Taxa de conversão: o fator humano como potencializador de resultados

A maior mudança no varejo nas últimas décadas tem sido o e-commerce e os esforços para criar experiências “omnichannel” que unifiquem as compras online e offline. Atualmente, existem algumas ferramentas que podem ajudar a impulsionar as conversões no mundo digital, com destaque para três diferentes estratégias: conversational commerce, live commerce e uso inteligente dos dados.

Conversational commerce

Atualmente, sabe-se que a taxa média de abertura de e-mail marketing varia entre 15% e 30%. No entanto, o WhatsApp se destaca com taxas impressionantes de 80% a 90%, o que evidencia o poder do conversational commerce em impulsionar as conversões. Além disso, o uso do WhatsApp proporciona um elemento adicional de humanização, o que contribui para esse aumento expressivo na taxa de conversão. Portanto, ao incorporar essa ferramenta ao negócio, amplificam-se as vendas e o engajamento com os clientes.

Quando um cliente entra em uma loja física de artigos esportivos, por exemplo, o vendedor pode direcioná-lo para o setor correto, facilitando a busca pelo produto desejado. Já no ambiente online, os clientes muitas vezes têm dificuldade de encontrar os produtos que estão procurando. Sabe-se, por exemplo, que a média de visualização de páginas é, geralmente, de apenas duas ou três, o que significa que, se um site não for eficiente e não tiver um front-end personalizado, corre-se o risco de perder o usuário durante a navegação.

Ao acessar um site para comprar um tênis de corrida, por exemplo, muitas vezes o cliente não possui conhecimento técnico para determinar qual é o melhor tênis em termos de desempenho ou adequado para diferentes tipos de corrida. No entanto, se essa pessoa tiver suporte através do WhatsApp, o atendimento especializado via aplicativo pode passar orientações e recomendações personalizadas para que o cliente encontre o tênis de corrida mais adequado às suas necessidades, o que proporciona uma experiência mais satisfatória e o aumento de chances de se efetivar a compra.

Live commerce

Também podemos levar essa abordagem de apoio humano para o site utilizando a ferramenta de
live commerce, que é uma forma de conectar o vendedor da loja virtual ao usuário do site. Isso permite que o vendedor auxilie o cliente a entender os produtos em tempo real, o que melhora consideravelmente as chances de conversão.

As vantagens associadas ao live commerce incluem a interatividade, permitindo que os usuários façam perguntas em tempo real e recebam respostas imediatas, criando um ambiente mais envolvente e pessoal. Além disso, o live commerce proporciona maior confiança e acesso a informações em tempo real, tornando a experiência de compra mais informada e confiável. Ao utilizarem o live commerce, os consumidores recebem orientação personalizada, esclarecem dúvidas e obtêm informações detalhadas sobre os produtos, o que aumenta a probabilidade de conversão.

Essa abordagem visa oferecer aos clientes uma experiência de compra mais interativa e personalizada, permitindo-lhes fazer perguntas, receber recomendações, obter suporte e realizar transações, tudo dentro do mesmo contexto de conversação durante as transmissões ao vivo. Isso torna a experiência de compra mais envolvente e conveniente para os consumidores, ao mesmo tempo em que ajuda as empresas a estabelecerem conexões mais sólidas e significativas com o seu público.

Inteligência de dados

A inteligência de dados para CRM desempenha um papel estratégico fundamental na otimização das interações com os clientes, melhorando sua eficiência. Por meio da coleta, análise e interpretação de dados relevantes sobre os consumidores, incluindo suas preferências, comportamentos de compra e histórico de interações, as empresas podem aprimorar a gestão do relacionamento.

Essa abordagem permite que as empresas compreendam profundamente as necessidades e as expectativas dos clientes, criando oportunidades para oferecer uma experiência personalizada
e direcionada em toda a jornada do consumidor. Além disso, a inteligência de dados para CRM ajuda a identificar oportunidades de upsell e cross-sell.

As empresas ainda têm a possibilidade de oferecer recomendações personalizadas, campanhas de marketing direcionadas e ofertas especiais, com o intuito de proporcionar uma experiência mais envolvente e relevante. Além disso, essa abordagem possibilita que as marcas avaliem o desempenho de suas estratégias de relacionamento com os consumidores e realizem ajustes contínuos para aprimorar a experiência deles.

Portanto, a humanização na comunicação, aliada ao uso inteligente de dados através de um CRM eficiente, desempenha um papel fundamental na construção de relacionamentos duradouros com os clientes e na criação de uma experiência omnichannel mais aprimorada e relevante.

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Geomarketing aumenta o lucro das empresas

É indiscutível que conhecer o cliente, seus hábitos e necessidades se tornou obrigatório no varejo. Investir em serviços de inteligência de dados virou necessidade imediata para as empresas. Já imaginou saber de forma assertiva informações detalhadas sobre o perfil dos consumidores que vivem e frequentam a região em que você pretende abrir seu empreendimento? E se isso ainda vier com um histórico de negócios da localidade e fatores demográficos? As ferramentas de geomarketing tornam essa projeção muito mais precisa.

A Consumidor Moderno entrevistou Valéria Duarte, sócia fundadora e diretora de operações da Geofusion. A executiva explica como o geomarketing traz crescimento e lucratividade para as empresas e como a Geofusion, com mais de 26 anos no mercado, se tornou líder nesse tipo de solução. Fazem parte do portfólio da Geofusion empresas como Leroy Merlin, Whirlpool, Danone, Pague Menos, Mc Donald’s, MadeiraMadeira e Heineken. Confira abaixo a entrevista com Valéria Duarte:

CM – Explica para a gente o que é o geomarketing e quais informações relevantes o geomarketing traz para as empresas?

Valéria Duarte – O geomarketing é uma metodologia que busca entender o espaço geográfico onde estão os consumidores e ajuda a conhecer as características e comportamentos deles. Essas informações são extremamente importantes para melhorar a performance de qualquer negócio. Com o geomarketing as empresas conseguem saber não só onde os consumidores estão, mas o potencial de consumo de cada região, a faixa de renda, quais concorrentes têm presença marcante nesse mercado e como está o desempenho delas. São informações demográficas, socioeconômicas e de mercado que ajudam muito no planejamento tanto de quem vai abrir um negócio ou expandir pontos de venda.

CM – Falando agora especificamente da solução de geomarketing oferecida pela Geofusion. Como ela funciona? Como as informações são entregues para os clientes?

Valéria Duarte – A solução da Geofusion entrega para os clientes mapas detalhados de todo o Brasil, com as características de cada quarteirão do país. Indicamos, por exemplo, quantas pessoas moram naquele quarteirão, a idade desses indivíduos, religião, faixa de renda, potencial de consumo, preferência por categoria de produto, quantas escolas têm em cada região e o perfil dos alunos desses colégios, quantos bancos e quantos hospitais existem nessa localidade. Tudo isso de forma muito detalhada.

A visualização das informações no mapa acontece através de mapas de calor. Nós vamos “pintando as ruas do Brasil”. Quanto mais quente, maior a quantidade de comércio, de movimento. O cliente pode ir navegando por categorias. Também oferecemos a possibilidade do cliente acessar mapas temáticos, como o de renda, de densidade demográfica. Fazemos tudo isso apoiados em uma avançada tecnologia de Inteligência Artificial e Machine Learning.

CM – Como a Geofusion consegue reunir todos esses dados, todas essas informações?

Valéria Duarte – Combinamos mais de 500 fontes de informação, que vão desde o IBGE até nossos próprios robôs de coleta de dados. Temos parcerias também com bandeiras de cartão de crédito e outras plataformas como a Educa Insight. Contamos com uma equipe especializada de cientistas de dados que vão analisar toda essa imensidade de informações e gerar insights para os clientes.

O varejo precisa saber onde está o consumidor. Com esse grande volume de informações e os insights gerados pela nossa equipe, as empresas conseguem aumentar a lucratividade e potencializar o crescimento.

CM – Você falou em lucratividade e crescimento. O que você destacaria como principal benefício que a ferramenta de geomarketing da Geofusion proporciona para os clientes?

Valéria Duarte – No varejo é fácil saber quanto você vai gastar para abrir um estabelecimento, uma pizzaria, por exemplo. Você calcula o que vai gastar com reforma, produtos, equipe. O difícil é você saber o quanto vai faturar com aquele empreendimento.

Sem nenhuma ferramenta, a pessoa pode andar em volta do ponto em que pretende abrir a loja, observar, ver o fluxo de pessoas. Mas, o resultado disso é muita percepção e pouca informação. O geomarketing aumenta a assertividade da projeção, no momento da abertura de um novo negócio.

É importante destacar que no caso de grandes redes, os benefícios do geomarketing chegam em todas as pontas, inclusive nas franquias. O franqueado geralmente economiza dinheiro para abrir um empreendimento e deposita nele todas as fichas. Uma maior assertividade de projeção auxilia o franqueado no sucesso do negócio.

CM – Como as empresas fazem para ter acesso à solução da Geofusion?

Valéria Duarte – A Geofusion lançou essa plataforma de geomarketing no mercado em 2001, muito antes de existir o Google Maps. Inicialmente, a solução era oferecida para empresas de forma individual, depois nós decidimos ampliar o acesso para todo o Brasil. Com essa democratização, muitas empresas procuraram a gente passaram a acessar a ferramenta. E quanto mais gente entra na plataforma, mais dados são gerados, aprimorando ainda mais nossa solução.

Cada empresa que entra, coloca informações sobre o seu negócio, nos dizendo, por exemplo, qual é o tipo de empreendimento, o tamanho, como são as instalações, quanto vende em média na região e por aí vai. Fazendo uma análise cruzada de todas essas informações, conseguimos gerar ainda mais insights.

Nós oferecemos diferentes pacotes para o cliente que quer contratar os serviços da Geofusion. Isso porque temos a opção da empresa ter acesso à plataforma e explorar as informações disponíveis livremente e damos também consultoria, que foi na verdade como nascemos. A gente inicialmente “pescava o peixe” para o cliente, agora a gente “ensina ele a pescar”, para que depois ele possa ter autonomia para navegar nos dados.

CM – Mas, é uma ferramenta de fácil leitura? O cliente que não tem experiência com geomarketing, ou que não tem muita facilidade com tecnologia, consegue fazer análises e interpretar os dados?

Valéria Duarte – Temos uma filosofia de troca de conhecimento, então nossa prioridade é atender bem o cliente. Pensando nisso, a Geofusion está sempre oferecendo cursos, realizando eventos, webinar e dando todo tipo de suporte que seja necessário. Nós temos também a Academia de Geomarketing, que ajuda o cliente a mergulhar no assunto.

Logo que o cliente chega para a gente, assina o contrato, fazemos uma primeira etapa de onboarding, na qual nossos consultores fazem um exercício com a empresa a quatro mãos, ajudando na primeira análise, primeiro estudo. Depois disso, toda quinta-feira tem um treinamento com a nossa equipe de Customer Success, que faz muita troca com os clientes, ensinando e aprendendo com eles. Esse processo é essencial para seguirmos inovando e entregando uma melhor experiência.

CM – Vocês estão há mais de 26 anos no mercado. Como começou essa jornada?

Valéria Duarte – A Geofusion completa 27 anos em fevereiro. Começamos como consultoria aplicando tecnologia ao geomarketing. Em 1996 era tudo no papel, a gente comprava os mapas e usava os alfinetes para fazer as marcações. Nossa equipe ia à sede do IBGE para tirar xerox das informações. Nosso “Google Earth” era o helicóptero. Tudo super analógico.

Até 2000, os mapas eram caríssimos. Em 2001, começamos com o mapa digital. Aos poucos, foi surgindo esse desejo de levar informações mercadológicas para o máximo de empresas que pudéssemos. Hoje estamos na quarta geração da tecnologia, com mais velocidade, mais armazenamento, com uma ferramenta mais acessível. Nosso objetivo é continuar melhorando, nos aperfeiçoando, para continuarmos como líder no mercado.

CM – Quais são os principais diferenciais da Geofusion no mercado hoje, que é bem diferente do mercado de 20 anos atrás?

Valéria Duarte – Hoje já existem muitos mapas digitais com informações gratuitas. A grande diferença é que eles não têm o mesmo propósito que uma ferramenta de geomarketing. Não têm o detalhamento de informações. Não têm curadoria. Não tem a profundidade que nós temos. Nos últimos anos, sistemas parecidos foram desenvolvidos. Mas, nenhum deles têm a experiência, o histórico que a Geofusion tem no ramo.

Por termos começado como consultoria, conhecemos o mercado. Foram horas e mais horas de sola de sapato. Conhecemos o mercado do Brasil como ninguém. Sabemos o impacto que cada decisão tem na hora de definir o sucesso ou não de um negócio. Outro diferencial é que pensamos em qualidade de informação, não só em quantidade. Então, buscamos fontes confiáveis. Dados errados geram erros de planejamento e podem ser fatais para um empreendimento, trazendo um baita prejuízo.

Por último, mas não menos importante, a Geofusion tem uma preocupação especial com o relacionamento com os clientes. O Software é importante, mas nada é mais relevante que o “service”. Nosso lema é: acompanhar, trocar e auxiliar. Não é um serviço básico analisar o mercado e auxiliar em um processo decisório que vai definir o destino de um empreendimento.

Sobre a Geofusion

A Geofusion é a líder em soluções de inteligência geográfica de mercado, com mais de 26 anos de experiência, tendo como clientes nomes como McDonald’s, Natura, Whirlpool, Oxxo, O Boticário, Localiza e Santander. Oferece produtos que visam trazer maior assertividade nas decisões relacionadas ao crescimento, sejam elas abertura de novas unidades, gestão de território de vendas ou outras. A Geofusion é uma empresa da Cortex Intelligence, tendo sido adquirida em outubro de 2022 e se mantendo como business unit com operação apartada.

Fonte : https://www.consumidormoderno.com.br/2023/01/20/entrevista-geofusion-geomarketing/?utm_campaign=news_cm_230123&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

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‘Só não vamos vender o que não é permitido por lei’, diz presidente do Mercado Livre

Empresa quer oferecer na sua plataforma investimentos, inclusive de terceiros, e planeja vender produtos frescos e congelados, revela Stelleo Tolda.

De hortaliças ao carro zero, o Mercado Livre pretende negociar tudo. “Só não vamos vender o que não é permitido por lei”, diz o CEO da empresa, Stelleo Tolda. Nos planos da plataforma de marketplace para os próximos meses, está oferecer produtos frescos e congelados de supermercados, o que exigirá uma adaptação de sua logística. E, ainda, distribuir novos serviços financeiros, como fundos de investimentos, inclusive de terceiros, e uma gama maior de seguros.
Para isso, está no radar pedir uma autorização para a Susep, órgão regulador do mercado segurador – a empresa já tem hoje duas licenças do Banco Central e opera como instituição financeira. O objetivo é ampliar o leque de comodidades a clientes e lojistas e, assim, engajar mais usuários em sua plataforma.
Após forte expansão durante a pandemia, a próxima fronteira do comércio eletrônico, diz Steleo, é encurtar o tempo de entrega dos produtos. Isso vai exigir ainda mais investimentos em logística.
O Mercado Livre hoje vende quase tudo, praticamente de alface, ou itens de supermercado, a carro novo. Tem alguma coisa que vocês não vão vender nunca?
Só aquilo que não é permitido por lei. Somos um canal, uma vitrine muito grande. Vamos fazer 22 anos em agosto e surgimos com essa ideia de que a internet pode democratizar o comércio. Lançar uma categoria nova envolve desafios, de ter oferta e boa qualidade de produtos. Você falou alface e isso representa um segmento muito importante que é o de produtos frescos dentro da categoria supermercado. Esse é um objetivo nosso e vamos lançar (a categoria de produtos frescos, a empresa já atua no segmento supermercado). É um passo grande de trabalhar com produtos frios, frescos e congelados. É algo que hoje não temos e estamos desenvolvendo a cadeia logística que dá suporte a isso. É uma nova fronteira.
Mas concorrentes como as Americanas e a Magazine Luiza já oferecem produtos frescos…
Eles compraram empresas para fazer isso. Americanas comprou o Supermercado Now. Magalu fez aquisições nesse sentido também. Nós estamos desenvolvendo soluções internas. Por isso, estamos demorando mais do que os outros, mas é uma categoria que promete muito. Essa categoria tem uma penetração baixa. Antes da pandemia já tínhamos decidido entrar na categoria de supermercado, por ter uma frequência maior e pouco explorada no e-commerce. A pandemia acelerou esses planos.
O movimento de entrar nesses novos segmentos vem acompanhado de loja própria?
Não é o nosso plano ter loja do Mercado Livre. Trabalhamos com parceiros e entendemos que com eles a gente consegue atingir nosso objetivo de atender aos consumidores. Mas nossa logística precisa se adaptar a essa demanda. Hoje ela não está preparada para isso. E não só com a cadeia de frio, como ter locais nos centros de distribuição para armazenar produtos congelados, mas também à velocidade de entrega. Quem compra quer receber em poucas horas e às vezes em poucos minutos. Isso pressupõe ter uma rede logística que inclui locais mais próximos ao consumidor. Mas esses locais não precisam ser com as portas abertas ao consumidor. Mas precisamos adaptar nossa rede logística se quisermos ser relevantes nessa categoria.
Aquisição faz parte da estratégia?

Estamos abertos, mas não é nossa prioridade. Costumamos desenvolver nossa tecnologia dentro de casa.
O Mercado Livre tem investido muito em soluções financeiras para lojistas e consumidores. Está no radar oferecer serviços financeiros para o usuário final através do Mercado Pago? A empresa já oferece investimentos em CDBs, poderá atuar também com fundos de investimentos?
Já atuamos em pagamento, em investimentos, em crédito e começamos a atuar em seguros. Temos duas licenças no Banco Central. A de instituição de pagamento permite ter uma conta digital, fazendo PIX de um banco para a conta no Mercado Pago e assim o cliente usar os recursos. Além do consumidor final, há serviços para os lojistas do marketplace, como soluções de pagamento, como as maquininhas (de cartão de crédito). Temos uma oferta de crédito voltado tanto para pessoa jurídica, como capital de giro, como empréstimo pessoal voltado para pessoa física, que está integrado no checkout do marketplace. É uma forma de pagamento que o usuário que não tem cartão de crédito pode usufruir. Nós também temos cartão de crédito próprio, somos emissores. Temos uma segunda licença do BC, que é de instituição financeira, não como banco, mas como financeira. Isso nos permite emprestar aos nossos consumidores e lojistas e permite captar no sistema financeiro. O CDB é parte da nossa estratégia de captação. Temos linhas com outras instituições. Temos FDICs (fundos de investimentos em títulos de crédito) onde temos captado também. E o CDB voltado também para o público de varejo.
Mas os FDICs e os CDBs do Mercado Livre hoje são distribuídos por corretoras, não é uma distribuição direta do Mercado Livre. Há planos de oferecer esses investimentos diretamente na sua plataforma?
Por enquanto são corretoras que às vezes encarteiram (ou seja, deixam os CDBs da empresa na carteira própria de investimentos das corretoras) ou que oferecem aos seus clientes. Temos o intuito, por sermos uma plataforma com a possibilidade de acessar o cliente pessoa física e de distribuição, de poder fazer isso no próprio Mercado Pago. Hoje, que tem dinheiro no Mercado Pago pode deixar o dinheiro rendendo e o produto que temos para isso é uma conta remuneradora simples que rende CDI. Mas queremos permitir que seja possível acessar outros produtos como o CDB do Mercado Pago e, eventualmente, até produtos de terceiros, é algo que não descartamos. Conforme o volume de recursos aumente e se sofistique a base de usuários, a gente cogita disponibilizar outros produtos e ser eventualmente uma distribuidora desses produtos (fundos e outros investimentos) de outras empresas e não só do Mercado Pago.
Há planos também para ampliar a oferta de seguros?
Seguros é um outro capítulo, começamos mais recentemente com seguro contra roubo e dano de produtos eletrônicos. E temos oferecido garantia estendida na venda de eletroeletrônicos. Foi a nossa primeira entrada neste segmento. Mas vemos com bons olhos a nossa plataforma de distribuição para outras categorias de seguros.
Mas faz sentido nos seus planos oferecer seguros que não são vinculados exatamente a consumo ou a produto? Faz sentido oferecer seguros de vida ou previdência, por exemplo?
A gente acredita que sim. Hoje os produtos são mais aderentes ao que já fazemos, por exemplo, você compra um tablet no mercado livre e no checkout a gente oferece a possibilidade da garantia estendida, é muito orgânico isso. Outros produtos não são tão integrados no fluxo de compra, mas podem fazer sentido dentro da oferta do Mercado Pago. Uma categoria que a gente explora ainda pouco é o segmento tanto de crédito como de seguros automotivos. Hoje não oferecemos isso. E entendemos que há uma demanda do crédito para aquisição de veículos, hoje oferecemos através de terceiros. Queremos fazer isso pelo próprio Mercado Livre futuramente. E o seguro automotivo faz todo o sentido para criar um vínculo com o consumidor que adquiriu o veículo na nossa plataforma, que contratou um empréstimo na nossa plataforma e que também na sequência pode contratar um seguro conosco.
Mas é preciso pedir autorização para isso. Está nos planos ir à Susep (órgão regulador do mercado de seguros)?
Está dentro das nossas possibilidades. Mas não tem como precisar datas. É algo que vai acontecer em pouco tempo.
Qual horizonte de prazo para essas novidades, para atuar em produtos frescos de supermercado e oferecer mais serviços financeiros?
São projetos para os próximos trimestres. Será dentro do prazo de um ano no máximo.

O uso de inteligência de dados sobre os clientes (lojistas e consumidores) facilita a oferta de produtos mais acessíveis ou permite, por exemplo, uma melhor avaliação do risco de crédito desses clientes? Esse é um diferencial que o Mercado Livre, por ser um marketplace de varejo, tem em relação a outros players do setor financeiro?
Sim, e te dou um exemplo concreto. Quando começamos a oferecer empréstimos para nossos vendedores, fizemos primeiro uma avaliação de risco da nossa base de vendedores, a partir de informações disponíveis em birôs de crédito, dados externos. Mas também acessamos as informações desses vendedores na nossa plataforma, das vendas, histórico, reputação. Com base nessas informações externas e internas criamos este score (avaliação) de risco, e passamos a oferecer empréstimos a taxas muito competitivas, que eles não conseguiriam em outras instituições financeiras. E com uma facilidade muito grande da interface do Mercado Pago. O crédito também era sem garantia, algo que muitas vezes complicava a vida de quem queria contratar um empréstimo. E tudo isso só é possível graças às informações que a gente tinha desses vendedores. E os empréstimos têm essa intenção, de que o vendedor continue a vender conosco.
Qual é o peso da receita com serviços financeiros dentro dos resultados do grupo?
O maior volume de nossa receita vem do comércio, mas a parte financeira é relevante. (No primeiro trimestre deste ano, o Mercado Pago teve receita de US$ 277 milhões, um quinto da receita total do Mercado Livre no período, que foi de US$ 1,4 bilhões)
O Mercado Livre é uma empresa argentina com forte presença na América Latina. Como vê os impactos da pandemia na região?
A pandemia tem um impacto grande na economia. A América Latina foi a região mais afetada do mundo, se olharmos o número de casos e de mortes por milhão. Estamos entre os “Top 15” com Brasil, Peru, Argentina e Colômbia, ao menos. A região foi fortemente afetada e ainda está. Até o Chile está sofrendo com a pandemia, apesar da vacinação lá estar mais adiantada. Aliás, não é só a pandemia. Há questões políticas, de mudanças de regime, de constituinte como no Chile. É uma região que passa por suas turbulências. Mas, do ponto de vista do comércio eletrônico, de serviços financeiros e de digitalização, ainda é uma região onde a penetração ainda é muito baixa. O potencial de crescimento tanto do comércio eletrônico como dos serviços financeiros é enorme. A pandemia gerou uma demanda crescente por esses serviços, por ter o comércio de rua fechado em diferentes momentos. E também pelo fato de os governos usarem a carteiras digitais para pagar benefícios sociais para combater os efeitos econômicos da pandemia. Não foi só no Brasil, mas em outros países. E indiretamente esse pagamento de benefícios fez acelerar o uso de carteiras digitais.
Quem usou carteira digital além do Brasil?
Praticamente todos os países da região tiveram algum tipo de auxílio e, em alguns casos, ele foi disponível em carteira eletrônica. Além do Brasil, teve a Argentina. O pagamento do auxílio impulsionou o comércio eletrônico. Quando são pagos, há impulso. O Chile é um caso emblemático, pois é o que ainda cresce a três dígitos (no Mercado Livre) e se torna mais relevante.
O Mercado Livre cresceu muito na pandemia. E com o crescimento vieram queixas, como a de alguns vendedores que reclamam, por exemplo, de concorrência desleal com a plataforma e de ficarem “dependentes” do Mercado Livre.
A gente nasceu com visão de marketplace e de democratizar o acesso ao comércio a empreendedores que viram no canal on-line uma opção para vender. Somos uma plataforma aberta e democrática e que inclui muitos vendedores. Trabalhamos com uma oferta muito ampla que não está concentrada apenas nas grandes marcas, no grande varejo. Dito isso, a gente tem visto um crescimento na concorrência. Hoje o Mercado de Livre está longe de ser a única opção caso o vendedor decida vender on-line. Ele tem várias opções. Estamos procurando cativar os vendedores através de uma oferta de serviços maior. Por isso, lançamos o Mercado Pago, que é de 2004. Depois, lançamos o Mercado Envios, por conta de nossa atuação na área logística, também permitindo ao vendedor se concentrar no que ele faz melhor, que é o relacionamento com fornecedores e a descoberta de produtos, deixando essa parte operacional com o Mercado Livre. Temos investido muito na logística, inclusive tirando o volume que no passado dependíamos dos Correios para fazer isso dentro de casa. É dessa forma que queremos cativar nossos vendedores, não é através de tarifas nem de exclusividade, que não é prática neste mercado, é através de melhores serviços. E os vendedores têm opções, então é difícil falar em práticas anticompetitivas quando há vários outros canais à disposição.
Alguma chance de o Mercado Livre se interessar pela privatização dos Correios?
Zero chance. Nos últimos três anos, investimos fortemente para desenvolver nossa rede logística própria, com centros de distribuição, rede de transporte com transportadoras espalhadas pelo Brasil, inclusive vans, carretas próprias e até mesmo aviões. A gente deixou de ter uma dependência dos Correios. Em dezembro de 2017, 90% do nosso volume iam através dos Correios. E hoje esse volume é menos de 10% pelos Correios, e os outros 90% são através de nossa rede logística. Como cidadão, tenho interesse em ver os Correios melhorarem seus serviços. Acredito que a privatização é bom caminho para isso. Mas a nossa participação na privatização vai se limitar a ser um cliente. Espero que quem ganhe essa privatização consiga tornar a operação dos Correios mais amigável para o mercado.
Qual será o próximo passo do comércio on-line nesse gradativo retorno à normalidade? Será a entrega mais rápida, como até virou alvo de disputa entre Mercado Livre, Americanas e Magalu no Conar (conselho de autorregulamentação de publicidade)?
Todo mundo está usando (o lema “entrega mais rápida”). O Conar ficou ali em cima do muro, pois cada um apresentou seu estudo. No fim das contas, o consumidor é que sabe quem é mais rápido e em quem deve confiar mais. O consumidor também tem escolha. A logística só evolui. Antes a nossa métrica era um percentual de entregas que ocorriam em até 48 horas, que é de 80% do total. Já estamos trabalhando com a métrica de entrega que é feita em 24 horas e também o percentual entregue no mesmo dia. E queremos crescer esses percentuais, com mais produto entregues no mesmo dia. Então a próxima fronteira é sim evoluir nessa logística. A expectativa do consumidor é crescente. Antes da pandemia, a penetração do e-commerce era de 6% e hoje já supera 10%. E esse crescimento só ocorreu porque o consumidor estava satisfeito. E vai continuar crescendo.
O Mercado Livre tem feito parcerias com empresas de streaming, como Disney+. Alguns concorrentes, como a Amazon, têm seu próprio serviço. O Mercado Livre pensa em atuar também em streaming?
Temos o nosso programa de fidelidade, da empresa Mercado Livre, não só do negócio de comércio ou do negócio de pagamentos, e da empresa como um todo, no qual a gente oferece benefícios a partir da frequência de usos nas duas plataformas, de comércio e de pagamentos. E a parte do conteúdo é muito relevante nessa oferta. Queremos trazer mais benefícios para nossos usuários mais leais e parte disso se traduz em melhor acesso, acesso mais barato ou até mesmo gratuito, a conteúdo. Não temos a intenção de desenvolver conteúdo próprio, entendemos que esse não é a nossa expertise. Temos sim investido em trazer mais conteúdo, como HBOMax, DisneyPlus e Deezer. A nossa ideia é trabalhar mais parcerias para fidelizar ainda mais nossos usuários. Mas não só conteúdo, tem o nosso cartão de crédito no mercado pago, tudo faz parte da estratégia de gerar mais engajamento do nosso cliente.
A empresa tem a estratégia de atuar ainda mais como vendedor diretamente, usando a marca Mercado Livre?

O Mercado Livre surgiu como marketplace mas vê a necessidade de atuar em determinados segmentos nos quais a oferta de nossos vendedores é limitada como vendedor direto, ou adquirindo produtos para revendas, de marcas conhecidas, ou com a estratégia de marca própria. Ainda é incipiente, mas vemos com potencial. A gente se viu limitado em determinados momentos em que a demanda cresce muito, como Black Friday. Se a gente depender, como dependíamos até então, simplesmente dos nossos vendedores, não tínhamos acesso a bons produtos a bons preços. É uma estratégia que veio para ficar, mas a venda direta será uma atuação complementar.

Fonte : oglobo.globo.com

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