A startup CargOn pode ser um nome ainda desconhecido do público geral, mas o tamanho do crescimento da empresa em apenas três anos é um incentivo e tanto para dedicar alguma atenção a ela. Nascida em 2020, em plena pandemia, a empresa faturou R$ 394 mil no primeiro ano de vida, cifra que passou para R$ 6,5 milhões no último ano e deve chegar a R$ 14 milhões em 2022. O aumento acelerado faz jus à proposta diferenciada no mercado: ser um operador logístico digital para a indústria, ou seja, cuidar de toda a cadeia, desde o momento em que um produto acaba de ser produzido até a entrega final. Em 2022 — depois de ter passado por duas rodadas de captação que totalizaram R$ 5 milhões — a empresa abre uma nova rodada, agora via equity crowdfunding, para captar outros R$ 2,8 milhões.
“São ‘N’ startups dentro desse setor e ‘N’ empresas dentro de uma mesma cadeia logística, todas desplugadas. A gente faz a conexão entre a indústrias e todos esses prestadores de serviços, daí conseguimos gerar valor. Nosso olhar é totalmente voltado para a indústria. Diferente de uma Loggi, por exemplo, que quer ter capilaridade, nós pegamos a Loggi e ‘organizamos’ para quem produz”, diz Denny Mews, CEO e fundador da startup, ao EXAME IN. Hoje, a startup tem 15 clientes, mais de R$ 1 bilhão em fretes transacionados e mais de R$ 11 bilhões em mercadorias transportadas. Entre os clientes, estão Lojas Renner (em que a CargOn faz a ponte do trabalho com a Uello, startup adquirida pela varejista), ArcelorMittal, Atlas/Daco Fogões e Lafarge Holcing (um dos maiores produtores de cimento do mundo).
Ao contrário do estereótipo de fundadores, dos “jovens gênios” ou de profissionais recém-formados, a CargOn é fruto de um estudo de quem conhece de perto o mercado. Denny Mews, CEO da startup, trabalhou por 20 anos no setor (sendo 17 deles na catarinense Coopercarga, primeira investidora da empresa) e viu de perto as dores da indústria para lidar com transportadoras. Somou isso à formação em tecnologia e começou a estudar como tirar o projeto do papel em 2019. No ano seguinte, colocou o negócio de pé, mesmo em meio às adversidades geradas pela covid-19.
“Muitas startups estão olhando apenas para a visão da transportadora. Mas, ainda há um espaço a ser explorado. Isso porque, como gosto de dizer, ‘a dor da indústria é multiplicada pela quantidade de transportadoras que a atendem’. Ela tem cinco, dez, 100 transportadores para poder fazer o negócio fluir. Imagine ter de comprovar entrega e controlar demanda para cada um deles? Então, nosso olhar foi entender que teríamos de desenvolver uma plataforma capaz de gerenciar a todas elas, de forma simples”, diz Mews.
Como funciona
Traçar um paralelo exato com esse tipo de serviço não é das tarefas mais simples, mas talvez o que mais se aproxime, para dar uma dimensão de mercado a ser explorado, seja o da CargoX e da FreteBras, ainda que estejam mais focadas em apenas uma das pontas que engloba o trabalho da CargOn. No ano passado, as empresas destacadas se uniram, em uma ‘holding’ que surgiu com aporte de US$ 200 milhões dos fundos Softbank e Tencent.
A CargoX está dedicada ao fornecimento de ativos (caminhões) para fazer o transporte. A CargOn gerencia esses ativos. A plataforma e os serviços gerenciam diferentes transportadores (sejam eles ‘analógicos’ ou digitais, como é o caso da startup que teve aportes do Softbank). “Nosso foco é gestão desde o final da produção, onde se inicia a necessidade do transporte, até a entrega final”, diz Mews. Nesse processo, uma etapa dele é cumprida pelas transportadoras.
Fonte : https://exame.com/exame-in/por-que-vale-a-pena-olhar-para-a-cargon-startup-que-foi-dos-r-390-mil-aos-r-65-mi-em-um-ano/