Marcado por um ambiente de negócios competitivo e hostil, o setor de logística e transportes no Brasil vem buscando alternativas para driblar os desafios. A inovação e o uso de inteligência artificial têm sido aliados neste processo. Com base em dados e estatísticas pouco favoráveis, uma coisa é certa: “O Brasil é o país das possibilidades e das oportunidades de melhoria contínua”.
A afirmação é do CEO da Opentech, Duani Reis, que após uma visita ao Vale do Silício, nos Estados Unidos, não tem dúvidas. “Inovação não tem a ver somente com tecnologia, tem a ver com resolução de problemas e com mudança de filosofia”, diz, ressaltando os desafios do Brasil quando o assunto é investimento em inovação.
Líder nacional no desenvolvimento de soluções para gestão logística e gerenciamento de risco, a Opentech atende a 3 mil clientes e monitora mais de um milhão de viagens por ano no país e Mercosul, o equivalente a R$ 250 bilhões/ano em mercadorias movimentadas sob os cuidados da empresa que acaba de completar 18 anos e conta com mais de 450 funcionários.
Amparado em estatísticas que revelam, por exemplo, que as empresas brasileiras dedicam 12% do faturamento aos custos logísticos – enquanto a média mundial gira em torno de 7% – e que o Brasil figura em sexto lugar no ranking de países com maior índice de roubo de cargas, além de estar na distante 56ª posição global em performance logística, Duani afirma: “Temos uma necessidade urgente de tratar questões como o roubo de cargas, os altos custos logísticos e a falta de segurança nas estradas.”
OpenTalks
Para debater estes temas, apresentar tendências e falar sobre inovação no setor, a Opentech realiza no país encontros com os principais players da cadeia de logística e transporte. O objetivo é promover a troca de experiências e o networking. Em fevereiro, promoveu o 1º OpenTalks em São Paulo. No final de maio, reuniu mais de 100 profissionais de seguradoras, corretoras, gerenciadoras de risco, transportadoras e embarcadores para a segunda edição do evento, desta vez em Curitiba, no Paraná.
Com 15% do faturamento anual investido em pesquisa e inovação, a Opentech aposta em alta tecnologia e em equipes capacitadas para atender as demandas do mercado. “O mundo dos transportes é extremamente volátil e o Brasil ainda precisa entender que para inovar é preciso investir, correr riscos e ter coragem. Nos Estados Unidos os investimentos em capital de risco são cem vezes maiores do que no Brasil”, compara.
Essas e outras questões foram abordadas pelo CEO Duani Reis durante o 2º OpenTalks. Em sua palestra, o executivo compartilhou os aprendizados após uma visita à Universidade de Stanford e a empresas do Vale do Silício, entre elas a aceleradora de startups The Vault e a Google. Também apresentou cases de sucesso, como AmazonGo, Eatsa, B8ta e Silicon Valley Bank com o objetivo de embasar sua apresentação sobre tendências, inteligência artificial, investimentos em startups, empreendedorismo e indústria 4.0.
Segurança nas estradas
Além de abordar questões como inovação e tecnologia, a segunda edição do OpenTalks abriu espaço para discutir a segurança nas estradas. O convidado foi o coordenador de Transporte e Projeto da DPA Brasil, Renan Vidal, que apresentou o case Rumo Seguro, um programa voltado à prevenção de acidentes desenvolvido pela empresa desde 2007.
O palestrante emocionou o público ao exibir um vídeo com depoimentos de familiares e motoristas envolvidos em acidentes. “A segurança no trânsito exige uma mudança de comportamento. Os programas de prevenção não dizem respeito apenas ao gerenciamento dos riscos e à melhoria de indicadores. Estamos falando de vidas, de pessoas. Afinal, quanto vale uma vida?”, disse.
Outro ponto abordado pelo executivo foi o fato de muitas empresas alegarem falta de recursos para investir em programas de prevenção de acidentes. “O Brasil tem muita coisa boa, ONGs e entidades que oferecem capacitações. Nós aproveitamos todas essas possibilidades. Muitas ações que realizamos no Programa Rumo Seguro nem envolvem investimentos”, garantiu.
Entre os bons resultados obtidos pela DPA Brasil, um indicador chama a atenção: 0,11 acidentes a cada um milhão de quilômetros rodados. Segundo Vidal, o Programa Rumo Seguro tem sido uma jornada longa, mas gratificante. “São 12 anos de muito trabalho, mas os resultados comprovam que vale a pena.”
Fonte: e-commerce news