O ministro de carreira do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), João Carlos Parkinson, diz que com a viabilização da rota bioceânica que vai ligar os oceanos Atlântico e Pacifico, passando pelo centro da América do Sul, a exportação de produtos de Mato Grosso do Sul para a China, via os portos do Chile vai ficar em média US$ 700 mais barata (R$ 2.653), por container, em relação aos embarques feitos dos terminais no sudeste e sul do Brasil.
O corredor, chamado de Rota de Integração Latino-Americana (RILA), segundo o ministro, tem como ponto de partida em Mato Grosso do Sul, Campo Grande, seguindo por Porto Murtinho, de onde, por meio da ponte que será construída pela Itaipu Binancional, seguirá pelo Paraguai, depois pela Argentina até chegar ao Chile, nos portos de Antofagasta e Mejillones.
“Essa rota pode ser facilmente percorrida em três dias com facilidade. Isso significa para o produtor uma economia de 14 dias, evitando o contorno do continente, seja pelo canal do Panamá ou o contorno de Magalhães. Em termos de frete, teremos uma economia média de US$ 700 para um container de 20 pés, comparando o custo da exportação pelo porto de Santos a Xangai, na China, com a de Antofagasta, no Chile, a Xangai”, explicou o ministro durante o seminário Soja Brasil, em Maracaju, no sul de Mato Grosso do Sul.
Ele lembrou que paralelo ao projeto da construção da ponte Bioceânica, o governo paraguaio já executa uma outra obra fundamental para a viabilização do corredor, a pavimentação asfáltica de um trecho de 277 quilômetros entre Carmelo Peralta e Loma Plata, no Chaco, o Pantanal paraguaio com investimento de aproximadamente US$ 420 milhões e que deve licitar no segundo semestre deste ano um segundo trecho.
O ministro disse que outro gargalo para a viabilização do corredor rodoviário bioceânico, a questão alfandegária dos quatro países será discutida em uma reunião nos dias 21 e 22 de agosto em Campo Grande. “O objetivo é analisar na mesa da integração rodoviária aduaneira a proposta que o governo chileno deverá apresentar de um plano Maestro, que integrará as aduanas dos diversos países, de modo a facilitar o trânsito aduaneiro. [….]Na concepção do corredor, o sistema aduaneiro tem de estar integrado, ou seja, eu vou despachar uma mercadoria em Mato Grosso do Sul e o controle se fará no destino final.
Além de baratear o custo do frete para a China, a utilização da rota, possibilitará ainda, conforme Parkinson o acesso a costa oeste dos Estados Unidos, que é um mercado importante para produtos sul-mato-grossenses e brasileiros e também aos de outros países sul-americanos, cujo acesso era difícil, como o Peru, o Equador e a Colômbia.
“Esse corredor também não deve ser visto somente como uma importante via de escoamento de produção, mas também de importação de insumos, porque teremos vantagens comparativas a rotas tradicionais para abastecer o mercado sul-mato-grossense”, pontuou.
Além do corredor rodoviário, o ministro de carreira ressaltou ainda que está em andamento o processo de integração bioceânica ferroviária, envolvendo o Brasil, a Bolívia, a Argentina e o Chile. “É inaceitável que esses países disponham de uma malha ferroviária em bitola métrica que não esteja unificada. Nós estamos promovendo agora a integração ferroviária com a Bolívia, para permitir que os trens deles possam usar a malha oeste e que os trens da Rumo [concessionaria da malha brasileira] possam usar a da ferrovia Oriental boliviana”.
O ministro comentou que para viabilizar esse corredor ferroviário, o investimento não seria muito grande, porque a malha já está implantada nos países. “Precisar ser melhorada, como no Brasil, mas já existe. A conexão da Bolívia com o norte da Argentina seria alcançada com a construção de duas pontes que foram destruídas. Com esse acesso poderíamos acessar Buenos Aires, por ferrovia. Como Salta [Argentina] já está conectada com Antofagasta, pela Ferronor, também teremos acesso ao oceano Pacífico por via ferroviária”, detalhou.
Fonte: olhar digital