AliExpress, Shein e Shopee: com tributação, compras atingem US$ 1 bi em agosto

Valor representa uma valorização de 32,9% em comparação aos números de julho, quando não havia o Programa Remessa Conforme (PRC).

Os brasileiros gastaram US$ 1 bilhão em compras de pequeno valor em plataformas de comércio eletrônico como Aliexpress, Shein e Shopee em agosto, de acordo com o levantamento realizado pela Vixtra, fintech de comércio exterior, com base em dados disponibilizados pelo Banco Central.

O valor é 32,9% superior ao visto em julho, momento em que não havia definição sobre a tributação de compras feitas no exterior. Desta forma, é possível ver um retorno significativo do interesse dos consumidores após as novas regras do governo.

“No decorrer dos últimos meses, houve muita discussão quanto a taxação desses produtos, o que fez com que as importações apresentassem fortes oscilações”, explica Leonardo Baltieri, co-CEO da Vixtra. “Com a entrada do Programa Remessa Conforme (PRC) e a aderência dos principais players ao mesmo, começa a ficar mais claro para o consumidor quando ele será taxado e quanto vai pagar no produto final, o que possibilita saber se a compra ainda faz sentido.”

Por outro lado, apesar do avanço mês a mês, agosto ainda registrou uma queda de 13,6% em relação ao valor consumido no mesmo período de 2022*, que totalizou US$ 1,1 bilhão no período.
No acumulado anual, também houve um recuo, embora menor. Nos oito primeiros meses deste ano, foram importados US$ 6,9 bilhões, queda de 6,2% em comparação ao mesmo período do ano passado. Em números absolutos, a queda representa US$ 451 milhões.

“Apesar das grandes flutuações observadas, é evidente o interesse contínuo dos brasileiros pelos produtos destas plataformas de e-commerce”, diz Baltieri. “A clareza sobre as novas regras tributárias e o apelo de custo-benefício destas compras continuarão como fatores-chave de atração para os consumidores. Porém, em um cenário com o aumento do preço para o consumidor final, será mais desafiador alcançar o volume transacionado ano passado.”

*o ano foi corrigido para 2022 apesar de a matéria original informar o ano de 2023, devido ser um trecho da matéria que o autor faz uma comparação por meio do método “Year over Year” (YoY) ou “ano após ano”, utilizado para avaliar os resultados de cada ano, tendo o período anual como base.

‘https://forbes.com.br/forbes-money/2023/10/aliexpress-shein-e-shopee-com-tributacao-compras-atingem-us-1-bi-em-agosto/

Indústria se une ao varejo e pede que governo não dê isenção para importações de até US$ 50

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se uniu aos representantes do varejo no pedido para que o governo reveja a isenção federal para importações que custam até US$ 50. O programa Remessa Conforme deve entrar em vigor em agosto e as associações de empresários tem previsto um “desastre” para a economia brasileira.

Segundo dados apresentados pela CNI, as importações de pequeno valor saltaram de US$ 800 milhões para US$ 13,1 bilhões entre os anos de 2013 e 2022. Robson Andrade, presidente da CNI, diz que esse alto volume de importados de baixo valor prejudica não só o comércio, mas também as fabricantes brasileiras.

Só na indústria, a estimativa é de que vamos perder 500 mil empregos, o que representa cerca de R$ 20 bilhões até o fim do ano. Para vocês terem uma ideia, são mais de um milhão de pacotes por dia que estão chegando no Brasil, com esse valor de até US$ 50. Isso está chegando a uma proporção que vai dar R$ 60 bilhões por ano.

Andrade também disse que esses números só foram contabilizados agora porque ninguém tinha curiosidade para analisá-los.

Ninguém tinha noção, talvez há seis meses, que nós estávamos pegando um milhão de pacotes por dia.

Como sugestão ao governo, a CNI pede que haja paridade de impostos sobre a mercadoria de fora com a produzida no Brasil. Ou seja, o produto importado precisa pagar a mesma quantidade de tributos que um que é produzido em solo nacional.

Já Flávio Roscoe, presidente da Federação de Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), também se colocou contrário a isenção.

Essa prática coloca o produto comercializado no Brasil em uma enorme desvantagem. Os benefícios para os produtos nacionais e importados precisam ser iguais. Não dá para competir com quem não é taxado.

Governo deve avaliar dados

Como resposta para as demandas dos empresários, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, prometeu analisar a situação.

A gente recebeu os estaudos e vamos fazer uma análise criteriosa com a receita para avaliar os impactos.

Por mais que o governo não admita, conversas de bastidores dizem que parte da equipe econômica já admite voltar atrás na isenção federal para compras de até US$ 50.

Para quem não se lembra, o programa Remessa Conforme prevê a cobrança de 17% de ICMS em mercadorias com esse valor. A tendência é o governo procurar um meio-termo.

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