Ultrafarma: clientes reclamam de atrasos; empresa alega passar por mudança na logística

Clientes relatam também dificuldade para falar nos canais de atendimento e cancelar os pedidos que não chegam; segundo a Ultrafarma, atrasos foram motivados pela instalação de esteiras de separação automática dos produtos.

Clientes da rede farmacêutica Ultrafarma vêm sofrendo com atrasos na entrega de medicamentos e dificuldades para se comunicar com a empresa.

Segundo a Ultrafarma, os atrasos aconteceram em decorrência da instalação de esteiras de separação automática dos produtos.

Uma das clientes afetadas pelo atraso é Vanderleia Pires, de 46 anos. Ela mora em Cabreúva, no interior de São Paulo, e no dia 5 de março comprou remédios de uso contínuo para ela, seu pai e seu filho no site da Ultrafarma. Segundo Vanderleia, a escolha pela empresa foi motivada justamente pelo curto prazo de entrega prometido, de até quatro dias úteis. Mas, até esta segunda-feira, 18, ela diz não ter recebido os produtos ou conseguido qualquer resposta da área responsável, seja pelo site, por e-mail ou telefone. Por isso, a consumidora acabou comprando os itens em outra farmácia.

Eliza Balisa passou por uma situação parecida. Ela fez uma compra no site da Ultrafarma no dia 27 de fevereiro. A previsão de entrega era de dois a três dias úteis. Até o momento, 20 dias depois, Eliza ainda não recebeu os itens. Segundo a consumidora, não há como cancelar o pedido pelo site e ela não conseguiu contato com a empresa. “Tentei pelo chat, pela aba ‘fale conosco’ no site e pelo telefone do SAC, mas sem resposta”, diz.

Para Márcio Henrique Luzio, cliente que relatou esperar 15 dias por um pedido com prazo de um a dois dias de entrega, essa dificuldade de comunicação é o mais grave da situação. “Mesmo que existam problemas de logística, isso não justifica a falta de transparência com o consumidor”, disse ao Estadão. Para ele, as vendas da empresa deveriam ser suspensas até que a situação fosse regularizada.

Atualmente, as vendas seguem disponíveis pelo site e por aplicativos da marca. Inclusive, a última publicação da empresa no Instagram, feita no dia 7 de março, incentiva os consumidores a aproveitarem uma oferta de produtos.

Mas a Ultrafarma bloqueou a opção de realizar comentários nas suas três últimas publicações no Instagram. Mesmo assim, ainda é possível ver diversas reclamações de consumidores insatisfeitos com os atrasos em publicações mais antigas.

O que diz a Ultrafarma

Segundo a empresa, os atrasos são resultado de uma mudança logística: a instalação de esteiras de separação automática de produtos. Essa alteração, de acordo com a Ultrafarma, teve como propósito melhorar a experiência do cliente em meio ao processo de reestruturação pelo qual a empresa está passando. Contudo, a novidade vem apresentado instabilidade, o que ocasionou os atrasos e congestionou os canais de atendimento, explicaram, em nota.

Ainda de acordo com a empresa, a situação já está sendo normalizada e a expectativa é que o envio dos pedidos seja feito em menos de dez dias. “A Ultrafarma e o Sr. Sidney Oliveira, presidente fundador da empresa, reforçam suas sinceras desculpas a todos os clientes por essa situação e informam que estão trabalhando incansavelmente para reparar os transtornos causados”.

Vale destacar ainda que, em comunicado publicado no Instagram da empresa no dia 29 de fevereiro, a Ultrafarma disse que estaria à disposição para realizar o cancelamento dos pedidos e indenizar prejuízos que tenham sido causados pelos atrasos.

Fonte: “Ultrafarma: clientes reclamam de atrasos; empresa alega passar por mudança na logística – Estadão (estadao.com.br)

 

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Clientes reclamam de sumiço de encomendas enviadas por app de transporte

Relatos expõem extravio de produtos enviados para entrega por meio de aplicativos de transporte de passageiros; cliente teve óculos extraviado em BH.

De livro a convites, clientes denunciam o extravio de produtos durante serviço de entrega intermediado por aplicativos de transporte de passageiros. Nas redes sociais, há uma série de relatos de problemas com mercadorias recebidas pelos motoristas parceiros das plataformas, mas que nunca chegaram ao endereço. Uma cliente pediu o serviço para buscar um óculos de grau na quarta-feira (19/7), na Região Leste de BH, a corrida durou sete horas e o pedido não foi entregue.

Ao Estado de Minas, a jornalista Raquel Santiago, de 43 anos, relata ter deixado seu óculos para reparo em uma ótica da qual já é cliente há anos, na terça-feira (18/7). O serviço só ficaria pronto no dia seguinte, e para facilitar a rotina de trabalho e cuidado dos filhos ela decidiu pedir a entrega por aplicativo. “Além do dinheiro, iria economizar um tempo que eu não tinha disponível”, disse.

Ela, então, pediu um Uber Flash para buscar o acessório no bairro Santa Efigênia, na Região Leste de Belo Horizonte, e levar até sua casa no Minaslândia, na Região Norte. O pedido foi aceito às 12:23, o motociclista foi até a ótica, pegou o óculos e levaria cerca de 20 minutos para chegar ao destino. A corrida, no entanto, só foi encerrada sete horas depois, às 19:28, sem que a encomenda fosse entregue.

“O tempo foi aumentando. Isso durou a tarde inteira. Aquilo foi me causando um estresse. A vontade que eu tinha era chorar, você se sente impotente”, relata. Com a corrida finalmente encerrada, o valor de apenas R$12 passou para R$89,69. Durante todo período, o motorista não respondeu as mensagens e ligações de Raquel. “Sumiu, não me atendeu. Cheguei a ficar preocupada que tivesse acontecido alguma coisa, que ele estivesse passando mal”, conta.

Sem conseguir contato com o motorista, Raquel procurou a Uber. A empresa foi categórica em dizer que os itens não são assegurados, portanto “nem os parceiros, nem a Uber, são responsáveis pelos artigos ou seus conteúdos; ou por qualquer perda, ou dano que possam sofrer”, conforme mensagem enviada à cliente. Ela reclama não ter recebido o suporte necessário da empresa. “Fiquei refém do péssimo atendimento. Falta de estrutura da empresa, que não consegue monitorar, não consegue fazer absolutamente nada”, reclama.

Com 7 graus de miopia e astigmatismo, Raquel amarga o prejuízo. “Tive que gastar dinheiro com um par de lentes, porque sem os óculos não consigo fazer nada. É algo de saúde, fundamental, uso óculos há 20 anos. Se esse não aparecer, ainda vou ter que comprar outro. Não sei o que um par de óculos de 7 graus vai fazer de bem pra alguém. Estou me sentindo lesada”, afirma. Até a manhã desta quinta-feira (20/7), ainda não havia nenhuma atualização sobre o paradeiro do motorista.

Ela afirma que a empresa ainda realizou normalmente a cobrança pela corrida. “Me cobraram a passagem, primeiro os 90. Imediatamente eu reclamei e voltaram para 12, que eu também não vou pagar. Esse valor não vai me fazer mais rica ou mais pobre, mas onde fica meu direito como consumidora? Meu pedido não foi entregue, e eles ainda vão me cobrar?”, questiona. Após o caso, Raquel registrou um boletim de ocorrência e pretende abrir uma reclamação no Procon.

Reclamações e falta de retorno

O caso de Raquel não é isolado. Nas redes sociais, há inúmeros relatos de clientes sobre produtos extraviados no caminho. O site Reclame Aqui, plataforma em que os consumidores denunciam empresas que não cumprem suas obrigações, acumula uma série de registros do tipo. Nessa quinta-feira (20/7), o Estado de Minas contabilizou mais de 30 reclamações, só no último mês, sobre encomendas perdidas na modalidade de entregas em todo Brasil.

No dia 6 de junho, a manicure Caroline Andrade Medeiros, de 28 anos, solicitou uma moto pelo aplicativo de transporte para fazer a troca de uma roupa em uma loja na Região Centro-Sul de BH. O motociclista passou na casa dela, na Região Oeste de BH, pegou a peça e deveria levar o produto até a loja, depois retornar com a nova mercadoria até sua casa. A corrida, no entanto, foi finalizada pouco tempo depois do início do percurso.

“Quando percebi, chamei o motociclista e ele disse que estava com problemas na moto, e pediu suporte do aplicativo. Depois, não tive mais retorno dele, não respondia as mensagens ou atendia ligação. Procurei a empresa do aplicativo e eles basicamente disseram que não poderiam fazer nada”, contou a reportagem do Estado de Minas. O valor da corrida foi estornado, no entanto, nada foi feito em relação ao produto extraviado. No fim, Caroline saiu com um prejuízo de mais de R$80. Sem saber a quem recorrer, ela preferiu “deixar pra lá” e não registrou boletim de ocorrência.

Raquel conta que depois de publicar o caso em suas redes sociais recebeu diversos relatos de pessoas que também passaram pela mesma situação. “Já aconteceu de várias maneiras. O aplicativo nunca fez nada. Quando postei, uma amiga contou de um par de convites que não chegou, outra pessoa também fala a mesma coisa”, descreve ao Estado de Minas.

No ano passado, um motorista da Uber sumiu com os doces e salgados de um casamento e deixou um prejuízo de R$2 mil. A proprietária de um hotel fazenda de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, solicitou a entrega por meio do aplicativo Uber Flash, mas o motorista não apareceu com a encomenda. Assim como Caroline, a cliente recebeu o estorno da corrida, mas ficou no prejuízo pela perda do produto. O motorista alegou que a cliente não estava no local, e disse ter sido orientado pela própria Uber a descartar o material.

O que diz a defesa do consumidor?

Advogados ouvidos pelo Estado de Minas afirmam que os danos causados pelo extravio de produtos durante o serviço de entrega são de responsabilidade da empresa, ainda que não haja uma cláusula específica sobre o serviço de transporte por aplicativo no Código de Defesa do Consumidor. “A falha na prestação de serviço é prevista no código. Aquele que falha na prestação de serviço, tem que reparar”, explica Lilian Salgado, especialista em direito do consumidor.

No caso de Raquel e Caroline, a empresa ofereceu um serviço de entrega de mercadoria. Uma vez que a entrega não foi efetivada, a advogada entende que ocorreu falha. “A prestadora de serviço tem o dever de conservar o produto transportado e entregá-lo no destino final”, afirma.

Além de registrar o boletim de ocorrência, ele recomenda a busca por órgãos de defesa do consumidor, como o Procon. Também sugere registrar uma reclamação pelo site do Governo Federal. “Primeiro passo é tentar resolver com a empresa, deixar tudo registrado. Se não houver solução, pode procurar a via judicial”, ressalta.

O desgaste de se envolver uma ação na Justiça, no entanto, é um fator de desânimo para as vítimas. “Ia me dar muito trabalho, deixei pra lá. Não é pouco dinheiro que eu perdi, mas arrumar mais uma dor de cabeça, mais um problema para resolver, não ia ser fácil”, relata a manicure Caroline.

Para a jornalista que teve o óculos extraviado, as empresas de transporte por aplicativo se aproveitam dessa brecha para se isentar da responsabilidade. “Chegaram a sugerir para eu marcar um encontro com o motorista para recuperar meu pertence. Não tenho segurança nenhuma para fazer isso. Eles é quem deveriam se preocupar em me entregar. Saem completamente impunes disso”, afirma Raquel.

O que diz a Uber?

Em nota, a Uber informou que “caso um item tenha sido extraviado e o usuário acredite que foi objeto de furto ou apropriação indébita pelo parceiro, a Uber encoraja que, além da denúncia no aplicativo, seja feito um boletim de ocorrência para que as autoridades competentes possam investigar o ocorrido. A Uber está à disposição para colaborar fornecendo os dados necessários, nos termos da lei.”

A nota prossegue: “É importante ressaltar que, no Uber Flash, usuários podem solicitar a motoristas parceiros viagens para o transporte de objetos como pacotes, presentes, documentos e outros artigos pessoais, de porte médio ou pequeno, que possam ser acomodados com segurança no porta-malas do veículo. Não é permitido enviar itens de valor ou cujo transporte seja proibido por lei ou pelas regras da categoria. Itens essenciais e/ou com valor superior a R$ 500 não podem ser transportados, de acordo com os termos de uso da modalidade de serviço. Antes de cada solicitação, as regras do Uber Flash são exibidas no aplicativo para que o usuário possa verificar e concordar antes de seguir com o pedido.”

‘https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2023/07/20/interna_gerais,1522739/clientes-reclamam-de-sumico-de-encomendas-enviadas-por-app-de-transporte.shtml

 

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Shopee, marketplace de Cingapura, enfrenta problemas de logística no Brasil

Lojistas criticam atrasos após grupo elevar venda para ganhar mercado – equipe foi criada para gerenciar a crise

A plataforma de venda on-line Shopee, controlada pela Sea Limited, de Cingapura, está enfrentando uma série de problemas em sua logística no Brasil, apurou o Valor. Crescimento acima da capacidade de gerenciamento, excesso de ações comerciais em curto espaço de tempo – para tentar acelerar tráfego de clientes e vendas – e estrutura de transporte e atendimento insuficientes obrigaram a companhia a montar um plano de ação, dizem fontes.

São gargalos na operação num momento em que aumenta a pressão dos rivais sobre os “marketplaces” estrangeiros, inclusive a Shopee, que importam itens da Ásia – numa estratégia liderada pelas principais plataformas on-line brasileiras, como antecipou o Valor semanas atrás.

Nas últimas semanas, o Valor conversou com lojistas, transportadoras, consultores e funcionários da Shopee, sob condição de anonimato, para traçar um histórico dos problemas e das ações tomadas para reduzir o gargalo nos serviços. Uma equipe de gestão de demanda criada pela Shopee trabalha no assunto e há reuniões semanais entre esses funcionários e as transportadoras para ajustar as medidas tomadas.

As dificuldades começaram a aparecer, principalmente, após novembro, quando a empresa decidiu lançar ações comerciais de grande porte em curto espaço de tempo. Foram quatro datas, com frete grátis em certos itens, e promessa de entrega rápida, no intervalo de cerca de 45 dias (campanhas de 11/11 e 12/12, além de “Black Friday” e Natal) que levaram a um acúmulo de pedidos, dizem fontes. “Eles deram um passo maior que a perna, e a situação foi piorando após outubro. Entre novembro e dezembro, foram quatro, cinco vezes mais pedidos [que o ano anterior], e eles não estavam preparados”, diz um prestador de serviço logístico para a Shopee.

A cada data nova criada, em volume de pedidos, era uma espécie de “mini-Black Friday”. “Nós fomos administrando dentro da logística acertada com eles e, de repente foi um ‘boom’. Para a ‘Black’ normal, de todos os anos, a gente se prepara por meses, e isso não é á toa. Porque dá problema se não se programar”, afirmou.

Outro parceiro da Shopee diz que, como a empresa tem alta concentração de encomendas de itens leves (miudezas de baixo preço), eles precisam de grandes quantidades para gerar venda. “A questão é que isso enche galpão, sobrecarrega a equipe e empata a vazão”, afirma ele. Segundo três fontes, pelo menos duas transportadoras – CargoBR e J&T Express – fecharam acordos recentes com a Shopee para acelerar entregas e tentar melhorar o nível de serviços.

A J&T virou parceira neste ano e a CargoBR entrou na segunda metade do ano passado. Além delas, entre as grandes que já operam para a Shopee estão Total Express, Sequoia, Loggi, Rede Sul e Correios (por onde passa a maior parte dos envios). Vendedores têm ido ao site Reclame Aqui, plataforma voltada a consumidores, para pedir solução de atrasos em coletas de pedidos. Eles dizem que boa parte dos problemas com a Shopee se concentra no atendimento da Sequoia. “Eles são o segundo maior contrato da Shopee, só perdem em envios para os Correios, e quando os pedidos dispararam, proporcionalmente quem sentiu o baque mais foi a Sequoia”, diz uma fonte a par dos contratos.

A estratégia que tem sido adotada é congelar a conta da plataforma quando os pedidos de retirada junto à Sequoia se acumulam. “Alguém sabe como faço para tirar a Sequoia da minha conta Shopee?”, diz um deles, num grupo de mensagens formado por vendedores que o Valor teve acesso. “Pus a conta em modo férias [paralisa a chegada de pedidos por certo período] pois não aguentava mais as reclamações no chat. Aparece pedido entregue [ao cliente], mas que não foi enviado pela Sequoia”, diz um lojista, na semana passada, num grupo reunido no Telegram, com 2,2 mil lojistas. Neste domingo, eram 2,9 mil menções no grupo em críticas à Shopee. Mercado Livre tinha menos da metade, sendo bem maior que a rival – bancos calculam que a Shopee venda no Brasil (em valor que passa pela plataforma) entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões ao ano, e Mercado Livre fez R$ 68 bilhões em 2021.

De acordo com Anderson Candido, dono de uma loja de produtos naturais na Shopee, há falhas de processos. “O cliente vê a demora para entregarem, cancela o pedido e pede estorno. Só que a encomenda chega dois, três dias depois. E aí, o cliente fica com o produto e o dinheiro. E nós ficamos com o prejuízo”, diz.

Reclamações de lojistas não são incomuns – muito menos relativos à entregas on-line no Brasil. Mas as reações conjuntas das empresas a isso só ocorrem quando o cenário é mais crítico. O Valor apurou que a Sequoia vem tratando há meses dos problemas junto à Shopee – há reuniões semanais sobre o assunto. Foi criada área específica de atendimento na Sequoia, com cerca de 70 pessoas, para lojistas da Shopee por causa dos problemas. Vinte e cinco equipamentos de separação de pedidos, que seriam distribuídos para toda a base de clientes da Sequoia, hoje estão voltados só para dar vazão às encomendas da Shopee.

A ação da Shopee nesta semana, quando o varejo realiza campanha promocional batizada de Semana do Consumidor, foi desenhada com prazo de entrega (em dias) até duas vezes maior daquele do fim de 2021, apurou o Valor. Isso tende a reduzir as pressões na sua estrutura. “Houve melhora no nível de serviço nas últimas semanas, depois que montaram uma equipe focada, mas não normalizou ainda. Eles foram agressivos e subestimaram a demanda. O trabalho que dá para entregar um fone de ouvido é o mesmo de entregar um celular, que vale muito mais. Só que eles entregam muito mais fones que celulares”, disse um parceiro logístico.

Vista como uma ameaça às plataformas brasileiras, a Shopee incomoda as grandes cadeias locais pelo seu crescimento e também pelo volume de importados oriundos da Ásia. Em 2021, o Procon-SP questionou a Shopee sobre a autenticidade de seus produtos. A empresa disse na época que está comprometida com a lei.

Fontes próximas à empresa negam gargalos e citam “transformações para se adequar à expansão”. Dizem que as reuniões entre transportadoras e a empresa são normais e que 85% das vendas no Brasil são de lojistas locais. E vai manter os Correios como parceiro, apesar de estar migrando, desde janeiro, parte dos lojistas atendidos pela estatal para a sua operação de entrega própria, a Shopee Express.

Migrações desse tipo levam um tempo para ficar redondas, mas fonte próxima à empresa diz que a evolução é boa. Em nota ao Valor, a Shopee afirma que à medida que cresce, está oferecendo “mais opções de parceiros logísticos aos vendedores brasileiros para otimizar a coleta e a entrega de produtos aos consumidores”. Afirma que em breve terá “novas opções logísticas” e que todos os parceiros logísticos devem seguir os altos padrões de serviço” da empresa. Diz ajudar no empreendedorismo e “oferecer uma experiência segura, fácil e divertida de compras”.

O CEO da Sea, Forrest Li, disse a analistas em março que a Shopee Brasil registrou mais de 140 milhões de pedidos no quarto trimestre, avanço de 400% frente a 2020, e cerca de US$ 70 milhões de receita, alta de 326%. Também destacou que, apesar dessa melhora, atingiu um prejuízo antes de juros, impostos, amortização e depreciação de cerca de R$ 10 (US$ 2) por pedido no Brasil, uma melhora de 40% em um ano. No mundo, a perda por pedido foi de US$ 0,45.

Entre novembro e dezembro, a empresa começou a operar, inicialmente na fase de testes, a sua primeira área de “cross-docking” no Brasil. O local fica em Barueri (SP) e faz a armazenagem para despacho em poucas horas, diferente de um centro de distribuição. A ideia com o espaço é acelerar as entregas, mas ele ainda opera em fase de testes. Com novos pontos de armazenagem de apoio, a Shopee quer criar por aqui uma espécie de Mercado Envios, o modelo próprio de entregas do Mercado Livre. Não à toa, quem lidera a logística na Shopee é Rodrigo Calderaro, que saiu do Mercado Livre em junho para ir para a Shopee, para montar uma estrutura local.

Procurada, a Sequoia não se pronunciou.

Fonte : https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/03/14/shopee-enfrenta-gargalos-na-logistica.ghtml

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