Segundo a equipe do banco, esse movimento já vem afetando as vendas totais transacionadas nos sites e aplicativos (chamado “GMV”), índice que vem sendo maior foco de investimentos das redes de varejo no país desde a pandemia. O GMV é um dos indicadores centrais de desempenho dos marketplaces (shopping virtual) porque inclui a venda de lojistas terceiros e das grandes redes.
O recuo nesse indicador acontece em todos os segmentos do varejo.
O Goldman Sachs ainda ressalta a manutenção da força do Shopee no Brasil, em termos de downloads do “app”, pelo menos desde 2020 (data inicial das análises do banco no relatório). Mesmo quando o Shopee desacelera levemente em algum mês de 2021, ele ainda lidera com distância grande dos outros “apps”, em total de downloads no país, desde 2020.
Ainda segundo o relatório, com o avanço da variante ômicron no país, e aumento das infecções, a retomada na circulação de consumidores perdeu força neste ano, frente a tendência positiva que se via em 2021, terminando janeiro abaixo dos níveis pré-pandemia.
Esse menor tráfego, combinado com “a pressão contínua sobre o poder de compra do consumidor, implicam uma leitura pouco inspiradora para a atividade de varejo”, diz a analista.
O banco afirma, com base em dados de mobilidade do Google, que a circulação de consumidores diminuiu em vários segmentos no primeiro mês de 2022. “Em uma reversão às tendências mais positivas observadas em dezembro, o tráfego caiu novamente abaixo dos níveis pré-pandemia durante todo o mês de janeiro, embora tenha melhorado ligeiramente nas últimas duas semanas”, afirma.
“Apenas Centro-Oeste e Norte ainda tiveram mobilidade acima dos níveis pré-pandêmicos. Notamos que a referência foi janeiro de 2020, tornando-o comparável em termos de sazonalidade”, afirma.
O Goldman Sachs ressalta que o crescimento das vendas transacionadas pelas plataformas (o chamado “GMV” online) continua a perder força, como vem ocorrendo desde parte do ano passado, embora a um ritmo mais suave, diz no texto.
Segundo dados do índice do Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital (MCC-ENET), a taxa de crescimento (apesar de ser dois dígitos altos no Brasil já há meses), atingiu 81% em dezembro, frente a dois anos antes, versus 86% em novembro e 100% em outubro. “Em uma base anual, o crescimento também desacelerou para 17% em dezembro, abaixo dos 19% e 22% reportados em novembro e outubro [respectivamente].”
O banco lembra que os, dados, apesar de serem de alguns meses atrás, mostra desaceleração do GMV em todas as categorias (eletrônicos, moda, alimentos) no fim do ano passado.
A equipe ainda diz que outra base de dados, de download de aplicativos de lojas, também parecem sugerir um início relativamente lento em 2022. Os dados foram coletados junto a consultoria digital Senso Tower.
“Na verdade, o crescimento em downloads de aplicativos se deteriorou na maioria das categorias, com muitos agora em níveis negativos (por exemplo, mercearia e entrega on-line, vestuário), embora alguns ainda permaneçam positivos (por exemplo, beleza)”, afirma.
Em termos de desempenho em “app” baixados, os downloads de aplicativos do Shopee foram acelerados no início de 2022, com média de alta de 56% nas primeiras três semanas de janeiro versus um ano atrás (a alta foi de 20% em dezembro de 2021). Mas sofreu desaceleração na última semana do mês de janeiro, com crescimento praticamente estável em relação a 2021.
A Americanas, que ultrapassou o Mercado Livre em downloads de aplicativos no final de 2021, continuava à frente do Mercado Livre no início de 2022. Magazine Luiza, apesar de também terminar o ano passado à frente de Mercado Livre, agora está atrás.
A equipe destaca que notou perda de vigor de downloads de Mercado Livre em dezembro, na comparação semana a semana, com um retorno mais acelerado nesse crescimento no começo de janeiro.
Empresas mais resilientes
Frente a este cenário, o banco destaca a Raia Drogasil e o Assaí como opção para ganhar exposição ao varejo em subsetores mais defensivos. O banco ainda destaca os papéis de Arezzo e Renner, com classificação de compra pela equipe. No comércio eletrônico, foi reiterada a classificação de compra de Mercado Livre, considerado mais preparado para “navegar” no comércio eletrônico no atual ambiente, pela grande escala e oferta logística.
A equipe ainda diz que, embora o tráfego esteja vindo mais fraco no início de 2022, o banco se mantém positivo em relação aos líderes Arezzo e Renner, mas reforça a expectativa de um ambiente promocional menor nas redes.
“Esperamos que ambos os grupos tenham encerrado 2021 com níveis de estoque relativamente justos, o que pode significar um período promocional de final de temporada mais fraco e que pode ter um impacto negativo para os números do primeiro trimestre.”
Fonte : https://www.resumocast.com.br/varejo-e-marketplaces-perdem-forca-shopee-resiste-diz-goldman-sachs/