtos selecionados que atingirem um mínimo de compradores. A iniciativa tem o nome de “Compra Junto”.

Na nova seção do aplicativo da empresa, os produtos são oferecidos com, em média 30% de desconto, mas as remarcações podem chegar até a 70%. Questionado a respeito de como isso deve afetar as margens da companhia, Vinícius Porto, diretor de experiência do cliente, afirmou que a estratégia leva em conta essa questão e tem mecanismos para melhorar esse indicador.

“Margem é um cuidado que estamos tendo. Não vamos oferecer frete grátis nessa modalidade, o que é um detrator de margem”, cita o diretor. Ele diz ainda que a medida é pensada para atrair clientes com um custo de aquisição menor, com menos investimento em mídia. Isso porque a pessoa que se interessa pela oferta pode compartilhar o link com amigos no intuito de atingir o mínimo de compradores para que ela seja liberada.

Porto diz que a nova iniciativa se adequa também ao período de inflação e corrosão de renda da população.

Inflação

O Magazine Luiza passou um ano difícil na bolsa com a perda do poder de compra no último ano, com ações caindo mais de 70% na bolsa. Ao comentar os resultados da companhia no quatro trimestre, quando a companhia teve prejuízo líquido de R$ 79 milhões, o presidente Frederico Trajano disse que a companhia está mais preparada para lidar com o cenário macroeconômico desafiador de 2022.

“Não estávamos preparados para a mudança de ventos do segundo semestre. Ninguém estava. Nada mudou, mas agora estamos preparados para isso”, afirmou Trajano. A empresa busca melhorar sua rentabilidade após ter realizado uma série de aquisições, como a do grupo de conteúdo Jovem Nerd e o comércio eletrônico KaBuM!.

Empresários pressionam governo contra empresas de importação da China

Um grupo de empresários apresentou à presidência da República e a senadores uma série de denúncias contra plataformas de fora do país que trazem produtos vindos da China para pessoas físicas no Brasil, prática conhecida como “cross border”. Eles dizem sofrer concorrência desleal de produtos importados. Entre os representantes de empresas de varejo que importam produtos da China, estão o empresário Luciano Hang, dono da Havan, e o CEO da Multilaser, Alexandre Ostrowiecki.

Os empresários fizeram uma apresentação para as autoridades com o nome de “Contrabando Digital”, em que citam as empresas AliExpress, Wish, Shein, Shopee e Mercado Livre, informou o Estadão/Broadcast. O grupo defende alterações nas normas tributárias para que o consumidor pague os impostos relativos à transação no momento da compra, e não quando o produto importado passa pela Receita Federal e entra no Brasil. O ministro da Economia Paulo Guedes e o presidente Jair Bolsonaro (PL) acompanharam a apresentação.

Também apoiam as demandas: a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Associação Nacional dos Fabricantes Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) e do Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP).

As instituições acionaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) e apresentaram denúncias sobre a forma de atuação de empresas estrangeiras de comércio entre fronteiras. O grupo sugere o subfaturamento de notas fiscais e a reetiquetagem na Suécia, como tentativa de burlar a fiscalização.

No ofício apresentado à PGR, as instituições também argumentam que há venda posterior dos produtos importados em shoppings virtuais com operação local, como a Shopee e o Mercado Livre. Ambos são acusados de não se responsabilizar sobre a procedência dos produtos ali vendidos, bem como permitirem que pessoas físicas façam vendas, sem emitir nota fiscal.

Divulgado o 45º Relatório Webshoppers da NielsenIQ Ebit, com as principais movimentações do E-commerce em 2021

O assunto e-commerce ganhou importância sem precedentes no último ano e a NielsenIQ Ebit, como líder em medição de varejo e consumo, está empenhada em fornecer as melhores ferramentas e informações aos nossos parceiros colaboradores e clientes.

Realizado pela NIQ Ebit desde 2001, o Webshoppers é o estudo de maior credibilidade sobre o comércio eletrônico brasileiro e a principal referência para os profissionais do segmento.

Confira os principais dados e movimentações do E-commerce em 2021 aqui no 45º Relatório Webshoppers disponibilizado no RadarIC.

Mercado Livre anuncia investimento de R$ 17 bi no Brasil

Valor será destinado à expansão do comércio eletrônico e do sistema de pagamentos on-line Mercado Pago, segundo empresa.

O Mercado Livre vai investir R$ 17 bilhões no Brasil em 2022, anunciou a gigante do comércio eletrônico na América Latina. O montante é 70% maior em comparação aos R$ 10 bilhões aplicados no país em 2021.

Segundo a empresa, uma “parte significativa” dessa quantia será destinada à fintech Mercado Pago, com “novos serviços, produtos e experiências integrados à conta digital”.  Poder360 todos os dias no seu e-mail concordo com os termos da LGPD. O comunicado destaca ainda a inauguração de 4 novos centros de distribuição no estado de São Paulo e a consequente expansão da capacidade logística diária para 2 milhões de pacotes.  Para Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, a expansão do investimento reflete o “crescimento sustentável e constante” da empresa argentina no país, aliado ao “compromisso de democratizar o comércio e os serviços financeiros para pessoas e empresas por meio da internet”.

O Mercado Livre possui 12 centros de distribuição pelo Brasil. Além de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, está negociando a abertura de uma nova unidade no Ceará.

O último balancete da empresa, referente ao 4º trimestre de 2021, contabilizava um total de 82,2 milhões de usuários ativos nas plataformas, com 287,9 milhões de itens comercializados e receita líquida de US$ 2,1 bilhões –alta de 60,5% em relação ao ano anterior.

No início de março, a companhia divulgou que dados pessoais de “aproximadamente 300 mil” usuários haviam sido vazados, mas informou não ter encontrado evidências da exposição de informações financeiras Disse estar adotando “medidas rigorosas” para evitar a reincidência do ataque cibernético.

Experiência do cliente se torna essencial para empresas que querem aumentar o sucesso dos seus canais digitais

A maioria das empresas já percebeu que oferecer um excelente serviço ou produto não basta para agradar à clientela. Atualmente, aqueles que consomem estão cada vez mais exigentes e as companhias precisam contar com a ajuda da tecnologia para garantir a melhor jornada e experiência do cliente.

Kishnan Nedungadi da Lumis, empresa pioneira no desenvolvimento e gestão de portais corporativos, acredita que o Customer Experience (CX) vem se tornando o braço direito dos gestores que querem assegurar a felicidade de sua audiência em todas as etapas da negociação e até após ela, no chamado pós-venda.

Que a experiência do cliente é uma tendência, a maioria das empresas sabe e para ajudar ainda mais a constatar isso, de acordo com uma pesquisa, divulgada pela Zendesk, em parceria com o Enterprise Strategy Group (ESG), as empresas latino-americanas que continuaram investindo em CX ao longo do último ano têm três vezes mais chance de aumentar sua base de clientes ano a ano e são 6,5 vezes mais propensas a maximizar a resiliência durante a pandemia.

“Apesar de saberem que a experiência do cliente é tendência, muitas empresas ainda encontram dificuldades na personalização do CX. É importante que a companhia crie um perfil para cada tipo de cliente, pois assim será possível agradar a todos, tratando cada um de forma personalizada, e assim aumentar o potencial de venda”, comenta o CEO da Lumis.

Kishnan explica que o cliente está amadurecendo e evoluindo novas formas de consumir, principalmente por causa da tecnologia, sendo dever da empresa acompanhar essas transformações.

“Os meios tecnológicos trouxeram rapidez e praticidade e, dessa forma, os clientes estão se preocupando mais com a qualidade e o tempo que levam para adquirir um produto ou serviço. Somado aos fatores tecnológicos, os fatores econômicos e sociais estão moldando as tendências para o futuro da experiência do cliente, que tende a ser cada vez mais personalizada e inovadora”, afirma o executivo.

Experiências Personalizadas 

Uma maneira de aumentar o potencial de venda e, também, um fenômeno de CX é a experiência personalizada, ou seja, uma experiência planejada, produzida e gerenciada para atender os requisitos individuais do cliente.

O CEO  da Lumis explica, em outras palavras, que é ir além do relacionamento tradicional, pois se trata mais do que contratar vendedores simpáticos. É necessário trabalhar para superar as expectativas das pessoas, o que ajuda a estabelecer confiança e levar à repetição de negócios e lealdade.

Com a experiência personalizada, as pessoas se sentem mais conectadas e envolvidas com a empresa. Dessa forma, espontaneamente espalham coisas boas a respeito da marca e influenciam outros a visitarem ou aproveitarem as ofertas, pois o boca a boca positivo atrai potenciais compradores.

Além disso, um cliente feliz tem mais chances de comprar que um novo cliente em potencial. Portanto, projetar a experiência capaz de criar um ciclo de vida de feedback e ofertas de produtos são excelentes ações que aumentam a fidelidade e as taxas de conversão.

Ao criar uma experiência incrível para o público, a empresa também capacita os agentes de atendimento com as informações necessárias para proporcionar o serviço mais eficiente possível. “Com acesso ao histórico, preferências e registros de interações passadas, eles resolvem pendências com mais agilidade. Eles também evitam que o cliente se sinta frustrado ao repetir as mesmas coisas que já informou em outros contatos. Chamadas curtas significam tickets fechados e clientes satisfeitos”, comenta Nedungadi.

Pensando em ajudar as empresas a criarem experiências únicas para seus consumidores, a Lumis criou o Lumis CX Manager, um produto que otimiza as jornadas dos clientes com experiências personalizadas.

O Lumis CX Manager segmenta usuários baseados nos comportamentos nas jornadas mapeadas. Além disso, ele permite que as companhias utilizem painéis de relatórios, que são facilmente customizados, para descobrir pontos de fricção e áreas de abandono.

Outro destaque é que ele permite a coleta de dados de comportamento sem depender de outras áreas da empresa e, também, envia insights regularmente para a melhora de resultados.

Além disso, também é possível publicar experiências personalizadas em tempo real para diferentes segmentos de usuários e utilizar testes A/B para validar hipóteses de melhorias e aumentar a performance dos canais digitais.

“Com nosso produto, conseguimos oferecer aos clientes a geração de leads, a otimização da jornada de autosserviço, além do aumento de vendas, pois ele identifica os pontos de fricção na jornada de compra e oferece experiências na hora certa para melhorar a venda. Criamos ele pensando na experiência única do usuário, pois acreditamos que a experiência do consumidor deve estar em primeiro lugar para a empresa, além de ser uma das tendências para o mercado de customer experience de 2022”, finaliza o CEO.

Sobre a Lumis

A Lumis é uma empresa especializada no desenvolvimento de soluções para a gestão da experiência digital dos clientes. A companhia é uma grande entusiasta da tecnologia e inovação, acompanha de perto as mudanças no mercado e evolui seus produtos e serviços para garantir melhores resultados. Também é uma empresa dedicada ao Customer Experience, que busca garantir ao usuário uma experiência inovadora e surpreendente.

Invasão Amarela: o futuro do Mercado Livre na América Latina

O e-commerce pode chegar a 500 bilhões de reais no Brasil em 2025. Só neste ano, o Mercado Livre vai investir 17 bilhões de reais no país para seguir liderando em todas as frentes.

Assim como os grafites coloridos e os emaranhados de cabos de energia, as vans amarelo-fluorescentes do Mercado Livre passaram a fazer parte da paisagem urbana de São Paulo — e de quase todas as cidades brasileiras. Até três anos atrás, a maior varejista online da América Latina fazia 95% de suas entregas pelos Correios. Era, portanto, um gigante escondido aos olhos da população. Hoje, faz 95% das entregas por conta própria, e passou a ter uma exposição inédita.

A tomada das cidades coincidiu com o auge da pandemia, em que, confinados a suas residências, os brasileiros compraram como nunca pela internet — e mais de 1.000 veículos de entrega do Mercado Livre viraram figuras onipresentes nas cidades brasileiras. “Passamos a ter um reconhecimento de marca tão grande quanto nossa relevância para o varejo do Brasil e da América Latina”, diz Marcos Galperin, fundador e presidente do Mercado Livre, em entrevista exclusiva à EXAME.

A conversa, marcada inicialmente para ser presencial na Melicidade, a imponente e arborizada sede da companhia, em Osasco, precisou ser feita por videoconferência por um imprevisto comum neste início de 2022. Com um teste positivo para covid-19, Galperin não pôde vir ao Brasil. Mas, por vídeo, falou em primeira mão sobre um volume de investimentos sem precedentes no varejo brasileiro: 17 bilhões de reais. “Nossa meta é manter e ampliar a liderança em e-commerce e entre as fintechs no Brasil”, diz. “A logística é a face mais visível, mas estamos fazendo muito mais.”

O Mercado Livre, que divulgou seus resultados anuais na terça-feira, 22 de fevereiro, virou um império de números superlativos. É a segunda maior empresa da América Latina, com valor de mercado de 52 bilhões de dólares, atrás apenas da mineradora Vale, avaliada em 77 bilhões de dólares. A companhia, criada em 1999 na Argentina, opera hoje em 18 países da América Latina e tem escritórios em oito — a meta é abrir escritórios onde não está presente, e seguir ampliando o número de países atendidos.

Todo trimestre, envia cerca de 250 milhões de pacotes às casas de seus clientes. No Brasil, a capacidade de entrega é de 1,5 milhão de pacotes por dia, e vai crescer para 2,5 milhões com a construção de quatro novos centros de distribuição (em São Paulo, Barueri e Araçariguama, todos no estado de São Paulo). Com isso, o número total de galpões, que era zero até 2017, vai chegar a 11 neste ano. Há ainda 3.000 agências, espalhadas pelo país, em que os clientes podem retirar as mercadorias. Isso sem contar a frota de aviões, que passará de cinco, atualmente, para 15 até 2024. 

No total, a empresa vai investir no Brasil 70% mais do que os 10 bilhões de reais investidos no ano passado e quatro vezes mais do que os 4 bilhões de reais investidos em 2020. O número de funcionários vai passar de 12.000 para 19.000 neste ano no Brasil, e de 30.000 para 50.000 em toda a América Latina. “A escala permitiu acelerarmos os investimentos. Nossas necessidades não eram as mesmas das oferecidas e vamos investir cada vez mais em soluções de pagamento e envios, as duas maiores fricções do e-commerce”, diz Galperin. “Queremos ter os melhores vendedores, que ofereçam a melhor experiência de compra.”

A empresa não pode parar de acelerar porque, segundo Galperin, o mercado brasileiro de e-commerce é o mais competitivo do mundo. A pandemia de covid-19 acelerou o ritmo de expansão e a competitividade. As vendas do varejo online passaram de 93 bilhões de reais ao ano em 2019 para 201 bilhões em 2021, segundo estimativa do banco Goldman Sachs. O crescimento deve seguir acima dos 20% ao ano.

De acordo com o banco BTG Pactual, as vendas podem chegar a 500 bilhões de reais ao ano em 2025. A penetração do e-commerce no total do varejo terá passado, nessa toada, de 7% em 2019 para mais de 20% — de acordo com o BTG, chegará a 21,8% em 2025. Ainda assim, o Brasil estaria atrás do patamar que já têm países como a China, onde 25% das vendas são online, segundo a plataforma Statista.

A tendência dos próximos anos é de uma concentração crescente nas mãos dos líderes Mercado Livre, Magazine Luiza e Americanas — segundo o Goldman Sachs, eles terão 77% do mercado em 2024. O restante será distribuído entre grandes competidores nacionais, como a Via, e os gigantes estrangeiros, sobretudo a americana Amazon e a novata Shopee, de Singapura. 

A possibilidade de a Amazon ou alguma asiática, como a Shopee, atropelarem a concorrência nacional é o tema de dez entre dez rodas de conversa de especialistas em varejo e tecnologia no Brasil. Mesmo em mercados maduros, como o americano, empresas mais jovens e mais ágeis mostram que há, sim, espaço para peitar os gigantes. Por lá, a canadense Shopify, que cresceu com serviços pensados para os pequenos varejos, vendeu, em 2021, 175 bilhões de dólares, 40% do total do gigante Amazon.

Por aqui, a Amazon atua desde 2012 e já tem 11 centros de distribuição. Ainda está longe do apetite que demonstra em mercados como o indiano, onde já investiu 6 bilhões de dólares e de onde pode vir até 20% de seu crescimento nos próximos anos. Mas a maior ameaça recente é a Shopee. A empresa tem um investimento crescente em anúncios e oferece aos clientes um nível de interação, com jogos e chats, que a fez chegar, em pouco mais de um ano, a 30% dos smartphones brasileiros, segundo estimativa do Itaú — percentual comparado apenas ao do Mercado Livre. Mas os volumes comprados ainda são muito menores — o Itaú calcula que a Shopee vendeu 15 bilhões de reais em 2021, ou 7% do total do mercado brasileiro.

“A companhia diz que as compras online devem evoluir para atender às necessidades sobretudo dos clientes mais jovens, que cresceram comunicando, colaborando e se entretendo em aparelhos móveis”, de acordo com relatório do BTG Pactual. O relatório mostra, ainda, que a estratégia de gamificação da Shopee seguirá um diferencial da empresa nos próximos anos. Mas não deve ser o suficiente para ameaçar os líderes atuais do mercado, que têm como maior diferencial, segundo a instituição, os investimentos em serviços para reduzir os prazos de entrega. Shopee, Alibaba, Tencent, Amazon e outros estrangeiros devem, portanto, seguir como coadjuvantes no mercado local — embora tenham muito a ensinar. 

 (Arte/Exame)

“Não podemos ser paranoicos. Jogamos nosso jogo pensando no longo prazo. Em 22 anos, é uma estratégia que tem funcionado muito bem”, diz Galperin. A estratégia do Mercado Livre é unir o melhor de cada grande varejista global: o nível de serviço do Shopify para os pequenos, a qualidade­ de entrega da Amazon, a proximidade com os grandes vendedores que tem o Magalu, por exemplo, e a inovação dos asiáticos. 

O Mercado Livre tem uma posição de liderança típica do pioneirismo no mundo online, e possui o desafio de mantê-la num contexto em que a presença física é cada vez mais relevante. Os maiores competidores locais da companhia, Magazine Luiza e Americanas, começaram suas operações no mundo dos tijolos, e não dos bits e bytes — a única exceção é o Submarino, que hoje está dentro da Americanas.

A presença física é agora o diferencial que vai ajudar esses concorrentes a crescer no modelo de marketplace e a desafiar o Mercado Livre. No Magalu, por exemplo, a loja física é o ponto de entrada dos pequenos varejos — mais da metade dos negócios que se plugam à plataforma chega dessa forma. É ela que faz a captura dos negócios que estão ao seu redor para levá-los ao mundo digital.

A companhia aposta no conceito chamado internamente de hiperlocalidade. A ideia de crescer pela venda de produtos de outros varejistas só virou realidade na empresa em 2017, mas no balanço do terceiro trimestre de 2021 (último disponível) essa operação já representou 35% de toda a venda digital e mais de 25% dos 13,8 bilhões de reais vendidos pela companhia entre julho e setembro. 

Para ganhar terreno, os varejistas tradicionais oferecem aos pequenos varejos a logística e também seus vendedores. A força de vendas das companhias, que antes era dedicada apenas às lojas físicas, agora atua também online e trabalha em ambos os atendimentos com tudo o que está no sistema, como se o marketplace fosse um estoque ampliado. Exemplo disso é que funcionários de lojas da Via, que só mais recentemente entrou na briga do marketplace, já venderam para clientes produtos de parceiros, como trator e saxofone.

Mesmo quase uma estreante, a dona da Casas Bahia e do Pontofrio já viu 20% de suas vendas totais no terceiro trimestre virem do comércio eletrônico do marketplace. Portanto, as mais de 1.400 lojas e 22 centros de distribuição do Magalu e os mais de 1.100 pontos de venda e 31 centros de distribuição da Via não devem ser encarados apenas como infraestrutura logística no mundo da omnicanalidade.

É por essa combinação de capilaridade e força de vendas desses grupos que nasceram no mundo físico que o Brasil tem uma particularidade — além de seu tamanho continental. Nenhum analista acredita que em um horizonte visível haverá prevalência absoluta de um ou outro modelo, uma ou outra companhia. “Não vejo nenhum concorrente com posição de 50% do mercado ou mais”, diz Luiz Guanais, analista do BTG Pactual. 

Entrega do Mercado Livre: aplicativo permite também que donos de motos e carros particulares façam entregas (Leandro Fonseca/Exame)

Apesar de ser o mercado mais concorrido do mundo, como diz Galperin, o Brasil é visto ainda como um mar de oportunidades. Por isso a disputa é tão acirrada. O Magalu, por exemplo, focado apenas em CNPJs, ou seja, em varejistas menores, e não em vendedores individuais, calcula que existam no país mais de 5,7 milhões de pequenos negócios e apenas 330.000 estariam digitalizados. Só que o esforço das empresas nacionais em alcançar esses milhões de oportunidades custa.

E, enquanto as concorrentes domésticas lutam com a queda na rentabilidade causada por essa expansão no modelo de shopping virtual, o Mercado Livre tem diversificação de receitas com suas diferentes frentes de negócios, com vendas, entregas, cobranças, empréstimos, anúncios. Magalu, Americanas e Via ainda apresentam prejuízo operacional ou lucros espremidos, enquanto o Mercado Livre reportou um ganho de 90 milhões de dólares na última linha de seu balanço no terceiro trimestre. A venda dos serviços é algo que ainda está engatinhando entre as domésticas e, na luta por espaço, muita coisa é oferecida de graça a quem se pluga na plataforma. 

AliExpress: live commerce e games estão entre as fortalezas dos asiáticos na competição global (Angel Garcia/Bloomberg/Getty Images)

Por isso, nessa briga, a quantidade de vendedores cadastrados em cada uma das plataformas faz muita diferença: é deles que vem — ou virá — receita não apenas pelas vendas mas pelo serviço prestado. Não por acaso a preocupação do Mercado Livre com os pequenos é até hoje prioridade na forma como a varejista, que nasceu em 1999 como um site de leilões, se posiciona. A companhia tem 12 milhões de vendedores cadastrados. O Magalu tem 120.000; e a Via, pouco mais de 100.000. Apesar de os CPFs corresponderem atualmente a apenas 5% do volume de vendas do Mercado Livre, todas as soluções de entregas e de pagamentos oferecidas aos grandes vendedores são também disponibilizadas aos pequenos.

Um microempresário consegue, por exemplo, ter acesso a entregas no mesmo dia, parcelamento em 18 vezes e linhas de financiamento dentro da fintech Mercado Pago. “A relevância na plataforma é pela qualidade do serviço. E todas as nossas soluções são pensadas primeiro para os pequenos”, diz Gabriela Szprinc, head de pagamentos do Mercado Pago. Desde o início da pandemia, a companhia ajudou a formalizar 135.000 empresas que atuam em sua plataforma e que precisam da documentação em dia para usar os serviços logísticos e de pagamentos.

Os pequenos têm acesso a cursos sobre temas como estoques e precificação e a conteúdos de influenciadores como a Nath Finanças. “Amplitude importa. Nascemos com os pequenos, e digitalizar vendedores e compradores é um passo importante para ampliar nossa base no futuro”, afirma. 

 (Arte/Exame)

Na América do Norte, modelo semelhante é adotado pelo Shopify, fundado há 15 anos no Canadá pelo alemão Tobi Lütke. Seu negócio permite que 2 milhões de empreendedores gerenciem lojas online e se mostrou essencial para a sobrevivência de muitos varejistas na pandemia. Sua ambição é crescer democratizando o comércio — uma visão que não poderia ser mais parecida com a adotada pelo Mercado Livre na América Latina há 22 anos. 

Neste momento, Lütke está diante de um dilema: como continuar crescendo e peitando a Amazon? A empresa de Jeff Bezos tem 75 aviões, 175 centros de distribuição de grande porte e mais de 1.100 endereços de entrega e retirada de mercadorias. Talvez olhar para o Mercado Livre mostre alguns caminhos a Lütke. A empresa de Galperin, que nasceu focada nos pequenos, virou um gigante logístico. Em 2017, abriu seu primeiro centro de distribuição no Brasil. Hoje são 11 centros desse tipo no país, 17 centros de cross ­docking (que recebem a mercadoria do vendedor e a enviam ao comprador), 91 centros de serviço que permitem que distribuidores terceirizados retirem e entreguem produtos, e 3.000 agências de entrega e retirada de mercadorias. Além da enorme frota própria das vans amarelas, a empresa permite que entregadores particulares se cadastrem num aplicativo e trabalhem algumas horas por dia entregando mercadorias em suas regiões, o Mercado Envios Extra. A amplitude permite entregar 90% de seus produtos em até dois dias úteis e fazer 80% das entregas com frete grátis. 

Centro de distribuição do Magazine Luiza: presença física será decisiva para o sucesso nos maiores mercados (Leandro Fonseca/Exame)

A qualidade do serviço é essencial para que o Mercado Livre ganhe terreno não só com os pequenos mas, sobretudo, com os grandes vendedores. A companhia tem hoje parceria com 1.750 marcas, de Pão de Açúcar a ­Apple, para oferecer seus produtos em lojas oficiais dentro da plataforma. No ano passado foram 360 novas marcas, numa investida que vai continuar. Como estratégia para chegar a mais clientes grandes, o Mercado Livre tem destacado seus investimentos para evitar fraudes, uma preocupação constante dos marketplaces online. Fica difícil atrair uma grande marca se vendedores oferecem produtos falsificados na prateleira vizinha. Segundo Galperin, a empresa tem 100 engenheiros dedicados a coibir fraudes e já excluiu 40.000 vendedores da plataforma. O Mercado Livre investe para garantir segurança sem abrir mão da cauda longa de vendedores que está em seu DNA. É uma preocupação que ressoa na concorrência. Segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo, a evasão tributária no Brasil atingiu entre 460 bilhões e 600 bilhões de reais em 2020. 

Grandes marcas são essenciais para ampliar a penetração online de categorias que ainda dependem essencialmente do varejo físico. Enquanto 20% das vendas de smartphones são online, o e-commerce representa apenas 9% das vendas de moda, 1,5% das vendas de comidas e bebidas e 1% das vendas de produtos para pets, segundo dados do BTG. Moda é uma das prioridades, com parceria com mais de 100 marcas, das quais algumas, como Nike e Adidas, vendem só no Mercado Livre.

Outra prioridade, antecipada pela pandemia, é em alimentos e bebidas, com parcerias com redes de supermercados como Pão de Açúcar e Mambo. A estreia foi em maio de 2020 e as ambições são enormes para um negócio que representa 5% do PIB brasileiro. “É uma frente que traz novos compradores, amplia a concorrência e alimenta as vendas em outras verticais”, diz Julia Rueff, diretora de marketplace do Mercado Livre. Essas frentes ainda subexploradas trazem algo pelo qual todos brigam: recorrência.

Numa companhia do tamanho do Mercado Livre, um debate crescente é sobre quais oportunidades abraçar e de quais abrir mão — ou buscar um parceiro. A companhia não faz grandes aquisições, numa estratégia diferente do Magazine Luiza, por exemplo. “Fazemos as coisas da nossa maneira. Compras distraem. E integrar culturas diferentes é muito difícil”, diz Galperin. Soluções consideradas essenciais para o sucesso do negócio são desenvolvidas internamente. A mais emblemática é a fintech Mercado Pago, que nasceu para oferecer um serviço digital aos vendedores e compradores e cresce 45% ao ano há 12 anos, com 25 milhões de clientes ativos em dezembro.

Aos poucos a empresa foi ampliando a atuação para fora do Mercado Livre e do universo online, e hoje dois terços das transações são feitos fora do Mercado Livre. A companhia é, por exemplo, líder em distribuição de maquininhas de pagamento na América Latina, com 3 milhões de novos terminais no ano passado. O Mercado Pago processa mais de 20 bilhões de dólares em pagamentos por trimestre e tem uma carteira de crédito de mais de 1 bilhão de dólares. Em abril do ano passado, criou o cartão de crédito, e já tem 15 milhões de clientes no serviço. Em dezembro, passou a permitir o investimento em criptomoedas, e já tem 1 milhão de usuários. 

“Vamos seguir ampliando a oferta para os clientes atuais e buscaremos novos. Metade da população da América Latina ainda faz as transações no varejo com dinheiro. E metade é sub-bancarizada”, diz Osvaldo Giménez, presidente do Mercado Pago. Atualmente, a fintech é responsável por 40% da receita do Mercado Livre e, segundo estimativas, por 50% de sua geração de caixa.

Giménez afirma que há mais oportunidades na sinergia, mantendo os negócios unidos, do que em uma eventual cisão, como há anos se comenta entre investidores. Em 2022, o braço financeiro tende a ser ainda mais essencial para os resultados do grupo num ambiente de inflação e juros em alta. “Temos muita experiência com inflação. Seguiremos investindo em descontos, mas com equilíbrio. A migração para o varejo online seguirá sendo uma oportunidade maior do que as condições macroeconômicas desafiadoras”, diz Giménez. 

Entre os desafios para a frente, o Mercado Livre começou em novembro a vender produtos em lives, seguindo um modelo de sucesso na Ásia. Segundo o Goldman Sachs, 16% das vendas online na China já são feitas durante transmissões ao vivo. No Brasil, o aplicativo do AliExpress já oferece a possibilidade, sucesso em seu país de origem. Players internacionais como o Shopee devem trazer lives para o mercado brasileiro em breve, e competidores locais também devem ampliar as iniciativas.

Uma frente que não está no radar do Mercado Livre, por sua vez, é a produção própria de conteúdo de streaming, um caminho adotado pela Amazon, por exemplo. A varejista fechou em setembro parcerias com produtores como Disney e HBO para ampliar a oferta de serviço aos assinantes. “Estou sempre estudando novidades e entendendo como impactarão nosso mercado. Saber o que não fazer é quase tão importante quanto decidir onde investir”, afirma Galperin.

Ao completar 50 anos, o fundador da empresa afirma que em algum momento chegará a hora de sair da linha de frente dos negócios e deixar que uma nova geração assuma. Em março, um dos cofundadores, Stelleo Tolda, deixará o dia a dia da empresa. Outros chegam. Na foto que ilustra a abertura desta reportagem, apenas Osvaldo Giménez faz parte do time inicial da companhia. Fernando Yunes, líder da empresa no Brasil, veio do Sem Parar; Tulio Oliveira, responsável pelo Mercado Pago no Brasil, veio do Itaú; ­Pethra Ferraz, vice-presidente de marketing do Mercado Pago, da XP; Julia Rueff, da CNova; Gabriela Szprinc, do PayPal. São eles os responsáveis por conduzir a segunda maior empresa da América Latina.  


Entregador da Amazon: companhia tem 175 centros de distribuição nos EUA (Alexi Rosenfeld/Getty Images)

O DESAFIO DAS BIG TECHS

Alta dos juros e da concorrência ameaça crescimento de estrelas da bolsa  | Beatriz Quesada

Depois de dois anos de fortes ganhos em meio à pandemia de ­covid-19, a conta parece ter chegado aos gigantes de tecnologia, as big techs. Com o iminente aumento na taxa de juro nos Estados Unidos e a concorrência crescente, investidores estão reavaliando as perspectivas de ganhos com as empresas com grande potencial de crescimento. O principal símbolo do maior rigor de investidores é a Meta, novo nome do Facebook, que, em um só dia de fevereiro, perdeu 1,32 trilhão de reais em valor de mercado.

O tombo aconteceu em razão da divulgação do balanço do quarto trimestre, que revelou a primeira queda de usuários ativos na história da empresa famosa pela rede social. Mark Zuckerberg, CEO e fundador da Meta, admitiu — também de forma inédita — que a popularização do chinês TikTok preocupa. Para completar o cenário desafiador, enquanto os lucros do presente estão ameaçados, o futuro segue incerto: a Meta não ofereceu perspectivas de quando o metaverso, novo carro-chefe da empresa, será lucrativo. 

O caso ilustra o ceticismo do investidor com as ações de tecnologia. A alocação líquida de capital para o setor é a menor desde agosto de 2006, segundo sondagem do Bank of America na primeira quinzena de fevereiro, e o índice de tecnologia Nasdaq acumula perdas de quase 15% no acumulado do ano. Seria a hora de deixar as big techs de lado na carteira? A resposta é não, segundo analistas.

Grandes bancos estrangeiros, como Goldman Sachs e UBS, mantiveram suas recomendações de compra para os papéis da Meta, mesmo com os recentes contratempos, e as perspectivas são ainda mais positivas para outros gigantes do Vale do Silício. “As big techs tendem a ser menos afetadas por esse cenário de alta dos juros. Mas o mercado ficou desesperado e acabou penalizando todas as empresas que têm valuations relacionados a performance futura. É uma janela interessante para a compra dessas ações”, avalia Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, gestora especializada em ações de tecnologia.

 (Arte/Exame)

A situação, a propósito, não é a mesma para todas as empresas. Meta e Microsoft sofrem na bolsa neste ano, mas Amazon e Apple não chegam a registrar 10% de perdas. Para Bernardo Carneiro, analista de BDRs (os recibos de ações listadas no exterior mas negociadas na B3) do BTG Pactual, a diferença entre as quedas demonstra que as big techs não podem mais ser avaliadas dentro da mesma cesta.

“O mercado preferiu companhias que entregaram um bom guidance [projeções] e não sofreram com o risco de competição. Como exemplo, a Meta deu indicações para 2022 abaixo do consenso de mercado e admitiu a força do TikTok, enquanto a Amazon surpreendeu no crescimento de receita e lucro. Cada companhia está dentro de um momento muito diferente”, afirmou. 

O que une os grandes conglomerados de tecnologia e grandes varejistas digitais hoje é a capacidade de expandir horizontes e virar referência em outras áreas. A Amazon lidera soluções de consumo digital, que abrangem de dados a conteúdo. Quando o assunto é software, a Microsoft tem mostrado força com ferramentas corporativas, com destaque para o Azure, seu serviço de computação em nuvem.

A Apple é líder em dispositivos, enquanto a Alphabet (Google) é grande desenvolvedora de inteligência artificial com aplicações diversas. As varejistas digitais com atuação no Brasil estão diante do mesmo escrutínio: apenas planos não garantem bom desempenho presente. Diversificação e consistência na entrega serão mais importantes do que nunca. 

Confiança do comércio encerra trimestre em queda. Entenda os motivos

A confiança do comerciante recuou 1,3% em março, mantendo a tendência apresentada em fevereiro (-1,2%). Com o resultado, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), encerra o primeiro trimestre de 2022 com queda acumulada de 1,12%. Segundo o levantamento, os efeitos da inflação persistente e a recente transmissão do aumento dos combustíveis a outros preços são elementos-chave que explicam a evolução da baixa confiança empresarial.

A guerra na Ucrânia também é um fator de peso para o resultado. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que o quadro internacional gera um cenário de incertezas. “O conflito deve influenciar, juntamente com comportamento dos valores internos, o crescimento da inflação. Os preços, em geral, devem permanecer em alta, principalmente em virtude da escalada dos combustíveis e das commodities”.

Todos os índices que compõem o Icec registraram variações negativas. No caso do índice Condições Atuais, recuou 1,6%, enquanto Expectativas e Intenção de Investimentos apresentaram retrações de 1,2% e 1,1%, respectivamente. O indicador, no entanto, manteve-se na zona de satisfação (acima dos 100 pontos), registrando 118 pontos.

Mais estoques e menos contratações

No índice Intenção de Investimentos, apenas um subíndice apresentou variação positiva, o relativo às intenções de investir em estoques, que cresceu 1,2%. O mesmo grupo, no entanto, também registrou a variação negativa mais expressiva entre todos os subíndices, de 3,5% em intenções de investimento em contratação de funcionários.

O economista da CNC responsável pela análise, Antonio Everton, avalia que, apesar de constituir a segunda retração consecutiva e com mais força que no mês anterior (-0,4% em fevereiro), a queda da intenção de contratar funcionários pode indicar ajustes nas empresas. “A variação pode sinalizar uma adequação nos custos operacionais a uma perspectiva de menor faturamento”.

O economista ainda observa que o clima de menor confiança é agravado pela sazonalidade. Todo início de ano, a chegada de impostos aumentados (IPTU e IPVA), novos valores para condomínio e mensalidade escolar pesam nos orçamentos. Além disso, os juros reais por volta de 5% acima da inflação encarecem o custo da tomada do crédito. “São fatos que também afetam a percepção dos empresários do comércio para uma conjuntura relativamente mais difícil”, lembra o economista.