Como os pagamentos digitais e o e-commerce estão ganhando força na América Latina – Estudo Ebanx

Impulsionada por uma crescente população digital, a crescente penetração de smartphones e as fintechs locais, a América Latina é a grande oportunidade para os e-commerces locais e globais que querem explorar um mercado onde o e-commerce deve crescer 30% a cada ano até 2025.

Enquanto isso, a expansão das soluções de pagamento digital e o surgimento de novas formas alternativas de pagamento, localizadas ou não, realmente transformaram a relação dos latino-americanos com os pagamentos, dando-lhes as coisas mais importantes: acesso e inclusão.

Clique abaixo e veja o estudo anual do EBANX, fintech de pagamentos brasileira com atuação global:

BEYOND BORDERS 2021/2022

https://business.ebanx.com/en/resources/beyond-borders-2021-2022

Fonte : https://labsnews.com/pt-br/colecao/beyond-borders-2021/

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Previsões e Tendências para o futuro dos pagamentos digitais

Pesquisa aponta que crescimento dos pagamentos digitais será superior a 80% até 2025, com expectativa de triplicar até o fim desta década.

Pesquisa divulgada pela consultoria PwC aponta que o volume de pagamentos digitais deve aumentar mais de 80% até 2025, com as transações passando de cerca de US$ 1 trilhão para quase US$ 1,9 trilhão por ano. Até 2030, o total deve quase triplicar.

De acordo com a pesquisa, a região Ásia-Pacífico terá o crescimento mais rápido, com o volume de transações sem dinheiro em espécie aumentando 109% até 2025 e 76% até 2030.

Em seguida, estão a África (com 78% e 64%, respectivamente) e a Europa (64% e 39%). A América Latina vem depois (52% e 48%), e os EUA e o Canadá terão o crescimento mais lento (43% e 35%)

Em resumo, até 2030 o número de transações per capita sem dinheiro em espécie será aproximadamente o dobro ou o triplo do nível atual em todas as regiões pesquisadas.

6 macrotendências que afetam o futuro dos pagamentos

Além de projetar esse forte crescimento, a PwC também apontou 6 tendências que devem afetar o futuro dos pagamentos globalmente e que são influenciadas por uma combinação de aspectos como preferências do consumidor, tecnologia, regulamentação e M&A.

 1. Inclusão e confiança

  • Estratégias e oportunidades em duas frentes impulsionarão a inclusão de consumidores e varejistas (especialmente na África, América Latina e Ásia).
  • O foco em soluções de código QR nacionais e de carteiras e dinheiro móvel garantirá o amplo acesso e o baixo custo.
  • Os bancos centrais manterão sua função de assegurar a privacidade, a estabilidade e a confiança em novos provedores e métodos de pagamento, bem como no sistema financeiro.

2. Moedas digitais

  • 60% dos bancos centrais estão avaliando o uso das moedas digitais e 14% estão realizando testes-pilotos.
  • A preocupação dos bancos centrais é que a descentralização das finanças e as criptomoedas privadas possam minar a condução da política monetária.
  • A conversão e o armazenamento de criptomoedas fiat (ou fiduciárias) são oportunidades que estão surgindo.

3. Carteiras digitais

  • O uso de pagamentos móveis continuará crescendo de modo constante (o CAGR entre 2019 e 2024 é estimado em 23%).
  • A proliferação de super aplicativos, serviços de open banking e códigos QR impulsionará a adesão à carteira digital.
  • Por conveniência, os usuários e o uso serão direcionados para as carteiras digitais como primeiro ponto de contato – deixando de lado as interfaces tradicionais de cartões e bancos.

 4. A batalha dos trilhos de pagamento

  • A iniciação do pagamento está migrando de cartões e contas para carteiras digitais que têm suporte no open banking.
  • Os reguladores obrigarão a indústria a fortalecer a infraestrutura nacional de pagamentos.
  • Os consumidores em mercados emergentes estão migrando diretamente para carteiras móveis e pagamentos baseados em contas, sem passar pela “era do cartão”.
  • Tanto as redes de cartões tradicionais quanto as soluções nacionais de carteiras enfrentarão o desafio de conectar os pagamentos em sistema open loop com os pagamentos internacionais para manter sua relevância.

 5. Pagamentos transnacionais

  • Pagamentos instantâneos e de baixo custo estão provocando a reinvenção dos pagamentos transnacionais.
  • A padronização global dos pagamentos permitirá a conectividade internacional de soluções instantâneas nacionais.
  • Surgirão soluções regionais (especialmente na Ásia) e soluções não bancárias globais baseadas em criptomoedas e carteiras digitais.

 6. Crime financeiro

  • Com a adoção cada vez maior do open banking e dos pagamentos instantâneos e alternativos por consumidores e empresas, crescem as organizações de “fraude como serviço”.
  • Em nossa pesquisa, os riscos de segurança, conformidade e privacidade de dados foram as maiores preocupações de bancos e fintechs.
  • Com a sofisticação do crime financeiro, os provedores terão que proteger todo o seu ecossistema.

Implicações para as empresas de pagamentos

Por fim, o estudo aponta que compreender essas tendências e as mudanças que estão ocorrendo na forma como os pagamentos são cruciais para bancos, empresas que trabalham com meios de pagamento, fintechs e outros players.

Para a PwC, os bancos precisam trabalhar com os clientes corporativos para ajudá-los a integrar os pagamentos diretamente com seus serviços, o que os ajudará a lidar com um mundo no qual as carteiras e os super aplicativos digitais multifuncionais se proliferam.

Já as processadoras de cartões precisam avaliar mudanças que as posicionem de forma mais eficaz para a iniciação de pagamentos, como fazendo parcerias com fornecedores de carteiras digitais, o que pode garantir sua no ambiente de serviços para varejistas.

As processadoras também precisam fazer a ponte entre os mundos de pagamentos baseados em cartões e em contas, além de adotar tecnologias de nuvem e IA para evitar serem ultrapassadas por uma nova geração de soluções baseadas em nuvem.

Os provedores de serviços de pagamento devem atuar no sentido de garantir estruturas globais transparentes e criar confiança e visibilidade em relação à aceitação do cliente, a capacidade de suportar o risco de crédito e estruturas de supervisão globais eficientes. Além disso, precisam dominar totalmente o mundo dos dados para vencer essa corrida e alcançar escala global.

Por fim, os bancos centrais e supervisores precisarão melhorar seus conhecimentos para realizar uma supervisão eficaz desses novos players globais que não são bancos.

A PwC faz as seguintes estimativas em relação ao volume de receitas transacionais em bilhões de dólares.

Bancos:

2020 – US$ 342 bilhões

2025 – US$ 447 bilhões

2030 – US$ 561 bilhões

Métodos de pagamentos alternativos: 

2020 – US$ 78 bilhões

2025 – US$ 188 bilhões

2030 – US$ 313 bilhões

Prestadores de serviços comerciais: 

2020 – US$ 141 bilhões

2025 – US$ 167 bilhões

2030 – US$ 212 bilhões

Redes de cartões: 

2020 – US$ 71 bilhões

2025 – US$ 98 bilhões

2030 – US$ 125 bilhões

Processadores terceirizados: 

2020 – US$ 42 bilhões

2025 – US$ 57 bilhões

2030 – US$ 84 bilhões

Terminais: 

2020 – US$ 17 bilhões

2025 – US$ 22 bilhões

2030 – US$ 26 bilhões

Embora os bancos continuem a ter um crescimento projetado significativo, suficiente para mantê-los no topo do tipo de companhia que trabalha com pagamentos digitais, o crescimento dos métodos de pagamento alternativos deve mais do que quadruplicar, enquanto o dos bancos não deve nem dobrar no período, mostrando uma tendência a ocorrer uma inversão na dominância do mercado caso o ritmo se mantenha ao final da década de 2030.

Tendências do Brasil

Por fim, o estudo aponta algumas tendências específicas relacionadas à realidade brasileira.

Inclusão e confiança. O Brasil está na vanguarda da inclusão financeira, graças à liderança do Banco Central em iniciativas que promovem novas tecnologias de pagamento, interoperabilidade, redução de custos e concorrência aberta. Os pagamentos com QR code estão ajudando a alavancar as infraestruturas de pagamentos instantâneos, fornecendo acesso fácil e barato a pagamentos digitais, seja por meio de um dispositivo tradicional de POS (sigla em inglês para ponto de venda –  PDV) ou de um dispositivo móvel para comerciantes e consumidores.

Supremacia dos pagamentos instantâneos. O Pix, modelo de pagamento instantâneo estabelecido pelo BC, é um sucesso absoluto. Além disso, surgiram métodos de pagamentos quase instantâneos que usam os trilhos das redes de cartões e são operados por players digitais. Na prática, espera-se que os novos modelos impactem os meios de pagamentos tradicionais com DOC/TED, boleto bancário, cheque e até mesmo com cartões nos próximos cinco anos. Considerando essas infraestruturas e a existência de novos provedores totalmente baseados em nuvem, os bancos já estão reavaliando seus modelos e soluções financeiras.

Novos marcos regulatórios. Modelos simplificados de licenças bancárias, como as Sociedades de Crédito Direto (SCDs) e Instituições de Pagamentos (IPs), trouxeram uma nova competição ao mercado. O Brasil observou a importante expansão das fintechs e, mais recentemente, uma elevada incursão de indústrias tradicionais, como varejistas e telecoms, na criação de empresas de serviços financeiros. Esse ambiente competitivo deve se tornar ainda mais disputado com a conclusão e o amadurecimento do Open Banking brasileiro, que é bastante abrangente, sobretudo quando comparado com outros modelos internacionais.

Carteiras digitais. Vários players estão disputando participação nos pagamentos dos consumidores. Os bancos estatais lançaram carteiras digitais para pagar à população subsídios sociais e relacionados à pandemia de covid-19, além de promover descontos para seus clientes. Isso está ajudando a ampliar a adoção dos pagamentos digitais, especialmente entre pessoas sem experiência com bancos. Marketplaces como o Mercado Livre, com o serviço “Mercado Pago”, e players digitais como o PicPay estão lançando seus próprios ecossistemas, nos quais comerciantes e indivíduos podem fazer negócios e suprir necessidades financeiras pessoais.

Fonte : https://www.whow.com.br/transformacao-digital/previsoes-e-tendencias-para-o-futuro-dos-pagamentos-digitais/

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Do fracasso do Facebook ao ano do superapps no ocidente: as previsões de Scott Galloway

Escritor, empreendedor, professor da universidade de Nova York, guru do vale do silício, Scott Galloway divulga suas já famosas previsões em tecnologia e negócios para 2022, confira suas principais apostas.

Todos os anos, nessa época, o americano reforça essa fama ao divulgar a sua já famosa lista de previsões para o mundo dos negócios nos 12 meses seguintes. Dono de um estilo irreverente, ele não hesita em disparar seus palpites, por mais arriscados que, a princípio, eles possam parecer. Em 2021, o saldo foi positivo. Com muitos acertos e alguns pitacos parcialmente concretizados, seu único erro, de fato, foi a previsão de que a Apple compraria a Paloton, empresa que combina bikes e esteiras ergométricas tecnológicas com aulas de fitness transmitidas ao vivo via streaming. Em compensação, ele previu, por exemplo, que a cotação do Bitcoin superaria a marca de US$50 mil no decorrer do ano, o que se realizou em fevereiro. Dois meses antes, quando Galloway fez sua “profecia”, a criptomoeda valia cerca de US$27 mil. Foi também em fevereiro que outra das suas previsões tornou-se realidade. A ação do Twitter ultrapassou o patamar de US$60 e chegou a US$77, seu pico no ano. Como ele também havia cravado, em novembro, Jack Dorsey, cofundador da empresa, deixou o posto de CEO da operação.
Na noite de terça-feira, 4 de janeiro, Galloway prometeu uma transmissão online e voltou a colocar sua bola de cristal -e sua língua afiada- para trabalhar, ao fazer uma série de prognósticos para 2022. E o Neofeed selecionou as principais previsões feitas pelo guru. Confira:

1- O metaverso de Mark Zuckerberg será o grande fracasso tecnológico em 2022

Em outubro de 2021 o Facebook passou a se chamar Meta, dentro do plano da empresa de ir além da rede social pela qual ficou conhecida e fincar os pés em um novo campo: o metaverso, que mescla realidade aumentada e virtual para estabelecer uma interação digital e imersiva entre as pessoas.
“O metaverso é a próxima fronteira para conectar pessoas, assim como as redes sociais eram quando começamos. E ele afetará todos os produtos que construímos”, destacou Mark Zuckerberg, fundador e CEO da companhia, na época.
Na avaliação de Galloway, porém, a guinada da empresa será maior fracasso tecnológico de 2022. “A noção de que passaremos mais tempo online sacrificando nossas atividades offline é assustadora. Mas qual é a boa notícia? Não vai funcionar. Simplesmente não faz sentido”, afirmou.
Ele ressaltou que a habilidade demonstrada pelo Facebook em aquisições não se repete em boa parte de seus projetos internos. E citou como exemplo o desenvolvimento do seu óculos de realidade virtual, fruto da compra da Oculos, em 2014, e sua grande aposta para ganhar escala no metaverso.
” O Oculos é o calcanhar de Aquiles aqui”, disse. “E a razão é que ninguém quer usar esta coisa e pouquíssimas pessoas estão comprando. Eles venderam 3,5 milhões de unidades em 2020. Só para dar uma ideia de escala, foram 70 milhões de pares de Crocs vendidos no mesmo período.
Em contrapartida, Galloway entende que a Apple é a empresa mais bem posicionada para construir o verdadeiro metaverso. “Eles têm dispositivos onipresentes, a confiança dos usuários, mais capital do que qualquer outra empresa no mundo e já provaram serem incrivelmente hábeis com tecnologia”.

2-O ano dos superapps, com o Twitter e o Pinterest novamente no radar de aquisições

Para Galloway, o conceito de superapp ganhará, definitivamente, escala além da China e essa será a palavra de ordem 2022. Ele entende que haverá uma corrida para consolidar uma operação desse porte no mundo ocidental e isso recolocará dois ativos, em particular, como alvo de aquisições.
“Um componente-chave de um superapp é algum tipo de mídia social isso faz com que o Twitter e o Pinterest sejam bem atrativos para uma aquisição”, afirmou. Ele destacou que o Pinterest está valorizado, mas que o preço de suas ações está recuando, o que já aconteceu com Twitter.
Galloway enxerga boas chances de uma nova proposta da Salesforce para comprar o Twitter, repetindo o movimento feito há pouco mais de 5 anos. Um atalho para um eventual acordo seria o fato de que, agora, as duas companhias compartilham um executivo: Bret Taylor.
Em novembro do ano passado, Taylor foi nomeado presidente do Conselho de Administração do Twitter. Poucos dias depois, o executivo, que atuava como diretor de operações da Salesforce, foi apontado como coCEO da companhia.
“O Twitter ficou muito mais barato porque as suas ações não chegaram a lugar nenhum”, disse Galloway, sobre o desempenho das ações da companhia desde a primeira investida da Salesforce.  “Agora, a empresa está 60% abaixo do que estava quando eles pensaram em comprá-la”.

Avaliado em US$ 20 bilhões, o Pinterest, por sua vez, esteve no centro de uma oferta de US$ 45 milhões do PayPal, em outubro de 2021. E já tinha atraído o interesse da Microsoft, entre o fim de 2020 e o início do ano passado.
“O PayPal teve a ideia certa indo atrás do Pinterest e acho que ainda pode acontecer um acordo”, disse Galloway. “Veremos muitas aquisições de empresas de mídia e de conteúdo, por conta do seu engajamento por fintechs, que podem rentabilizar melhor esses ativos”.

3- O choque de realidade para fabricantes de carros elétricos

Sob a direção do bilionário Elon Musk, a Tesla se firmou em 2021, no posto de montadora mais valiosa do mundo e hoje está avaliada em US$ 1,15 bilhão. Também no decorrer do ano passado, outros nomes, como Lucid Motors e Rivian, pegaram carona no rali dos carros elétricos.
Depois de estrear na Nasdaq em julho, por meio de uma fusão com a SPAC Churchill Capital, a Lucid está avaliada em US$ 64,8 milhões. Já a Rivian, que abriu capital em novembro, vale US$ 89,5 bilhões. Com um detalhe: seus primeiros veículos devem começar a serem entregues apenas neste ano.
Entretanto, de acordo com a bola de cristal de Galloway, o setor não terá pista livre em 2022. “Penso que o mercado de carros elétricos será cortado pela metade”, afirmou ele. “Há uma grande chance de a Tesla cair 80%. Ainda assim, a empresa valerá mais do que a Ford e a General Motors.” Na visão de Galloway, a razão por trás desse recurso está no fato de que o mercado irá frear as eventuais super valorizações dos ativos e passar a priorizar os aspectos técnicos e os fundamentos por trás dessas operações.

4- Na corrida bilionária do turismo espacial, a Virgin Galactic pode ficar pelo caminho

O ano de 2021 também foi marcado por uma corrida bilionária pela conquista do espaço, capitaneada pelas aeronaves das empresas comandadas por um trio de endinheirados:  Elon Musk, com a SpaceX, Jeff Bezos, com a Blue Origin, e Richard Branson, com a Virgin Galactic.
Galloway vai na contramão do entusiasmo em torno do turismo espacial. “É desanimador. Acho isso niilista e simplesmente deprimente”, afirmou. E suas previsões pessimistas recaem, em particular, sobre uma dessas empresas.
“A Virgin Galactic pode ir à falência ou ser vendida por sua propriedade intelectual”, ressaltou. “Não creio que existam tantas pessoas dispostas a pagar US$ 400 mil para subir 60 milhas e flutuar por 8 minutos. E sua capacidade é limitada. Eles terão 1,6 mil assentos em 2025.”
Ao mesmo tempo, embora não tem errado em detalhes, Galloway disse que a SpaceX irá valer mais do que a Tesla em 2025. Ele se mostrou mais animado, porém, com outro projeto de Musk: a The Boring Company, empresa de túneis subterrâneos para serem usados em transportes de alta velocidade.

Fonte : https://neofeed.com.br/blog/home/do-fracasso-do-facebook-ao-ano-dos-superapps-no-ocidente-as-previsoes-de-scott-galloway/

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Perto de faturar US$ 1 bilhão, Mercado Pago Brasil já responde por 21% do Mercado Livre

Pela primeira vez, o Mercado Pago revelou, com exclusividade ao NeoFeed, os dados da sua operação local, que apurou uma receita de US$ 837 milhões em 2020. Para seguir nessa toada, a fintech está lançando a opção de portabilidade de salário e planeja mais produtos em investimentos, crédito e seguros.

Criado em 2004 como o braço financeiro do Mercado Livre, o Mercado Pago ultrapassou, com o tempo, as fronteiras dos cliques, sellers e carrinhos de compra do grupo, dono da maior plataforma de comércio eletrônico da América Latina e de um valor de mercado de US$ 80,8 bilhões.

Ao ganhar vida própria, a divisão, volta e meia, é apontada como a joia da coroa da companhia. E um componente, em particular, salta aos olhos nessa equação: a operação brasileira da fintech. É o que mostram dados do Mercado Pago, revelados pela primeira vez, com exclusividade, ao NeoFeed.

Com uma cifra de US$ 837 milhões, o Mercado Pago Brasil respondeu por 21,1% da receita líquida de US$ 3,9 bilhões do Mercado Livre em 2020. Ou seja, as operações locais da fintech já representam um quinto da receita total do grupo, considerando todas as unidades de negócio e países na América Latina.

No contexto do Mercado Pago, que apurou uma receita de US$ 1,41 bilhão no período, a fatia do Brasil foi de 59,1%. Já a participação da divisão na receita total do grupo foi de 35,5%. Levando-se em conta a operação em toda a América Latina, a fintech registrou um volume transacionado (TPV) de US$ 49,7 bilhões em 2020.

O peso do Mercado Pago Brasil se estende aos negócios do Mercado Livre no País. A fintech representou 38,1% da receita líquida total de US$ 2,1 bilhões da subsidiária brasileira no ano passado.

“Nós sempre enxergamos no Mercado Pago um potencial muito maior do que o próprio marketplace”, diz Tulio Oliveira, vice-presidente e country manager do Mercado Pago no Brasil, ao NeoFeed. “E já não somos mais relevantes apenas no contexto do grupo, mas no mercado como um todo. ”

Outros números dão um termômetro do negócio no País. Em sua oferta mais conhecida, de pagamentos, são 10 milhões vendedores ativos, com 60% do volume processado fora do Mercado Livre. Já em pessoas físicas, são mais de 20 milhões de usuários ativos da conta digital Mercado Pago.

“Muitos players vêm focando um ou outro lado dessa cadeia e nós já temos esses dois elos muito bem desenvolvidos, e um marketplace para integrar esses mundos”, diz Oliveira. “Estamos nos inserindo cada vez mais no dia a dia das pessoas e temos um roadmap enorme de produtos no radar. ”

A próxima peça desse quebra-cabeças no País acaba de sair do forno. Trata-se da oferta de portabilidade de salário para a conta digital do Mercado Pago. O serviço começou a ser testado nos últimos meses, primeiro, com uma base restrita de funcionários.

“Vamos abrir isso gradativamente, mas já temos mais de 1 milhão de clientes da nossa base com a possibilidade de usar esse recurso”, conta Oliveira. “E, em pouco tempo, estaremos em mar aberto. ”

Para atrair os usuários, a fintech criou um pacote com benefícios como anuidade grátis no cartão de crédito e acesso imediato ao nível mais alto do Mercado Pontos, programa de fidelidade do Mercado Livre com descontos em fretes, compras e na contratação de serviços como Disney+ e Deezer.

“A portabilidade é mais uma forma de impulsionar o cash in recorrente na conta, o que é um desafio para todas as fintechs e bancos digitais”, diz Fabricio Winter, sócio da consultoria Boanerges & Cia. Ele entende que a iniciativa abre caminho para outros produtos.

Em 2020, a fintech representou 38,1% da receita líquida total de US$ 2,1 bilhões do Mercado Livre no Brasil

“Vai ser possível acompanhar e conhecer melhor o comportamento desse usuário e o quanto ele compromete da sua renda”, afirma. “E, em cima disso, ter dados mais apurados para aprimorar a oferta de crédito. ”

O Mercado Pago encerrou 2020 com uma carteira de crédito de R$ 1,3 bilhão. Para pessoas físicas, há opções como o parcelamento de contas, a partir de R$ 15. Já para os vendedores, alternativas como empréstimos de R$ 100 a R$ 500 mil, que podem ser parcelados em até 24 vezes.

A fintech não descarta novidades nesse portfólio. “Quando falamos de portabilidade de salário, a possibilidade do crédito consignado, por exemplo, começa a ficar muito mais próxima”, diz Oliveira.

Há outras soluções na fila de espera para ampliar o engajamento na plataforma. Em investimentos, estão em análise segmentos como previdência e produtos de renda fixa. Hoje, o usuário pode optar por uma conta com o saldo remunerado com 100% do CDI.

Outra área é a de seguros, na qual o Mercado Pago tem dois produtos: a garantia estendida nas compras de algumas categorias no Mercado Livre e o seguro contra roubos e danos de celulares. Seguros residenciais, automotivos e de vida são algumas das ofertas em avaliação.

Novos limites

A conta digital não é a única prioridade. Depois de ganhar escala em pagamentos com pequenos vendedores do Mercado Livre e de adicionar grandes marcas a esse cardápio, a fintech está mirando outro perfil de cliente.

“Existe um universo enorme de pagamentos, onde outros rivais jogam e não temos muita presença”, diz Oliveira. “Queremos atender o vendedor que já tem um ponto físico, uma pequena equipe e um faturamento mensal entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. ”

Um dos apelos para esse público é o acesso à plataforma do Mercado Livre. O Mercado Pago também criou ofertas como uma linha de crédito com parcelas variáveis, que são amortizadas de acordo com o volume mensal de vendas desse varejista, que tem um faturamento mais instável.

A integração entre os mundos off-line e digital também está no centro da ampliação da rede de aceitação de pagamentos via QR Code. Hoje, são mais de 5 mil estabelecimentos cadastrados no País, com nomes como McDonald’s, Outback, Extrafarma e Petz.

O Mercado Pago está estimulando ainda a aceitação do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, em pontos físicos. Depois de inaugurar essa estratégia, em janeiro, com o Burger King e a C&A, a fintech revelou ao NeoFeed a entrada de redes como Graal, Crocs e Fran’s Café nesse pacote.

Nas contas digitais, o sistema já responde por mais de 80% das transferências realizadas. Nesse espaço, as iniciativas mais recentes envolveram o lançamento da modalidade nas transações do Mercado Livre e a eliminação das taxas para os clientes que efetuem seus pagamentos via PIX, com QR Code.

O Mercado Pago Brasil respondeu por 59,1% da receita líquida total reportada pela fintech no ano passado

Ao estender seus fronts de atuação, o Mercado Pago ampliou, na mesma proporção, o número de empresas com as quais concorre. Mas é ainda em seu mercado tradicional que a fintech tem seus maiores rivais, dado que as ofertas financeiras são hoje uma das grandes zonas de confronto dos marketplaces.

Um desses oponentes é a B2W, com a Ame, que alcançou 17 milhões de downloads e uma rede de aceitação de 3 milhões de lojistas em 2020, além de reforçar seu portfólio com as aquisições da Bit Capital e da Parati.

Quem também não economizou foi o Magazine Luiza, cuja conta digital Magalu Pay, lançada no início de 2020, tem uma base atual de 2,7 milhões de contas. Em dezembro, a empresa comprou a Hub Fintech, por R$ 290 milhões.

O acordo em questão motivou um recurso do Mercado Livre junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica. O grupo alegava que era cliente da Hub Fintech e que a empresa detinha dados importantes de sua operação, que poderiam ser acessados pelo Magazine Luiza. Há duas semanas, o recurso foi negado pelo tribunal do Cade.

Já a Via, antiga Via Varejo, concentra suas apostas no banQi, com 1,8 milhão de contas abertas. Nesta semana, o grupo mostrou seu apetite ao anunciar a compra da Celer, fintech de pagamentos e de banking as a service.

“O Mercado Pago ainda está alguns passos à frente”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). “Mas se existe uma ameaça ela se chama Ame, que avançou muito nos últimos dois anos. ”

Winter, da Boanerges & Cia, também faz uma ressalva. “O que deu destaque ao Mercado Pago até aqui não é garantia de sucesso”, diz. “Há um efeito manada e muitas ofertas nessa área estão se tornando commodities. Eles precisam ir além. ”

Um relatório do BTG Pactual reforça o fato de que tanto o Mercado Pago quanto o Mercado Livre não podem ficar parados colhendo os louros por terem sido um dos pioneiros em seus respectivos segmentos.

Segundo o banco, em termos de visitantes únicos mensais, o Mercado Livre caiu de uma participação de 40%, em março de 2020, para 33% em março deste ano. No intervalo, o Magazine Luiza subiu de 15,6% para 18%. E, a Via, de 11,4% para 16,2%.

Adepto das maratonas, Oliveira não ignora o avanço dos rivais. Mas ressalta que o Mercado Pago está pronto para essa disputa. “É preciso tomar alguns cuidados para cruzar bem a linha de chegada” diz. “Essa corrida é de longo prazo e nossa ambição é ser a maior fintech da América Latina. ”

 

 

Fonte : neofeed.com.br

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