A combinação da complexidade, amplitude, profundidade e velocidade das transformações que temos vivenciado potencializa os desafios que os negócios de todos os tamanhos e setores enfrentam. Em especial no varejo, por conta do irreversível aumento da competitividade gerado por crescentes pressões sobre a rentabilidade inerentes ao aumento da oferta de produtos, marcas e canais em escala global e o maior empoderamento dos consumidores que tudo podem e quase tudo têm ao alcance de um clique.
Imaginar que eventuais segredos ou o isolamento para enfrentar esses desafios possam criar alguma vantagem competitiva é se impor um processo acelerado de perda de relevância. Tem sido um caminho natural a integração de esforços e recursos em busca de alternativas para enfrentar o quadro de crescente competitividade.
Nas suas mais diversas formas, modelos de integração virtuosa de negócios parecem ser parte da resposta para os cenários à frente e existem inúmeros modelos e exemplos que mostram a força transformadora da integração.”
Redes de negócios, grupos voluntários, franquias, licenciamento, centrais de compras ou negócios, redes associadas e alianças de negócios são apenas alguns exemplos puros desenvolvidos ao longo do tempo e que têm cada vez mais mostrado seu valor quando se trata de combinar esforços para enfrentar o quadro mais competitivo.
A força e o crescimento do franchising no mundo e no Brasil nos mais diversos setores, de comércio a serviços, constituem um ótimo exemplo, combinando a força da marca e modelos de negócios com o empreendedorismo e a gestão direta dos franqueados.
Assim como a expansão das Centrais de Negócios, quando pequenas e médias operações se integram para comprar, desenvolver e operar de forma conjunta em determinadas áreas, no varejo, nos serviços ou na combinação de ambos.
Da mesma forma que redes de varejo se integram para criar alternativas em compras e desenvolvimento de negócios, como ocorre com a Rede Brasil de supermercados regionais, reunindo 16 operadores do setor para serem mais competitivos.
Ou quando fornecedores desenvolvem redes de distribuição integradas com seus revendedores tradicionais, como é o caso de Apple, Samsung e outros mais.
Mas também existe outra dimensão de integração importante envolvendo empresas varejistas ou operadores, com seus fornecedores de produtos e serviços, analisando e monitorando o comportamento do mercado para um entendimento mais maduro e combinado da realidade em busca do desenvolvimento coletivo.
E o que acontece aqui no Brasil no setor de foodservice, em que foi criado um benchmarking global nessa integração virtuosa por meio do IFB – Instituto Foodservice Brasil.
Os modelos no seu início se baseiam na consolidação das informações para criar uma visão compartilhada da realidade, em parte alimentada pelos próprios participantes e ampliada pelos estudos conjuntos de mercado.
E podem evoluir para compra conjunta de insumos, serviços e tudo aquilo que não seja estratégico, preservando os aspectos críticos da competição direta entre concorrentes.
Os desenhos, formatos, alternativas e possibilidades têm se multiplicado à medida que as dificuldades e desafios aumentam, mas a maior barreira é cultural, representada pela distância existente entre líderes setoriais e o entendimento comum dos desafios e das alternativas. E a necessária abertura para pensar diferente.
O tema merece, no mínimo, gerar muito mais reflexão de todos nós quando P&G, Apple, Nestlé, Amazon, Tencent, Samsung, Alibaba, JBS, BRF, Cacau Show, Boticário e muitos mais desenvolvem modelos de negócios integrando de forma virtuosa elos da cadeia de valor para inovarem em modelos de negócios e se tornarem mais relevantes. Mas notem a predominância de corporações globais e locais oriundas do setor industrial. E a menor participação daquelas com origem no setor empresarial do comércio e varejo.
Fonte: “https://mercadoeconsumo.com.br/29/04/2024/artigos/para-repensar-integracao-e-cadeias-de-valor-no-varejo-e-outros-setores-mais-2/”