Varejo amplia adesão ao Pix e pagamentos para empresas crescem 340%

Os pagamentos com Pix de pessoas físicas para empresas demoraram para decolar. Quando o sistema foi lançado, em novembro passado, o varejo estava no meio da Black Friday, o período mais importante de vendas do setor. Por isso, poucas empresas quiseram adaptar seus sistemas – era mais importante vender e manter o app no ar do que oferecer um meio novo e desconhecido de pagamento.

Aos poucos, é verdade, esse cenário começa a mudar. Números do Banco Central mostram que o total de transações de pessoas físicas para empresas cresceu 340% de dezembro para abril – passando de 7,958 milhões para 35,048 milhões de operações. O valor transacionado subiu 242% no mesmo período, evoluindo de R$ 6,284 bilhões para R$ 21,512 bilhões.

A adesão de grandes varejistas ao Pix é um indicador dessa transformação. Redes como o GPA, dono do Pão de Açúcar, começaram a usar o Pix pelas lojas físicas. Mas a expectativa é que o novo sistema deslanche mesmo por meio do e-commerce.

A primeira a oferecer o Pix em seus canais digitais foi a B2W, controladora da Americanas.com, em dezembro. Em abril, foi a vez do Mercado Livre aderir. Na Via (nome nome da Via Varejo), o sistema entra no ar em maio. No Magalu, o Pix está disponível para usuários da carteira digital e será incorporada em breve ao app da varejista. Nos sites do Pão de Açúcar e Clube Extra, do GPA, a função será oferecida daqui a alguns meses.

Nas lojas físicas da Americanas, o Pix ainda vai ser colocado no ar. “A empresa realiza testes e adequações para que em breve os clientes possam pagar com Pix nas mais de 1.700 unidades da Americanas em todo o país. ”

Será o fim do boleto? A expectativa do e-commerce é substituir o boleto pelo Pix. “Acreditamos que o Pix poderá substituir o boleto como meio de pagamento. O Pix traz mais agilidade e a melhor experiência de compra para aqueles clientes que pagam suas compras à vista. Aqueles que usarem o Pix também poderão ter acesso a campanhas especiais, incluindo cashback”, diz Robson Dantas, diretor de fintech do Magalu.

O Mercado Livre diz que registrou “um crescimento progressivo na adesão do Pix no e-commerce, com avanço de 20% no volume de vendas a cada semana e uma conversão de vendas superior ao do boleto”.

O que o cliente ganha pagando com o Pix? O Pix funciona, por enquanto, como uma venda à vista no débito. Por isso, ele é uma alternativa de pagamento on-line para clientes que não têm cartão de crédito. Hoje, a maioria dos sites e apps aceita apenas pagamentos com cartão de crédito e boleto – o débito praticamente não existe.

Para clientes que fazem compras on-line no fim de semana, a confirmação do pagamento com Pix acontece na mesma hora, o que pode significar redução no prazo de entrega. Com boleto, a confirmação é mais demorada. Por outro lado, o consumidor precisa ter o dinheiro na conta, já que o pagamento é instantâneo: comprou, saiu do banco.

O que o varejista ganha com o Pix? O pagamento com boleto é um transtorno para o e-commerce. É comum que os clientes “comprem” com boleto, mas desistam da compra e não paguem a conta. O varejista só fica sabendo depois de esperar dias pelo pagamento. Isso representa um custo operacional.

“O boleto sempre foi um desafio – além do tempo de processamento e de compensação, que pode levar dias, muitos pedidos acabam não sendo pagos e seguram o nosso estoque – milhões de reais que ficam parados todos os dias”, afirma Dantas, do Magalu.

Com o Pix, a confirmação de pagamento é imediata, eliminando a incerteza do boleto. Com isso, o varejista consegue ser mais eficiente na entrega, reduzindo prazos e melhorando seu índice de satisfação entre a clientela.

“Umas das principais vantagens do Pix para a empresa, assim como para o consumidor, é a rapidez da operação. A empresa recebe o pagamento em segundos, facilitando o controle de caixa e tendo acesso em tempo real às informações de vendas”, diz Frederico Alonso, diretor de tesouraria do GPA.

 

O saque no comércio vai ampliar uso do Pix…

O CEO da Matera, Carlos Netto, disse compara a adesão do Pix no varejo com um carro em movimento. “No e-commerce, o carro já está andando. No varejo físico, vai engatar a segunda marcha agora”, afirma ele que acompanhou de perto a evolução do novo sistema.

Segundo Netto, o Pix é muito mais vantajoso para o e-commerce do que para a loja física, onde compete com o cartão de débito. “Para o e-commerce, é só vantagem: é mais barato, não tem a fraude que tem no cartão, amplia a base de compradores, já que pessoas sem conta em banco conseguem pagar com Pix. ”

Ele diz que o varejo físico vai receber incentivos para aderir ao Pix. “Primeiro, há uma oferta grande de soluções para ela, seja da empresa de maquininha, da fintech que cuida da caixa registradora ou do seu banco. ”

Outro impulsionador vai ser a agenda do Banco Central de expansão do Pix, que prevê a implantação do saque no comércio com o novo sistema. “Imagina que o cara da loja vai poder escoar o dinheiro do caixa, economizando tempo de ir ao banco ou de pagar transportadora de valor, gasto com segurança. E vai atrair cliente para seu negócio”, diz Netto.

Para ele, outras funções do Pix, como pagamento por aproximação sem internet, vão dar o empurrão que falta para aceitação da tecnologia. “O cara que não tem um plano de dados, que não tem conta em banco, vai poder pagar com Pix. Ele só precisará de uma conta em carteira digital. ”

… Participação ainda é pequena hoje

Apesar do aumento do número de pagamentos com Pix encher os olhos à primeira vista, o fato é que ele ainda representa muito pouco do total de operações realizadas com o novo sistema.

“Por enquanto, com pouco mais de seis meses de operação, o Pix ainda tem pouco representatividade no universo de formas de pagamento nas lojas. Mas existe um grande potencial de crescimento nesta modalidade de pagamento. Acreditamos que haverá um aumento da participação e uma grande possibilidade de o Pix substituir boa parte dos pagamentos que hoje são realizados com dinheiro e cartão de débito, afirma Alonso, do GPA.

Em março, por exemplo, foram realizadas 328,269 milhões de transações com Pix, a maioria delas entre pessoas físicas (253,271 milhões, ou seja, 77% do total).

Em valores, a participação é ainda menor. Dos R$ 237,4 bilhões movimentados via Pix, apenas R$ 21,512 milhões (9,06%) foram em transações P2B (pessoas para empresas). O grosso ainda é entre pessoas: R$ 101,849 bilhões, seguido por entre empresas, R$ 85,728 bilhões.

Fonte : 6minutos.uol.com.br

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