Fim do frete grátis? Aumento dos custos logísticos colocam em risco benefícios aos consumidores

A política dos e-commerces de oferecer fretes grátis para compras acima de determinados valores pode estar com os dias contados graças ao custo das operações logísticas, que não param de aumentar.

De acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o custo médio do transporte marítimo de um contêiner permaneceu próximo a US$ 10 mil nos últimos meses. O valor é sete vezes maior do que o registrado antes da pandemia.

Os preços chegaram a US$ 13 mil no final do ano passado e deram uma aliviada nos primeiros meses de 2022, especialmente o custo médio de importação com origem na Ásia para o Brasil. A queda indica uma acomodação entre a demanda e a oferta de capacidade de transporte na rota.

O problema é que a China voltou a aplicar medidas restritivas para controlar o avanço do coronavírus. Os efeitos do lockdown em portos chineses, especialmente o de Xangai, e a piora nas condições do mercado de navegação global reverteram esse movimento de queda nos custos.

E não é apenas a rota Brasil-China que está mais cara. O custo de transporte de um contêiner de 40 pés do Brasil para portos dos Estados Unidos, por exemplo, está próximo a US $10 mil – valor oito vezes superior ao de antes da pandemia.

Além disso, as empresas viram o preço do óleo diesel disparar e, por consequência, encarecer o frete.

Dados da plataforma de transporte de cargas Fretebras mostram que o custo do transporte por eixo do quilômetro rodado subiu 3,79% entre maio deste ano e maio de 2021. Essa variação nem considera o reajuste de preços anunciado pela Petrobras (PETR3; PETR4) em junho, quando o litro do diesel avançou 14,26% nas refinarias da estatal.

Por mais que a tendência, a médio prazo, seja de uma estabilização dos preços, alguns varejistas já estão limitando o benefício. No mês passado, a Shoppe eliminou a opção de frete grátis sem valor mínimo – o consumidor agora precisa consumir, no mínimo, R$ 29. Outra que está seguindo na mesma linha é o Mercado Livre (MELI34). A varejista aumentou o valor mínimo necessário para o frete grátis de R$ 79 para R$ 199.

Fonte : https://www.moneytimes.com.br/fim-do-frete-gratis-aumento-dos-custos-logisticos-colocam-em-risco-beneficios-aos-consumidores/

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Mercado Livre (MELI34) faz ‘corte’ no frete grátis em meio a alta de custo

Em meio a um cenário de inflação de dois dígitos, ciclo altista de juros e projeções de recessão econômica, varejistas como o Mercado Livre (MELI34) estão ‘colocando o pé no freio’ nas despesas operacionais.

Recentemente a varejista optou por aumentar o ‘preço piso’ do frete grátis. Antes, toda compra de itens de supermercado acima de R$ 79 não vinha com cobrança de frete. Agora, o frete grátis do Mercado Livre só fica disponível para compras de supermercado acima de R$ 199.

“O que acontece é que, quando você entra na página de detalhe do produto, nós calculamos suas possibilidades de envio. Nesse momento, analisamos o endereço que você tem salvo em Meus dados e, se a distância do seu vendedor for muito grande e/ou o produto for muito pesado, em vez de frete grátis, você tem descontos tanto no frete normal como no expresso”, consta no site do Mercado Livre.

O movimento vem pouco tempo após a companhia comunicar que expandirá a entrega no mesmo dia para 100 cidades. Esse modelo de frete havia sido adotado somente em poucas capitais por alguns players, a fim de ganhar competitividade com uma entrega dinâmica.

Por conta de ter mais centros de distribuição (CDs) do que os concorrentes e visar mais serviços de logística – como entregas de avião, fruto de uma parceria com a Gol (GOLL4) – o Mercado Livre firmou essa meta ambiciosa, mesmo em meio a um ano dificultoso para o segmento de varejo.

No comunicado, do mês passado, a empresa cita que 2 mil cidades que já estão aptas a receber as compras em até um dia.

“Nossa missão de democratizar o comércio eletrônico passa diretamente pela logística e por oferecer uma entrega mais rápida em todo o Brasil. No primeiro trimestre de 2022, cerca de 54% das entregas da modalidade Full foram realizadas no mesmo dia”.

Para Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset, o mais importante a ser analisado nesse aspecto é o fator macroeconômico que atinge as varejistas e o segmento de e-commerce. Para o gestor, a precificação atual é fruto, em grande parte, da questão macro atual, com juros mais altos e mudanças nos hábitos de consumo.

“Essas empresas de e-commerce cresceram muito suas receitas há pouco, e muita gente entendeu esse crescimento como algo duradouro, já se tinha uma projeção desse crescimento. Antecipamos um crescimento na pandemia, em pouco tempo, e por conta disso muita gente achou que esse comportamento iria seguir, mas o que vimos foi algo totalmente diferente,; até temos uma certa ‘volta’ para o varejo tradicional”, afirma.

“Além disso você tem maior dificuldade de acesso a capital. As empresas que estão no ‘ciclo do negócio’ e dependem de caixa, de acesso a dinheiro para financiar um crescimento de receita, precisam fazer cortes no momento atual. Qualquer coisa que reduza custos, para poupar mais o caixa. Mas, isso tudo acontece em função da conjuntura macroeconômica”, segue.

Para o especialista, empresas como a Amazon (AMZO34) – que são diversificadas e não dependem somente do varejo – acabam sendo mais resilientes no cenário atual.

“Mesmo que em um determinado segmento como o varejo , ela sofra, a empresa terá outra fonte de recursos e acaba saindo beneficiada em uma situação como essa que vemos atualmente”, segue.

Com custos em elevação, Magalu e Via também fazem cortes
Com os custos operacionais em alta, o Mercado Livre acabou decidindo elevar o preço mínimo do frete grátis.

Contudo, a decisão pela redução de custos operacionais está sendo feita por boa parte das empresas do segmento e tem sido mais ‘intensa’ com players nacionais, como Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3).

A Via, por exemplo, está fazendo uma mudança no seu método de pagamento aos lojistas. Desde segunda (8), a empresa deixou de antecipar o pagamento, a fim de usar menos o seu fluxo de caixa

Junto com esse ‘corte’ da antecipação, a Via pagará com maior velocidade os lojistas que usam seus serviços de logística (fulfillment).

Vale lembrar que além do cenário altamente competitivo, com cada vez mais empresas disputando pelo mesmo consumidor, há uma retração nas vendas que também penaliza as empresas.

Os dados mostram um avanço de vendas no varejo de um modo geral, mas uma retração no segmento de e-commerce. Na última leitura do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), de maio, foram 6,9% de alta nas vendas, descontada a inflação. Em termos nominais, a alta foi de 23,9%.

Contudo, dados da MCC/Neotrust mostram uma queda de 6,4% em abril e 1% em maio nas vendas do e-commerce, meio que representa uma parte relevante do faturamento das varejistas, especialmente as que apostaram mais na digitalização. O Magazine Luiza, por exemplo, já somou mais de 60% do seu faturamento com vendas digitais.

Desempenho das ações do Mercado Livre
Com o cenário atual, as ações do Mercado Livre caem 46% na Nasdaq desde o início do ano, ante 53% de baixa na janela de 12 meses. A cotação atual é de US$ 708.

Já os BDRs do Mercado Livre caem 50% no acumulado de 2022 e 52% nos últimos 12 meses, acompanhando o pessimismo com o varejo e o cenário global.

Fonte : https://www.suno.com.br/noticias/mercado-livre-meli34-frete-gratis-corte/