A pandemia aumentou a busca pelo comércio eletrônico, acelerou a logística de entregas e Goiás pode se tornar um grande protagonista nacional na distribuição de produtos adquiridos pelo e-commerce. Para isso, empresários goianos articulam com o governo estadual a possibilidade de alterações na atual política de incentivos fiscais do Estado, prevista no programa ProGoiás, para que a legislação também contemple empresas do comércio eletrônico. A ideia é que isso ajude a atrair novas unidades de gigantes do ramo para o Estado, como Amazon, Mercado Livre ou Americanas.
Pelo projeto de lei que altera a lei 20.787 e que tramita na Assembleia Legislativa do Estado, as empresas que estão no Progredir, ao aderirem ao ProGoiás, terão o incentivo limitado às operações de comércio eletrônico e atacado, desde que instalem um centro de distribuição em Goiás e abasteçam através do e-commerce, pelo Estado, pelo menos três unidades da Federação. As que já operam no Estado também teriam o incentivo sobre o acréscimo de vendas na média dos últimos 12 meses. A proposta é de um benefício de 40% de redução de ICMS.
O problema é que a proposta só beneficia as que tenham um único centro de distribuição (CD) no País, localizado em Goiás, ou seja, que concentrem as operações por aqui, o que inviabiliza gigantes de atuação nacional e mundial. Isso tem feito Goiás perder a corrida para outros estados, como Minas Gerais e até para o Distrito Federal, que acaba de ganhar um CD da Amazon.
“Empresas como Mercado Livre, Americanas e Magalu também querem ampliar sua atuação com novos CDs pelo País mediante incentivos. O Grupo Saga está trazendo centros de distribuição de bicicletas da Alemanha e Holanda para cá e a Hering também quer ter distribuição em todo País. São grandes oportunidades que temos que aproveitar”, destaca o secretário de Indústria e Comércio do Estado, Joel de Sant’Anna Braga Filho.
Localização
Em Goiás, as vendas pelo e-commerce aumentaram mais de R$ 3 bilhões em um ano. “A pandemia antecipou a chegada deste futuro uns 10 anos e não temos como fugir dele, que já é uma realidade”, destaca o secretário. E Goiás, que antes era apontado pela desvantagem de ficar distante dos portos, hoje é reconhecido pela vantagem da localização centralizada no País para distribuição, além da proximidade com regiões de força econômica, como o interior de São Paulo.
De acordo com o secretário, grandes indústrias como a Atlas (fogões), que já tem parceria no marketplace com o Grupo Novo Mundo, manifestaram a intenção de, num primeiro momento, instalar um centro de distribuição em Goiás e, depois, uma unidade industrial. O presidente da Acieg, Rubens Fileti, lembra que as gigantes do comércio eletrônico são empresas assediadas pelos estados e que buscam incentivos para se instalarem em algum deles.
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Novo Mundo, Carlos Luciano Ribeiro, ressalta o grande crescimento das vendas pelo comércio eletrônico. “Através dele, se vende para todo País”, destaca. Segundo ele, atrair empresas do setor para Goiás significará trazer novos empregos e impostos que iriam para outros estados. “Hoje, muitas indústrias distribuem diretamente para o consumidor final pelo e-commerce, que não tem um incentivo específico no estado”, destaca.
Isso significa que ficará mais fácil atrair tanto empresas de e-commerce quanto indústrias. Ele confirma que a Atlas já manifestou o interesse de montar sua base de vendas pela internet a partir de Goiás. Empresas daqui podem ampliar sua atuação no País e as que ainda não estão podem passar a distribuir seus produtos a partir daqui. “Goiás precisa de uma legislação específica para assumir este protagonismo no hub do e-commerce. Mas o Estado já deu abertura para a busca desta legislação”, alerta o empresário.
Braga Filho lembra que o Estado também se tornou atrativo para a distribuição de produtos ao ampliar seu potencial logístico com investimentos em ferrovias que chegam a todos os portos e porque terá grandes aeroportos de cargas em Anápolis e Aparecida de Goiânia. “Teremos tudo que é necessário para atrair grandes empresas de distribuição para a formação de um grande hub logístico”, destaca o secretário. Ele lembra que empresas chinesas já estariam negociando com os Correios para distribuírem mercadorias que chegam da China a partir de Anápolis.
Para a tributarista e diretora da Acieg, Liz Marília Vecci, o ProGoiás é um programa bastante interessante, mas que não contempla todos os segmentos, como o e-commerce, e que, por isso, ainda demanda alguns ajustes. “Nossa legislação foi baseada na do Mato Grosso do Sul, mas Goiás copiou com restrições e não contemplou o comércio eletrônico, como fez o Distrito Federal, que ganhou um CD da Amazon”, destaca. Segundo ela, muitas empresas abriram novas unidades e nem cogitaram Goiás, pois outros estados estão muito agressivos.
Para Liz, o projeto de lei não deve funcionar para atração de novas empresas porque tem condicionantes e exige que a empresa faça todas as aquisições de mercadorias para revender por Goiás.
Fonte : https://opopular.com.br/noticias/2.234055/goi%C3%A1s-pode-se-tornar-hub-de-distribui%C3%A7%C3%A3o-do-com%C3%A9rcio-eletr%C3%B4nico-diz-1.2378018