Do mercado ao atacarejo: a revolução do varejo alimentar no Brasil

Em 2024 o varejo alimentar no Brasil, enfrentou desafios gigantes causados por três fatores principais: econômicos, tecnológicos e sociais. A inflação empurrou o aumento de preço de alimentos e demais bens de consumo, gerando impacto no poder de compra dos consumidores e tornando extremamente sensível a dinâmica de gerenciamento de margens de lucro dos negócios.

Adicionalmente a esse cenário, o varejo alimentar, composto pelo grupo de supermercados, hortifrutis, empórios, mercados de bairro e conveniência, teve de enfrentar um feroz competidor, o atacarejo.

Desde a pandemia ele amplificou a captação de clientes de todas as classes sociais e, graças ao seu poder de compra e estratégias de fidelização extremamente atraentes, num contexto de sensibilidade aos preços, pressiona os demais atores do segmento e cativa consumidores.

Apesar do grande movimento de digitalização vivido no varejo alimentar nos últimos anos, torná-lo efetivamente viável dentro do negócio foi um grande marco em 2024. Entre idas e vindas de plataformas próprias de e-commerce, a logística sem dúvida é o “X” da questão. Então a associação a plataformas como Rappi, Ifood, entre outras, torna o contexto mais viável para atender ao consumidor, porém, com margens compartilhadas.

A boa notícia do ponto de vista tecnológico é que a Inteligência Artificial abriu uma nova janela de oportunidade para a evolução da eficiência operacional do negócio: controle de estoques, gerenciamento de perdas, escalas de funcionários, previsibilidade de compras, controle do consumo de “utilities” (água, luz, gás, etc), gestão das áreas de refrigeração e congelamento, personalização da experiência do consumidor e muito mais. Os negócios prontos para assumir a tecnologia conseguiram reverter os efeitos negativos gerados pela inflação.

O terceiro ponto são os movimentos sociais que conectam: sustentabilidade, saudabilidade e experiência. A consciência ambiental é crescente e a expectativa de obter mais visibilidade é imperativa. A boa notícia é que práticas sustentáveis geram mais eficiência para os negócios e, consequentemente, lucros. Assim, explode o movimento de utilização de energia por fontes renováveis e a demanda por aplicativos como “Food to Save”, que estimulam a comercialização de produtos ainda bons para o consumo, mas que seriam desperdiçados porque o consumidor típico os rejeitaria.

A saudabilidade é boa para o indivíduo e fundamental para mitigar os custos com saúde pública. Nesse caso, não é só o varejo alimentar manejar com qualidade a gestão da categoria de hortifrutigranjeiros. É abrir oportunidade para um novo perfil de produtos (orgânicos, plant based, zero). Dialogar com a grande e, especialmente, pequena indústria que abastece essa categoria, então, exige muita maturidade e um novo mindset negocial, já que os pequenos não estão prontos para fazer as contribuições da grande indústria para o negócio. E na grande indústria, essa é uma categoria em construção, portanto, exige mais flexibilidade e aposta dos dois lados.

Por fim, no bloco de consumidores, trazemos a experiência, cuja entrega tem a combinação de inúmeros elementos: curadoria, arquitetura, tecnologia, personalização e, principalmente, a conexão humana gerada pelo atendimento gentil e eficiente.

Para 2025 continuar perseguindo a evolução dos elementos anteriormente citados com o adicional de busca de novas formas de captação de receitas como o Retail Media, que tem o potencial de reposicionar o varejo alimentar como um eficiente centro de captação de dados para a indústria, pode trazer novo fôlego a sobrevivência de alguns. E, principalmente, acelerar o crescimento de outros.

NRF 2025

A NRF tradicionalmente nos brinda com cases de sucesso e muita tecnologia potencialmente aplicável no varejo alimentar. Claro, que nem tudo é totalmente viável para o mercado brasileiro. Mas muita coisa é. Como a segmentação de mercados étnicos (asiáticos, indianos, italianos etc), a ampliação das áreas de refeições prontas para consumo em loja ou to go, parcerias estratégicas com chefs como Buddy Valastro para assinatura de linhas de sobremesas uma iniciativa do Wallmart, entre outras.

Fonte: “https://mercadoeconsumo.com.br/24/12/2024/artigos/do-mercado-ao-atacarejo-a-revolucao-do-varejo-alimentar-no-brasil/”

 

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