Indústrias brasileiras de diversos setores estão investindo em seus próprios centros de distribuição para reduzir custos e atender estratégias de expansão. O tabelamento do frete é um dos principais motivadores dessa tendência.

“O centro logístico próprio traz uma vantagem competitiva em relação à prestação de serviço. Ganhamos mais velocidade para atender o cliente”, afirma o presidente da Sanfarma, Luciano Biagi. A empresa de setor farmacêutico irá construir um centro de distribuição no Nordeste para expandir sua presença na região.

Biagi conta que a nova unidade deve ficar em Alagoas ou Sergipe. “Vamos estar mais próximo do ponto de venda, o que vai reduzir o tempo de viagem. A projeção é que caia de 10 a 15 dias para dois a cinco dias úteis.” O plano é também atender as regiões Centro-Oeste e Norte.

A construção está incluída em um investimento de R$ 13 milhões em estratégia. “O centro deve ficar pronto entre março e abril do próximo ano”, estima Biagi. A expectativa da empresa é superar o faturamento de R$ 30 milhões em 2018 e chegar aos 45 milhões esse ano.

Para 2020, a Sanfarma espera impulsionar seu desempenho após a inauguração do centro. “Prevemos crescimento de 20% a 30% no Nordeste”, conta Biagi.

O Grupo Interbrilho inaugurou recentemente seu primeiro centro de logística em Cabreúva, no interior de São Paulo. A empresa, que fabrica produtos para o mercado de animais de estimação, manutenção de automóveis e acessórios para churrasco, investiu R$ 1,5 milhão na unidade e em uma frota de sete caminhões.

O CEO da companhia, Henrique Caran, explica que o projeto foi motivado pela tendência de encarecimento da logística. “Observamos isso após o tabelamento do frete. Além de entregar as mercadorias, estamos coletando a matéria-prima. Só nisso, a economia é de 5%, o que ajuda na precificação dos produtos.”

O centro tem 2.141 m² e comporta cinco mil posições de pallets. “Inicialmente, iremos atuar em um raio de 200 quilômetros da fábrica e o resto será terceirizado. Estamos aprendendo com essa operação para, por etapas, abranger uma gama maior de clientes”, explica Caran.

O executivo também destaca que a facilidade logística da região tem atraído a construção de centros de outras empresas. “Pela facilidade de acesso à estradas importantes e a proximidade com Campinas e São Paulo, há uma tendência de diversas indústrias se instalarem em Cabreúva e Itupeva.” Avon e Natura são exemplos de companhias que têm centros de distribuição nesses municípios.

A expectativa do Grupo Interbrilho é que o mercado apresente uma melhora após a aprovação da reforma da Previdência. “Sentimos que há uma espera e acreditamos que o segundo semestre será melhor. Estamos nos preparando para vender mais”, destaca.

Ele também assinala que o grupo tem buscado expandir suas exportações. “Nosso alvo é o Estados Unidos. É uma necessidade da indústria buscar o mercado externo.”

Frete

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar uma ação contra o tabelamento do frete em setembro. O relator, ministro Luiz Fux, determinou a suspensão, em todo o País, dos processos judiciais que discutem essa matéria.

A medida, criada no ano passado para atender reivindicações dos caminhoneiros e encerrar a paralisação da categoria, tem sido bastante criticada por setores da economia dependentes do transporte de carga rodoviário.

Uma anistia sobre multas pelo descumprimento do tabelamento chegou a ser incluída no texto da Medida Provisória da Liberdade Econômica, mas acabou retirada da matéria.

Em julho, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou uma resolução atualizando os preços do frete rodoviário. Insatisfeitos com a nova tabela, os caminhoneiros chegaram ensaiar uma nova paralisação, fazendo o governo recuar. No início de agosto, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, declarou que o governo pretende “desmamar” os caminhoneiros da tabela.