Com Brás, Mercado Livre visa competir com popularidade de players asiáticos

Ao firmar parcerias com lojistas do comércio popular, marketplace pretende ganhar espaço no mercado de moda e competir com players internacionais.

No fim do primeiro semestre deste ano, o Mercado Livre anunciou um projeto para trazer os lojistas do Brás, polo comercial popular do centro de São Paulo, para o marketplace.

A empresa irá selecionar 400 lojas de pequenos e médios empreendedores para obter acompanhamento in loco, suporte direto e consultoria do Mercado Livre ao longo de três meses.

Marketplace amplia oferta de produtos acessíveis (Crédito: Alf Ribeiro/Shutterstock)

Essa não é a primeira vez que um e-commerce tenta levar os empreendedores do Brás para o ambiente online. Maya Mattiazzo, professora do hub de moda e luxo da ESPM, já participou de duas iniciativas com o mesmo propósito, mas cita duas dificuldades principais nessa empreitada: educar lojistas e estoque.

Adaptação do offline para o digital

Segundo a executiva, os marketplaces, incluindo o Mercado Livre, tem regras rígidas e uma base de anúncios inflacionada, o que, para um entrante, pode representar um desafio de gestão, cobertura de estoque, competitividade de preço, agilidade e manutenção dos produtos nas páginas da empresa.

“Para o lojista isso pode assustar. Se ele achar que é só colocar os produtos lá e não fazer mais nada, ele irá se frustrar”, diz. Ao mesmo tempo, Maya reconhece que vender no ambiente online é uma necessidade, tendo em vista que essa é a forma que o mercado consumidor tem se acostumado a comprar e os lojistas podem apresentar a vantagem do preço.

De acordo com uma pesquisa conduzida pela Consumoteca em 2022, 77% compram itens de moda em canais online. Já segundo a Nuvemshop, a categoria de moda faturou R$ 548 milhões.

Alimentos e moda, os próximos passos do Mercado Livre

“Os lojistas do Brás sempre fabricaram para vender volume. E as vendas aconteciam de forma muito rápida. Ensinar o ciclo do e-commerce é novo para eles. Mas é o modelo que o mercado cobra agora. Os clientes entenderam que comprar direto do fabricante traz o benefício do preço e, na hora que mexe no bolso, o caminho é sem volta”, explica.

A manutenção do estoque é importante, a medida que, no e-commerce, o cliente paga o produto de forma adiantada, o que não ocorre normalmente em lojas físicas.

Mercado Livre quer se consolidar no segmento de moda

Esse projeto também faz parte de uma estratégia do marketplace para se aproximar de polos de moda no Brasil, além de apostar em segmentos que contam com vendas mais recorrentes. Ao mesmo tempo que os lojistas do Brás podem alcançar novos públicos ao estar na plataforma, o Mercado Livre se beneficia ao se fortalecer em um setor pelo qual não é lembrado. Assim, o marketplace se torna canal para itens de qualidade e valor acessível.

“Nesse momento, homologar os lojistas é fundamental para que tenhamos produtos de qualidade duvidosa na plataforma. Por isso ,eles têm trabalhado tão perto dos lojistas, visitando suas operações para garantir qualidade para o cliente final e evitando a entrada de vendedores que comercializem produtos piratas”, esclarece a professora da ESPM.

Além disso, o projeto reforça uma tendência observada por Maya, que é a eliminação de intermediários, como lojas multimarcas, nas negociações de moda.

Competição com o mercado internacional

Com a eliminação do intermediário e o preço acessível, a empresa adiciona uma vantagem diante da ascenção das plataformas internacionais Shein e Shopee.

Mercado Livre: “não fazemos tecnologia por tecnologia”

Para Marina Roale, head de pesquisa na Grupo Consumoteca, a decisão do Mercado Livre atende a mudanças no comportamento de compra do consumidor, que procura um custo-benefício melhor. Diante do encerramento de lojas físicas durante a pandemia, marcas com experiência digital sobressaíram, principalmente em plataformas com boa logística de entrega, política de preço e boa navegabilidade. Por sua vez, isso proporcionou um terreno fértil para as plataformas internacionais.

“Diante de um consumidor com menos poder aquisitivo e muita quilometragem de experiência digital, ter uma marca sólida na moda não será mais privilégio de quem conta um bom storytelling ou possui lojas conceito, mas quem fala a língua do pragmatismo também. Os consumidores estão caindo no gosto dessa ideia de ‘tudo num só lugar’. Nestes canais, a lógica de fidelização de marca muda. Estamos vendo consumiores mais fiéis às próprias recompensas de quem vende do que a marcas que oferecem os produtos”, argumenta.

Da mesma forma, a mobilização beneficia os fornecedores, que também competem com as plataformas citadas.

Entretanto, Maya considera que o Mercado Livre apresenta vantagens, como sua presença e reconhecimento no mercado brasileiro, estratégias de gameficação e entrega, o que resulta em fidelidade por parte dos consumidores.

Impacto em toda cadeia

A iniciativa tem  potencial de retorno para os fabricantes e lojistas que não estavam no digital e,  agora, podem comercializar com mais margem de lucro. Para o próprio Mercado Livre, Maya acredita que o potencial é “gigantesco”, descreve.

“Veja que o Mercado Livre é o e-commerce mais acessado do Brasil. É uma marca amada pelos brasileiros e que ultrapassou as barreiras de ser um e-commerce ou uma marketplace. O Mercado Livre é um ecossistema, resolve problemas das pessoas, mas faltava resolver o problema da moda.
Acredito no fortalecimento da plataforma com a entrada da moda, podendo se tornar um hub importante até para B2B. Isso irá gerar um incremento de receita significativo”, avalia.

Por fim, a tática antecipa adaptações feitas ao consumidor do presente e do futuro, que é parte da Geração Z. Segundo Mariana, esse grupo valoriza players que entregam produtos desejo a preços acessíveis para seu bolso, variedade, preço e diversidade.

“Eles romperam com a má reputação de que players chineses entregavam produtos diferentes dos anunciados. Estes jovens amam a sensação de barganha e já apontam marketplaces como o canal favorito de compra. No Tiktok não faltam vídeos de achados e truques de compras nestas plataformas. Se pro millennial a peça barata era aquele básico escondido em um look high-low, para o Gen-Z, pagar barato é motivo de orgulho e passaporte para o novo #aesthetics do momento. Hackear um boa jornada de compra é tão desejado que eles dão cursos sobre como fazer bons garimpos na Shein e na Shoppe. Agora, nos resta saber se teremos aulas de achadinhos no Brás versão Mercado Livre”, reflete.

‘https://www.meioemensagem.com.br/marketing/bras-mercado-livre-moda

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Alibaba anuncia maior reestruturação da história da empresa

Gigante chinesa irá dividir companhia de e-commerce em seis unidades independentes.

A Alibaba, grupo de empresas de propriedade privada cujos negócios são baseados em e-commerce, anunciou na últia terça-feira (28) que irá se dividir em seis unidades independentes com objetivo de otimização e agilidade em tomadas de decisão. A reestruturação é a maior em seus 24 anos de história.

* O conglomerado chinês terá agora as unidades de inteligência de nuvem, serviços locais, logística, comércio eletrônico, mídias digitais e entretenimento;

* A decisão vem um dia após o retorno do fundador da companhia, Jack Ma, que passou mais de um ano no exterior. O empresário adotou uma vida discreta desde que a China iniciou uma supervisão regulatória mais rígida contra empresas de tecnologia;

* A volta de Ma, que desde 2020 tem rara aparição pública, acontece após Pequim prometer aliviar repressão regulatória e apoiar empresas privadas.

Com o anúncio da Alibaba, as ações da empresa em Nova York dispararam na manhã desta terça, subindo até 8% — as ações haviam caído cerca de 70% desde que a repressão regulatória começou no final de 2020.

“A intenção original e o propósito fundamental desta reforma é tornar nossa organização mais ágil, encurtar os vínculos de tomada de decisão e responder mais rapidamente”, disse Daniel Zhang, atual presidente e CEO do Alibaba Group, em uma carta enviada à Reuters.

O diretor acrescentou que cada um dos seis grupos de negócios será administrado por seu próprio CEO e conselho de administração. Elas terão flexibilidade para levantar capital externo e buscar uma oferta pública inicial.

A única exceção seria o Taobao Tmall Commerce Group (unidade de comércio eletrônico). O setor continuará sendo uma unidade de propriedade integral do Alibaba Group. Zhang pontuou que os processos de trabalho também serão “refinados”, mas não esclareceu se realizará cortes de empregos — Alibaba demitiu, em 2022, 10 mil funcionários em três meses.

Segundo especialistas em investimentos, o anúncio traz um respiro para a Alibaba, afastando a preocupação de que a companhia tenha perdido potencial de crescimento.

“Parece uma coincidência que isso esteja acontecendo no momento em que Ma parece confortável em retornar. Para mim, isso sugere que o Alibaba está querendo fazer algo há algum tempo, mas estava esperando a oportunidade para fazer”, disse Stuart Cole, macroeconomista chefe da corretora Equiti Capital, à Reuters.

Fonte : https://olhardigital.com.br/2023/03/28/pro/alibaba-anuncia-maior-reestruturacao-da-historia-da-empresa/

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Renner amplia seu marketplace, que já conta com 240 sellers e 70 mil produtos

Canal é responsável por 5% das vendas realizadas no e-commerce da varejista.

A Renner lançou uma campanha com a nova identidade visual de seu marketplace que foi ampliado e já conta com mais de 70 mil produtos. Lançado em maio de 2021, o canal é responsável por 5% das vendas realizadas no e-commerce da varejista e conta com mais de 240 sellers de diferentes marcas e categorias, como calçados, acessórios, lingeries, moda esportiva, beleza, perfumaria, bem-estar e casa e decoração.

Chamado de Alameda Renner, o marketplace finalizou o 1º trimestre de 2022 com um aumento de 37% no sortimento em relação ao último trimestre do ano passado.

“Atualmente, temos mais de 18 milhões de consumidores ativos no nosso ecossistema, que transitam entre os nossos diferentes negócios. A existência de um marketplace especialista em moda e estilo de vida potencializa este movimento”, afirma a diretora de Operações da Lojas Renner, Fabiana Taccola.

Para  apresentar o marketplace para o público, a Renner colocou no ar uma campanha que lança a identidade visual da plataforma com o conceito “Alameda Renner. Tem estilo, tá aqui” e acionou um time de influenciadores parceiros nas redes sociais, além de sua persona digital, Rennata, para conversar com o público sobre o assunto.

“O marketplace vem reforçar a cumplicidade da marca com nossos clientes. A campanha mostra que, com o Alameda Renner, os consumidores têm ainda mais opções de produtos e inspiração de moda e lifestyle para diferentes ocasiões em um único lugar”, diz a diretora de Marketing Corporativo da Lojas Renner, Maria Cristina Merçon.

Força do ecossistema 

Ao ampliar o mix de produtos relacionados à moda e lifestyle no ambiente digital da varejista, o Alameda Renner beneficia todo o ecossistema da Renner e reforça a sinergia entre os negócios da companhia, aumentando assim o ticket médio, a frequência e a base de clientes.

Tanto é que a Camicado, empresa do grupo que atua no segmento de casa e decoração, é o seller com maior representatividade no marketplace da Renner, enquanto a Youcom, player especializado em moda jovem, está entre os cinco maiores.

Fonte : https://mercadoeconsumo.com.br/2022/05/31/renner-amplia-seu-markeplace-que-ja-conta-com-240-sellers-e-70-mil-produtos/

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Magazine Luiza prepara ‘caravana digital’ para atrair lojistas para marketplace, diz Trajano

CEO do Magazine Luiza vê melhora nas lojas neste trimestre e fala dos ajustes feitos na companhia.

Há um ambiente mais positivo se formando entre investidores estrangeiros, em relação aos ativos brasileiros em bolsa, com sinais mais claros de um momento de virada em termos de entrada de recursos externos, diz Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza. O executivo vem recebendo gestores com maior frequência – parte da agenda de abril está voltada para isso – e diz que, apesar do ambiente macroeconômico difícil, num ano eleitoral, há fatores que pesam favoravelmente.

“Economicamente, ainda é um cenário complexo. Inflação e juros altos, PIB com tendência à estagnação ou levemente negativo. Mas hoje este é um quadro já dado, que já se esperava para este início de ano”, diz. “As medidas que estão sendo tomadas pelo BC estão corretas e hoje a questão fiscal está mais equacionada. Aquelas discussões passadas, muito heterodoxas, baixaram de tom. É uma situação no curto prazo ainda ruim, mas com tendências de melhora.”

Trajano cita ainda a queda no dólar, que está levando as redes a fazerem pedidos de novas compras a preços menores, e o efeito da desaceleração da economia nos EUA. “Está sobrando produto no mundo, com os americanos subindo juros e a demanda parando, e a Rússia, que comprava 5 milhões de IPhones ao ano, parou de receber”.

Duas semanas atrás, após apresentar números abaixo do esperado por analistas no quarto trimestre de 2021, a ação de Magazine fechou o pregão em queda de 8,6% e acumulava recuo de 25% no ano. Relatórios de bancos revisaram o preço-alvo da ação, mas mantiveram recomendação de compra do papel – desde a publicação do balanço, a ação subiu 29% (no ano todo, cresce 2%). O recado que vem sendo dado ao mercado pelo comando do grupo é de que há uma tarefa feita dentro de casa, com congelamento de contratações e repasses de pressões em custos aos preços. E que as vendas em lojas dão sinais de recuperação, com um primeiro trimestre melhor que os três últimos meses de 2021.

“Estamos conseguindo [comprar] mais quantidade de produtos com custos menores em função do dólar em queda”

Em maio, a empresa se prepara para sair numa “caravana digital”, visitando centenas de cidades pelo país na busca por lojistas para sua plataforma on-line – com direito à presença do CEO e de Luiza Trajano, presidente do conselho de administração. A seguir, os trechos da entrevista concedida ontem, na sede do grupo:

Valor: O Sr. acha que há um movimento de inflexão em termos de percepção do Brasil pelos mercados? Porque há essa liquidez de recursos no mundo, mas também há um quadro de incerteza. Como vê o país e o Magazine Luiza inserido nisso?

Frederico Trajano: O que eu tenho sentido mais claramente é um aumento muito grande da demanda de investidores internacionais para conversar conosco. Inclusive, temos recebido vários aqui presencialmente na arena [Arena Magalu, sede da empresa]. São grupos de cinco, dez investidores vindo para o Brasil, com perguntas muito construtivas e visão de longo prazo. Em relação ao Magalu, quando o investidor vem com esse nível, ele vem com interesse em aumentar a posição no país e na companhia. São muitos fundos diferentes, muitos dos quais nunca vieram ao Brasil ou que nunca me visitaram antes. Eu me lembro que em janeiro houve um aumento de fluxo de estrangeiros na bolsa e muitos comentavam ‘ah, tomem cuidado que pode ser temporário’. Só que a quantidade de entradas continua aumentando e a sua qualidade também. Há a crise na Rússia, que antes absorvia muito desse capital, e na América Latina não temos tantos países num bom momento. E o nosso cenário eleitoral está meio já desenhado, de uma maneira que não parece que vai haver grandes surpresas. O investidor com posição fundamentalista de longo prazo está olhando o Brasil esperando pelo momento certo para montar posições grandes. Então eu vejo uma mudança de ‘mood’, e esse capital antecipa o que acontecerá à frente. E a gente tem ouvido isso também de outras empresas. Acho que estamos possivelmente no momento de virada em termos de entrada de recursos externos na bolsa.

Valor: Então, há efeitos positivos ao país nesse cenário global, mesmo num ambiente eleitoral, que sempre afeta o humor dos mercados, e os indicadores ‘macro’ ainda ruins?

Trajano: Vamos separar o cenário macroeconômico do político. Economicamente, é um quadro ainda complexo e difícil. Inflação e juros altos, PIB com tendência à estagnação ou levemente negativo. Mas hoje este é um cenário dado, que a gente já esperava para este início de ano. As medidas que estão sendo tomadas pelo Banco Central estão corretas [alta nos juros] porque não há nada pior que o câncer da inflação. A segunda questão é a fiscal, que me parece mais equacionada. Aquelas discussões do ano passado, muito heterodoxas, baixaram de tom. É uma situação no curto prazo ainda ruim, mas com tendências de melhoria no longo prazo, tanto é que esse fluxo está vindo pra cá. Do ponto de vista político, tudo indica que caminhamos para um dos polos, e acho muito difícil que algo se configure de maneira muito diferente do desenhado agora.

Valor: O Sr acha difícil uma terceira via a essa altura?

Trajano: Eu acho. Eu trabalho com internet há 22 anos, e a gente consegue entender muito bem o padrão das redes, o que viraliza, há uma relação muito simbiótica hoje das redes com a população, e a rede social tende a polarizar. Então acho muito difícil nesse momento, que haja algo vindo do centro. Vejo pouco espaço para uma terceira via, infelizmente. Mas não sou especialista em mercado, e quero frisar bem isso. O que pode atenuar um pouco essa situação é a eleição do Congresso Nacional, com novos nomes aparecendo, e acho que deveríamos fazer esforço de bons e novos nomes para Câmara e Senado.

O que essas plataformas [estrangeiras] estão fazendo é digitalizando a sonegação, o contrabandista e a pirataria”

Valor: A empresa tem um cenário de curto prazo mais difícil, e no longo prazo, o sr. vem reforçando essa questão estratégica, que não mudou após crise. Pode detalhar melhor esses cenários?

Trajano: Eu administro essa empresa com foco no longo prazo, mas a gente tem ciclos, e para chegar no longo prazo tem que passar pelo curto prazo também, pelas volatilidades. Entramos no novo ciclo em 2019, voltado para nos transformamos numa plataforma digital com pontos físicos e calor humano. Com uma estratégia muito baseada no modelo de ecossistema, diversificação de categorias, nível de serviço alto, entrega rápida, novas fontes de receita. E usar o que estamos desenvolvendo para digitalizar o negócio analógico [por meio da plataforma de marketplace]. O foco é ajudar os 6 milhões de varejistas brasileiros a se digitalizarem. Há 6 milhões de varejistas físicos no Brasil e só 160 mil vendendo on-line. Se você pegar o Magalu pós-pandemia, a gente dobrou de tamanho. A gente triplicou o nosso comércio eletrônico e quadruplicou o marketplace. Temos 160 mil “sellers” [vendedores] no marketplace, a grande maioria vem desse mundo analógico e nunca vendeu no digital antes. Saímos da pandemia com números que indicam que a gente está caminhando muito bem do ponto de vista de longo prazo.

Valor: E sobre essa questão de que vocês sentiram mais a desaceleração nas vendas no fim de 2021 e o efeito no curto prazo?

Trajano: A gente esperava um segundo semestre muito mais pujante do que efetivamente aconteceu, mas acho que ninguém esperava inflação e juros tão altos no segundo semestre.

Valor: Mas já havia uma sinalização de que venda desaceleraria e vocês sempre conseguiam antever…

Trajano: A desaceleração foi mais forte do que todo mundo esperava. Você pega o boletim da Focus e vê, ninguém conseguiu antever o cenário de inflação e juros tão altos.

Valor: Olhando 2022 e 2023, o que tem sido feito pela empresa para esse período?

Trajano: Do ponto de vista de curto prazo o que nós fizemos foi um ajuste de dimensionamento da companhia, como por exemplo, em termos de redução de estoque, porque a demanda por bens discricionários caiu [após o terceiro trimestre]. Houve uma queda de mais de 20% em lojas físicas. Em termos de estoque, de área de armazenagem, contratos publicitários, e quadro [de pessoal]. Então entregamos anexos de centros de distribuição, reduzimos ou cortamos contratos de terceiros e redimensionamos o quadro. Nós fechamos a porta da entrada.

Valor: Então congelaram vagas e também demitiram?

Trajano: Fizemos algum ajuste interno e congelamos vagas, porque o “turnover” do varejo é alto. E o problema da demanda está mais em loja, logo, você consegue ajustar basicamente fechando a porta de entrada.

Valor: Quando essas medidas darão resultado?

Trajano: Acho que a partir de março, mas com certeza já no segundo trimestre. Então já estamos agora num nível adequado para a demanda atual, e em termos de estoque também. A gente também já repassou um pouco do aumento de custo das mercadorias [efeito da inflação] para o preço, e passamos a cobrar juros no parcelado, porque praticamente toda venda era sem juros. Então há uma série de medidas aqui de impacto em aumento da margem bruta.

Valor: A empresa tem que tomar medidas para ajustar o negócio à outra realidade agora e, ao mesmo tempo, tem que manter uma estratégia em investimentos, que de certa forma também impacta nos números. Como gerir isso?

Trajano: Como a estratégia da empresa está muito baseada no marketplace, isso são outras linhas do negócio. E ele acaba ajudando no curto prazo também. O que aconteceu com o marketplace é que os investidores estão cobrando das plataformas maior rentabilidade, e todo mundo veio revisando suas condições [dos contratos comerciais com lojistas]. Fizemos isso em fevereiro e o mês foi histórico pra companhia, pois o marketplace passou a vender mais do que as lojas físicas em fevereiro.

Valor: O marketplace continuou sendo maior que as lojas em março e isso é tendência mais gradual daqui para frente?

Trajano: Sim, e não é gradualmente, não. Vai abrir mais [essa diferença]. Mas a loja também está melhor no primeiro trimestre, até pela base de 2021, do que esteve no quarto trimestre e o faturamento do varejo físico vai melhorar no segundo semestre.

Valor: Depois da publicação do balanço do quarto trimestre, os analistas citaram em relatórios alguns desafios do Magalu, como rentabilizar os investimentos, escalar e rentabilizar soluções financeiras e o ambiente mais competitivo com outras plataformas ficando mais robustas, como Americanas. Como o sr. entende essas questões?

Trajano: Eu tenho falado com inúmeros investidores do Brasil e de fora. Acho que eu tenho zero ‘push back’ na nossa estratégia, nenhum questionamento em relação a isso. E todas as questões que eu tenho tido de investidores são referentes ao curto prazo, às lojas físicas, bens discricionários. Até porque, quadruplicamos marketplace, o TPV [transações de pagamento] atingiu R$ 65 bilhões em 2021, são 7 milhões de clientes com cartão de crédito e 5 milhões de contas digitais. Todos os negócios novos estão indo bem tanto em receita como lucro. Então o único “push back” do mercado em relação ao Magalu é o curto prazo.

Valor: O mercado está mais racional, mais focado em rentabilidade, mesmo com competição forte?

Trajano: Desde que assumi como CEO, a gente deu o lucro seis anos e gerou caixa em cinco dos seis anos. O que aconteceu no ano passado foi a desaceleração, e um mercado com os juros mais altos acaba exigindo que as empresas equilibrem melhor crescimento com rentabilidade. E esse é o lugar que a gente gosta de estar. Juros altos exigem que os “players” operem com maior racionalidade, diminui a liquidez daquele que é absolutamente ineficiente e que a acaba conseguindo levantar capital só com narrativa. A gente tinha “player” no Brasil operando com zero de “take rate” (taxa de comissão no marketplaces). Eu cheguei a ouvir declarações que “take rate” é um detalhe. Há um movimento voltado a um melhor equilíbrio entre crescimento e rentabilidade.

Valor: Ao mesmo tempo que há cobrança do mercado por maiores retornos, vemos marketplaces queimando caixa e sendo acusados de operar plataformas com venda de produtos falsificados ou que sonegam impostos. Parece que temos dois “Brasis”?

Trajano: O Brasil é um dos maiores mercados do mundo, então ele naturalmente vai atrair todas as plataformas. Para ter escala, ser rentável e cumprir a legislação tem que ser muito eficiente. Existem plataformas que acabam compensando a sua ineficiência e conseguindo lucros ou receitas de movimentações que são ilegais. Vendem um celular com o preço de capinha. O ponto é que essa evasão fiscal poderia bancar um Bolsa Família de R$ 600 por um período longo. Ou poderia aumentar investimentos em educação e saúde. Mas isso está indo para plataformas que ganham em cima da venda de “sellers”, na maioria, estrangeiros, que estão ganhando e até tirando empregos das empresas brasileiras.

Valor: Mas o sr. acha que o brasileiro já entendeu isso? Parte da população compra esses produtos nessas condições.

Trajano: O cidadão, o consumidor compra o produto mais barato, mas não percebe que tem uma economia pior porque não gera arrecadação de imposto para ele mesmo. Você não tem uma boa saúde, uma boa educação porque está tendo uma evasão fiscal enorme. É fruto de uma vista grossa que nós estamos fazendo. Não podemos ser coniventes com a sonegação porque achamos que pagamos muito imposto. O que essas plataformas estão fazendo é digitalizando a sonegação, elas tão digitalizando o sonegador, estão digitalizando o contrabandista e a pirataria.

Valor: Qual o efeito da guerra no leste europeu na cadeia de suprimentos e da queda do câmbio?

Trajano: Segundo nossas conversas com fornecedores há um cenário de melhora, e eu diria significativa. Há um aumento de juros nos Estados Unidos freando a demanda americana, que antes estava consumindo todos os produtos produzidos no mundo. E alguns fornecedores que tinham um mercado grande na Rússia viram isso cair muito. A Apple chegou a vender 5 milhões de iPhones na Rússia. Sinto que vamos ter uma normalização da cadeia suprimentos após o segundo trimestre. Estamos conseguindo mais quantidade com custos menores em função do dólar em queda. Então, estamos reduzindo estoque para a chegada de novo mais barato. A pressão hoje que há é no aço, na indústria de linha branca.

Valor: O Magalu vai expandir a atuação para outras categorias no marketplace? As aquisições de negócios devem se manter?

Trajano: Vamos focar na integração dos negócios, fizemos 20 aquisições recentemente e estamos mais focados em integrar isso agora. A KaBuM, por exemplo: temos uma perspectiva excepcional pra esse universo “gamer”, e a KaBuM vai entrar em outros segmentos também, e não só a venda de hardware. Nós vamos ter os nossos próprios jogos. Na categoria de mercado [alimentos], estamos trazendo parceiros novos para o marketplaces por meio da VipCommerce. Ela ajuda esses varejos a vender diretamente a seus clientes. Estamos em fase de teste com 10 lojas em Belo Horizonte, São Paulo e Campinas. Há 300 clientes da Vip em 280 cidades e a ideia é que eles entrem em nossa plataforma.

Valor: Então vocês não pretendem comprar uma operação de alimentos grande?

Trajano: A gente acredita que negócios com tíquete baixo, como alimentos, têm que ter entrega local, têm que ser feitos pelo varejo local. Claro que eu não digo que nunca vai ocorrer [uma aquisição maior no segmento alimentar]. Mas o que quero deixar claro é que há esse esforço da empresa em trazer o varejo local para dentro da empresa. Há milhões e milhões de negócios analógicos que não vendem on-line. Para mim, isso vai ser um dos grandes motores de crescimento. Nessa linha, estamos montando um projeto que chamamos de caravana digital.

Valor: O que é a caravana?

Trajano: Nós vamos rodar centenas de cidades a partir de maio e já começamos com o piloto em março. Já fizemos esse mapeamento, que ainda vamos divulgar. Será uma caravana com a presença de minha mãe, junto com nossa equipe e todo o ecossistema de negócios do Magalu. Vamos atrás de novos “sellers” que querem vender no Magalu, no KaBum, na Netshoes, e esse vendedor vai ser avaliado e credenciado e ter acesso a nosso ecossistema. Vamos passar dias nas cidades trabalhando nisso, dentro dessa ideia de digitalizar todas as cidades por onde a gente passa. Eu vou entrar nessa, também estarei nas visitas. Nós acreditamos que nosso forte é o nosso calor humano e ficamos dois anos falando no on-line, mas nós temos isso de gastar sola de sapato e de barriga no balcão.

Fonte : https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/03/31/ha-uma-mudanca-de-humor-favoravel-ao-brasil-diz-trajano.ghtml

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Ecossistema da experiência: a jornada se constrói de forma colaborativa

A participação de diferentes stakeholders na construção da experiência se torna cada vez mais importante; mas é preciso envolvê-los de forma estratégica.

Estamos na era da experiência. O mercado atual não pede que empresas vendam produtos ou serviços, mas sim conveniência, jornadas fluídas e atendimento próximo. Ter o objetivo de encantar o consumidor é uma alavanca competitiva de sucesso para as empresas, que ganham mais autoridade e, ao mesmo tempo, trazem o cliente para perto. Mas, para colocar isso em prática é preciso criar um ecossistema que esteja voltado para tal objetivo, em que todos os integrantes sejam construtores de experiências.

Steven Forcum, diretor e evangelista-chefe da Avaya, explica o cenário: “O consumidor compra um lugar de pertencimento, uma experiência. Assim, as empresas têm se inclinado para a entrega de experiências como parte de sua entrada no mercado. Imagine bens e serviços pelos quais não se cobra muito: o que acontece se a experiência é adicionada? As margens de preço aumentam. Por exemplo, nos EUA, você pode comprar um saco de grãos de café por centavos ou uma xícara de café por US$ 1 no posto de gasolina. Mas o Starbucks cobra US$ 4 em uma xícara e é ridiculamente bem-sucedido. A explicação para isso está na experiência que eles proporcionam. Então, a economia da experiência exige das empresas reimaginar como elas se envolvem com os clientes”.

Diante do atual contexto, no qual os pontos de contato existentes entre marcas e consumidores são cada vez mais variados, reimaginar esse envolvimento para criar uma jornada fluída e encantadora é extremamente complexo. E a solução não está somente no uso da tecnologia, afinal, o principal ponto da estratégia é a personalização. Como bem diz Forcum, “as empresas inteligentes não estão mais se preocupando em como encaixar o negócio em uma aplicação, mas sim em como a tecnologia precisa se encaixar nas necessidades do negócio”.

Assim surgem as plataformas de experiência, que ajudam a criar um verdadeiro ecossistema dentro das empresas. “O Avaya OneCloud, por exemplo, é uma plataforma que permite que as empresas engajem seus clientes e funcionários em um único conjunto de portas ou canais dentro do próprio ambiente. Voz, vídeo, mensagens de texto, mídias sociais. Quando a comunicação passa por uma dessas portas, utiliza-se inteligência artificial e outras APIs para compor soluções, independentemente de como a conversa vai começar ou terminar. O grande diferencial é promover a qualquer pessoa a capacidade de construir experiência, a partir do momento que ela tem acesso à infraestrutura que a permite fazer o trabalho para o cliente”, diz Steven Forcum.

O princípio revolucionário do Experience Builders

Se a experiência do cliente é influenciada em cada contato dos diferentes pontos da jornada, o resultado final depende de todos os integrantes da cadeia. A ideia do Experience Builders proposto pela Avaya é exatamente permitir que pessoas de todas as profissões ou estilos de vida construam experiência de forma consumível e ágil, através de uma plataforma que se adequa às necessidades existentes.

O Avaya Experience Builders é um ecossistema global de expertise de desenvolvedor que reúne recursos, conjuntos de habilidade e possibilidades tecnológicas em uma estrutura projetada para ajudar a criar soluções para todos os tipos de problemas. Forcum dá exemplo de um caso na prática.

“Meu filho é formado em ciência da computação e soube de uma pessoa que estava administrando um restaurante e tendo desafios com os pagers no balcão de recepção. Quando alguém pedia por uma mesa, a recepcionista anotava o nome e entregava um pager. Os pagers quebravam, não funcionavam muito longe do balcão ou não eram devolvidos. Então meu filho construiu um aplicativo que usa uma plataforma em nuvem para substituir os pagers. Agora, quando alguém vai ao balcão da recepcionista, ela pega o nome da pessoa, telefone e pergunta como ela gostaria de ser comunicada quando a mesa estiver livre, por voz ou por texto. O cliente ainda recebe um tempo médio de espera com base em um algoritmo”, conta o diretor.

Na visão de Steve, na situação relatada, não só o filho dele, como o administrador do restaurante e a equipe da linha de frente foram construtores de experiências. “Nem todos estão codificando, construindo um aplicativo, mas criaram uma equipe de fusão. E isso é o Experience Builders: ele surgiu da preocupação de que a economia está mudando e o sucesso do negócio realmente depende de ser capaz de entregar experiências aos clientes. E ficou claro que a empresa precisa de uma equipe com diferentes características para poder construir essas experiências”, diz Steven Forcum.

Cada vez mais não é sobre tecnologia, é sobre entender necessidades e envolver todas as partes que possam ajudar de alguma forma na construção da experiência. E, claro, ter as ferramentas certas para isso.

 

Fonte : https://www.consumidormoderno.com.br/2022/03/17/ecossistema-experiencia-colaborativa/?utm_campaign=news-cm-180322&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

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Olist unicórnio: startup de soluções de e-commerce vale mais de US$ 1 bilhão

A Olist, startup paranaense de soluções de e-commerce, levantou US$ 186 milhões (R$ 1 bilhão) em rodada liderada pela Wellington Management, mesmo fundo do Airbnb. Com isso, tornou-se mais um unicórnio — apelido dado a empresas que valem mais de US$ 1 bilhão — surgido no Brasil.

Também participaram da rodada a Softbank e a Goldman Sachs, além das brasileiras Corton Capital e Globo Ventures. Valor Capital e Redpoint Eventures já haviam participado de financiamentos anteriores. A startup cresceu bastante: deve fechar 2021 com um faturamento anual de cerca de R$ 250 milhões, contra os R$ 80 milhões do ano passado, além de ir, em seus cinco anos de atuação, de cinco pessoas na equipe para 500.

A Olist ajuda lojistas de todos os tamanhos, do micro ao grande, a venderem em marketplaces como Mercado Livre, Magazine Luiza e Amazon. A solução tem diversas ferramentas como controle de pedidos, estoque, pagamento, posicionamento em buscas e venda por redes sociais. Outros números de peso da empresa são seus 45 mil clientes lojistas e varejistas, presença em 180 países e mas de 7 milhões de vendas por meio da plataforma Olist Store.

Em outubro, adquiriu duas startups: a Tiny, especializada em gestão empresarial, e a Vnda, também uma plataforma de comércio eletrônico. O movimento ocorreu meses após a Olist obter em abril US$ 23 milhões (R$ 127 milhões nos valores atuais) em rodada de investimentos do tipo série D (para acelerar a empresa).

Também neste ano, adquiriu a PAX (logística) e Clickspace (soluções para social commerce). A Olist tem como próximo passo ganhar tração em outros países, como o México. “Com o novo aporte, pretendemos ir muito além do que fazemos hoje e entregar cada vez mais valor ao nosso cliente”, disse Tiago Dalvi, fundador e CEO da startup, em nota à imprensa.

Fonte : https://canaltech.com.br/startup/olist-unicornio-startup-de-solucoes-de-e-commerce-vale-mais-de-us-1-bilhao-204649/

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A importância das tecnologias e do Lifelong learning no atendimento ao consumidor

O setor de atendimento ao consumidor e o de customer experience vem sendo visto como os mais importantes dentro das empresas nos últimos tempos. De acordo com a consultoria de negócios PwC, o futuro das relações entre marcas e pessoas está focado exatamente nisso, sejam os clientes o consumidor final ou não. Por isso, hoje se fala em empresas completamente voltadas a oferecer uma boa experiência, com todos os colaboradores trabalhando focados nesse objetivo.

Para que isso aconteça, investir no Lifelong Learning dos colaboradores vem sendo a maneira encontrada de prepará-los cada vez mais para o atendimento ao consumidor e todas as tecnologias que envolvem esse setor atualmente.

O que é Lifelong learning nas empresas

O termo Lifelong Learning refere-se à Educação Continuada, ou seja, a promover a capacitação dos colaboradores, mantendo-os atualizados em processos, mudanças e, principalmente, novas tecnologias.

Segundo Juliana Ornellas, que trabalha como gerente de RH do Grupo PLL, é imprescindível que as empresas mantenham um percentual de investimento nos próprios colaboradores. “Afinal, são eles que constroem um grande negócio. A capacitação geralmente é feita para novos ingressantes, mas traz grandes melhorias também para quem já trabalha na empresa”, aponta. Para ela, aumento da produtividade e a motivação são alguns dos benefícios que podem ser notados quando uma empresa investe em ensinar novas habilidades para seus funcionários, pois isso os torna mais capazes e seguros de realizarem suas tarefas da melhor maneira.

Todo tipo de capacitação é bem-vinda quando o assunto é manter os colaboradores atualizados, mas investir na educação continuada tornou-se ainda mais importante com as tecnologias e inovações no mundo dos negócios. É isso que diz Lucas Camargo, CEO da Instabuy. “Nunca houve tanta globalização como agora e nunca houve também tanta digitalização como nos dias atuais”, afirma. Sua empresa, voltada a construção de e-commerce para supermercados e produtores orgânicos, utiliza a capacitação para aprimorar o trabalho de seus parceiros e alavancar seus negócios.

“Com a globalização, novos conceitos, processos e conhecimentos foram universalizados, ampliando o leque de estudos e aprendizagem disponíveis para todos. Paralelo a isso, acompanhamos um processo de digitalização de todas as áreas e isso está em constante evolução. Em meses tudo pode mudar e novas tecnologias necessitam ser aprendidas”, afirma Lucas Camargo.

De acordo com ele, as tecnologias estão presentes em praticamente todos os processos, inclusive no atendimento ao cliente. Por isso, entender como elas funcionam torna-se algo essencial para as empresas e negócios de todos os tamanhos, principalmente os que querem melhorar sua relação com o consumidor e aprimorar seu customer experience. “O endomarketing tem muito a colaborar nesse sentido, pois consegue entender as necessidades do público interno, ou seja, dos colaboradores, estimulando o crescimento profissional através dessa aprendizagem constante”, diz.

As tecnologias no atendimento e no Lifelong Learning

A chegada de novas tecnologias no mercado levou a mudanças tanto de âmbito interno das companhias quanto no externo. Hoje, são muitos os softwares e sistemas utilizados para tornar o atendimento ao cliente mais facilitado, organizado e seguro para todos os envolvidos. Dessa forma, a tecnologia não mudou apenas a maneira de trabalhar, mas também de atender.

Para Carolina Bazzi Morales, CMO da Faros Educacional, empresa especializada em educação corporativa, a importância da capacitação contínua se dá exatamente por isso: “o mundo dos negócios é cada vez mais orgânico, as empresas estão em frequente evolução. Hoje as principais frentes de Lifelong learning estão focadas em novas tecnologias e transformação digital, que é muito mais sobre processos e maneiras de trabalhar do que tecnologia em si”.

Assim, segundo ela, os profissionais precisam estar cada vez mais atualizados sobre processos de atendimento e experiência do cliente, que estão sempre em constante mudança pela maneira como as pessoas interagem com as tecnologias atualmente.

“O Lifelong Learning atende essa necessidade de estar alinhado com novas maneiras de fazer os processos dentro de uma empresa, seja ele de gestão de pessoas, de análise, de atendimento… E, claro, se uma empresa adquire uma nova tecnologia ou passa a oferecer algo novo, os profissionais precisam estar habilitados para isso”, afirma Carolina Bazzi Morales.

O lado bom é que a tecnologia não trouxe apenas a necessidade constante de aprimoração, mas também mostrou as maneiras mais adequadas de fazer isso. “De maneira geral, o aluno da educação corporativa não sente a necessidade de aprender algo novo pessoalmente falando. Ele enxerga aquilo como uma demanda da empresa, então nem sempre tem vontade de fazer, ele faz porque enxerga como uma obrigação do mercado de trabalho. Quando você consegue trazer pra dentro do ambiente uma mistura de abordagens baseados na ‘cultura Netflix’, em episódios, com gamificação, realidade virtual ou aumentada, aulas ao vivo, entre outros, você retém muito mais e evita a evasão”, indica a CMO da Faros Educacional.

O impacto no atendimento ao cliente

Tendo a transformação digital mudado inúmeros processos dentro e fora das empresas, é de se esperar que o atendimento ao cliente também passe por mudanças. De acordo com os profissionais, a maneira como as empresas se relacionam com seus clientes está cada vez mais ligada à tecnologia.

Dessa maneira o Lifelong Learning focado em atendimento ao cliente passa pelo aprendizado de novas tecnologias, mas não para por aí, já que falar sobre experiência do consumidor envolve diferentes pontos. Um deles, segundo Carolina Bazzi Morales, é a multicanalidade. Na visão da profissional, essa é uma das grandes demandas do mercado atual.

“O atendimento multicanal está em destaque atualmente. Fazemos projetos de educação corporativa exatamente para falar disso. Ensinamos a melhor maneira de atender o indivíduo como uma única pessoa independentemente da plataforma, como fazer uma gestão de banco de dados única, como fazer um histórico único de relacionamento desse consumidor com a marca, entre outros pontos que envolvem esse tipo de atendimento. Isso é imprescindível para que as pessoas da empresa saibam fazer isso e construir um atendimento ao cliente cada vez melhor”, aponta.

E os resultados não demoram a aparecer. A CMO explica que quando um treinamento é bem executado, nos meses seguintes já é possível notar mudanças. Um exemplo dado pela profissional é sobre bancos, que precisam bater metas de produtos e serviços e, para conseguir isso, usam a capacitação voltada ao atendimento ao cliente, para que consigam vender mais.

Para a profissional da Faros Educacional, a educação corporativa e o Lifelong Learning trazem benefícios não apenas para a empresa, seus resultados, mas também aos colaboradores, que conseguem desenvolver habilidades individuais que fortalecem a si mesmos e, consequentemente, o negócio no qual trabalham.

Fonte : https://www.consumidormoderno.com.br/2021/11/25/tecnologias-lifelong-learning/

A estratégia de crescimento da Amazon faz sentido?

Entenda o que faz a empresa ser um dos maiores players de diversos segmentos do mercado.

Varejo, streaming, games, saúde, tecnologia, mídia e até estúdio cinematográfico: a Amazon (AMZO34) está em todos esses negócios. Por isso, analisar sua estratégia não é fácil.

Além de ser dona do leitor de livros Kindle, do alto-falante sem fio Echo com comando de voz pela Alexa, e da central multimídia Fire TV, em 2021 a Amazon oficializou o lançamento de sua própria Smart TV e que estará integrada com a funcionalidade da Alexa, o que resultará em dura concorrência a gigantes do setor como Samsung, LG e Sony.

Além disso, ela concorre com empresas de tecnologia como IBM (IBMB34) e Microsoft (MSFT34) – e aqui um parêntese: o mercado financeiro sugeriu, por anos, que a Amazon estava errada ao investir na Amazon Web Service, a AWS, plataforma de nuvem que oferece mais de 200 serviços de tecnologia e centrais de processamento de dados.

No entanto, Jeff Bezzos não deu ouvidos. Ele percebeu que estava oferecendo melhores tecnologias para as lojas independentes da sua plataforma – sellers – que, no fim do dia, poderiam entregar uma melhor experiência ao cliente, criando também uma nova fonte de receita para a Amazon.

Atualmente, a AWS contribui com a maior parte dos lucros da Amazon. Só no primeiro semestre de 2021, representou uma fatia de mais de 50% dos rendimentos.

A Amazon ainda oferece uma plataforma de streaming concorrente da Netflix (NFLX34), HBO, Globoplay e canais televisivos na TV aberta e fechada. Também produz seus próprios filmes, premiados no Oscar e no Emy.

E não para por aí: em maio de 2021, a Amazon anunciou a compra do MGM, um dos mais prestigiados estúdios de Hollywood, por quase US$ 9 bilhões, tornando-se dona de um acervo com milhares de produções clássicas. Ela ainda poderá usar a estrutura do estúdio para diluir seus custos de produção dos conteúdos próprios da sua plataforma.

Vale destacar que seu competidor nessa área, a Netflix, apesar de ter reportado lucro, ainda tem queimado muito caixa por causa dos altos custos de produção de conteúdo próprio.

Em meio a tudo isso, a Amazon tem quebrado o conhecimento tradicional sobre estratégia, tem também desafiado as perspectivas de alguns analistas do mercado financeiro.

Desde quando abriu capital, em 1997, reportou prejuízo por oito anos e muitos investidores questionavam o seu modelo de negócios. No início de 2000, em meio à bolha da internet, sua ação despencou e ela quase quebrou. Mesmo assim, nesse período, Jeff Bezos praticamente dobrou o número de clientes e lançou o marketplace, a plataforma da Amazon para outros sellers venderem seus produtos.

Essa estratégia permitiu otimizar custos de estoque e ter novas fontes de receita de comissões que, aliadas com o AWS em 2006, ajudaram a empresa a aumentar suas margens. Em 2021, a Amazon teve lucro líquido de US$ 7,8 bilhões, isso só no segundo trimestre. Em seguida, no terceiro trimestre do ano, ela apresentou lucro de US$ 3,2 bilhões, fluxo de caixa livre positivo e aumento de vendas.

Princípios tradicionais de estratégia apontam que a vantagem competitiva pode ser obtida ao focar naquilo que a empresa sabe fazer bem, replicando seu negócio para crescer em novos mercados e produtos relacionados. No entanto, o exemplo da Amazon mostra uma outra lógica e a sinergia de todas essas estratégias é uma só: o cliente.

A Amazon vendia livros online e o cliente precisava de um dispositivo para ler, então, fez o Kindle. Depois, o cliente passou a assistir aos conteúdos que ela também faz em seus estúdios ou oferece no Amazon Music. Então, criou a Alexa, o Fire TV e sua própria Smart TV.

Na parte logística, como precisa entregar os produtos o mais rápido possível ao cliente, fundou a Amazon Air em 2016 e já tem uma frota de aviões para agilizar as remessas, reduzindo a dependência de transportadoras terceirizadas. Já os sellers precisam de tecnologia para vender online e melhorar a experiência do cliente, por isso, criou a AWS.

Tudo está conectado e, aos poucos, a Amazon vai dominando todas as atividades da chamada cadeia de valor dos clientes, um princípio moderno de estratégia.

Ela entrou até mesmo no setor da saúde, quando comprou, em 2018, a Pillpack, farmácia online que entrega medicamentos em domicílio nos Estados Unidos. Como quem precisa de medicamento também precisa de consulta, passou a oferecer telemedicina pelo Amazon Care.

A empresa comercializa ainda kits de testes que são enviados às casas das pessoas. Para atuar em mais uma frente, a Amazon tem trabalhado junto com médicos e hospitais para que sua tecnologia e dispositivos de assistente de voz sejam também assistentes dos médicos, ouvindo o paciente na consulta para gerar registros e ajudar a oferecer opções de tratamentos.

A cada inovação como essa, ela conhece mais sobre o comportamento do consumidor. Isso levará a Amazon a estar passos à frente dos seus concorrentes para atualizar a experiência do cliente para o futuro e, quem sabe, destravar ainda mais seu valor de mercado.

Por isso, é preciso estar de olho na estratégia das empresas que estão investindo para analisar quem está preparado para coexistir, ou competir, com a Amazon.

*Leandro Guissoni é Ph.D., professor de estratégia no Brasil e Estados Unidos, empresário, palestrante e autor de livros, artigos e casos de empresas por Harvard. Assessora grandes empresas em inovação digital e analytics. 

Fonte : Invest News

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