Levantamento da FGV aponta a participação dos supermercados nas vendas on-line.
As vendas feitas pela internet da maioria do varejo brasileiro já representam, em média, um quinto do total das transações do setor após quase um ano e meio de pandemia. É o que indica estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o tema, divulgado para o Valor.
O levantamento, que abrange 745 empresas do setor pesquisadas até junho desse ano foi feito a partir de recorte especial da Sondagem do Comércio da FGV.
Na pesquisa, o percentual médio de vendas on-line, no total das transações de empresas do varejo ampliado ficou, em média, em 21,2% em junho de 2021 – sendo que esse percentual era de 9,2% antes da pandemia, de acordo com pesquisas anteriores da fundação sobre o mesmo tema.
As vendas pela internet contempladas no estudo incluem tanto canais on-line quanto o fechamento de negócios via WhatsApp e mostram que a crise causada pela covid-19 acelerou a entrada de varejistas no comércio digital no país, segundo Rodolpho Tobler, economista da fundação responsável pela pesquisa.
Ele não descartou possibilidade de essa fatia, de cerca de um quinto de vendas do varejo agora realizadas em modo virtual, permaneça nessa magnitude, mesmo em cenário pós-pandemia.
Para calcular a média, o estudo da FGV usa conceito de varejo ampliado, que inclui veículos motos e peças; material para construção; hiper e supermercados; tecidos vestuário e calçados; móveis e eletrodomésticos e outros varejistas (como farmácias e livrarias).
Ao detalhar levantamento, Tobler comentou que, antes da pandemia, o varejo no país já mostrava tendência crescente de direcionar vendas para canais on-line. Porém esse processo era feito de forma mais lenta, ponderou o economista.
Um aspecto citado por ele e demonstrado no estudo é a diversidade nos resultados de fatias de vendas realizadas via internet, a depender do segmento.
O especialista comentou que a média, encontrada na ótica do levantamento, é resultado de combinação de parcelas altas e baixas, e também englobam características de demanda dos respectivos segmentos, em meio à pandemia.
Como exemplo, citou material de construção. No estudo, a parcela média de vendas on-line para esse segmento, até junho de 2021, ficou em 26,6%, ou seja, acima da média para varejo ampliado, delimitada na pesquisa.
Tobler lembrou alta de demanda por materiais de construção na pandemia. Com aumento de restrições de circulação social – estratégia para inibir contaminação pela doença -, muitas pessoas ficaram mais em casa e realizaram obras.
Ao mesmo tempo, esse segmento, além de grandes redes conta também com lojas de pequeno porte, que vendem por intermédio do WhatsApp.
Em contrapartida, citou hipermercados e supermercados, cuja parcela ficou abaixo da média, em torno de 15,9% na pesquisa. “É importante lembrar que os supermercados nunca fecharam durante a pandemia”, comentou.
O técnico disse ainda que, no caso desse segmento específico, mesmo com opção de entregas nas compras via internet hoje, a frequência de clientes nas lojas físicas não diminuiu tanto quando em shoppings, por exemplo.
O impacto das vendas on-line nos negócios do comércio, em meio à covid-19, foi tão forte que acabou por afetar humor do varejista, no período, acrescentou o especialista. No mesmo estudo, o pesquisador calculou o Índice de Confiança do Comercio (Icom) para empresas do varejo ampliado, com vendas on-line acima da média para o setor. Esse indicador s e posicionou 4,8 pontos acima do Icom observado entre empresas do varejo ampliado com vendas pela internet abaixo da média, entre janeiro de 2020 e junho de 2021. O Icom é o indicador-síntese de resultados da Sondagem do Comércio.
“Em agosto do ano passado, as empresas com vendas on-line acima da média chegaram a ter Icom de 15,9 pontos acima [da média do indicador de confiança para varejistas com transações on-line abaixo da média]”, declarou.
Entretanto comentou que, ao se observar agora, na margem, diminuiu diferença de pontuação entre essas duas séries, de Icom para empresas com vendas acima da média; e abaixo da média, pela internet. Em junho de 2021, a confiança de empresas com vendas on-line abaixo da média ficou em 119,8 pontos, ante 109,8 pontos entre comerciantes com transações pela internet acima da média.
Para Tobler, isso indica que o comércio varejista que não conseguiu se adaptar, para vender de forma virtual, prevê em breve retorno à “quase normalidade” dos negócios.
O pesquisador lembrou recente avanço da vacinação no país, com recuos nos números de óbitos e de casos da doença, ante começo do ano. Com melhora de cenário sanitário, por consequência, o comércio com presença física pode ter maior reação até término de 2021, ponderou.
Fonte : https://www.gironews.com/varejo-digital/ascensao-do-e-commerce-64670/