Total Express expande o volume de entregas em 400%

Após início da operação de rota aérea e avião próprio em setembro de 2020, a empresa pôde expandir o volume de entregas em 400%, o que corresponde a aproximadamente 100 mil por mês.

A Total Express anunciou que ultrapassou a marca de um milhão de encomendas entregues na região de Manaus (AM). Os números são reflexo das alterações feitas pela companhia na malha logística, que em setembro de 2020 incluiu a capital amazonense no frete aéreo com avião próprio e e, em agosto de 2021, realizou o primeiro voo autorizado pela ANAC com o Boeing 737.

Foi identificado um aumento expressivo nos últimos quatro meses do ano passado. Ao todo, foram cerca de 223,6 mil pacotes para a região – um crescimento de 269% no volume de encomendas em comparação com o mesmo período em 2020. Por meio da adição da rota, a Total Express também pôde reduzir o prazo de entrega de encomendas para Manaus e entorno, chegando a apenas quatro dias no modelo standard e dois dias na modalidade expressa.

Segundo o vice-presidente e diretor Comercial da Total Express, Eduardo Peixoto, a rota área dedicada entre São Paulo e Manaus foi um grande passo no movimento da empresa de expansão das operações no Brasil.

“Queremos atender cada vez mais regiões em todo o país para que todos os consumidores possam ter acesso ao e-commerce sem terem que aguardar longos prazos de entrega. É interessante porque isso ajuda tanto o comprador, como também o vendedor que, por sua vez, consegue melhorar a experiência de compra em sua loja online.” – Eduardo Peixoto, vice-presidente e diretor Comercial da Total Express.

O Boeing 737 da Total Express tem capacidade de carregamento para até 18 toneladas de encomendas, em cada voo.

GERAÇÃO DE EMPREGOS

Com a nova filial em Manaus, a Total Express gerou mais de 200 empregos, diretos e indiretos na região. Hoje, a empresa conta com 79 colaboradores e mais de 140 motoristas agregados para agilizar a entrega terrestre.

Para 2022, a previsão é de que a Total Express aumente o quadro de colaboradores e motoristas em 50% e 70%, respectivamente.

Por que os 2 milhões de vendedores da Shopee não são comparáveis aos do Magalu e Americanas

Fontes estimam que a Shopee tenha entre 60% e 70% de sua venda oriunda de cadastro de pessoas físicas, de 20% a 30% seriam microempreendedores e 10% são empresas.

Não é de hoje que se discute como a falta de dados sobre o mercado de consumo no Brasil impede análises mais precisas e põe o setor, muitas vezes, a reboque de informações incompletas. A questão é que, numa tentativa de determinar o efeito do avanço da concorrência no varejo digital brasileiro, esse problema tem ficado mais exposto, o que exige atenção maior dos investidores, dizem consultores.

Nas últimas semanas, essa questão veio à tona com a divulgação de dados sobre número de lojistas da Shopee no Brasil e sobre o valor do investimento do Mercado Livre no país.

O comando da Shopee, controlada pela Sea Limited, de Cingapura, informou na semana passada ter alcançado 2 milhões de vendedores brasileiros em sua plataforma. A empresa não fez comparações com seus concorrentes e prefere não detalhar exatamente o que está incluído nesse número — o que vem sendo interpretado por consultores como sinal de que não pode ser diretamente comparável com a base de lojistas de Magazine Luiza ou Americanas.

“Muita gente saiu logo fazendo conta, mas não funciona assim. A Shopee tem uma infinidade de cadastros de CPFs no seu ‘app’ e site. Qualquer pessoa pode vender lá, preenchendo um formulário on-line. Isso não acontece no Magalu, Casas Bahia nem na Americanas. É desconhecimento da operação das empresas que gera essas interpretações”, diz um diretor de uma empresa que faz a intermediação entre os sites e os vendedores.

A Americanas fechou o ano passado com 122 mil lojistas, o Magalu, com cerca de 160 mil e a Via, 130 mil “sellers”. Em redes sociais, como Twitter, pequenas gestoras e investidores (pessoa física) reproduziram informações comparando os números das empresas.

Um ex-executivo do Mercado Livre e um ex-diretor do Walmart.com estimam que a Shopee tenha entre 60% e 70% de sua venda oriunda de cadastro de pessoas físicas, de 20% a 30% seriam microempreendedores individuais, com CNPJ (chamados de MEI), e 10% são empresas de portes pequeno, médio e grande. “Se você olhar as plataformas locais líderes, elas não têm pessoa física vendendo, não é da política delas, com exceção de Mercado Livre. E o percentual de MEI nelas é bem menor do que na Shopee”, afirma o ex-diretor.

“Isso não quer dizer que a Shopee não tem feito um trabalho muito bom para trazer novos negócios, inclusive buscando mais negócios formais para a plataforma e fixando regras para que o vendedor com CPF vire MEI. Eles são muito rápidos, só que, para ser ‘fair’ [justo] temos que comparar coisas iguais”, diz.

Procurada, a Shopee confirma os 2 milhões de vendedores, mas não relata o percentual de CPF e CNPJ dentro de sua base total.

Desde o início do ano, a Shopee vem mudando aspectos de sua política interna, de certa forma forçando migração de seus vendedores para a conta de CNPJ. Segundo uma fonte, em janeiro, a empresa informou os vendedores, por meio de comunicado, que aqueles que haviam emitido mais de 900 pedidos nos últimos 90 dias pagariam uma taxa de comissão de R$ 3 por item vendido.

“Esta nova política foi implementada aos vendedores com conta CPF que possuem grande volume de vendas, devido a limitações dessas contas no uso de parceiros logísticos, o que acaba gerando um alto custo operacional”, disse na mensagem a lojistas, em janeiro.

Dados limitados

Em meio à escassez de dados, há analistas que costumam olhar o volume de downloads de “apps”, assim como a visitação de clientes nos sites — sem incluir, muitas vezes, visitas aos aplicativos, que já respondem por mais de 50% das transações de clientes no on-line. Só que os downloads apenas indicam clientes que baixaram o programa e não sinalizam necessariamente venda.

Isso fica ainda mais patente no Brasil. Aqui, os consumidores baixam e deletam “apps” com frequência, pela limitação de memória dos aparelhos celulares.

Já as visitações medem fluxo de consumidores, mas não medem conversão. Naturalmente, quanto maior o fluxo, maior a possibilidade de vendas, mas há empresas (principalmente as varejistas especializadas em ‘games’ e tecnologia) com fluxo menor, mas alta taxa de conversão.

Atualmente, há alguns poucos dados que são considerados mais confiáveis por grandes gestoras e investidores (indicadores de vendas). Em geral, esses números são vendidos a clientes por consultorias estrangeiras que fazem simulações mais críveis.

Investimento do Mercado Livre na ponta do lápis

Semanas atrás, o Mercado Livre anunciou investimento de R$ 17 bilhões neste ano no país, 70% acima do ano anterior. Isso levou investidores a compararem esse dado com ritmo de investimentos das plataformas brasileiras — que variam de R$ 1 bilhão a R$ 1,7 bilhão em 2021.

Ocorre que os valores de Mercado Livre incluem parte de despesas operacionais em tecnologia, que podem ser consideradas Capex, no entendimento da companhia, o que torna comparações mais difíceis entre as empresas. Há um debate antigo entre auditores na área de varejo sobre esses critérios de classificação nas empresas digitais e de tecnologia.

Para melhor entendimento, são R$ 17 bilhões em investimentos do Mercado Livre para uma empresa com vendas transacionadas na plataforma de R$ 68 bilhões em 2021. A Americanas vendeu R$ 55 bilhões, para um Capex de R$ 1,7 bilhão (e com despesas operacionais de R$ 7 bilhões). Mercado Livre não informa em balanço despesas no Brasil.

“A contabilização de investimentos e despesas em tecnologia da informação sempre foi polêmica, porque os gastos são altos e constantes”, diz um ex-diretor financeiro da Cnova. “A definição deve ser pautada pelo papel que as despesas assumem dentro da companhia. De qualquer forma, são valores altos de Meli [Mercado Livre], o que acabou chamando atenção do mercado”, diz ele.

Amazon anuncia Fundo de Investimentos bilionário para inovação em Supply Chain

A Amazon anunciou ontem (21) a criação de um fundo de investimentos em startups focadas em soluções de inovação para Supply Chain, Logística e Atendimento. Segundo a empresa, o intuito do Amazon Industrial Innovation Fund (Fundo de Inovação Industrial da Amazon, em português) é utilizar a tecnologia para otimizar a logística e atender à demanda por entregas cada vez mais rápidas. O projeto é avaliado em US$ 1 bilhão – aproximadamente US$ 4,6 bilhões de reais, na cotação atual.

Por meio do fundo de investimentos, a gigante americana planeja contemplar empresas de “todos os estágios”, o que deve incluir desde iniciativas recentes a companhias já consolidadas. Ainda não há informações sobre o valor médio dos aportes.

Em post na internet, o vice-presidente de desenvolvimento corporativo mundial da Amazon, Alex Ceballos Encarnacion, afirmou que a empresa vê “uma oportunidade de olhar além de nossa própria experiência e capacitar empresas que estão desenvolvendo tecnologias emergentes em operações de atendimento ao cliente, logística e cadeia de suprimentos”.

Neste primeiro momento, os investimentos serão focados em tecnologias de robótica e wearable. Primeiros aportes incluem empresas como Modjoul, fabricante de tecnologia de segurança vestível, Vimaan, especialista em visão computacional e IA para melhorar o gerenciamento de estoque. Fora dos EUA, haverá aporte para a BionicHive, empresa israelense que está desenvolvendo uma solução robótica autônoma para se adaptar a estantes e caixas existentes em armazéns.

PROGRAMA DE DRONES AINDA NÃO “DECOLOU”

No entanto, apesar de dedicar esforços à tecnologia para transformar as operações na cadeia de suprimentos, a Amazon também enfrenta desafios em projetos audaciosos. É o caso do programa da Amazon de implementar entregas com o uso de drones. Apesar de estar em desenvolvimento há cerca de uma década, o projeto ainda não teve a performance que a companhia esperava – mesmo com investimento de US$ 2 bilhões. Segundo relatório do Yahoo Finance sobre uma investigação da Bloomberg, a empresa fundada por Jeff Bazos tem uma equipe global de 1 mil pessoas dedicadas ao programa.

Segundo matéria publicada pelo portal E-commerce Brasil, especialistas ressaltam que ambições fracassadas do projeto não são uma surpresa. “No Colorado [EUA], você pode comprar uma licença para derrubá-los. Eles são arriscados em um bom dia com qualquer coisa mais pesada que uma pena. Eles eliminam empregos sem uma boa razão. O que poderia dar errado?”, apontou Paula Rosenblum, cofundadora da RSR Research.

Já Steve Montgomery, presidente da B2B Solutions, declarou que a entrega por drone é ótima em conceito, mas um pesadelo na realidade. “Imagine o ar ao redor de sua cidade cheia de drones de diferentes empresas correndo para fazer entregas. Adicione pássaros, algumas pessoas voando drones para recreação e o que você tem é uma receita para problemas.”

Há também visões mais otimistas, como Andrew Blatherwick, presidente emérito da Relex Solutions, que vê lugar para os drones na cadeia de suprimentos, mas não como um veículo de entrega de última milha. “A Amazon irá superar seus problemas atuais e voltar aos trilhos. No entanto, deve ser hora de analisar os prováveis ????retornos dessa tecnologia.”

Metade dos moradores de favelas que usam a internet faz compras online

Estudo apresentado no Expo Favela aponta que 3 milhões de moradores pretendem comprar eletrodomésticos nos próximos 12 meses.

Com uma movimentação de R$ 180,9 bilhões em renda própria por ano, as favelas são uma potência de consumo. Segundo a pesquisa “Um país chamado favela”, divulgada durante a Expo Favela, 3 milhões de moradores de comunidades pretendem comprar eletrodomésticos nos próximos 12 meses, enquanto 1,5 milhão planeja comprar um carro.

Organizada pela Favela Holding, a Expo Favela, no World Trade Center (WTC), em São Paulo, a feira recebeu um público aproximado de 33 mil pessoas nos três dias de evento, que terminou no último domingo, 17.

Segundo o levantamento, 87% dos adultos em favelas declararam acessar a internet ao menos uma vez por semana, dos quais 50% utilizam a rede para fazer compras online.

A falta de entregas regulares por questões como falta de CEP (Código de Endereçamento Postal), de numeração nas casas e de segurança foi apontada por 39% como um problema para esse tipo de compra.

Na hora de escolher um produto ou serviço, 88% dos moradores disseram que confiam mais nos influenciadores da própria comunidade do que em influenciadores famosos.

Conexão de negócios

A Expo Favela reuniu mais de 330 empreendedores e startups de diversos ramos e teve como principal objetivo dar visibilidade e oportunidades de parcerias com empreendedores investirem e expandirem seus negócios.

Ter um negócio próprio é o mais sonho profissional dos moradores: são 6 milhões de pessoas que sonham em empreender. Segundo o estudo, 50% dos moradores se consideram empreendedores 41% têm negócio próprio (destes, apenas 37% têm CNPJ).

“A favela tem o empreendedorismo como sua principal característica de sobrevivência. Proporcionar a conexão dos incríveis empreendedores que temos em diversas favelas do Brasil com os investidores do asfalto foi fantástico. Para as próximas edições vamos ser ainda mais ousados”, diz Celso Athayde, idealizador da Expo Favela.

A feira contou com cerca de 36 horas de programação, dividida em mentoria, palestras e conferências com temáticas: educação, saúde, sustentabilidade e meio ambiente, cultura, economia criativa, diversidade, mobilidade e logística, gastronomia, comunicação, redes, moda, beleza e finanças.

Entre os palestrantes que participaram do Expo Favela, estiveram nomes como Luiza Helena Trajano, Thelma Assis, Emicida, Alok, entre outros.

No último dia do evento, 10 projetos foram selecionados para participar do reality show “Expo Favela – O Desafio”, uma produção da Favela Filmes com a Rede Globo, que será exibido na emissora aos sábados.

Correios “batizam” 2º avião e transportam 310 toneladas todo dia por via aérea

Os Correios anunciaram mais um avião com a sua marca na útlima terça-feira (12). A segunda aeronave chega à estatal para auxiliar no serviço de entregas em todo o país, inclusive em áreas remotas, e com prazos curtos. De acordo com a companhia, em média, 310 toneladas de encomendas são transportadas diariamente por via aérea.

Correios “batizam” 2º avião e transportam 310 toneladas todo dia por via aérea (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Correios “batizam” 2º avião e transportam 310 toneladas todo dia por via aérea (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A nova aeronave visa fortalecer a Rede Postal Noturna (RPN). Em nota à imprensa, a estatal informou que, graças ao serviço, é possível escoar parte significativa da carga pelo transporte aéreo. Assim, a empresa consegue manter a qualidade e garantir as entregas em todo o território nacional.

“Em média são 310 toneladas de encomendas transportadas diariamente pelo modal aéreo, proporcionando agilidade e confiabilidade ao fluxo postal”, afirmaram.

Esta é mais uma ação dos Correios para incrementar a operação. A empresa também afirmou que retomou os investimentos para “absorver o significativo incremento no volume de encomendas, muito impulsionado pelo crescimento do comércio eletrônico”. Conforme revelado com exclusividade pelo Tecnobloga estatal também reduziu para um dia o prazo do Sedex em mais de 200 trechos.

Empresas investem no modal aéreo para entregas

Além dos Correios, outras empresas passaram a investir no modal aéreo para entregas no Brasil. É o caso do Mercado Livre que anunciou a sua frota própria de aviões no fim de 2020. O investimento partia da estratégia da empresa para diminuir o tempo de entrega de produtos comprados na plataforma de e-commerce no país.

A Americanas também recorreu à modalidade. Em meados de 2021, a companhia revelou que passaria a utilizar aviões para agilizar a entrega de produtos vindos da China. O AliExpress é outra empresa que aproveitou o modal para reduzir o tempo das remessas durante o festival de ofertas “11.11”, a “Black Friday chinesa”.

Nos Estados Unidos, a Amazon comprou aviões aviões pela primeira vez em 2021 para reforçar a frota.

Redes varejistas já faturam mais na internet do que na rua no Brasil

Quando Fabrício Garcia começou a trabalhar no negócio da família, o Magazine Luiza, em Franca (SP), tinha 13 anos. Nas férias escolares, ao lado do primo Frederico Trajano (atual presidente da varejista), fazia jus à cultura de “barriga no balcão”, uma tradição da família para ensinar às novas gerações da empresa, fundada em 1957, como atender o cliente.

Hoje, aos 44 anos, o atual vice-presidente de operações do Magazine Luiza precisa fazer muito mais pelo consumidor do que mostrar o que tem na loja: 71% de todas as vendas da rede acontecem pela internet.

Levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo aponta que mais da metade das vendas de três grandes varejistas do país é feita online. A despeito das milhares de lojas espalhadas em todo o país, Via (redes Casas Bahia e Ponto), Magazine Luiza e Lojas Americanas têm, respectivamente, 59%, 71% e 76% das vendas realizadas pela internet.
Os números incluem o marketplace, quando vendedores (“sellers”) cadastram seus produtos nos sites das varejistas, que ganham uma comissão sobre a venda.

Uma das medidas tradicionais do varejo –as vendas “mesmas lojas”, do inglês “same store sales” (SSS)– dá um sinal dos novos tempos. O indicador considera só as lojas existentes há um ano ou mais, excluindo as mais recentes, para dar uma amostra do ganho de produtividade e da retenção dos clientes.

Em 2021, a venda nesses pontos físicos cresceu pouco ou caiu nas grandes redes: alta de 0,2% no Magazine Luiza e de 4,6% na Americanas. A Via não divulga o indicador, diz apenas que, nas lojas físicas, a venda caiu 2,3% no ano.

A venda no online, no entanto, saltou em todas as varejistas: 39% tanto na Magalu quanto na Via, e alta de 56% na Americanas.

Isso não significa, porém, que as lojas estejam acabando: nos últimos cinco anos, o número de pontos de venda também aumentou, como aponta levantamento da Folha de S.Paulo. Mas hoje a maior preocupação de Fabricio Garcia, do Magalu, e dos demais grandes varejistas é investir muito mais em tecnologia e logística do que em inauguração de loja, a fim de integrar todas as pontas do varejo e fazer com que qualquer produto chegue ao cliente.

Em 2021, por exemplo, enquanto investiu R$ 222 milhões para abrir 182 pontos de venda, o Magalu aplicou R$ 790,2 milhões em tecnologia e logística. Já a Via destinou R$ 223 milhões para inaugurar 101 lojas no ano passado, período em que reservou R$ 601 milhões para tecnologia e logística.

Agora toda loja precisa contar com um espaço maior para o estoque: é de lá que sai o produto comprado online direto para a casa do cliente (ou será entregue ao próprio consumidor que preferir buscar na loja). No Magalu, esse espaço corresponde, em média, a 25% do tamanho do ponto de venda (era no máximo 15% antes da pandemia). Na Via, um quinto do espaço da loja é para o estoque, ante um décimo de poucos anos atrás.

Com os altos investimentos em tecnologia e logística, o grande objetivo é agilizar a entrega e diminuir os custos: a mercadoria não precisa mais ir para um centro de distribuição (CD) distante.

Quanto menor for o prazo da entrega, maior a chance de ganhar o consumidor, que também está interessado em pagar pouco ou nada pelo frete.

“Desde os anos 2000, muita gente achou que a importância da loja física ia diminuir, uma discussão que ficou ainda maior com a pandemia e a explosão das vendas online”, diz Garcia. “Mas a verdade é que as lojas têm um papel fundamental no ecossistema do varejo, como ponto de apoio à logística, em especial quando se trata da capilaridade do mercado brasileiro.”

Nesse novo contexto, as lojas passaram a contar com um lugar para a retirada rápida de produtos comprados online, com drive-thru, e reservam um espaço para separar e despachar produtos dos “sellers”.

Ao mesmo tempo, os vendedores não ficam só com a barriga no balcão: são treinados para tirar dúvidas de clientes e fechar vendas pelo aplicativo. Também aproveitam a visita à loja para tentar vender produtos dos “sellers” cadastrados no marketplace.

“Já vendemos até trator pela internet”, diz Abel Ornelas, vice-presidente comercial e de operações da Via, citando um negócio feito pelas Casas Bahia de Irecê (BA).

Um dos vendedores da loja, que fica em uma região agrícola, vendeu um microtrator a diesel, no valor de R$ 25,7 mil. O produto é de um dos “sellers” da rede, e toda a negociação com o consumidor foi feita virtualmente.

“Antes o vendedor achava que a internet ia tirar venda dele, mas agora considera o online seu aliado”, afirma Ornelas. “Se antes ele tinha 3.000 ou 4.000 SKUs [itens] para vender em loja, agora, com os ‘sellers’, tem 41 milhões”, diz, destacando que metade das vendas digitais da Via passa pelas lojas físicas.

“Vai ficar cada vez mais difícil saber o que é venda online ou o que é venda física daqui para a frente.”

Uma das novidades que surgiram com as lojas fechadas durante a pandemia, a função “Me chama no Zap”, instalada no app das Casas Bahia, continua sendo muito usada.

“O consumidor pesquisa a compra de uma TV de 80 polegadas na internet, por exemplo. Mas ele tem dúvidas e pode entrar no app para falar direto com o vendedor, que tem a chance de fechar a compra ali mesmo ou na loja”, diz.

Por isso, Ornelas defende manter uma relação próxima com o cliente, algo que só a loja física dá.

O avanço das vendas online também ajudou a reconfigurar a escolha dos pontos das lojas físicas. Para as varejistas, vale a pena marcar presença em todos os estados do país, mas não é preciso estar em todos os bairros das capitais.

“Na época do carnê, chegamos a ter seis lojas em uma mesma rua em Osasco”, diz Ornelas. “Era muita gente para pagar a prestação e não cabia todo o mundo dentro da loja. Hoje o pagamento é pelo BanQi, nossa conta digital.”

Para o consultor Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail, a loja física tem um papel fundamental em meio à transformação digital do varejo. “A loja contribui para captar e cativar os clientes”, diz ele. “Tanto que operações que nasceram no varejo online, como a Amaro [moda] ou a Westwing [decoração], acabaram abrindo lojas físicas.”

Na opinião de Eugênio Foganholo, da consultoria Mixxer, a expansão do varejo deixou de depender essencialmente da loja física –o que no passado levou a um movimento de grandes aquisições.

Nas praças onde a Via abriu lojas novas, as vendas digitais triplicaram, diz Abel Ornelas. “Muitos clientes se sentem mais seguros de fazer uma compra online se têm a loja física perto”, diz.

O Magazine Luiza, que chegou na metade de 2021 ao Rio de Janeiro, viu as vendas online no estado aumentarem depois da estreia, diz Danniela Eiger, analista de varejo da XP.
“A diferença é que antes a expansão das redes se dava só pelas lojas físicas, agora está mais vinculada ao marketplace.”

No Magazine Luiza, por exemplo, os próprios vendedores saem em busca de novos “sellers” para integrar o marketplace, entrando em contato com pequenos varejistas no entorno da loja, diz Garcia.

“Queremos criar um impacto real para o consumidor brasileiro”, diz o Diretor de Operações da Amazon no Brasil

Em entrevista exclusiva para a Mundo Logística, Ricardo Pagani deu detalhes da logística da empresa e da visão a respeito de temas como a expansão do e-commerce, a valorização do trabalho humano e mais.

Em 2012, era quase underground comprar na Amazon. Isso porque, na época, a gigante americana comercializava apenas livros digitais no Brasil. Foi somente em 2017 que a empresa ampliou os negócios no país para vender outros produtos e hoje se posiciona, de fato, na linha de frente na “briga” pela preferência do consumidor do e-commerce – um público que tem sido cada vez mais amplo, heterogêneo e exigente.

Essa nova fase tem um impacto direto no investimento nas operações logísticas da Amazon. Atualmente, a empresa opera em doze centros de distribuição: cinco em Cajamar (São Paulo), um em Betim (Minas Gerais), um em Santa Maria (Distrito  Federal), um em Nova Santa Rita (Rio Grande  do Sul), um em São João de Meriti (Rio de Janeiro), dois em Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco)e um em Itaitinga (Ceará).

Para dar suporte a essa operação, a Amazon fez, nos últimos dois anos, investimentos que geraram de 10 mil empregos diretos e indiretos na área de Operações. Hoje, a multinacional tem mais de 8 mil funcionários, diretos e indiretos, trabalhando no Brasil.

Para falar das características de uma das operações mais visadas do e-commerce brasileiro, a Mundo Logística traz uma entrevista exclusiva com Ricardo Pagani, diretor de Operações da Amazon no Brasil. No bate-papo, o executivo deu detalhes da logística da empresa e compartilhou a visão da Amazon a respeito de temas como a expansão do e-commerce, as demandas por sustentabilidade, a valorização do trabalho humano e as projeções para o futuro.


MUNDOLOGÍSTICA: A pandemia de Covid-19 acelerou uma mudança (que já estava em curso) nos padrões de consumo da sociedade, especialmente quando se fala em e-commerce. Sendo uma das gigantes desse segmento, qual é a visão da Amazon em relação a tendências do mercado como o same-day delivery, por exemplo? 

RICARDO PAGANI: Na Amazon, estamos sempre inovando em prol dos clientes, buscando constantemente aprimorar e proporcionar a todos as melhores experiências de compra. Além disso, queremos que todos nossos associados saibam que somos extremamente focados em garantir a saúde e integridade de todos. Nossas pessoas são o coração e a alma da garantir a melhor experiência para nossos clientes. Durante a pandemia, isso não foi diferente. Implementamos diversos novos protocolos e adaptamos de acordo com as necessidades. Para criar uma cultura de segurança, você precisa ter uma obsessão por ela todos os dias. Uma de nossas inovações mais visíveis é a rede de logística “última rota” [last mile], que faz com que nossos produtos cheguem mais rápido aos nossos consumidores. Para que isso ocorra, o investimento global da Amazon em estações de entrega é resultado dos mais de 20 anos de experiência operacional e avanços tecnológicos, para permitir uma entrega mais rápida do que nunca aos consumidores. No Brasil, graças às nossas quatro estações de entrega para transporte last mile em todo o país, é possível realizar entregas no mesmo dia em São Paulo, entregas de um dia em mais de 50 cidades e entregas de dois dias em mais de 700 cidades em todo o país com o uso do benefício Prime.

A pauta ESG está cada vez mais presente, propondo às empresas o desafio de crescer e oferecer o melhor serviço dentro dos quesitos de sustentabilidade. No caso da logística da Amazon, quais ações estão sendo planejadas/realizadas para alcançar esse desenvolvimento sustentável?

A Amazon é comprometida em ajudar as comunidades nos locais onde atua e estamos sempre criando e investindo significativamente em todas as áreas da empresa, focando em desempenhar um papel significativo na sociedade como um todo. Em 2019, por exemplo, assinamos o The Climate Pledge, um compromisso de ser carbono zero em nossos negócios até 2040. Também temos como objetivo utilizar em nossas operações somente eletricidade de fontes renováveis a partir de 2025, para que o processo de armazenamento, embalagem e processamento dos pedidos de nossos clientes sejam realizados com emissão zero. Em relação às embalagens, priorizamos não adicionar embalagens Amazon quando a embalagem original do produto apresenta características que garantam a proteção adequada. Seguindo esse objetivo, iniciamos projetos pilotos para experimentar alternativas de veículos com menor ou zero emissão em nosso transporte, com o intuito de planejar uma estratégia de médio prazo, para honrar nosso compromisso global de ser carbono zero até 2040. Além disso, temos o compromisso de empoderar nossos próprios funcionários, que são o coração de nossa empresa, a também fazer parte do poder de decisão de auxiliar suas próprias comunidades. No início do ano, destinamos doações a 15 ONGs brasileiras, indicadas pelos próprios colaboradores de suas operações nos estados onde opera, não só contribuindo com voluntariado para as ONGs locais que estão próximas dos centros de distribuição, mas também incentivamos as doações de roupas, cobertores, livros, brinquedos, itens de higiene pessoal e kits primeiros socorros.

No ano passado, a Amazon inaugurou alguns centros de distribuição estrategicamente distribuídos pelo Brasil. Dois deles foram na região Nordeste: um em Pernambuco e outro no Ceará. Existe alguma estratégia específica da companhia ao levar as operações para essa região?

Para selecionar um novo local, sempre fazemos uma análise da topologia de nossa rede de distribuição para descobrir quais as principais cidades para abastecermos com os produtos que vendemos e fazermos as entregas. Após um estudo, percebemos que o Nordeste é uma região muito estratégica e importante para nós. Por isso, inauguramos dois centros na região em menos de um mês. Os centros colocam os produtos ainda mais próximos dos clientes e encurtam ainda mais o tempo de entrega, não só estado, mas em todo o país. Nós queremos criar um impacto real para o consumidor brasileiro ao anunciar que a Amazon aumentará significativamente sua estrutura por meio de um sistema de logística atualizado que reduzirá o tempo de entrega e aprimorará a experiência de compra com as novas operações no local. Assim, conseguimos ampliar a gama de produtos disponíveis na região, aumentando a capilaridade logística da empresa no país e beneficiando milhões de consumidores de diversos estados que terão suas entregas realizadas mais rapidamente.

Sempre que a Amazon comunica ao mercado a abertura de um centro de distribuição, enfatiza-se o número de postos de trabalho criados. Em um cenário marcado pela inovação e pela implementação de soluções tecnológicas para otimizar processos, qual é a importância de uma empresa desse porte valorizar o papel humano na operação?

A Amazon tem como objetivo ser o melhor lugar para se trabalhar no mundo, oferecendo remuneração competitiva, benefícios desde o Dia 1, diversificado e incluindo espaço de trabalho, garantindo programas de treinamento, além de dar oportunidades iguais internamente para todos os associados. Para nós, o papel humano é essencial para que as nossas operações aconteçam. Por isso, estamos constantemente comprometidos em garantir que todos os trabalhadores sejam respeitados e ouvidos, em todas as etapas como: recrutamento, treinamento e desenvolvimento, promoções, avaliações, salários e benefícios, eliminando a discriminação em qualquer terreno. Atualmente, por exemplo, estamos trabalhando para alcançar pelo menos 50% das mulheres em todas as instalações, incluindo todas as expansões que faremos em 2022. Também desenvolvemos constantemente nossos colaboradores por meio de programas de treinamento que os ajudam a aprender novas habilidades. Além disso, trabalhamos em modelos de melhoria interna co-criados internamente para entender suas sugestões e recomendações. Assim, criamos ambientes de trabalho mais inclusivos e inteligentes.

Para 2022, visando a retomada da economia após dois anos de pandemia, quais os planos da Amazon para o Brasil?

A Amazon tem um forte compromisso de longo prazo com o Brasil e planeja, acima de tudo, oferecer a melhor experiência de compra para nossos clientes. Isso envolve, é claro, uma melhoria contínua de nossa infraestrutura. Temos muitos planos para o ano, em várias frentes, que teremos o maior prazer em comunicar oportunamente.

Como as marcas devem aproveitar as redes sociais para se conectar com o consumidor

A transformação digital no varejo e no consumo foi tema de uma das mesas da 10ª edição do Fórum Lide do Varejo e Marketing.

Os brasileiros ficam, em média, 3h42 por dia conectados nas redes sociais, segundo um estudo divulgado pela plataforma Cupom Válido, que reuniu dados da Hootsuite e WeAreSocial. Mais do que nunca, as redes sociais se tornaram um importante canal de conexão entre as marcas e os consumidores.

Com 1 bilhão de usuários ativos no mundo, o TikTok é cada vez mais usado pelas marcas para a comunicação com o cliente. Em junho de 2021, a BMW escolheu a plataforma para o lançamento do superesportivo BMW M3 no País. A transmissão no canal da marca foi a primeira a utilizar a rede social para o lançamento de um carro.

Esse foi um dos exemplos apresentados por Gabriela Comazzetto, head de Global Business Solutions do TikTok no Brasil, durante a 10ª edição do Fórum Lide do Varejo e Marketing, que aconteceu até o último dia 20, no Sofitel Jequitimar Guarujá, litoral de São Paulo.

Gabriela destacou que o TikTok, além de um canal de entretenimento, se transformou em um espaço onde as marcas podem se conectar de forma única com novas audiências. “Qualquer marca pode ser descoberta na plataforma. Hoje 52% dos nossos usuários afirmam que o TikTok é um bom lugar para descobrir novos produtos.”

Outro exemplo citado por Gabriela é a hashtag BookTok, que tem viralizado e impulsionado a venda de livros. “Essa hashtag está viralizando e transformando em comportamento de consumo. Nas livrarias tem indicação do TikTok”, comenta.

Varejo e indústria

Para Sergio Valente, CMO global da JBS, as empresas devem aproveitar a maior exposição das pessoas nas redes sociais para conhecê-las e se aproximar.

“A lógica do varejo é essa: conversar com gente. As pessoas nunca estiveram tão perto e dispostas a conversar. E a conversa precisa ser de encantamento”, afirma.

Por outro lado, Valente reforça a importância das lojas físicas como um canal de experiência. “A loja traz experiência. Por que a Amazon montou uma loja? Para criar esse canal”, diz.

Na JBS, exemplifica, as lojas da Swift surgiram para criar uma conexão direta com o cliente. “O B2C é uma realidade e não incomoda o comércio. Pelo contrário, outra tendência é o store in store porque somos um fator de atração pelo mix que entregamos, um ponto de experiência através do produto”, afirma.

Os marketplaces são outro exemplo onde a indústria e o varejista se conectam e complementam. Com 160 mil sellers, o Magalu quadruplicou o tamanho de marketplace em dois anos, com faturamento de R$ 13 bilhões em 2021.

“No Magalu, grandes sellers do marketplace também são nossos fornecedores. Eles passam a ser fornecedores e parceiros. A indústria usa muito o varejo para fazer a entrega para o consumidor”, afirma Fabricio Garcia, vice-presidente de Operações do Magalu. “Para atender ao impacto causado pela transformação digital, o Magalu apostou na criação de um ecossistema para ampliar o número de categorias oferecidas e diversificar receitas”, destaca.

A 10ª edição do Fórum Lide do Varejo e Marketing é promovida pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais e reúne os principais líderes dos dois setores para debater as mudanças e tendências. A curadoria é de Marcos Gouvêa de Souza, fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, publisher da Mercado&Consumo e presidente do Lide Comércio; e Marcos Quintela, CEO e sócio da VMLY&R Group no Brasil e presidente do Lide Comunicação.

Mercado Livre anuncia investimento de R$ 17 bi no Brasil

Valor será destinado à expansão do comércio eletrônico e do sistema de pagamentos on-line Mercado Pago, segundo empresa.

O Mercado Livre vai investir R$ 17 bilhões no Brasil em 2022, anunciou a gigante do comércio eletrônico na América Latina. O montante é 70% maior em comparação aos R$ 10 bilhões aplicados no país em 2021.

Segundo a empresa, uma “parte significativa” dessa quantia será destinada à fintech Mercado Pago, com “novos serviços, produtos e experiências integrados à conta digital”.  Poder360 todos os dias no seu e-mail concordo com os termos da LGPD. O comunicado destaca ainda a inauguração de 4 novos centros de distribuição no estado de São Paulo e a consequente expansão da capacidade logística diária para 2 milhões de pacotes.  Para Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, a expansão do investimento reflete o “crescimento sustentável e constante” da empresa argentina no país, aliado ao “compromisso de democratizar o comércio e os serviços financeiros para pessoas e empresas por meio da internet”.

O Mercado Livre possui 12 centros de distribuição pelo Brasil. Além de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, está negociando a abertura de uma nova unidade no Ceará.

O último balancete da empresa, referente ao 4º trimestre de 2021, contabilizava um total de 82,2 milhões de usuários ativos nas plataformas, com 287,9 milhões de itens comercializados e receita líquida de US$ 2,1 bilhões –alta de 60,5% em relação ao ano anterior.

No início de março, a companhia divulgou que dados pessoais de “aproximadamente 300 mil” usuários haviam sido vazados, mas informou não ter encontrado evidências da exposição de informações financeiras Disse estar adotando “medidas rigorosas” para evitar a reincidência do ataque cibernético.

Efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia devem ser duradouros no Brasil

Para economista da FGV, empresas devem adotar inovações mais baratas e sustentáveis como alternativa.

O economista destaca que a lista de derivados do petróleo vai muito além da gasolina e do diesel – que acabam de sofrer forte reajuste -, uma vez que o agronegócio, por exemplo, usa fertilizantes derivados deste recurso fóssil. “Não será somente o agronegócio o segmento afetado pela crise, uma vez que a indústria automobilística usa também resinas combustíveis para a fabricação de consoles, forros de portas e para-choques”, afirma.

Por não serem regulados, à medida que as cotações dos derivados de petróleo batem recordes e se estabilizam em patamares muito acima, por conta dos embargos impostos à Rússia para os grandes mercados por conta da guerra, essa nova realidade tende a ser mais duradoura e não será somente um breve período de incerteza, com ruídos de curto prazo.

Braz explica que, aos poucos, estes repasses vão chegar aos preços, uma vez que a guerra causará um choque de oferta: pouca matéria prima ou mercadorias para atender ao mercado, além da desmobilização das cadeias produtivas.

Diesel é o principal vilão

Ao observar o índice de preços ao consumidor amplo (IPCA), pode-se pensar que o diesel tenha pouca influência nos preços porque as famílias não têm carro com esse tipo de motor mais pesado. No entanto, para a atividade produtiva, este combustível é muito mais importante do que a gasolina.

“Basta olhar a frota de transporte de carga e a influência dos caminhoneiros. E ainda os tratores e máquinas do agronegócio e o transporte público nos grandes centros urbanos. Tudo isso é diesel na veia. Assim, este combustível é o maior vilão, porque causa uma inflação que a gente não percebe mas está no nosso dia a dia. Se você vai comprar uma couve na feira, o preço dela estará influenciado pelo frete que a levou até a barraca”, afirma Braz.

Medidas que reduzem custos

Para reduzir o impacto, Braz alerta que o empresário deverá adotar técnicas de produção e inovações mais baratas e sustentáveis como alternativa. “Eu acho que a redução de custos está na cartilha do empresário moderno e consciente que vislumbra a oportunidade de aumentar sua produtividade, diminuindo gastos”, afirma.

Nesta lista estão medidas como comprar maquinário mais eficiente, adotar fontes de energia renováveis, treinar a mão de obra ou investir em tecnologias que evitem a depreciação de seus equipamentos e máquinas.

As indústrias e o agronegócio, por exemplo, convivem com o crônico problema de acúmulo de resíduos ou mesmo de incrustações. A remoção destes restos e o reparo em maquinário e tubos trazem não somente despesas com produtos de limpeza e consumo de eletricidade, mas também prejuízos, como a queda de produtividade e a depreciação de equipamentos.