Marketplaces: estudo global da SimilarWeb mostra baixo crescimento e desafios para o setor

Globalmente, segundo um estudo da SimilarWeb, o mercado de marketplaces registrou um crescimento marginal de 0,8% em relação ao ano anterior. Na pesquisa, trata-se de um reflexo dos desafios enfrentados pelo e-commerce em um cenário de inflação crescente. Este crescimento abaixo do esperado destaca a maturidade do setor e os efeitos da inflação sobre a economia global.

Seis dos dez principais mercados de marketplaces experimentaram declínios nas visitas — a Índia, por exemplo, registrou uma queda significativa de mais de 10% em relação ao ano anterior (o Brasil sofreu queda de 2,2% no tráfego). Mesmo os Estados Unidos, maior mercado em termos de visitas, enfrentaram um leve declínio de 1,3%.

Além da inflação, outros fatores como o ressurgimento das compras físicas pós-pandemia e o aumento do uso de players D2C (Direct-to-Consumer) têm contribuído para essa tendência. E isso ocorre à medida que consumidores buscam uma experiência de compra mais personalizada e específica de marcas.

Recuperação lenta e desafios regionais

Desde 2023, o tráfego geral para a indústria de marketplaces está em um caminho de leve recuperação, após uma queda de 5% em 2022. Apesar da queda, os Estados Unidos continuam liderando o mercado, representando mais de 24% das visitas globais. Curiosamente, aumentaram marginalmente sua participação de tráfego, mesmo com um declínio de 1,3%.

A Índia caiu duas posições, ficando em oitavo lugar, atrás do Reino Unido e da Alemanha, que também enfrentaram declínios anuais. Nove dos dez principais países permanecem os mesmos de 2023, com o Canadá agora ocupando o décimo lugar, representando 2,4% do share geral após um aumento de 3,5%.

Principais tendências e players em crescimento

Os dados de crescimento de tráfego no setor de marketplaces entre maio de 2022 e abril de 2024 destacam algumas tendências significativas. O Temu, uma plataforma emergente, teve um crescimento impressionante de 839%, alcançando 4,3 bilhões de visitas globalmente e se tornando a quinta maior plataforma de marketplace do mundo.

Lançada inicialmente nos EUA em setembro de 2022, a marca expandiu rapidamente para a Austrália, Nova Zelândia, Europa, Reino Unido e, mais recentemente, para a África do Sul, operando atualmente em 49 países.

Outro gigante chinês, o AliExpress, viu um crescimento anual de 10%, atingindo 5,6 bilhões de visitas globalmente. A inflação e a busca por preços competitivos contribuíram para o aumento da atividade no AliExpress, que expandiu sua gama de produtos para incluir moda, artigos para casa e mais, tornando-se um destino de compra diversificado.

Enquanto isso, a Shopee, a maior plataforma de e-commerce do Sudeste Asiático, manteve sua posição dominante em mercados como Indonésia, Vietnã e Tailândia. A variedade de produtos, incluindo itens usados, mantimentos e produtos de marca, diferencia a Shopee e atrai uma ampla gama de consumidores. No entanto, a concorrência com gigantes como Temu e AliExpress é intensa, e resta saber quanto tempo a Shopee conseguirá sustentar sua vantagem competitiva.

Futuro dos marketplaces

Com a evolução do mercado global de marketplaces, as empresas estão adaptando suas estratégias para enfrentar desafios como a inflação e as mudanças nos hábitos de consumo.

A busca por uma experiência de compra personalizada e o crescimento dos players D2C continuam a moldar o setor, que segue em recuperação após os impactos da pandemia.

Fonte: “https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/marketplaces-estudo-global-da-similarweb-mostra-baixo-crescimento-e-desafios-para-o-setor”

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Shein e as aceleração das plataformas digitais

Recentemente, viralizou nas redes sociais uma análise constatando a relevância da Shein no consumo de moda no Brasil. O estudo com dados da Similarweb e elaboração pela snaq apontou que a plataforma de varejo digital de moda chinesa é a líder em tráfego online no Brasil na categoria, centralizando 16,17% dos acessos que foram realizados pelos 21,8 milhões de usuários ativos/mês da plataforma.

Tal estudo reforça que as plataformas globais asiáticas se consolidaram como um dos maiores motores de transformação do nosso mercado. E esse movimento não é exclusivo do Brasil. Pelo contrário, a transformação imposta por esses players e seu modelo de negócio também se aplicam para a maior parte do globo, incluindo a América do Norte, Europa e sudeste asiático.

Em um dos melhores painéis da NRF 2024, maior evento de consumo e varejo do mundo, liderado pela Publicis Commerce, tratou exatamente sobre esse tema e trouxe luz para a profunda transformação do mercado dos EUA por conta da entrada desses novos players.

Nos Estados Unidos, um dos mercados mais competitivos do mundo, a novata Shein já conquistou a liderança do segmento, com vendas estimadas em US$ 30 bilhões anuais, superando as veteranas e consolidadas H&M, Zara, Forever 21, Fashion nova, entre outras, que contam um amplo parque de lojas como seu canal principal de vendas.

Da mesma forma que é polêmico, o modelo de negócio da empresa é igualmente interessante. O grande diferencial competitivo é a união de um elaborado modelo de mapeamento do comportamento do consumidor atrelado à uma poderosa e vasta cadeia de suprimentos digitalizada.

O poderoso algoritmo em constante desenvolvimento e a evolução da empresa mapeiam as principais tendências por demografia, região e perfil de consumo em todo o mundo. Uma vez identificada uma potencial tendência, a empresa aciona suas fábricas parceiras na Ásia, que passam a produzir imediatamente uma pequena amostra de cerca de 200 itens por SKU. Rapidamente, essa nova peça tem sua adesão testada dentro do aplicativo.

Com a performance de venda dessa pequena amostra, a Shein consegue estimar a real demanda desse SKU estratificado por geografia, demografia, perfil do consumidor e hábito de consumo, tudo isso de forma automática, em âmbito e escala globais. Conforme o resultado dessa estimativa de demanda, a empresa faz a ordem de compra de milhares de itens desses SKUs, que rapidamente são produzidos e enviados para todo o mundo.

Esse modelo foi chamado pela Pulicis na NRF de modelo de negócio sob demanda, que permite escala, agilidade, redução de risco e preços extremamente competitivos, elevando o patamar de competitividade da empresa quando comparado aos seus concorrentes tradicionais.

A poderosa GAP, um dos grupos líderes nos EUA em moda, produz cerca de 2 mil a 4 mil novas peças por ano. A espanhola Zara, que é reconhecida globalmente pela sua agilidade em desenvolver novas peças e distribuí-las, desenvolve entre 20 mil e 25 mil novas peças. Já a Shein mira produzir de 5 mil a 10 mil novas peças por dia.

Importante pontuar que as controvérsias e polêmicas envolvendo o modelo de negócio dessas empresas também são discutidas nos demais mercados em que essas empresas atuam. Nos EUA, por exemplo, o “de minimis” (valor de produtos que podem entrar no mercado sem taxação) é de US$ 800, contra US$ 50 no Brasil, fazendo com que os produtos asiáticos possam entrar praticamente sem restrições no mercado.

Globalmente, a empresa também tem apostado na abertura de lojas pop-up para aumentar a percepção de marca em novos mercados, sendo que algumas dessas lojas já estão se convertendo em lojas permanentes como tem acontecido em Chicago, nos EUA.

Plataformas digitais e seus impactos no Brasil

No início de 2024, o BTG divulgou um relatório estimando que a Shein estaria próxima de ser a maior varejista de moda no Brasil, com crescimento de 40% em 2023, em relação a 2022, chegando a um faturamento na casa dos R$ 10 bilhões e se posicionamento próximo da Renner, primeira colocada no ranking, com R$ 11,7 bilhões de faturamento líquido em 2023.

Outra estratégia anunciada pela empresa é expandir sua produção local no Brasil, que hoje já conta com mais de 300 fábricas parceiras em 12 estados, além dos mais e 15 mil sellers brasileiros no marketplace da empresa, muitos deles indústrias e varejistas independentes de mercados populares como na região do Brás, em São Paulo, fazendo com 55% do faturamento da empresa no Brasil já seja nacional, segundo dados divulgados pela empresa, que almeja alcançar 85% nos próximos 2 anos.

Acreditamos que esse movimento de globalização e aumento da competição das plataformas digitais globais pelo atrativo mercado brasileiro será exponencializada nos próximos 3 a 5 anos. A gigante Temu já anunciou sua chegada no Brasil para o segundo semestre de 2024.

Sua chegada marcará o Brasil como um dos pouquíssimos países com a presença de todos os grandes players globais: Alibaba, Shopee, Temu, Shein, TikTok Shop, Kwai, Amazon, Meli e contando, dessa forma, antevemos que o mercado Brasileiro será um dos mais competitivos do mundo, impondo uma aceleração da transformação ainda maior do mercado e um necessidade inexorável de adaptação por parte dos players locais.

Fonte: “Shein e as aceleração das plataformas digitais – Mercado&Consumo (mercadoeconsumo.com.br)

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