São estimados R$ 4 bi em investimentos para a expansão de logística industrial nos próximos 15 meses.
Em um galpão de 150,5 mil m2, dimensão que equivale a quase um estádio do tamanho do Maracanã, o movimento de caixas, pacotes, empilhadeiras e carrinhos é frenético. Esteiras auxiliam o trabalho de 3.500 funcionários responsáveis por separar, etiquetar e despachar milhares de encomendas que precisam chegar ao consumidor o mais rápido possível.
De um dos dois centros de distribuição do Mercado Livre em Cajamar, na Grande São Paulo, 80% das encomendas chegam aos clientes em até 48 horas e , deste total, 70% precisam ser entregues antes de 24 horas. Os prazos cada vez menores buscam atender milhares de consumidores que migraram para o e-commerce em 2020 em decorrência das medidas de restrição para controle da pandemia.
Segundo a consultoria E-bit Nielsen, 13 milhões de pessoas fizeram compras via internet pela primeira vez ano passado. O faturamento do comércio on-line brasileiro acumulou crescimento de 83,68% em 12 meses até dezembro, segundo indicador da Câmara Brasileira da Economia Digital e da Neotrust.
A corrida pela experiência da compra prefeita passa necessariamente pela entrega rápida e isso obrigou o e-commerce a expandir seus centros de distribuições e a iniciar uma caça a galpões menores e urbanos, que permitam encolher ainda mais no intervalo entre o pedido e a entrega.
Segundo dados da Colliers Internation, 32% dos galpões industriais alugados em 2020 foram impulsionados pelo comércio on-line, e 6% estão ligados a empresas de logística.
Simone Santos, presidente executiva da SDS Porperties, viu a demanda por locação de galpões industriais crescer 30% em 2020, ante 2019. “Existia uma expectativa de retomada do mercado faz seis anos, mas nunca acontecia”, explica a executiva.
As empresas especializadas em logística respondem pela maior ocupação de condomínios logísticos, um total de 4,1 milhões de m2, segundo a SiiLA Brasil. Em seguida estão as varejistas, com 2,9 milhões de m2, e o e-commerce, com 1,1 milhão de m2.
A demanda no segmento logístico é tanta que a maioria das principais empresas do setor reportam lotação máxima e resultados recordes, tanto em 2020 quanto no primeiro trimestre deste ano. No setor, 2020 já é considerado o ano do “boom na distribuição”.
Hailton Liberatore, sócio-diretor da Libercon Engenharia, que constrói centros logístico e industriais, diz que o momento é de euforia do setor. “Em 15 anos, nunca vi nada igual nesse mercado”, afirma.
Mais investidores estão interessados no segmento e há uma corrida pela “joia da coroa”: o terreno que possa receber um galpão dentro da capital, a uma distância de até 15 quilômetros da região central, o novo “last mile”, ou a última etapa antes da entrega. Segundo Liberatore, há uma negociação em andamento que, se for concluída, resultará no primeiro galpão logístico de ponta dentro da cidade de São Paulo.
Neste ano, o volume de investimentos previstos dá a dimensão do aquecimento do segmento logístico. Marina Hanania, diretora de pesquisa e inteligência de mercado na Newmark, diz que são estimados R$ 4 bilhões em investimentos para a expansão de logística industrial nos próximos 15 meses.
Fonte : 1.folha.uol.com.br