Shoppings e varejistas investem no digital para atender o consumidor

As mudanças do consumo são perceptíveis em todo o varejo. Com os shopping centers não é diferente. Este universo completo de transformações foi debatido por Izabella Batista, diretora de transformação digital da BrMalls; Daniel Batlle, diretor-geral para América Latina e Caribe do International Council of Shopping Centers; Christianne Toledo, diretora de marketing das Pernambucanas e Sue Ellen Matthews, diretora da Karibu, durante o painel “Inovação, varejo e shopping centers”, sob a mediação de Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&Malls.

Marinho introduziu a discussão com uma informação sobre o grande crescimento das vendas de automóveis, que aumentaram 12% no primeiro semestre. Além disso, as locações de veículos cresceram 10 e 19%, respectivamente, em 2017 e 2018. Isso acontece devido aos motoristas de aplicativo, que já respondem por 15% do total de veículos alugados.

No caso da moda, crescem as vendas de roupas usadas. “Isso acontece por dois motivos, porque as pessoas querem usar sempre coisas novas, fotografar com roupas novas para as redes sociais. Outra razão é a crescente preocupação ambiental, que aumenta principalmente entre os mais jovens”, contou Luiz.

Ele trouxe os exemplos para mostrar como a forma de consumir vem mudando. Os shoppings  também mudaram. A forma que as pessoas utilizam estes espaços mudou. “Vemos cada vez mais uma mudança no nosso mix. Pesquisas recentes mostram um crescimento muito grande das vendas de alimentação, em detrimento das de moda”, contou o executivo.

Izabella destacou que a empresas que querem se transformar digitalmente precisam pensar em ser mais digital e em oferecer experiências digitais para seus clientes. Mas, para isso, é preciso fazer muitas mudanças, inclusive no mindset, tendo em mente que é um processo de evolução. “Temos que começar construindo um skate para depois evoluir e oferecer aos nossos clientes uma Ferrari”, comentou.

A executiva destacou que um dos pontos mais críticos é a mudança de cultura organizacional. “É preciso reduzir o retrabalho. Aquela situação em que é preciso fazer cinco reuniões para um projeto andar”, afirmou Isabella. Outros fatores essenciais para a inovação e a transformação são discordar, debater, além de sempre, é claro, colocar o cliente no centro.

Daniel falou sobre o Halo Effect (Efeito Auréola). Estudo realizado pelo International Council of Shopping Centers demonstrou que quando uma loja é fechada em uma determinada área, o trafego na web relacionado àquela marca diminui na região. E o inverso também acontece: com a abertura de uma unidade, aumentam as buscas online pela marca. Estes dados comprovam que existe uma forte interligação entre as lojas físicas e o digital, o chamado Efeito Auréola. “Fica um recado muito claro para os varejistas: investir em tecnologia para melhorar os recursos de omnichannel e oferecer serviços mais interligados com o digital faz muito sentido”, explicou Daniel.

Cristiane Toledo compartilhou a experiência omnichannel das Pernambucanas. Entre os investimentos da empresa, muitos estão voltados para a colaboração entre os colaboradores. Há ferramentas que permitem, por exemplo, que sejam compartilhadas imagens de vitrines criativas que uma unidade montou e que podem ser replicadas em outras. Além disso, os colaboradores podem acompanhar as suas taxas de vendas online. “A cultura tem que mudar para que a estratégia dê certo”, esclareceu Cristiane.

Suelen destacou a inovação social do varejo. Ela trouxe dados que demonstram que 40% das pessoas se sentem infelizes no trabalho, 90% apresentam sintomas de burnout, como ansiedade e depressão. Ela contou que fez parte desta estatística, até que decidiu investir em algo que trouxesse mudanças sociais e fundou a Karibu, que é uma empresa dedicada a promover uma transformação social por meio de oportunidades geradas por empresas e pessoas físicas. Para a executiva, as companhias precisam investir em propósito e ações sociais por vários motivos. Entre eles está o fato de que “nosso consumidor mudou, nossas relações de consumo mudaram. As pessoas querem saber a origem do que elas consomem, quem costurou a roupa que ela veste, de onde veio”, afirmou.

Fonte : mercado e consumo

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