Magazine Luiza e dona da Casas Bahia se acusam na Justiça de concorrência desleal

Na Black Friday do ano passado, o Magazine Luiza foi à Justiça para exigir que a Via deixasse de usar a sua marca como palavra chave para exibição de anúncios: uma prática usada para desviar tráfego da concorrência na internet. A ação foi distribuída para a 2ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem e a empresa conseguiu uma decisão favorável, em que o juiz pediu a desabilitação dos anúncios patrocinados da Via no prazo máximo de duas horas após o recebimento da decisão liminar. Mas não parou por aí. Pouco depois, em dezembro, a Via entrou com uma ação parecida contra o Magalu e também obteve resposta favorável do juiz.

As informações foram divulgadas anteriormente pelo jornal Valor Econômico e obtidas pelo Estadão/Broadcast dentre as peças públicas do processo. Na ação movida pelo Magazine Luiza, a Via é acusada de contratar “serviços de anúncios patrocinados junto ao sites de pesquisas Google para que seu site aparecesse como resultado de destaque caso o usuário utilizasse as marcas ‘Magazine Luiza’ e ‘Magalu’ como termos de pesquisa”.

A decisão do juiz Eduardo Palma Pellegrinelli considerou justo pedido do Magazine Luiza de que essa prática fosse encerrada rapidamente, visto que ela acontecia em um período aquecido de vendas: a Black Friday.

Na ação da Via, o Magazine Luiza é acusado de usar “ferramentas de busca e mecanismos de links patrocinados para atrair clientela comum, ao vincular as marcas Casas Bahia e Ponto Frio como critério de pesquisa”. Nesse caso, o juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi deferiu a tutela de urgência para determinar que o Magalu parasse a “utilização das marcas ‘Casas Bahia’ e ‘Ponto Frio’ [ou qualquer outra expressão que com elas se assemelhe] como títulos e palavras-chave para a disponibilização de anúncios patrocinados em ferramentas de busca como o Google, o Bing e quaisquer outras assemelhadas, bem como de incluir tais reproduções e imitações no título de seus anúncios patrocinados, tudo no prazo de cinco dias”. A ação da Via foi distribuída para a 1ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem.

O sócio do Escritório J Amaral Advogados, Fabio Pimentel, diz que anúncios patrocinados se tornaram uma ferramenta estratégica para vendas na internet e que a pandemia acelerou o comércio online. “Naturalmente, com essa aceleração surgem também desafios concorrenciais. Afinal, a concorrência se desenvolve em âmbito físico e em âmbito digital. O uso indevido de marcas de terceiros pode configurar desvio de clientela, uma conduta que a legislação brasileira proíbe e reprime”, afirma.

Ele pontua ainda que a preservação da livre concorrência, que está em jogo em questões como essa, devem ser cada vez mais importantes para o País. “Nesse sentido, vale lembrar que a retomada das discussões para entrada do Brasil na OCDE certamente demandará do País uma atuação cada vez mais efetiva no que diz respeito à preservação da livre concorrência, especialmente em tempos de uma economia cada vez mais digital e globalizada”, afirma Pimentel.

Para Gustavo Chapchap, líder do Comitê de E-Commerce da Associação Brasileira de Agentes Digitais e diretor da Jet/ZapCommerce, a prática da qual Via e Magazine Luiza foram acusadas não é nova. “A concorrência desleal comprando palavras do concorrente é algo que já acontece faz tempo e em vários mercados”, afirma. Ele diz, inclusive que as plataformas de busca já têm mecanismos que, de alguma forma, penalizam essa forma de tentar desviar tráfego da concorrência. “O robô (de determinada plataforma) identifica que o destino do link não tem nada do termo chave que ele está anunciado e cobra um valor mais alto (pelo clique no anúncio)”, explica.

Procuradas, Via e Magazine Luiza disseram não comentar processos em andamento.

Fonte : https://www.istoedinheiro.com.br/magazine-luiza-e-dona-da-casas-bahia-se-acusam-na-justica-de-concorrencia-desleal/

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Goiás pode se tornar hub de distribuição do comércio eletrônico, diz

A pandemia aumentou a busca pelo comércio eletrônico, acelerou a logística de entregas e Goiás pode se tornar um grande protagonista nacional na distribuição de produtos adquiridos pelo e-commerce. Para isso, empresários goianos articulam com o governo estadual a possibilidade de alterações na atual política de incentivos fiscais do Estado, prevista no programa ProGoiás, para que a legislação também contemple empresas do comércio eletrônico. A ideia é que isso ajude a atrair novas unidades de gigantes do ramo para o Estado, como Amazon, Mercado Livre ou Americanas.

Pelo projeto de lei que altera a lei 20.787 e que tramita na Assembleia Legislativa do Estado, as empresas que estão no Progredir, ao aderirem ao ProGoiás, terão o incentivo limitado às operações de comércio eletrônico e atacado, desde que instalem um centro de distribuição em Goiás e abasteçam através do e-commerce, pelo Estado, pelo menos três unidades da Federação. As que já operam no Estado também teriam o incentivo sobre o acréscimo de vendas na média dos últimos 12 meses. A proposta é de um benefício de 40% de redução de ICMS.

O problema é que a proposta só beneficia as que tenham um único centro de distribuição (CD) no País, localizado em Goiás, ou seja, que concentrem as operações por aqui, o que inviabiliza gigantes de atuação nacional e mundial. Isso tem feito Goiás perder a corrida para outros estados, como Minas Gerais e até para o Distrito Federal, que acaba de ganhar um CD da Amazon.

“Empresas como Mercado Livre, Americanas e Magalu também querem ampliar sua atuação com novos CDs pelo País mediante incentivos. O Grupo Saga está trazendo centros de distribuição de bicicletas da Alemanha e Holanda para cá e a Hering também quer ter distribuição em todo País. São grandes oportunidades que temos que aproveitar”, destaca o secretário de Indústria e Comércio do Estado, Joel de Sant’Anna Braga Filho.

Localização

Em Goiás, as vendas pelo e-commerce aumentaram mais de R$ 3 bilhões em um ano. “A pandemia antecipou a chegada deste futuro uns 10 anos e não temos como fugir dele, que já é uma realidade”, destaca o secretário. E Goiás, que antes era apontado pela desvantagem de ficar distante dos portos, hoje é reconhecido pela vantagem da localização centralizada no País para distribuição, além da proximidade com regiões de força econômica, como o interior de São Paulo.

De acordo com o secretário, grandes indústrias como a Atlas (fogões), que já tem parceria no marketplace com o Grupo Novo Mundo, manifestaram a intenção de, num primeiro momento, instalar um centro de distribuição em Goiás e, depois, uma unidade industrial. O presidente da Acieg, Rubens Fileti, lembra que as gigantes do comércio eletrônico são empresas assediadas pelos estados e que buscam incentivos para se instalarem em algum deles.

O presidente do Conselho de Administração do Grupo Novo Mundo, Carlos Luciano Ribeiro, ressalta o grande crescimento das vendas pelo comércio eletrônico. “Através dele, se vende para todo País”, destaca. Segundo ele, atrair empresas do setor para Goiás significará trazer novos empregos e impostos que iriam para outros estados. “Hoje, muitas indústrias distribuem diretamente para o consumidor final pelo e-commerce, que não tem um incentivo específico no estado”, destaca.

Isso significa que ficará mais fácil atrair tanto empresas de e-commerce quanto indústrias. Ele confirma que a Atlas já manifestou o interesse de montar sua base de vendas pela internet a partir de Goiás. Empresas daqui podem ampliar sua atuação no País e as que ainda não estão podem passar a distribuir seus produtos a partir daqui. “Goiás precisa de uma legislação específica para assumir este protagonismo no hub do e-commerce. Mas o Estado já deu abertura para a busca desta legislação”, alerta o empresário.

Braga Filho lembra que o Estado também se tornou atrativo para a distribuição de produtos ao ampliar seu potencial logístico com investimentos em ferrovias que chegam a todos os portos e porque terá grandes aeroportos de cargas em Anápolis e Aparecida de Goiânia. “Teremos tudo que é necessário para atrair grandes empresas de distribuição para a formação de um grande hub logístico”, destaca o secretário. Ele lembra que empresas chinesas já estariam negociando com os Correios para distribuírem mercadorias que chegam da China a partir de Anápolis.

Para a tributarista e diretora da Acieg, Liz Marília Vecci, o ProGoiás é um programa bastante interessante, mas que não contempla todos os segmentos, como o e-commerce, e que, por isso, ainda demanda alguns ajustes. “Nossa legislação foi baseada na do Mato Grosso do Sul, mas Goiás copiou com restrições e não contemplou o comércio eletrônico, como fez o Distrito Federal, que ganhou um CD da Amazon”, destaca. Segundo ela, muitas empresas abriram novas unidades e nem cogitaram Goiás, pois outros estados estão muito agressivos.

Para Liz, o projeto de lei não deve funcionar para atração de novas empresas porque tem condicionantes e exige que a empresa faça todas as aquisições de mercadorias para revender por Goiás.

Fonte : https://opopular.com.br/noticias/2.234055/goi%C3%A1s-pode-se-tornar-hub-de-distribui%C3%A7%C3%A3o-do-com%C3%A9rcio-eletr%C3%B4nico-diz-1.2378018

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