O futuro do e-commerce em 2025: tendências que redefinem o comércio digital

A evolução do comércio eletrônico é impulsionada por inovações tecnológicas e mudanças no comportamento do consumidor. Este artigo explora com profundidade as quatro grandes tendências que moldarão o setor nos próximos anos, oferecendo uma visão técnica e estratégica.

Panorama do setor

O comércio eletrônico, setor que já demonstrava um crescimento robusto antes da pandemia, acelerou de forma irreversível nos últimos anos. Segundo previsões da eMarketer, o mercado global de e-commerce deve atingir impressionantes US$ 7,4 trilhões até 2025, um reflexo da transformação digital e da integração de tecnologias avançadas ao comportamento de consumo.

Esse crescimento, no entanto, não é linear. Ele é impulsionado por forças específicas e interconectadas que moldam o cenário competitivo e estabelecem novas expectativas para consumidores e empresas. Dentre essas forças, destacam-se quatro tendências principais: a personalização por IA generativa, a sustentabilidade como eixo estratégico, a expansão do retail media como canal de monetização e o live shopping como formato emergente de engajamento e conversão.

Personalização com IA generativa: mais do que um diferencial, uma necessidade

A personalização no e-commerce não é mais um benefício adicional, mas uma demanda crescente dos consumidores, que esperam experiências digitais alinhadas às suas preferências individuais. A inteligência artificial generativa, liderada por avanços em modelos de aprendizado profundo, representa o auge dessa evolução, permitindo soluções mais inteligentes e personalizadas.

Como a IA generativa transforma o e-commerce

Recomendações ultraprecisas: por meio do cruzamento de dados de navegação, histórico de compras e preferências explícitas, as plataformas conseguem prever comportamentos com alta assertividade, oferecendo produtos sob medida. Um estudo da McKinsey revelou que estratégias avançadas de personalização podem elevar as receitas de varejistas em até 40%.

Produção de conteúdo em escala: textos como descrições de produtos, e-mails segmentados e até campanhas publicitárias podem ser gerados automaticamente, economizando tempo e reduzindo custos operacionais, sem comprometer a qualidade.

Chatbots inteligentes: assistentes de compra alimentados por IA generativa evoluíram para compreender melhor o contexto das perguntas e antecipar as necessidades do cliente, tornando a experiência mais fluida e satisfatória. Segundo uma pesquisa da Salesforce, 67% dos consumidores preferem marcas que oferecem suporte personalizado e ágil.

Apesar do potencial, implementar IA generativa exige investimentos substanciais em infraestrutura, equipes qualificadas e conformidade com regulamentações de proteção de dados, como o GDPR e a LGPD. Além disso, há o desafio ético: como garantir o uso responsável dos dados sem comprometer a privacidade dos consumidores? Empresas que negligenciarem essas questões podem enfrentar severas consequências legais e danos à reputação.

Sustentabilidade: uma necessidade estratégica

A pressão por práticas sustentáveis cresce de forma exponencial. Estima-se que 73% dos consumidores globais estejam dispostos a mudar seus hábitos de compra para reduzir seu impacto ambiental, segundo a NielsenIQ. No cenário competitivo de 2025, a sustentabilidade não será apenas uma vantagem competitiva, mas uma expectativa central dos consumidores.

Principais iniciativas sustentáveis

Logística verde: empresas como a Amazon e a DHL já investem em veículos elétricos e combustíveis alternativos para suas frotas, além de soluções logísticas otimizadas, capazes de reduzir emissões de carbono em até 30% por rota.

Economia circular: modelos de negócio que promovem devolução, reparo e revenda de produtos usados estão ganhando força. Um caso emblemático é a Patagonia, que registrou um aumento de 50% na retenção de clientes com a adoção de uma plataforma de recompra e reciclagem.

Embalagens sustentáveis: a demanda por embalagens recicláveis e compostáveis projeta um mercado que pode alcançar US$ 237,8 bilhões até 2030, segundo análises da Grand View Research.
A adoção de práticas sustentáveis precisa vir acompanhada de relatórios claros e detalhados. 60% dos consumidores exigem transparência sobre a origem dos produtos e o impacto ambiental das operações, um sinal claro de que ações concretas e comunicadas de forma eficaz são indispensáveis.

Retail media: uma nova fronteira de monetização

O conceito de retail media – transformar plataformas de e-commerce em canais publicitários – está revolucionando a forma como marcas alcançam consumidores. Estimativas apontam que esse mercado alcançará US$ 125 bilhões até 2025, tornando-se um dos pilares do marketing digital.

Por que o retail media é tão poderoso?

Dados proprietários: plataformas como Amazon e Mercado Livre têm acesso a informações valiosas sobre o comportamento do consumidor, permitindo segmentações hiperprecisas que maximizam o impacto das campanhas.

Publicidade nativa: inserir anúncios diretamente no fluxo de navegação dos consumidores – como resultados de busca ou páginas de produtos – torna a publicidade mais relevante e menos invasiva.

Medição e otimização em tempo real: ferramentas analíticas permitem que marcas ajustem suas campanhas de forma ágil, com base no retorno sobre o investimento (ROI) em tempo real.

Enquanto o retail media apresenta um potencial inegável para aumentar as margens das plataformas de e-commerce, ele exige que marcas invistam em estratégias mais sofisticadas para se destacar em um ambiente competitivo e saturado.

Live shopping: a nova interatividade no comércio digital

O live shopping é uma das tendências mais promissoras para 2025, oferecendo uma experiência que combina interação social, exclusividade e facilidade de compra. Inspirado no modelo chinês – onde já representa 20% das vendas digitais -, o formato começa a ganhar força em mercados ocidentais.

Por que o live shopping funciona?

Interação autêntica: apresentadores, como influenciadores ou especialistas, criam uma conexão genuína com o público ao demonstrar produtos e responder perguntas em tempo real.

Urgência e exclusividade: promoções exclusivas durante as transmissões geram senso de urgência, aumentando as taxas de conversão em até 30%, segundo estudos da iResearch.

Tecnologias imersivas: a integração de realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR) proporciona uma experiência envolvente, permitindo que os consumidores experimentem virtualmente produtos antes da compra.

Futuro

O sucesso do live shopping dependerá da capacidade de unir infraestrutura tecnológica, curadoria de apresentadores cativantes e estratégias de marketing altamente segmentadas. Plataformas que investirem nesses pilares estarão à frente na disputa por um público cada vez mais exigente.

O e-commerce de 2025 será um reflexo direto da capacidade de adaptação às demandas tecnológicas, sustentáveis e interativas do mercado. Empresas que investirem estrategicamente nessas tendências não apenas sobreviverão, mas prosperarão em um cenário de mudanças rápidas e consumidores mais exigentes.

O futuro do comércio eletrônico está nas mãos de quem ousar inovar, respeitar o consumidor e abraçar a transformação como um processo contínuo.

Fonte: “https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/o-futuro-do-e-commerce-em-2025-tendencias-que-redefinem-o-comercio-digital”

Novas opções de embalagens na logística e transporte envolvem todos os elos da cadeia

Grandes marcas, como Magalu, Privalia e Amazon, trabalham para tornar as embalagens mais sustentáveis. Só nesta última, desde 2015, já foram eliminadas mais de 1 milhão de toneladas de embalagens.

A pandemia aumentou o gosto do brasileiro por refeições para viagem e compras on-line. Com a mudança de hábito, veio um grande problema para a sustentabilidade: a quantidade crescente de embalagens usadas poucas ou só uma vez.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2020 e 2021, os materiais recicláveis secos, como plástico, papel e papelão, representaram 34% do total de resíduos sólidos urbanos, das 82,5 milhões de toneladas anuais, produzidos no período. Considerando que em menos de dois anos quase 100% das embalagens de plástico de vida curta já foram consumidas e descartadas, conforme estudo publicado na revista científica Science Advances em 2018, o cenário é preocupante.

Parte do desafio dos e-commerces está no processo de packing, que se refere ao acondicionamento secundário e reembalagem de produtos. Foi disposta a oferecer alternativas menos poluentes que a PlastiWeber desenvolveu duas novas embalagens que começam a ser testadas. “Foi um ano e meio de trabalho para a criação de um envelope próprio para e-commerce, com os mesmos atributos dos que circulam pelo mercado, porém, com 75% de matéria-prima pós-consumo”, diz o diretor administrativo Moisés Weber.
A inovação pode chegar a grandes empresas em breve – segundo o executivo, há negociações em curso com importantes e-commerces. Com capacidade produtiva de 200 toneladas/mês, o novo envelope deve ganhar escala em 2023. A empresa também criou uma embalagem plástica para calçado do tamanho do produto embalado, que dispensa preenchimento extra quando despachado.

Lançamentos do tipo vão ao encontro do movimento de adoção do conceito Frustration-Free Packaging – em português, embalagens sem frustração, que abrem mais fácil, ao mesmo tempo em que usam menos materiais nos espaços livres. Pioneira no conceito, a americana Amazon já reduziu, desde 2015, o em 36% o peso dos pacotes por remessa e eliminou mais de 1 milhão de toneladas de embalagens, graças ao engajamento de fornecedores.

Estudo feito pela Seled Air, fabricante internacional de embalagens, revelou que os consumidores acham que entre 75% e 90% dos espaços das caixas devem ser preenchidos com o produto pedido, reduzindo plástico, papel e isopor dentro do pacote.

Para Marco Lazarini, líder de Packaging Solutions da empresa de logística DHL Supply Chain na América Latina, essa premissa se tornou uma obrigação com o crescimento das vendas on-line e aumento considerável da entrega de produtos em domicílio. “Repensar a estratégia de packaging das empresas com foco na sustentabilidade não é algo secundário, significa adaptar sua estratégia de negócios para um mercado em constante evolução, que demanda o uso do menor volume possível de materiais e que esses sejam reutilizáveis, recicláveis ou biodegradáveis”.

De acordo com o executivo, uma estratégia que desponta com grande potencial no exterior, mas ainda é incipiente no Brasil, é a integração dos processos de packaging à cadeia de suprimentos, ou seja, da fábrica ou armazém até o fornecedor de embalagens. “Com o provedor logístico envolvido desde o princípio, a embalagem é desenvolvida de maneira a ter um aproveitamento logístico maior nas etapas de estoque, paletização e cubagem para embarque”, afirma Lazarini. Com isso, continua, a logística diminuiu necessidade de fretes, reduz custos, otimiza estoques e protege melhor o produto pelo dimensionamento, desenho e materiais mais adequados.

O Mercado Livre iniciou em março deste ano um projeto que elimina embalagens adicionais para produtos enviados a partir de seus centros de distribuição (CD), instalados em São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Bahia. A iniciativa substitui caixas de papel e envelopes plásticos por uma única etiqueta, colocada diretamente sobre a mercadoria. A mudança colabora com a redução do uso de materiais e posterior geração de resíduos, otimizando espaços e o combustível usado no transporte.

“O projeto integra a estratégia de gestão sustentável de materiais e resíduos, cuja taxa de recuperação de materiais varia entre 80% e 90% na maioria dos nossos CDs, o equivalente a mais de 800 toneladas de material reciclado mensalmente”, diz Raquel Keiroglo, gerente de Sustentabilidade do Mercado Livre no Brasil.

Desde o lançamento, mais de 1,3 milhão de pacotes são enviados todo mês sem o uso da embalagem secundária – o equivalente a 11% do volume total de despachos mensais na modalidade fulfillment. Nos cinco primeiros meses, mais de 36 toneladas de materiais deixaram de ser usadas na logística. “Com o projeto, que também está sendo adotado no México, esperamos não só economizar o volume de embalagens, como também reduzir em 50% o espaço ocupado e o tempo de expedição das mercadorias”, diz a executiva.

Com 4,7 milhões de pedidos entregues em 2021, a Privalia, e-commerce de roupas e produtos para casa, trabalha desde 2019 em novos processos. “Depois de avaliarmos nossa pegada de carbono, decidimos subverter a lógica de seleção das embalagens”, diz o CEO Fernando Boscolo. “Desde então, passamos a trabalhar com fornecedores que nos apresentem embalagens com o menor impacto ambiental e boa proteção”.
A escolha foi pelos flyers biodegradáveis criados a partir da resina BioE-8, desenvolvida pela startup Bio Elements, e que se decompõe em até 20 meses. Este ano, a Privalia investiu cerca de R$ 1 milhão nas novas embalagens, valor que deve chegar a R$ 2,5 milhões em 2023. “Entre agosto e setembro, realizamos a entrega de 39 mil pedidos em São Paulo com as embalagens biodegradáveis, o que significa que os flyers sustentáveis já correspondem a 44,5% dos despachos no estado”, diz Boscolo.

A Via, dona de Casas Bahia e Ponto, mantém há 10 anos o Reviva, programa de reciclagem de resíduos gerados nos escritórios, lojas e centros de distribuição. Ele inclui as embalagens devolvidas pelos clientes durante a entrega dos produtos, como geladeiras, máquinas de lavar e fogões. O material é encaminhado a 12 cooperativas, que geram renda para 250 famílias. Desde 2015, mais de 50 mil toneladas de materiais já foram recicladas, sendo 5 mil toneladas só em 2021 e, até setembro de 2022, mais de 2,5 mil toneladas.

O delivery de comida também tem seu papel a ser cumprido na sustentabilidade. O consumo de plástico no setor no Brasil saltou 46% de 2019 a 2021, segundo estudo da ONG Oceana, passando de 17 mil para 25 mil toneladas de plásticos de uso único. São 2,8 toneladas por hora.

Diante dessa realidade, o iFood firmou, em 2021, uma parceria com a fabricante de papel e celulose Suzano para criar embalagens mais sustentáveis. O primeiro resultado foi o papel cartão Bluecup Bio, revestido com resina biodegradável à base de água e livre de plásticos, com fibras virgens de florestas renováveis de eucalipto como matéria- prima. Em outra parceria, com a Klabin, oferece a restaurantes da plataforma de entregas embalagens sustentáveis com desconto. Uma terceira frente é o investimento em uma fábrica em Vinhedo (SP) com a startup argentina growPack para produzir embalagens compostáveis a partir da palha de milho. O iFood tem meta de zerar sua poluição plástica nas operações e neutralizar a emissão de carbono até 2025.

Fonte : https://valor.globo.com/empresas/esg/noticia/2022/11/09/novas-opcoes-envolvem-todos-os-elos-da-cadeia.ghtml

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