Com o fim do auxílio emergencial e o cenário econômico global fragilizado, 60% dos brasileiros esperam diminuir os gastos em 2021. Esse é um dos principais resultados da nova edição do Consumer Sentiment Brasil, pesquisa conduzida pelo Boston Consulting Group (BCG) que tem o objetivo de entender o perfil e a demanda do consumidor.
Ao analisar as expectativas por classe econômica, o estudo revela que as classes D e E possuem perspectiva negativa em relação aos impactos na renda. Isso se dá, em grande parte, pela combinação dos efeitos do desemprego – que ainda devem ser sentidos neste ano – e o término do auxílio governamental. A classe A, por sua vez, considera que 2021 não será diferente do ano passado em termos de renda.
O levantamento ainda constata que a pandemia impulsionou a preocupação do brasileiro em guardar dinheiro. No período pré-pandemia, o tópico não aparecia no ranking de categorias em que os consumidores pretendiam investir. Contudo, a preocupação em guardar dinheiro apareceu na oitava posição em março de 2020 e foi subindo ao longo dos meses.
Para o BCG, economias são investimentos a longo prazo e esse não era um hábito muito praticado por brasileiros no passado. Em rankings anteriores à pandemia, essa categoria não aparecia e essa pesquisa já a inclui no “top 4”. No entanto, a consultoria pontua que ainda é cedo para afirmar se esse hábito será temporário ou não, mas acredita que o coronavírus ajudou a iniciar um novo ciclo do consumidor brasileiro de valorização desses investimentos de longo prazo.
Itens não essenciais mais afetados
Ainda de acordo com o estudo, a categoria de não essenciais – como roupas e eletrônicos – será a mais afetada com o fim do auxílio emergencial, com 58% dos entrevistados afirmando que diminuirão as compras neste segmento durante o ano. A categoria de alimentos e bebidas é a segunda mais afetada (47%), seguida da de despesas domésticas (36%), que inclui de itens decorativos a aluguel.
Já o e-commerce atingiu novos recordes no primeiro semestre de 2020 e registrou um crescimento de 47% nas vendas por meio de canais on-line. O BCG aponta que a influência digital na jornada do consumidor brasileiro é cada vez maior: em 2019, 59% dos entrevistados mencionaram a influência de canais digitais, enquanto em 2020 o índice foi de 69%.
Apesar de os canais digitais contribuírem com o crescimento do e-commerce, o comércio de conversação se destaca como um canal-chave. De acordo com a pesquisa, 47% de pessoas da geração baby boomer esperam realizar mais compras por este meio.
Atividades externas em alta
A pesquisa também revela o aumento nas intenções de praticar atividades externas, hábitos represados pela pandemia. De acordo com o estudo, 62% dos entrevistados pretendem viajar a lazer neste ano, 50% desejam passear por shoppings, 55% querem comprar em lojas físicas e 52% desejam comer em restaurantes.
Para o BCG, esses índices mostram que as pessoas não só acreditam que a recessão de oferta será atenuada em 2021, como também revelam a intenção dos consumidores de recuperar os hábitos de consumo que tinham antes da pandemia.
Em relação à pandemia, muitos brasileiros condicionam o retorno das atividades externas à imunização. Para 65% dos entrevistados, o coronavírus estará sob controle quando houver vacina. Ainda neste contexto, 54% dos respondentes acreditam que tomarão a vacina assim que ela estiver disponível no país, enquanto apenas 8% afirmam que não tomarão de qualquer modo.
Fonte : mercadoeconsumo.com.br