Sustentabilidade e diversidade são tendências globais de consumo

A busca por produtos fabricados com materiais pouco ou nada nocivos ao meio ambiente e em cadeias de produção éticas tem movimentado o setor varejista. Se ainda existiam dúvidas, uma pesquisa de mercado realizada pela Euromonitor confirmou que os consumidores conscientes realmente vieram para ficar. É o que aponta o estudo Tendências Globais de Consumo, comandado pelas especialistas Alison Angus e Gina Westbrook.

No Brasil, o tema também é destaque. O estudo Estilos de Vida, realizado este ano em mais de 8 mil lares pela consultoria Nielsen, demonstrou que 65% dos brasileiros não compram de empresas associadas ao trabalho escravo.

Abaixo, aponto motivos pelos quais sustentabilidade socioambiental é o nicho do momento do setor varejista:

Selos de sustentabilidade impactam os negócios

Para se destacarem em um mercado mais alinhado com causas sociais e ambientais – e por competitividade –, as empresas passaram a buscar parceiros e fornecedores engajados em um mesmo propósito. É o que mostrou uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), em dezembro de 2018.

Fornecedores e subcontratados das mais representativas redes varejistas brasileiras ou que têm forte atuação no Brasil informaram que a obtenção e manutenção do Selo ABVTEX, obtido após a concussão do programa de monitoramento da entidade, faz com que a empresa seja vista de forma diferente pelos clientes, abrindo portas para novas parcerias.

A moda está cada vez mais acessível

Inclusão e diversidade estão pautando as escolhas de grande parte das marcas brasileiras, seja em campanhas de marketing, ou na abrangência de produtos. Os players do setor, principalmente de moda, reconhecem que os consumidores querem se sentir representados.

Com a moda cada vez mais acessível e o consumidor cada vez mais exigente, responsabilidade social e sustentabilidade entraram em cena. O tema não é novo para o varejo, mas é a primeira vez que a sustentabilidade entrou na lista dos desafios mais importantes do relatório The State of Fashion. Divulgado este ano pela McKinsey, o estudo apontou uma maior demanda por mais transparência nas cadeias de suprimentos.

Roupa não é apenas estética

Os consumidores cobram por mudanças no setor e por marcas que os represente não só esteticamente, mas também por seus valores. As empresas que não estiverem atentas a isso, muito rapidamente perderão mercado. Responsabilidade social, sustentabilidade e trabalho digno em todos os elos da cadeia de produção são urgências da moda.

Vestuário inacessível perde espaço para a beleza

Uma das principais razões pelas quais a moda está se tornando mais acessível e sustentável é por estar perdendo espaço para os cosméticos. O setor de beleza é um dos poucos que consegue driblar a crise.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), este mercado, em 2018, obteve um crescimento de 2,77% em relação a 2017. O aumento é discreto, mas representativo visto que o último ano foi desafiador para a economia.

E a sustentabilidade também entra em cena aqui. Na indústria de cosméticos, a demanda por produtos compostos de ingredientes naturais está aumentando. De acordo com a pesquisa Beauty Survey, realizada pela Euromonitor em 2018, cerca de 30% dos compradores buscam por esta opção de consumo, enquanto 19% valorizam a transparência da composição.

Redução do uso do plástico

Outra tendência global de consumo para 2019, de acordo com a pesquisa da Euromonitor, é a pressão para a diminuição do uso do plástico. A praticidade das embalagens produzidas com o material está sendo colocada em xeque e os clientes estão, pouco a pouco, dispostos a pagar mais pelas recicláveis.

Atenta a estes movimentos, a varejista britânica ASOS revelou planos de banir de suas lojas todos os produtos confeccionados com penas e penugens, seda, cashmere, ossos, dentes e conchas.

Artigo por Edmundo Lima, diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX)

Graduado em administração de empresas, Edmundo Lima tem mais de 25 anos vivência no varejo de vestuário, em comércio internacional e nas cadeias fornecedoras nacional e internacional do setor. Atualmente, é diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), entidade que representa cerca de 90 grandes marcas que comercializam itens de vestuário, acessórios e artigos têxteis para o lar.

Fonte: portalnovarejo.com

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