Gestão de touchpoints, canais e um mercado de US$ 580 bilhões

Das diversas características atuais do mercado, aquela que podemos assinalar como mais proeminente e irreversível é a velocidade. Tanto a velocidade pela qual as mudanças acontecem, quanto o imediatismo como fator decisional do consumidor. Neste sentido, nunca é demais afirmar que os maiores diferenciais de uma empresa estão no seu comportamento resiliente, na sua capacidade de aprendizado e, frente ao acirramento do universo de opções disponível ao consumidor, sua competência em ser costumer centric.

Frente à agilidade do mercado mencionada, o tempo entre a tomada de decisão do consumidor e a realização da compra reduz-se a praticamente a uma fração de segundo, o que promove a necessidade de maior integração entre gestão de touchpoints (pontos de contato) e a gestão de canais.

A gestão de touchpoints, segundo Kotler, é responsável pela oferta eficiente dos lugares ou momentos em que o consumidor entra em contato com informações sobre o produto ou serviço. Já a gestão de canais refere-se à rota ou caminho que um produto ou serviço percorre do fabricante ao consumidor final.

Levando-se em consideração o comportamento do consumidor atual, a gestão de touchpoints torna-se extremamente relevante e três tendências de consumo amplamente discutidas colocam este tema ainda mais no holofote: a frugalidade, as características do consumidor da geração Z e a importância atribuída à conveniência.

A frugalidade refere-se a fazer escolhas inteligentes em termos de custo x benefício. Em tempos de restrição orçamentária, devido à inflação que reduz o poder de compra da população, preço importa; porém, em tempos de aumento das opções da oferta, performance de produto também. O consumidor atual irá informar-se profundamente, pesquisando antes de tomar uma decisão. O ofertante que for mais eficaz em mostrar por que o seu produto é uma escolha inteligente terá melhores resultados.

A geração Z, melhor que qualquer outra, está familiarizada com o mundo da informação. Primeiramente, esta geração é nativa digital, então o mundo online é para ela tão natural quanto o mundo offline.

Segundo, sua presença digital também ocorre sem atritos e ela hoje pode, em poucos clicks, se tornar mais especialista em um assunto que muitos especialistas. A utilização de redes sociais e de digitais influencers como fonte de pesquisa também é uma característica relevante a ser considerada. Segundo Euromonitor (2023), se considerarmos apenas o Instagram, o Brasil é o líder global na produção de influenciadores, com 10,5 milhões de profissionais da área, oito vezes mais que a advogados e 20 vezes maior que o número de médicos.

A conveniência muitas vezes é atribuída ao meio de compra, aderente ao imediatismo observado como comportamento atual de consumo. Mas podemos falar também da conveniência da informação. Se a informação sobre o seu produto é difícil de achar, complexa para entender ou está indisponível, você não será uma opção a ser considerada. Considerando a frugalidade e o comportamento da geração Z, a informação não só deve estar disponível, mas deve considerar o ato de educar o consumidor e a criação de vínculos emocionais fortes por meio de comunidade, por exemplo, visando não apenas ser a primeira opção na hora da decisão de compra, mas também a manutenção da fidelidade do consumidor.

A gestão de canais e, principalmente, de meios de compra deve preocupar-se em oferecer aos clientes uma experiência integrada e omnichannel, embasada a todo momento pela gestão de touchpoints, como uma via de mão dupla. O gestor deve se fazer duas perguntas: ao utilizar esta fonte de informação: após tomada a decisão de compra, onde encontra-se o meio de compra mais rápido, conveniente e sem atritos ao consumidor? Dado este meio disponível de compra, qual fonte de informação traz meu cliente a ele? Desenhando uma estratégia completa e integrada entre canal e touchpoint.

É importante recordar que, assim como se segmenta o mercado para definir o posicionamento de produto, cada canal também tem seu público-alvo. O varejo offline permite experimentação e consumo imediato. Os meios online permitem acesso a um número maior de SKUs e a conveniência da compra de casa.

Estratégias phygital, como o click-and-collet, podem oferecer a ampliação de opções dos meios online e a experiência offline de acesso ao produto. Neste sentido, entregar opções diversas permite alcançar diversos públicos com necessidades diferentes, tornando a jornada do consumidor mais fluida e melhorando sua satisfação.

Um mercado que pode se beneficiar enormemente da gestão integrada de touchpoints e canais é o de beleza e cuidados pessoais. Segundo a Euromonitor (2023), este mercado gerou US$ 430 bilhões em receitas em 2022 e deve alcançar US$ 580 bilhões em 2027. Apenas no Brasil, as vendas atingiram aproximadamente R$ 140 bilhões em 2022 e devem crescer a um CAGR de 3,1% até 2027, alcançando R$ 160 bilhões em vendas.

O mercado de beleza e cuidados pessoais apresenta uma variedade enorme tanto de produtos consolidados quanto de novos produtos, o que impulsiona a necessidade de disponibilizar ao consumidor muita informação, para transparência, educação e aumento do valor percebido por meio do conhecimento.

É um mercado com apelo emocional elevado, pois baseia-se no autocuidado, saúde, higiene pessoal e também na beleza, prestígio, status e nos presenteáveis. Neste sentido, as ocasiões de compra são diversas, permitindo recorrência, impulsionadas pelo calendário de compras com aumento de vendas em dadas comemorativas, compras por impulso, pequenas indulgências, compra por status, estilo de vida, aspiracional, luxo, dentre outros motivos.

Neste sentido, no Brasil coexistem e são importantes os diversos canais de compras. O varejo offline, na figura das lojas físicas, desempenha o papel da experimentação, do tato e olfato. Já o varejo online faz o consumidor entrar em um mundo de opções diversas, exploradas por influenciadores digitais e onde as principais informações e fontes de comparação se encontram. E a venda direta, que representa 25% das vendas do setor, é onde há maior proximidade, com relacionamento, atenção exclusiva e a prerrogativa de ter a orientação de uma consultora.

O importante, como frisado anteriormente, é disponibilizar de forma eficaz fontes de informação e opções de canais que se inter-relacionam e retroalimentam. Em termos de canais, a ideia central é que não existe, em termos de satisfação do consumidor, um trade off entre as diversas opções existentes. Existe sim a necessidade de se entender quais canais são prioritários, a quais ocasiões estes atendem, como integrá-los e como gerir os possíveis conflitos existentes. A decisão de adoção de novos canais deve ser realizada com muito planejamento e gestão, pois a indisponibilidade de um canal possivelmente causa menos transtorno do que a ineficiência na operação deste.

Muitas empresas fazem muito bem o dever de casa, ao oferecer produtos de qualidade, mas precisam ser mais eficientes na educação do consumidor, ao valor que entregam e na disponibilização dos meios de compra.

Neste sentido, a gestão integrada de touchpoints e canais é a cereja do bolo da jornada do cliente, pois permite que a informação leve à maior percepção de valor e à decisão de compra, amparada pelo meio adequado, possibilitando a experiência completa e o aumento da satisfação do cliente.

Fonte: “https://mercadoeconsumo.com.br/27/02/2024/artigos/gestao-de-touchpoints-canais-e-um-mercado-de-us-580-bilhoes/”

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ROPO: a sigla que vai tornar o omnichannel obrigatório

A jornada do consumidor se transforma cada dia mais graças à tecnologia. Com isso, alguns varejistas podem ter dificuldade para acompanhar, de maneira eficaz, como e quando a experiência do usuário virtual acaba se misturando com as vendas físicas.

Nesse contexto, ROPO (Research Online, Purchase Offline ou apenas “pesquisar online, comprar offline”) não é um fenômeno novo, mas sua popularidade cresce ao passo em que mais pessoas mesclam suas jornadas de compra em vários canais. Na busca pela conversão, pensar em uma estratégia omnichannel se torna uma necessidade cada vez maior.

Isso porque muitas pessoas gostam de pesquisar os produtos online no e-commerce, ver avaliações de clientes e depois acabam fechando o negócio na loja física. Por isso, ROPO junto ao BOPIS (Buy Online, Pick Up In Store, ou “compre online e retire na loja”) surgem como ferramentas para garantir que, mesmo se um cliente fechar uma compra na loja física, isso não impacte a conversão do seu e-commerce.

É por isso que essa tendência está se tornando um fator decisivo, forçando os varejistas a repensar suas abordagens e abraçar de vez o conceito omnichannel.

O que significa ROPO?

ROPO é a abreviação de “Research Online, Purchase Offline”, o que traduzido para o português seria “pesquisar online, comprar offline”. Essa sigla refere-se ao comportamento do consumidor que pesquisa produtos ou serviços online, mas opta por concretizar a compra em uma loja física.

Essa mudança no comportamento do consumidor não é apenas uma moda passageira; ela reflete uma necessidade intrínseca de integração entre as experiências online e offline. Os consumidores desejam flexibilidade e conveniência, e as empresas que souberem oferecer essa combinação sairão na frente na corrida pelo cliente.

O desafio para o e-commerce

Para os varejistas online, o desafio está em criar uma experiência integrada que permita aos consumidores transitar suavemente entre os canais online e offline. Não se trata apenas de ter uma loja física, mas de garantir que o cliente tenha uma experiência consistente e contínua, independentemente do canal escolhido.

O ROPO está mudando a dinâmica tradicional do e-commerce, na qual a compra é vista como um processo linear e isolado. Agora, é fundamental compreender que a jornada do consumidor pode envolver diversos pontos de contato, desde a pesquisa no site até a visita à loja física.

Omnichannel é obrigatório para o e-commerce do futuro

Nesse contexto, o omnichannel emerge como a resposta para as demandas do consumidor moderno. A abordagem omnichannel busca integrar todos os canais de venda, proporcionando uma experiência unificada ao cliente. Isso significa que a transição do online para o offline e vice-versa deve ser fluida, oferecendo conveniência, personalização e eficiência.

Varejistas que adotam o omnichannel não apenas atendem às expectativas do consumidor, mas também se posicionam de maneira estratégica para maximizar suas vendas. A combinação de plataformas online robustas com uma presença física bem planejada é a chave para conquistar os consumidores que adotam o comportamento ROPO.

Benefícios tangíveis do omnichannel em um mundo ROPO

1. Experiência do cliente aprimorada: proporcionar uma jornada de compra integrada melhora significativamente a satisfação do cliente, pois ele se sente no controle, escolhendo quando e como interagir com a marca.

2. Coleta de dados estratégicos: o omnichannel permite a coleta de dados em diversos pontos de contato, oferecendo insights valiosos sobre o comportamento do consumidor. Isso permite ajustes precisos nas estratégias de marketing e vendas.

3. Aumento nas vendas: ao oferecer uma experiência consistente, os varejistas podem influenciar positivamente as decisões de compra dos consumidores, resultando em um aumento nas vendas tanto online quanto offline.

Dito isso, podemos entender por que a sigla ROPO não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma mudança de paradigma no comportamento do consumidor. As empresas que compreendem e respondem a essa evolução estão posicionadas para prosperar no competitivo cenário do e-commerce.

Sendo assim, o omnichannel deixa, a cada dia, de ser uma opção; é uma necessidade para os varejistas que desejam se destacar. Integrar a experiência do cliente online e offline é a chave para atender às expectativas do consumidor moderno e garantir o sucesso a longo prazo no mundo do comércio eletrônico.

Fonte: “https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/ropo-a-sigla-que-vai-tornar-o-omnichannel-obrigatorio”

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